quinta-feira, 22 de setembro de 2011

uma campanha pelos jornais pelados novamente



Quero falar dessa capinha há tempos. Essa roupinha ai que vem com os jornais. Não sei quem teve a ridícula ideia de vestir os jornais. Pra mim não tem nada mais irritante que acordar de manhã, pegar o jornal para ler e enxergar somente meia página, porque colocaram nele um tipo de roupinha de propaganda, onde você só vê metade das principais notícias. Perai. Pô. Não cabia mais propaganda dentro do jornal? Não dava pra fazer um encarte que não incomodasse? A pessoa que paga essa propaganda tem que ser mais importante que o... jornal? Quer ser mais importante que você, que assina o jornal e paga por isso? Essas roupinhas me dão tanta raiva que arranco, amasso e jogo no lixo na hora. Pior é que quando você tenta tirar aquilo, desmantela o jornal inteiro, porque a roupinha entra dentro do jornal. O mesmo que arrancar uma camisa que está dentro da calça. Noto também que existem diversos tipos de roupas pra jornal, os publicitários estão se especializando em modelos cada vez mais fashion de moda jornalesca. Além dessa, que imita um meio-terninho, tem a roupa cinto, tem o tomara que caia, tem a mini saia de jornal. Quem será que desenha esses modelitos? Sei lá. Aqui em casa vai tudo pro lixo. Não é super anti ecológico hoje em dia gerar lixo? Os jornais não sabem disso?
Acho que pra tudo, principalmente pras propagandas, tem que ter um certo limite. Criaram a lei da cidade limpa, São Paulo ficou super legal, os jornais noticiaram e aplaudiram, mas eles mesmo não seguem o exemplo. Aliás, as propagandas migraram da cidade para os lugares mais insólitos. Porta de elevador de shopping, capô de táxi, parede de cinema. Onde esse lance da propaganda vai parar? Depois do jornal de terno, daqui a pouco você vai num restaurante, pede um prato chique e ele vai vir vestido com um modelo chanel de uma propaganda qualquer. Daqui a pouco você compra um cacho de bananas e cada uma delas terá uma camiseta-anúncio diferente. Isso é um perigo, pode não ter fim. Os alfaces poderiam usar cintos. Os filés mignons poderiam usar biquinis. Os pães franceses, boinas. Talvez eu esteja exagerando, mas acho que vale uma campanha ao menos pelos jornais pelados novamente.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

a ascenção da adulteração na alimentação atual




Animei de falar de comida. Ando pensando nelas esses dias, estamos em pleno restaurante week e volta e meia alguém me conta algo que comeu. Reparo que agora existem ingredientes muito diferentes para cozinhar do que existiam quando eu era criança. Coisas que a gente nem imaginava surgem como grandes acessórios nos pratos e são comentados animadamente por quem consome. Meus filhos chamam isso de adulteração. Por exemplo, tem o arroz-arroz, mas quando tem aqui em casa o arroz com cenoura e vagem, que fica colorido, eles falam que é o arroz adulterado. Qualquer arroz que não é puro, para eles é adulterado. Esse o conceito da adulteração. E noto que as comidas de hoje estão cada vez mais adulteradas, e com coisas muito diferentes do tempo da minha infância. Olha só. Antigamente alguns pratos eram adulterados, por exemplo, com uvas passas. Arroz com passas, farofa com passas, frango com passas. Mas pobre das uvas passas cairam em total desuso. No lugar delas agora existem as favas. Arroz com favas é muito mais chique que arroz com passas. Outro item de adulteração que foi pro beleléu foi o pobre do champinhon. Era mega legal carne com champinhon, salada com champinhon. Mas vieram os shimejis e shitakes e acabaram com reinado do pobre do champinhon. Noto que declínio deles veio junto com o declínio do estrogonofe, que era um prato de festa, mas ficou cafona e pouco se vê. Duvido que exista estrogonofe no restaurante week. Outra coisa que inventaram foram as mini saladas de entrada adulteradas com coisas que a gente nunca imaginou. Saladas de 3 gramas, de tão nanicas. Uma amiga minha ontem foi almoçar e me contou que a salada da entrada, de folhas verdes, um super queijo e tomate do cardápio, se resumia numa folha de alface rasgada do tamanho de um post-it, 1 (um) tomate cereja (cortado em dois) e duas lasquinhas de queijo do tamanho de uma unha. Ollhou desanimada o prato. Para se alimentar com aquilo precisaria de uns 12 iguais. Por falar nisso, de onde veio o tomate cereja? Acho que o mini tomatinho foi inventado basicamente para adulterar as mini saladas. Tudo isso para concluir que o mundo da aldulteração alimentar mudou está em crescente ascenção, reparem. As comidas de hoje são absurdamente adulteradas. Creme de mandioquinha com brotos e azeite trufado, folhas crocantes com pêssego ao molho de balsâmico, flã de salmão ao figo e pão, bruschetta de pêra com gorgonzola, entrecôte com capellini acompanhado de sauté de tomate-pera, tomilho e manteiga de limão, carré de cordeiro crocante com cubos de cenoura, coulis de salsa e crisps de couve. As comidas hoje tem tanta adulteração que, sério, não dá nem pra saber o que é a comida e o que é a adulteração. E bora pro restaurante week.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

