quarta-feira, 30 de maio de 2007

siga aquele banheiro!


Minha família tem um monte de esquisitices. E no meio das esquisitices, as gracinhas que só a gente entende. As vezes surgem do nada, as vezes de alguma coisa engraçada que alguém fala e o outro nota, às vezes de algum assunto discutido no jantar. Foi assim que surgiu o negócio do "banheiro químico". Publiquei aqui outro dia umas considerações sobre a visita do Papa e lembrei de um post da Márcia Namastê sobre as semelhanças do papamóvel com os banheiros químicos. Postei sobre isso e acho que foi ai que a coisa degringolou. Claro que qualquer gracinha que envolve banheiro e um mínimo de escatologia faz sucesso, e um banheiro móvel, que pode ser transportado, é um tema e tanto.
Sábado estávamos indo almoçar fora e rodávamos por Pinheiros quando a coisa aconteceu. Paramos num farol, olhamos para frente e demos de cara com um caminhão carregado deles. Banheiros químicos. Acho que uns oito, empilhados sobre a caçamba, sacolejando. "Olha!", um dos meninos gritou, "banheiros! Químicos!". O Zé me cutucou na hora. "Uau, pega a máquina, Lú, fotografa. Que máximo", ele exclamou.
Não parece, mas o Zé é tão criança como eu.
Adoro quando me pedem para participar de bobeiras. Catei minha bolsa excitadérrima, achei a câmera, mas até abrir a capinha e colocar na posição certa, o trânsito empacou pro nosso lado e o caminhão zupt!, foi lááá pra frente. Perdemos a piada e os filhos se indignaram. "Pô, pai, você não sabe seguir banheiro não? Que pai-papparazzi de banheiro químico mixuruco, pô". Foi quando aquilo para o Zé virou questão de honra. Homem adora ser desafiado. "O quê? Claro que eu sei, ahá, vocês vão ver só". Deu a louca nele. Assim, desviamos nosso caminho para seguir... os banheiros químicos. Pegamos o maior trânsito, acabamos quase brigando de fome depois, mas conseguimos chegar bem pertinho. Aliás, exatamente atrás. E quer saber? Foi uma desgraça e uma idéia de girico total. Fedia pra burro aquilo. Óbvio que ficar perto de banheiro químico sacolejando não é uma boa idéia. Aliás, péssima.
Éca.
Não sei porque minha família tem essas manias bobas, mas confesso que isso ocupa um tempão da minha vida. Achei que com a idade dos meninos a coisa melhoria, mas que nada. E eu não sei também porque eu posto essas coisas bobas, e pior, faço até filminho da perseguição. Acho que é tudo culpa da Márcia, pois ela que começou com esse troço. Em todo caso, esqueçam a qualidade da filmagem e da edição (programa grátis favor comprar logo) e confiram: "franka e família em perigosa missão".

terça-feira, 29 de maio de 2007

considerações sobre o "parabéns"



Sempre encanei com o "parabéns". Afinal, tirando os meus, já cantei 47 vezes para os meus filhos. O que significa que já fiz ao menos 47 festas, 47 bolos e 47 vezes muitos brigadeiros. Porque aniversário tem que ter bolo e brigadeiro.
Conheço muita gente que tem horror a parabéns. Que faz a festa e nem serve bolo de medo de cantarem a tal musiquinha para ela. Faço exatamente o oposto. Adoro parabéns, inclusive os que são para mim mesma, que eu mesma coordeno para ser cantado na hora “h”. Não tenho vergonha. É uma tradição que gosto de manter.
Noto, porém, que o parabéns muda com a idade. Quando meus filhos eram bem pequenininhos, lembro que eles não entendiam nada sobre aquela hora. Olhavam ao redor, assustados com a estranha cerimônia que incluía um monte de adultos cantando no escuro ao redor do fogo e que finalizava numa gritaria e num assopro. Ficavam com aquela cara de “o que será que está acontecendo?”. Porque pensa bem, gente. É bem esquisita essa tal cerimônia. Depois, ainda com eles, veio a fase do “com quem será”. Sempre detestei essa coisa do “com quem será” porque sempre a criança odeia o escolhido do “com quem será”. E chora. Quantas e quantas vezes meus filhos choraram na hora do “com quem será”. Estragava a festa esse “com quem será”, além de atrasar o assopro da vela, que muitas vezes se apaga antes da hora - o que é a pior coisa, o maior erro do parabéns, que tem que ser coordenado para ter o taimim certinho, uma vela não pode apagar antes nunca. Agora aqui em casa os parabéns não tem mais “com quem será”, mas tem inovações adolescentes, como começar a cantar de novo para atrapalhar e ficar fazendo "aaaaaaaaa" antes e não começar nunca.
O parabéns, para mim, quando é cantado certinho é muito legal. Me incomoda gente que não respeita a letra da música. Na hora do “pra o fulano nada?”, “tudo”, e do “então como é que é?”, “é pique, pique, pique”, por exemplo, as primeiras frase devem ser feitas por uma única pessoa, e a resposta deve ser grupal. Um absurdo gente que fala a pergunta e a resposta junto. Depois ainda tem o modo de cantar. Tem gente que canta sério, alto e tem gente que finge, envergonhado. É fácil reparar os que fingem. Geralmente ficam atrás, disfarçando.
No ritual, além da cantoria, ainda é preciso acertar detalhes importantes. O difícil é sempre a foto, que tem que ser bem na hora do sopro e no escuro. Depois as velas. As velas com o número tem que ficar viradas para a frente ou para trás? Na minha opinião para frente, para que os convidados vejam os anos, mas tem gente que inverte. Velinha de estrelinha esquece, uma vez fizeram as balas de coco da mesa pegar fogo, um perigo. Mas o detalhe mais importante, que eu nunca me lembro, é trazer antes a faca do bolo para o instante após o assopro, para a hora do desejo. Ah, e cortar o bolo de baixo para cima é essencial.



segunda-feira, 28 de maio de 2007

black & white & color

(foto tirada por uma amigo do dudi, um grande fotógrafo, que eu obviamente esqueci o nome)


Olha quem eu achei na semana passada. O grande Dudi, meu ídolo, rei dos blogueiros. Tentei fazer uma coroa nele, mas minha "arte" tá mais pra cocar de cacique. Desculpai, Dudê. Vale a intenção.

sábado, 26 de maio de 2007

o iútube do fondí



Ontem não era o dia mais frio do ano? Então resolvemos fazer um fondí. E, claro, fiz mais um iútube tosco. Iútube de fondí. Ao som da Madonna.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

são benedito - atualizado em 26/05/07



Ontem o Ftiz fez um alerta super sério no meu post do sapato Guido, depois que comentei que, quando estou à toa, escaneio tudo que está ao meu redor como forma de divertimento solitário:



"Exclusão de responsabilidade: Essa mensagem não deve ser interpretada como incentivo, direto ou indireto, à colocação de seres humanos em scanners."



