quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

TP... NET


- Todo mês eu fico nervosa e acabo brigando com todo mundo. Sempre acontece isso. Brigo com a mamãe, com você, com meu filho - disse minha irmã.
- Eu acho que não tenho mais esse problema de TPM porque eu operei, né Ângela? Mas eu sei como é, ou melhor, era. Péssimo mesmo. Parece que a gente fica possuída pelo demônio. É hormônio.
- É, mas agora eu decidi. Vou levar essa minha vontade de brigar para o lado do bem.
- Ângela, é impossível. Não dá.
- Lúcia, agora, cada vez que eu ficar nervosa, em vez de descontar em marido, filho e até em cachorro, vou ligar para a NET. 
- NET? Que tem a ver?
- Tudo a ver. Vou descontar minha raiva lá neles. Lá não é um lugar onde toda vez que a gente liga, a gente briga? Então. 
- Então?
- Então nas minhas TPMs vou mudar de plano da NET. Vou encher o saco deles. Ah, eles vão ter que me aturar, porque eles aturam todo mundo. Além disso, minhas brigas são tão péssimas que acho que vou até pagar menos. Ou talvez me deem até uma assinatura grátis. E se com a NET não der certo, vou ligar para a Vivo, Claro, para todos os call centers que conheço. Nossa, tenho certeza que vou me dar muito, mas muito bem.
Hahaha. Achei a ideia excelente.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

caixinha reciclável


Foi na sexta feira antes, nesses dias antes do natal. A campainha aqui de casa não parava de tocar. Gente pedindo caixinha. Talvez todo ano seja assim, mas como agora fiquei em casa, recuperando de uma cirurgia, eu que atendi todos os trezentos mil pedidos de caixinha. Era carteiro, lixeiro, homem do saco de lixo, cara da Eletropaulo, da Sabesp, varredor de rua. Os meus trocados foram acabando, e só restava falar para o próximo que acabou, que não tinha mais nada. Foi quando a campainha tocou lá pelas sete da noite. 
- Oi dona, é o lixeiro da reciclagem. Tem uma caixinha de natal?
Nossa, coitado, eu não tinha. Dava pra ouvir o barulho do caminhão parado.
- Moço, juro, veio tanta gente aqui que eu fiquei dura. Não tenho nem uma moeda, é muita caixinha que tem para dar. Você me desculpa, faz assim, passa amanhã, que eu dou um jeito.
- Ah, dona, não vai dar, a gente só passa às sextas feiras... então deixa...
Vi que ele ficou meio desenxabido, triste, e saiu de frente de casa. Foi quando eu tive uma idéia. Gritei de novo por ele.
- Moço! Volta!
Ele veio todo animado e eu fiz a proposta.
- Como te disse, tou sem um puto. Mas tem umas cervejas geladas na geladeira. Se eu te der uma, você fica feliz?
- Feliz? Se eu fico feliz? Ô - ele disse animado - mas se a senhora tiver 3, porque estamos em três aqui, vamos os três ficar muuuuito felizes! Tamos correndo sem parar, imagina, uma cerveja gelada!
Resolvido. Peguei na geladeira as três melhores e levei na porta. Os três estava sorrindo muito, e quando viram as latas, começaram a bater palmas para mim. Hahaha. Palmas, imagina. Acertei em cheio. Me senti a melhor moradora da rua. Pensando bem, os caras catam milhões de latas vazias, imagina que delícia ganhar uma cheia? Mó caixinha reciclável, fala a verdade.