Não sabia que fazia mal pra saúde escanear ser humano. Então escaneei o meu São Benedito. Acho que ser sobrenatural pode escanear, não?




E vejam que coisa mais sensacional. Ganhei mais um São Benedito escaneado. Da Libf. Segundo ela, o dela é bem mais sobrenatural que o meu. Não tenho nenhuma dúvida. Notem. É realmente um ser não-humano que surgiu na imagem do scanner dela. Obrigada, Libf. Hahaha.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

frankaguido


Sempre que eu viajo eu de visito e compro a coisa típica do lugar, e sempre isso me parece meio bobo. Aquela sensação de estar fazendo o que aqueles milhões de turistas fazem é um pouco assustadora. Mas ser esquisitona, em alguns casos, dá muito trabalho. Imagina o tamanho da explicação que eu teria que dar se eu fosse a Paris e não fosse no Louvre. Imagine ir para o Grand Canyon e não conhecer o Canyon. Ia ter que desenvolver umas teorias enormes, cheias de explicações e justificativas excêntricas. Talvez fosse até aborrecido me ouvir. Prefiro admitir que quando viajo, sou turista, mesmo diante da vergonha de ser mais uma no meio dos milhões que clicam desesperadamente diante dos monumentos e entopem as lojas de suvenirs.
No começo do ano eu fui pra Argentina. Não viajei muito na vida, tem muito lugar que não conheço. Não conhecíamos Buenos Aires, e lá fomos nós. Com o livrinho-guia em mãos, em três dias riscamos todos os itens. Conhecemos todos os bairros, feiras, edifícios e museus. Fomos a todos os passeios e assistimos shows. No quarto dia, estávamos livres.
- Nananinanão. Agora vamos comprar um sapato para você – falou o Zé.
- Sapato? Eu não preciso de sapato, Zé – retruquei.
- Estamos na Argentina, temos que comprar mocassim e alfarror. Tá no livrinho-guia.
Fui checar. Era verdade.
- Zé, sério, não é o caso de comprar sapato pra mim. Compra pra você.
- Não senhora. Você não gosta de alfarror, então eu fico com os alfarrores e você com o sapato da Guido.
Fazer o quê. Lá fomos para uma das lojas do tal sapato. Uma volta ao passado. Quando estava na escola comprávamos mocassins por encomenda numa lojinha perto da Augusta chamada Adriano. A loja argentina era parecida. O vendedor, inlusive, a cara do seu Adriano.
O senhor Adriano que me atendeu resolveu escolher por mim. Achei ótimo, estava indecisa. Ele disse que eu deveria levar o mais tradicional. De couro, baixinho, com fivelinha dourada. Falou horas sobre o couro, explicou como o sapato era feito. Um clássico. Coloquei no pé, serviu como uma luva (talvez melhor como uma meia?). Sai da loja com a sacolinha, com o saquinho da loja, com flanelinha para limpar. Pronto, eu tinha ido para a Argentina. Compramos um monte de alfarrores, e aí estávamos livres mesmo. Ficamos mais dois dias nos divertindo e voltamos.
Essa semana soube de um conhecido que adora mocassim argentino. Quando me contaram, achei engraçado, pois notei que estava com o meu legítimo Guido nos pés. Pensei em fazer mais um iútube bobo sobre o sapato, mas me contive e me contentei com uma foto. No dia seguinte mandei a foto para ele. Sei lá, era uma lembrança. Um tipo de homenagem, entende? A pessoa gosta da coisa e você se lembra e a valoriza. Achei super legal.
Mas gente.
Pô, gente.
Não acreditei quando aconteceu. Esse conhecido, assim que recebeu a foto, disse que meu sapato não era da Guido. Acreditam? Que ele conhecia muito bem mocassim da Guido, e que aquele meu era falso. Os detalhes, ele falou. A diferença está nos detalhes.
Ai que raiva que me deu. Como era? “O seu é falso”? Ora, eu vou pra Argentina, eu conheço tudo, eu vou na loja, eu compro, pago mico de andar com cara de turista e sacolinha da Guido e meu sapato é falso? Ô raiva que me deu. Na mesma hora tirei o sapato do pé e enfiei no escaner. Falso o nariz dele, caramba.
Olhai o solão.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

árvore, árvore, árvore






O meu amigo ator Ivam Cabral disse no blog dele uma coisa muito engraçada. Falou que anda apaixonado por música e conta que passa noites e noites ouvindo discos antigos. E que isso o instigou a passar a compor e cantar. Ficou aficcionado e tem idéias sensacionais de letras e melodias o dia todo, que não pode esquecer. Então ele teve uma idéia. Quando ele tem uma boa idéia, ele telefona para a casa dele (onde ele sabe que não tem ninguém) e canta para a secretária eletrônica. Quando chega em casa está tudo lá, guardadinho. Achei fantástica essa idéia de parceria com uma secretária eletrônica para compor. Nunca vi nada parecido, parece meio antiquado mas é sensacional.
Eu faço uma coisa parecida. Quando tenho uma boa idéia para um texto, uma idéia que eu não posso esquecer, eu mando uns emails para mim mesma. Fica tudo gravado na minha caixa de email, eu não perco. Se eu estou fora do micro, mando torpedos para o meu email. É um tipo de memória moderna. Isso só não dá certo quando estou em bares ou em festas, porque eu geralmente mando tudo errado. Nesse caso eu uso meu caderninho preto de anotações, que fica na minha bolsa. Mas só em último caso. Adoro achar que estou sendo modernona.
Penso que precisamos inventar funções para esse monte de aparelhos que a gente usa. Na semana passada, quando fui para o Rio, eu e meu amigo engenheiro quisemos anotar o lugar onde paramos o carro no estacionamento do aeroporto de Congonhas. Aquele estacionamento é a maior zona, nunca entendo como entra e nem como sai, além do que, para mim, deve ter mais de setenta subsolos. Saímos do carro e ficamos com as letras e números na cabeça, ele me pedindo para anotar. Tira uma foto com o seu celular do carro ao lado do pilar com o número, sugeri a ele. Nossa, achamos a idéia excelente. Além de excelente, gente, pensa bem: modernérrima.

Clic. Pronto, ele tirou e aquilo ficou ali, gravado. Salvo para sempre.
Era isso. Adoro notar essas modernices.

terça-feira, 22 de maio de 2007

um post para o mário prata



Eu gosto muito do Mário Prata. Ele foi a primeira pessoa do mundo que me deu força pra eu escrever crônicas. Sempre gostei de lê-lo no jornal. Ele é fácil de ler. Acredito em coisas fáceis de ler. Espero ser tão fácil de ler como ele é. E, se além de fácil de ler, o texto é engraçado, é melhor ainda. É o caso dele.
Um dia ele falou de banheiros numa crônica e resolvi escrever um e-mail para ele. Na época, em 2001, eu não costumava escrever para desconhecidos. Ainda mais para desconhecidos famosos. Hoje sou mais descolada pra coisa, mas na época me deu um pouco de vergonha de fazer aquilo. Achei que ele não me daria nenhuma bola, mas como tinha coisas importantíssimas a falar, tomei coragem e escrevi um e-meião. Me deu vergonha, não contei para ninguém. Uns dias depois, levei um susto. Ele respondeu. E mais. Disse que tinha adorado meu texto e que queria colocar na coluna dele. Se ele podia.
Eu fiquei apavorada. Que medo. Porque além das coisas que eu falava, que me pareciam meio bobas, ainda por cima todo mundo ia saber que eu escrevi para ele. Atrapalhada, respondi dizendo que podia, mas sei lá se podia mesmo. O que ele ia fazer com meu texto? Será que ia mudar tudo? Não tive coragem de perguntar. Boba eu. Fiquei super nervosa durante uma semana, só contei para o Zé. Ele falou um “ixi” bem estranho, desconfiado. "Aiaiai, o que foi que você escreveu, ô Lúcia?", ele perguntou, pedindo para ver o texto, preocupado com o futuro profissional dele.
Um dia antes eu nem conseguia dormir. O que eu tinha aprontado? Ora, eu pensava, eu não era ninguém, ele ia no máximo fazer uma citaçãozinha, talvez até sem nome: “uma leitora me escreveu e falou bla bla blá”. Na quarta feira, acordei e abri o jornal cuidadosamente. Santo Deus. Lá estava escrito, em letras garrafais: “O banheiro da arquiteta Lúcia”. Ixi. Era o meu email. Inteirinho. Na íntegra. Céus, que vergonha. Li e reli umas trinta vezes, antes do telefone começar a tocar sem parar. Alô, oi, é, sou eu mesma, alô, oi, é, olha que coisa, alô, ah, achou engraçado? Escrevi para o Prata, agradecendo, e ele ficou o dia todo me reencaminhando e-mails de pessoas que escreviam para ele sobre a crônica. Sobre a minha crônica, no jornal "O Estado de São Paulo"!. O máximo. A noitinha, ele me convidou para conhecê-lo num bar. Olha. Acho que foi o dia de maior sucesso na minha vida. Muita engraçada essa coisa de ser famosa por um dia. Ele me apresentava para as pessoas: olha, é ela! Olha, a arquiteta Lúcia. Ele ria, achando tudo muito divertido. As pessoas falavam de banheiro sem parar comigo. As pessoas adoram falar de banheiro. Até hoje eu sou a rainha dos banheiros, um dia até a Deca me chamou lá na loja deles para um coquetel. Virei a "Lúcia dos Banheiros".
Ficamos amigos, ele sempre enchendo minha bola. Colocou uma crônica minha dentro do livro dele, o “Buscando seu mindinho”, me publicou de novo no Estadão, “A máquina da Canabrava”. Publicou mais uma crônica minha no outro livro dele, “O diário de um magro II”. Lê todos os meus textos, dá opiniões e inúmeras broncas quando eu escrevo demais, me acompanha de longe. Leu todas as minhas peças e fala que eu sou uma putz dramaturga. Me manda os textos dele para eu opinar. É um amigo. Um super amigo. É demais encontrar pessoas que querem ajudar a gente assim, a troco de nada. Não tenho nada de ruim para falar dele. Então eu resolvi fazer esse post para ele. Um post para o Prata. Ele está lançando um livro agora e eu estou fazendo propaganda. É muito legal e vale a pena. Purgatório, a verdadeira história de Dante e Beatriz. Se eu estou aqui escrevendo todos os dias, é tudo culpa dele. E, em primeira mão em homenagem a ele, fiz um iútube revelação-bombástico ao som de tango: “Os banheiros da arquiteta Lúcia”.
Essa é a verdadeira história de Prata e Franka.
Valeu, Prata, querido.


segunda-feira, 21 de maio de 2007

de novo essa cajuína?



Um ano atrás eu coloquei um post que foi bem polêmico. Chama-se "the dark side of cajuína". Era um post sobre uma música que meus filhos falavam que entrava na cabeça, não saia e modo algum e eles eram obrigados a ficar cantarolando o dia todo a maldita melodia. Sabe aquele tipo de música circular? Que o fim volta para o começo?
Era isso.
Mas a polêmica que surgiu no post e nos comentários não foi por causa da circularidade da música. Foi porque, segundo algumas pessoas, a música, cantada pelo Caetano, sugeria que ele tinha feito uma coisa. Uma coisa considerada muito indecente e muito pouco machona. O problema da... (ixi)... "rosa pequenina". Ora, eu e todas as mulheres da minha geração fomos muito influenciadas pelo Caetano. O Caetano é, sem dúvida alguma, o nosso "muso" mais "muso". O Caetano é o máximo. Era ele que cantava a trilha sonora de todos os nossos namoros e paixões. E, claro, eu e todas as mulheres da nossa geração ficamos indignadas quando as pessoas difamam o Caetano. Ora bolas. Não pode difamar o Caetano nunca. Eu adoro o Caetano até hoje. Sempre falo aqui em casa que, se um dia o Caetano aparecer na minha frente eu pulo e dou um putz beijo nele sem pensar duas vezes. "Vão ter que me tirar a força para me separar dele". Os meus filhos morrem de medo do Caetano aparecer. "Tomara que a mamãe nunca encontre o Caetano, já pensou que vergonha?", eles dizem entre si, em pânico. Eles sabem que eu seria capaz. Ô se seria.
Pois na sexta feira o assunto voltou num encontro de amigos aqui em casa. Porque basta a música tocar que sempre alguém lembra da história da tal da rosa, droga. E um desses amigos, envolvido com música a vida toda, deu uma declaração veemente onde ele garante que o Caetano não fez aquilo. E eu filmei tudo. E fiz um iútube. Ufa, que alívio. Fãs do Caetano, fiquem tranquilas.
O Caetano não deu.

sábado, 19 de maio de 2007

jogo dos sete erros


É impressionante. Não sei se acontece na casa de todo mundo, mas na minha é direto. Eu estou calmamente sentada na sala, olho para o lado e lá vejo ele. Estou passando pelo corredor, olho para a estante dos livros e lá está ele. Deito na minha cama, ligo a televisão, me distraio, olho para a mesinha e cabeceira e pimba, lá está ele. Estou no meu escritório, me viro e... de novo, lá está ele, feito uma assombração, me assolando.
Ele?
O coisinho de Lustra Móveis Poliflor.
É impressionante, eu não compro tantos assim para eles surgirem pela casa toda. Óbvio que é a Maria que larga quando usa, mas caramba, porque ela esquece tanto? Não é normal, fico achando que o problema é com a produto, porque ela não esquece o álcool, o Pinho Sol, o Veja. Ela esquece o Lustra Móveis Poliflor, esse, especificamente esse. Olha, isso é somente um desabafo, mas eu precisava dividir com alguém esse estranho fenômeno paranormal que ocorre aqui na minha casa. É o primeiro caso de assombração com produto de limpeza que eu já vi. Impressionante o que surge de Lustra Móveis Poliflor na minha frente. Olhem na foto acima, que tirei ontem no fim da tarde. Reparem, lá está ele, de novo! Viram? Céus, que medo. Será que ele aparece na casa de todo mundo também?

quinta-feira, 17 de maio de 2007

a dieta VCC



Inventei uma dieta. Uma coisa sensacional, mas totalmente politicamente incorreta. Caso alguém aqui se incomode com idéias politicamente incorretas, saia já daqui. É o seguinte:
A minha dieta tem duas versões, a versão light e a versão hardcore-mega-plus. Você pode optar conforme seu caso. A versão light é a dieta CCC, a hardcore-mega-plus é a VCC. E olha, e a coisa funciona mesmo.
A dieta VCC é a dieta da vodka, do cigarro e do corretivo. Funciona assim: no fim do dia, antes do jantar, você toma um copão de vodka. Dai você imediatamente fica bêbado, esquece que não pode fumar muito e passa a fumar um montão. E, claro, depois da vodka e do montão de cigarros, você obviamente esquece do jantar. Esquece mesmo, juro! Sem dor, sem passar fome, nada. Antes eu chamava a dieta somente de "Dieta VC", mas numa conversa com o meu amigo sr. G., o rei do boteco, ele achou que era mais prudente acrescentar o "corretivo", pois depois de uma semana tomando vodka e fumando todos os dias, tua cara não vai ficar lá muito boa.
Na versão light, a CCC, você pode trocar a vodka pela cerveja, que no fim de uns 5 copos faz quase o mesmo efeito. E nada de jantar, o negócio bacana da dieta é esse: o esquecimento total da questão "comida".
Outro dia um amigo sugeriu que eu incluisse outra letra, o "S", de sexo, que ele diz que daria um "plus" a mais na invenção. Ficaríamos com VCCS ou CCCS. Mas dai depende de cada um e principalmente da existência de um parceiro, o que pode dificultar a coisa.
Estou fazendo e já estou vendo resultados, é impressionante. Só não sei se é lá muito bom pra saúde, mas que emagrece, emagrece de verdade. Palavra de blogueira. Quase (ic) magra.
ps.: não consegui um iútube não-vergonhoso para colocar aqui. Óbvio que antes de ontem filmei amigos num bar justamente para esse post, mas se eu colocar aqui com certeza aparecerei boiando no rio Pinheiros no final de semana.

terça-feira, 15 de maio de 2007

franka & jôka (sensacional)


fotos e imagens: luis s.

E hoje, no meio do caminho de volta do Rio para São Paulo, em Kopakabana, Franka encontra um amigo dakeles. O Jôka, o maior blogueiro de toda Kopakabana.

Nesse mesmo momento Luis, o amigo engenheiro de Franka que foi viajar com ela, percebe a alegria dos dois em se reencontrarem. Não resiste, saca a máquina do bolso e filma tudo. Tuuudo. Reparem na alegria do carioca ao saber que a paulista Franka está na sua praia, reparem no ar de êxtase e no descontrole do famoso Jôka. Ele fica desconcertado, não sabe para onde ir - depois descobrimos que foi tudo culpa dos óculos errados - quase perde o rumo, andando em círculos feito um alucinado. Franka o chama, e no fim tudo acaba maravilhosamente bem, uma cena linda, os dois rodando, rodando, rodando...

É realmente um documentário impressionante, sem cortes, sem produções. E Jôka, como não tem medo de iútube, não a embebedou, como aconteceu na semana anterior. Assistam aqui Jôka e Franka nas areias de Kopakabana, ao som de Tereza da Praia, coincidentemente, tia do Jôka, prima da Gigi (!).




E vejam aqui a mesma cena vista de outro ângulo (e por favor, hahaha, reparem na expressão de transe alucinatório do rosto de Jôka):


mais uma viagem


Acabei de voltar do Rio a trabalho. Pra variar mais uma viagem bate e volta corrida, sem tempo nem pra almoçar. Atraso de mais de hora e meia no aeroporto pra embarcar. Inacreditável que uma reforma de uma pista do Aeroporto de Congonhas tenha apenas umas quatro maquininhas, dois caminhões e uma dúzia de homens. Não seria o caso de contratarem mais gente? Mas nada de reclamar, aeroportos podem ser divertidos. E achei um tempinho para fazer uma coisa muito legal. Mais novidades iútube. Aguardem.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Pecus, o taberneiro maluco



Sexta feira recebi um convite irrecusável. Jantar na casa do Pecus. Fiquei super nervosa. Tudo bem que conheço o Pecus de encontros de blogueiros, mas ali eu estava diante da oportunidade única: conhecer a intimidade do cara. A casa dele, as coisas dele, até a imagem do São Galvão, que ele veio exibir que é tatatataraavô dele. Quando soube do convite, eu, burra, falei para ele que ia aproveitar, filmar e fazer um Youtube de sucesso imbatível: “a vida íntima de Pecus Bilis”. Um pouco antes de eu me arrumar para ir ao jantar, a Márcia apareceu no MSN. Contei para ela aonde ia e ela quase caiu pra trás. Não vá sujar o sofá dele com seu danger-jins, Franka, ela disse.
Hehehe. Claro que eu fui com o jins assassino.
Lá fomos, eu o Zé, na casa do sr. da sra. Bilis. E claro que eu fui com a máquina escondida e meu plano em mente. Além de nós, outros casais, um jantar super sério, bacanão mesmo. Respirei fundo e, fazendo lá a tal da “social”, passei, discretamente, a olhar ao redor. Ora, a gente, que é blogueiro, vai todo santo dia na casa virtual dos outros. Mas ali eu estava na casa de verdade do Pecus. E confesso. Por mais que a gente seja adulto e velho, nessas situações a gente vira super criança. Fiquei reparando em tudo, numa super investigação, tentando achar alguma pista. Ahá, um sofá branco. Ahá, sentei, claro. Ahá, lavabo. Ahá, óbvio que pedi licença e fui fazer xixi para fuxicar, pensando que depois eu voltaria lá com a minha câmera.
Mas foi ai que começaram a acontecer coisas. Eu, que achava que estava no comando da investigação para depois fazer o tal post sensacionalista, notei que comecei a ser completamente abduzida. O primeiro susto foi quando vi o que ele fez para o jantar. Gente, pasmem. Tinha javali. É, é isso mesmo. Javali, o bicho. Aquela comida do Obelix. Fiquei impressionadíssima. Servir javali é uma coisa tão valente como caçar um javali, não acham? Ora, e pra mim, que sou caipira, comer um javali é uma coisa tão esdrúxula como comer bife de hipopótamo. Não sabia como comentar, cada vez que pensava numa frase inteligente me dava vontade de rir. Dizer o que? “Nossa, que intenso esse javali, Pecus”. Tentei outras frases, como “que carne violenta tem o javali”, ou “que gosto selvagem tem o javali”, mas sabia tudo me daria acessos de riso e preferi ficar calada com o enigma. Javali? Porque? Mas o desconcerto foi piorando, eu não percebendo nada. Claro que ele fez aquele menu para me impressionar e me tirar do foco, comer javali deve ter qualidades alucinatórias, como posso ter tão acéfala? Franka tem de cérebro de javali, droga. Foi quando ele passou, discretamente, a me embebedar sem que eu percebesse. Era, claro, tudo um plano dele para evitar o meu Youtube, que eu, burra, contei antes que ia fazer. Claro. Assim ele passou, discretamente, a encher o meu copo feito um taberneiro maluco. Eu o via chegando com uma garrafa de vinho toda lindinha com um biquinho de metal, mas como não via outras garrafas, achava que era sempre a mesma. Sei lá o que ele fazia com os vasilhames, onde enfiava, porque sempre só tinha uma na mesa. E ele lá, enchendo o meu copo desvairadamente, numa velocidade absurda.
Acabamos de comer e fomos para o jardim, onde ele exibiu a prancha-sapona boiando na piscina, local aonde ele provavelmente surfa (nem vem que aquilo nunca deve ter saído dali), depois fomos na sala ver a imagem do frei Galvão, que, nossa, é mesmo a cara cuspida escarrada dele. Resolvi que era a hora da câmera, peguei a máquina e notei que o taberneiro Pecus se aproximava de novo para encher o meu caneco. Já meio zonza, resolvi filmar. Mas daí passei a ficar confusa. O que eu ia filmar mesmo? Cadê o Pecus? Ia filmar o Pecus aonde mesmo? No lavabo? Na prancha? Em cima do javali? Quem era mesmo o taberneiro? E enquanto eu andava de lá pra cá, tropeçando em zig zag e dando vexame atrás e vexame, lá vinha ele com a garrafa, sorrindo de lado. Taberneiro desvairado, louco, alucinado, insano. Olha, gente, que desastre. Fiz um filme sei lá como, que coloco aqui só para não dizer que tudo isso foi mentira, porque óbvio que no estado que a pobre Franka se encontrava, ficou tudo uma escuridão total. O pior Youtube da Internet. Nem sei bem o que filmei, mas dá pra vê-lo lá no fundo, escondido, a cabecinha do meio, rindo do meu estado. Só me lembro que no fim da festa, ele, provavelmente animado pelo poder de ter conseguido me aniquilar, resolveu, audacioso, pular a piscina feito uma garça, como se fosse um rio, sob os berros desesperados dos convidados. No filme só dá pra ouvir os gritos e a risada dele. Sei lá, gente, vocês não tem idéia do meu estado quando eu sai de lá, o Zé deve ter tido o maior trabalho com aquele meu PTA (perda total e absoluta).
Um perigo esse negócio de fazer Youtube. Minha única esperança de vingança é que meu danger-jins tenha manchado muuuuuito o sofá dele. Será?


sexta-feira, 11 de maio de 2007

a roupa nova do rei

Gente, fica todo mundo falando mal do Papa, mas ninguém reparou que na verdade, o pessoal do cerimonial está sacaneando com ele pra burro. Começei a desconfiar quando vi um post da Márcia, do Namastê. Ela colocou as imagens do Papa no papamóvel e falou "Não é por nada não, mas esse Papamóvel não parece com os banheiros químicos, só que pintado de branco?"

Comentei ontem de manhã como Zé, e ele quase caiu pra trás de tanto rir. "Nossa, a Márcia tem toda razão...! E o pior não é desfilar num banheiro químico, o pior é desfilar sentado num trono num banheiro químico envidradaçado! Que vergonha!"


Ontem a noite, durante o jantar, o Zé continuou o assunto. "Lú, além de fazerem o cara desfilar num banheiro envidraçado, reparou que colocaram o Papa lá no Mosteiro São Bento numa guarita igual à dos guardinhas de rua? Um cubículozinho, ainda bem que tinha banheiro no papamóvel, hahaha".


Depois fomos ver tevê e lá estava a Sua Santidade no Pacaembu. E foi quando o Zé deu um pulo enorme do sofá: "Lú, olha onde colocaram o Papa!". Eu olhei e vi o Papa falando. "O que foi? Que é que tem?". Ele apontou a imagem. "Olha onde tá o Papa em relação à pomba, repara! Puseram o Papa no bumbum da pomba, Lú!".
Nossa, é mesmo. Pensa gente, o Papa, uma pessoa tão importante, deveria ficar na cabeça da pomba. Lá no alto, imperando. Nunca no bumbum, Santo Deus. Parece até que a pomba tá... tá... coisando o Papa. "Ainda por cima num rio de sangue vermelho!", ele completou. Nossa, que feio.
Dá licença, mas tá na cara que é sacanagem mesmo. Pra quem implica com ele, é um pratão cheio. Tá vingado. Banheiro, guaritinha e fiofó de pomba? O cara do cerimonial deve estar dando muita risada.
O Zé não meu permissão pra colocar esse post, mas eu coloquei sem permissão mesmo. Não aguentei, afinal franka mente. Amém.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

do - ré -mi - franka



Eu, Franka, trash como nunca, não aguentei e comprei o disco da trilha sonora do seriado que eu mais gostava na minha infância: "A família Dó Ré Mí". Semana passada surgiu diante de mim uma proposta irrecusável: encontrei o cedê na FNAC em promoção por R$ 12,99. Gente, o preço anterior era R$ 90,00. Claro que devia ser um encalhe básico e total, mas para fãs do lindíssmo David Cassidy como eu encontrar aquilo pareceu um milagre. Segundo o Zé, o David Cassidy era o rei do creme rinse da época. Para mim, ainda é o cara mais lindo do mundo. Para meus filhos, bem, não vou colocar aqui os comentários depreciativos deles. Adolescente implica com tudo. Adquiri em segundos, excitadíssima. Desde então, o CD me acompanha para todos os lugares. O máximo.

Agora atenção. Fiz um Youtube meu, no carro, cantando a música-tema na marginal com o Chico. O Chico tem um puta voz, um verdadeiro David Cassidy, reparem. Frankamente, com imagens e vídeo isso aqui vai ficar demais. O negócio é só não ter vergonha, porque não consigo colocar tarja no vídeo.


quarta-feira, 9 de maio de 2007

watch out for white sofas


Antes de ontem eu comprei uma calça jins. Não gosto muito de ir em loja, experimentar roupa, entrar em provador, me despir assim no nada atrás de uma cortininha. Sei que é bobagem, mas me parece uma coisa super indecente.
Mas precisava de uma calça e fui à luta. Entrei na loja, escolhi. A moça trouxe diversos números para eu experimentar e aconselhou: "compra a mais apertada, que jins laceia e depois você vai andar feito um saco". Sou super influenciável por vendedoras solícitas. Óbvio que fui na dela e passei o dia ontem espremida dentro do pano, a beira de uma explosão, esperando o tal do laceamento. Só a noite que senti que aquilo estava melhor. De duas, uma: ou a calça laceou um pouco ou eu emagreci, pois foi impossível comer muito durante o dia com a barriga apertada daquele modo.
Mas o que me intrigou foi essa etiqueta ai, que estava colada no jins. Uma etiqueta de "cuidado". Gente, leiam. Gente do céus, plis, leiam o que está ai em cima e me digam se isso não é o fim do mundo. Depois de uma explicação sobre lavagem, a etiqueta - com um layout de perigo total - avisa: "watch out for white sofas". Na hora não entendi. Sofá? O que tem um sofá a ver com uma calça? Depois me toquei. O jins soltava tinta. Nossa, que perigo.
Hoje o lance legal é escolher, além do jins, a tal da "lavagem". O tipo de desbotado que já vem na calça. E aquela que eu tinha escolhido, a apertada, tinha uma lavagem inacabada. Provavelmente vinha com um monte de tinta e essa tinta iria saindo ao longo da vida da calça. Adorei a idéia. Ora, aquilo era mais que um jins, é um tipo de teoria de vida: um jins jovem que um dia atingirá a maturidade, uma roupa que vai envelhecendo junto com você, perdendo o viço, a cor. E então cuidado com os sofás brancos, explicava a etiqueta. Claro. Tudo a ver. Imagine a vergonha de você, com seu jins novo, numa festinha, toda animada, levanta do sofá e percebe que largou lá um monte de tinta azul. Vexame.
Como fiquei impressionada e como falo muito, matraquei essa história mil vezes ontem a noite na casa do meu amigo a. . Mil teorias sobre o envelhecimento humano, blablabla. "Aliás", comentei, "preciso testar para ver como funciona", eu disse, "só resta achar um sofá branco". Foi quando o Pecus apontou para o lado e me mostrou o sofá do a. E acreditem, gente, o sofá do a. é... branco. Maravilha, pensei. O a. ficou em pânico, mas era irresistível não ir até o fim naquela missão. E lá fui eu fazer o teste do jins danger no sofá. Sentei. Passei a me mexer. Pra cá, prá lá, pra lá, prá cá sob os protestos desesperados do a. Watchim out for white sofas, tralalá. Uma cena bastante esquisita de se ver, mas era praticamente um experimento científico. Depois de um bom tempo de ginástica, me levantei. E olhei. E... nada. Nem uma manchinha, nem um borrão. Acendemos a luz, investigamos. Olhei para eles. "Franka, tanta história para nada", falou o Pecus, tão decepcionado como eu. Já o a. respirou aliviado.
Quer saber? A maior tristeza. Pô, gente. Comprei um jins que mancha sofá e esse jins não mancha o sofá? Putz propaganda enganosa. Tive vontade de ir na loja reclamar. Jins mais porcaria esse.
E mais: querem ver o filme do teste? Estou morrendo de vergonha. O a. (pô, a.!) filmou tudo e postou no carne crua: clica aqui.

Ou então assista aqui mesmo. Depois de uma noite em claro, consegui colocar o youtube no frankamente. Ahá, agora ninguém me segura mais.


terça-feira, 8 de maio de 2007

aterrisagem


Há anos que eu chego em casa e encontro esse fim de guerra na porta da entrada. Uma sapataiada, uma meiarada, uma malaiada. Já me incomodei muito com a bagunça dos meus filhos. Já dei bronca. Já xinguei, esbravejei, expliquei. Não se deve, não se pode, não se faz. A bagunça continuava e eu cada vez mais chata. Sei que mãe tem que ensinar as coisas para os filhos, sei que dona de casa tem que zelar pela casa. Mas mãe e dona de casa tem também que ser feliz. Porque senão o marido não aguenta. Senão os filhos não aguentam. A empregada não aguenta. Os amigos não aguentam. Ninguém aguenta gente que não é feliz. E ser feliz tem um pouco a ver com desencanar. Então, um dia, um dia que eu até me lembro qual foi, eu desencanei desse negócio de ficar implicando com a mesma coisa todo santo dia. Quer deixar os sapatos bem na porta? Deixa. Quer jogar a meia no meio do hall? Joga. Os cadernos da escola no chão? Que fiquem. É errado? É. Mas não é o fim do mundo. A gente tem que saber o que é o fim do mundo e o que não é. Uns sapatos e umas meias realmente não são. As vezes eu chego em casa cansada e piso em cima de uns pares de tênis. Outras vezes eu cato e coloco no cantinho. Mas não implico mais. Até acho engraçado. Aquele monte de pé de sapato dormindo no meio do nada. Poderia dizer que é até poético. A pista de pouso do sossego. Do lar. Sim, minha casa é bagunçada. E eu hoje não estou nem ai.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

paca tatu cotia não

alá ele!
Foi na sexta feira. Estava trabalhando em paz e sozinha quando a Rô, a filha da Maria, minha empregada, que ajuda ela aqui de vez em quando, entrou aqui no escritório com um olhão enorme.
- Aaa, Lúcia! Tem um bicho enorme no seu quintal!
- Bicho, Rô? Como assim? Um cachorro? Gato?
- Se fosse cachorro ou gato eu saberia, mas acontece que esse bicho eu não sei o que é. Minha mãe falou que é um rato, mas acho que aquilo não é rato não. É gordo, marrom e não tem rabo. E é enorme. Vem ver, vem ver – ela insistia.
Juro, não tive a menor vontade de olhar. Um bicho enorme, gordo, marrom e sem rabo na minha casa? Queria era sumir. Putz pânico. Ô vontade de morar em apartamento.
Começou a gritaria. Qualquer casa com três mulheres e um bicho enorme, gordo, marrom e sem rabo vira um pandemônio, não tem jeito.
- Fechem as portas da sala – eu dizia – fechem a porta da cozinha! Como vocês acham que ele entrou?
- Pulou o muro, é rato, Lúcia! – insistia a Maria – um ratão!
- É nada mãe, não tem rabo! - insistia a Rô.
- Fechem as janelas, então! Se pulou o muro, pulará as janelas.
Nos trancamos em casa e nos olhamos feito três idiotas. Não adiantava nada ficar trancada, o bicho enorme, gordo e marrom e sem rabo não ia desaparecer do meu quintal. O que fazer?
- Eu vou lá – falou a Maria, corajosa, mas sem muita cara de quem ia matar o bicho.
- Cuidado, ele pode te atacar – eu disse - Mas se não um é rato, o que é?
- É marrom, enorme, gordo e sem rabo – repetiu a Rô.
- Uma capivara? Um paca? Uma cotia? Um hamster? Um preá? Porco da Índia? – lá fui eu pra o Google olhar as figuras de cada um, imaginando de onde veio aquilo. A Rô, que foi quem mais tinha visto o bicho, veio dar seu parecer.
- Ou é filhote de capivara, ou hamster ou preá, Lúcia.
Pensei no que fazer. Poderia soltar a Bela, a minha cachorra e a quarta fêmea da casa naquele momento, pois ela é uma assassina de animais menores que ela, mas achei meio nojento promover uma caçada em casa. A Bela mata mesmo, nasceu para isso, mas promover uma carnificina logo de manhã me pareceu meio... asqueroso. Além disso, se fosse um rato, o rato poderia ter comido algum veneno e poderia infectar a coitadinha. Melhor ela ficar fora disso, pensei. A Maria se armou de uma vassoura e foi a luta, até, depois de muitos berros, conseguir entocar o bicho num armário de materiais de jardim.
- Cuidado - falou a Rô – ele pode te atacar, mãe!
Eu catei a máquina para documentar o evento e resolvi chamar o meu dedetizador, o seu Alcebíades. Ele vem sempre aqui dedetizar a casa e sempre coloca veneno de rato nos ralos externos. São Paulo tem muito rato de rua. Ele me avisou que coincidentemente estava perto e que viria naquele momento. Chegou em quinze minutos, munido de um equipamento de caçada. O seu Alcebíades é, sem dúvida alguma, um cara muito valente, pensei, aliviada, quando ele chegou. Estava na cara que ele ia, sem dúvida alguma, caçar o bicho grande, marrom, gordo e sem rabo sem gritar como estávamos fazendo até o momento. Se dependesse de nós, o bicho só ficaria surdo, mas vivo. Como já tinha se passado mais de uma hora desde o início do evento e eu precisava trabalhar, larguei as duas com ele e me tranquei no escritório, suando, encalorada, com tudo fechado. A gritaria das duas aumentava a cada instante. Está lá! Ali! Correu! Na planta! Foi pra frente! Pega! Agora! Fugiu! Eu vi! Corre! Ali! Lá, Alcebíades, lá!
Depois de um tempo, fui chamada.
- Lucia, o seu Alcebíades pegou!
- O que é?
- Ele disse que é preá.
Fui lá fora. Lá estava o pobre bichinho encurralado e amedrontado dentro da caixa. Gente do céu. Não tenho a menor idéia de como isso veio parar aqui. O seu Alcebíades, agora mais meu-herói que nunca, colocou numa caixinha e falou que não ia matar não. Ia levar e jogar num parque perto da casa dele. “Não pode matar um bicho desses, é crime ambiental”. Ficamos um tempão olhando para ele, os quatro. "Que fofinho", falou a Rô.
Um preá na minha casa. Como pode?


o bicho marrom, enorme, gordo e sem rabo


o valente seu alcebíades
(se alguém quiser o telefone dele, me mande um email)

domingo, 6 de maio de 2007

virada nada cultural

O Zé chegou ontem a noite aqui todo animado. Tinha ido num dos eventos da virada Cultural, estava se achando, achou diversos amigos enquanto eu fiquei aqui, mofando e falando de filme ruim de telecine. Fiquei com a maior raiva. Eu sempre sou mais moderna que ele, pô.



Como o jantar foi festival do cachorro quente, resolvi me exibir e virei o cachorro quente. Virada de cachorro. Pelo menos.


Inverti também todas as coisas da mesa. Afinal, era noite de virada, não era? Até a mostarda Colman´s. E o Ketchup, mas ketchup é sempre bom virar, porque senão não sai do potinho.

De manhã, insisti na gracinha. Virada cultural não acontece por mais de 24 horas? Pois inverti o café e virei todos os sucrilhos da mesa.


Mas ainda bem que tem gente sabida aqui em casa, e que o João foi o único que soube fazer uma verdadeira virada cultural. Reparem na virada cultural. Caderno 2, pô. Isso que é família moderna. Viradíssima.

E viva o Santos Campeão.

(e gente, acreditam que essa postagem é n* 1000? Hahaha, ganhei do Romário, consegui antes dele!)

sábado, 5 de maio de 2007

franka vai às compras e assiste tv


franka vai às compras de manhã
Acabei de assistir um filme num dos Telecines. acho que era o Pipoca, porque o filme era dublado. Era o que estava passando quando liguei a tevê, acredito muito na influência do acaso televisivo no destino da minha vida, mas sinceramente hoje não sei se teve alguma coisa a ver. Às vezes o "clic" do controle remoto é, para mim, quase como tirar um I-Ching. A previsão da sorte na tevê funciona direitinho para me ajudar nos meus problemas da vida. É isso mesmo: eu, Franka, tiro a sorte na NET.
Não sei os nomes de atores e nem vou me lembrar do nome dos filme. Acho que era com o Richard Gere, mas não tenho certeza. Esse cara era o pai de uma menina de 11 anos e de um menino de 15. A mãe era uma mulher muito estranha, ou pelo menos o diretor queria que achássemos assim, porque a câmera parava nos olhos dela nas horas mais bobas do mundo: na hora que ela estava colocando o café, abrindo a porta do carro ou olhando pela janela, e nessa hora vinha uma música de filme de terror e ela fazia a maior cara de angustiada. O pai era um professor de filosofia e tocava violino. Vivia ensaiando com o filho de 15, que tocava um tipo de violoncelo. Um dia a mãe, que era esquisita mas amorosa, dá para a menina um caleidoscópio e nessa hora entram um monte de cenas de flashback de um acidente de carro, que parecia que era dos pais da mãe que tinham morrido quando ela era pequena. No dia seguinte, a menina ganha um concurso de soletrar e é convocada para representar a escola no campeonato da cidade. Como a família era meio destrambelhada, ninguém deu bola para ela e ela teve que pedir para o irmão levá-la. Lá ela ganhou facinho de todo mundo, e só ai que o pai se empolgou. A mãe parecia que não entendia nada, alheia a tudo, sofrendo, putz papel chato de fazer, coitada da atriz. O pai então resolveu dar aulas para a menina e esqueceu do filho, da música e da mãe. Passou a acompanhá-la em todos os campeonatos, que ela foi ganhando rapidinho até chegar no campeonato nacional de soletração, um negócio super importante. Ele, o pai, tinha umas teorias onde ela deveria entender a alma das palavras e a menina entrava em transe quando soletrava, via coisas, ouvia vozes e passou a ler uns livros com umas letras em hebraico. O filho, sem mãe nem pai, fica meio pirado, conhece uma adolescente loirinha e vira rarecrishina num templo que mais parece de macumba. Ai a mãe passa a ter o comportamento mais estranho do filme. Pelas cenas parece que ela é uma ladra, pois ela entra em casas e pega coisas: às vezes uns brincos, às vezes uns potinhos de cerâmica, uns cacos de vidro, e sempre sofrendo para burro. Na verdade não dá para entender se ela rouba mesmo ou se está na casa de algum amigo, porque ela sempre tem a chave. Um dia antes do campeonato, a mãe é sofre um acidente num desses assaltos e é presa. O marido descobre que ela é cleptomaníaca e que aluga uma garagem onde pendura todos os cacos que rouba, que são sempre coisas brilhantes e quebradas. É um lugar de gente louca, e ele, quando vê, começa a chorar copiosamente, percebendo que não conhecia direto a esposa. A mãe é considerada louca e vai para um sanatório. Esse dia é o caos, porque o pai, desesperado, ainda por cima descobre que o filho é harechrishina e vai buscá-lo no templo puto da vida. Chegam em casa e o pai e o menino discutem. A menininha fica confusa com o sucesso e passa a se atrapalhar, achando que a doença da mãe é culpa dela, sei lá porquê. O pai resolve que, mesmo com a mãe internada, vai com os dois filhos no campeonato nacional de soletração, que é em outro estado. Lá, no hotel, ele treina a menina meio a tôa a tarde, e uma das palavras que ele fala para ela soletrar é "origami". Ela soletra direitinho. No meio da noite, a menina acorda e sai vagando pelo hotel. Volta para o quarto e fica falando que precisa achar Deus. Fala coisas desconexas, pega o livro em hebraico e passa a suar frio e tremer, caindo no chão. Aparece uma imagem dela num caleidoscópio, depois filmam ela de cima onde sai uma luz amarela da sua boca. Acho que isso era para significar que ela achou Deus nas palavras. Chega a hora do campeonato, onde ela, a menorzinha de todos, ganha, ganha, ganha. Na última palavra, que se ela acertar ela vira campeã nacional de soletração dos EUA, o juiz pede para ela soletrar "origami". Ela fala o, r, i, g, a, m mas pára ai. Entra um passarinho de papel voando na cena e pousa numa letra "i" de um cartaz, mas ela olha, vira para a câmera de TV onde ela sabe que a mãe está a assistindo e fala "y". E ela perde o campeonato. A mãe chora muito, o pai, ela e o irmão se abraçam. O filme acaba ai.
Fiquei parada na sala. Será que ela não quis ser a melhor para mostrar para a mãe que ela também erra? Mas a mãe, mesmo internada, ia ficar super feliz se ela fosse campeã. Não entendi porque a menina errou de propósito. Não entendi o que a mãe achou e nem o que o filme quis dizer. Ô I-Ching difícil esse de hoje.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

homem pássaro dorminhoco


Ontem de manhã recebi um torpedo. Adoro receber torpedos. O barulhinho, sabe como é? Parece um presentinho, um olá, não sei explicar. No meu aniversário, 27/10, gente, por favor, torpedeiem a blogueira. Nada vai me fazer mais feliz. Corri pro telefone e era um torpedo do a. , que viajou para o Espírito Santo.
“Frankilda, vou decolar em minutos”.
Decolar? Porque ele precisava avisar que estava voltando? Bom, como meus amigos não avisam quando vão viajar de avião, já que avião é carne de vaca, e como o a. não explicou mais nada, intui que ele ia fazer um tipo diferente de vôo. Seria helicóptero? Asa delta? Pára quedas? Iria pilotar um monomotor? Foi quando reparei que junto com a mensagem vinha uma foto. Dei um daunloudi, e logo em seguida a coisa... ficou mais enigmática ainda.
Um colchão?
Olhei, olhei, olhei, e por mais que eu visse um monte de fios embaralhados, não consegui entender esse estranho objeto inflável que aparecia na foto, junto a duas pessoas. Seriam pilotos de colchão? Era apenas um colchão, gente. E era nele que o a. me dizia que ia decolar. Em minutos.
Fiquei em pânico, respondi imediatamente. Obviamente que ele corria perigo. Um perigo enorme. Provavelmente ele estava completamente fora de si, não devia dormir há dias, tinha bebido demais, sei lá.
"A.,mas isso é um colchão! Não!".
Não recebi resposta. Estremeci.
Depois de mais ou menos uma hora, alívio. Chegou um outro torpedo, desta vez com o filminho do vôo de colchão do a.. Pena que não consegui descarregar do meu celular-porcaria para colocar aqui. Ufa. Já vi gente voar em tapetes, em colchão nunca vi. Uma vez vi um seriado da Lucille Ball (demais) onde ela, num acampamento, dormiu perto de um rio, a água subiu e ela navegou dormindo no seu colchonete. Mas voar em colchão eu juro que não sabia que era possível. Será que também se voa em futons? Sofás-cama? Almofadões? E gente, para ninguém achar que enlouqueci, ta ai a prova. O a., o blogueiro homem pássaro, verdadeiro super herói, ou melhor, super a., ontem voou num colchão.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

borboletinha


Olhaí. Nesse momento tem uma micro borboletinha em cima da minha cabeça. Tadinha, mínima. Será bebê ou anã?
Isso que dá a gente ficar trabalhando sozinha o dia todo. Ainda bem que existe blog. Tem certas coisas que a gente não tem com quem comentar.

terça-feira, 1 de maio de 2007

de novo?


Sério, depois falam que não é maldição. Mas pô. Olha o que me aconteceu de novo. Me preparei toda para assistir a peça do Mário Viana ontem nos Sátyros. Depois que nos conhecemos e ele nos enfeitiçou há semanas atrás, prometi que assim que tivesse uma segunda feira livre eu ia ver a peça dele: "Segunda-Feira: O Amor do Sim", de Mário Viana, direção de Alexandre Reinecke. Segunda no meio do feriado, dia tranquilão, eu animadérrima. Tive que fazer um verdadeiro via-crucis para tudo dar certo. Pegar o Juca no clube, buscar o Chico na casa da namorada, resgatar a Nani e três amigos na estação do metrô, passar na casa da Silvia, que ia junto e pegá-la, deixar os meninos em casa com dinheiro para uma pizza, pegar o Zé e zuuupt para o centro. Tudo cronometrado, tudo certinho. Mas destino é destino. Um maldito trânsito na Rebouças nos fez ficar parados por mais de uma hora, andando devagarziiiinho, e eu, o Zé e a Sílvia chegamos na Roosevelt as sete e dez. Ahhh não. Ingressos esgotados, peça começada. Putz frustração, gente. Acabamos no Balcão bebendo choppe, fazer o quê. Olha. Estou me especializando em não-assistir peças, me disseram. Sou a pessoa que mais não-assiste peças em São Paulo, que droga.
Mas nada de mau humor, isso pode ser uma característica que me dê até sucesso, quem sabe? Posso me aprimorar e ser a pessoa que mais não-assiste cinemas, teatros, shows, espetáculos de dança e palestras da cidade. A melhor de São Paulo no gênero de não-assistir. Darei entrevistas, palestras, opiniões e até críticas depois de não-assistir. Franka, a melhor e maior não-espectadora da cidade.
Perdões, Mário. Eu tentei.