escravizada pelo mamão



Desenvolvi uma teoria sobre comidas e poder. Veja só. Na maioria das comidas que a gente compra, nós mandamos. Por exemplo, você compra o arroz e manda no arroz, ou seja, você prepara e come o arroz quando você quiser. O arroz está ali para te servir e você que decide qual a hora dele virar um alimento. O mesmo com a farinha, com o macarrão e até com bife. Claro que existe, para cada comida, um tempo próprio onde você sabe que pode mandar antes de estragar, mas na maioria delas você tem um tempo para dominar. Mas notei outro dia que com as frutas acontece um treco diferente. As frutas são comidas que mandam na gente, não tem jeito. Você só pode comer as frutas maduras, elas tem um dia certo pra serem comidas. Não dá pra comer banana verde que é horrível, nem manga verde que gruda a boca, muito menos mamão verde. Intragável. As frutas são boas pra comer sempre naquele dia x, quando estão naquele ponto que ou você come, ou elas apodrecem totalmente. Antes não dá, depois não dá. Quantas vezes na vida já não vi desesperada olhando um mamão que não tou com a menor vontade de comer? Olhando e lavando aquela pêra para engolir a seco? Comendo banana sem parar? É isso. As frutas praticamente te obrigam a comê-las no dia que elas decidem. Nesse caso a hierarquia muda, elas que mandam. Nossa, quantas vezes já não fui escravizada por um mamão maduro? Só entendi isso agora.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

o tuiter e o xixi



O nosso mundo ficou subitamente meio esquisito de uns anos pra cá. Por exemplo, você está numa festa, jantar ou encontro com amigos conversando animadamente, e de repente você, ou um dos seus amigos pára de falar, pega o telefoninho e avisa.
- Ah, isso é muito bom. Vou tuitar. Dá licença.
E esse amigo se recolhe num canto e passa a digitar, sempre semi vesgo, alguma coisa que ouviu ali na festa no telefone. Tuitando ou Facebucando, tanto faz. Peraí gente. Assim, sem mais nem menos a pessoa se desloca de um grupo, interrompe o divertimento real para fazer afundar na vida virtual? Isolada? Em transe? É.
Pior é que isso acontece a toda hora, com todo mundo, seja com idéias, fotos ou apenas pra fazer uma certa exibição pra quem não tá na festa, como "olha como tou me divertindo, vejam meu carregamento móvel". Sei lá se isso é certo ou errado ou onde vai parar, só sei que apenas existe. E acho que existe porque no mundo virtual você é tudo que sempre quis ter na vida. No virtual você não tem defeitinho nem defeitão. Tem só fotos de você lindão, magro e jovem, você só fala mensagens positivas, curte aqui e ali, sempre na maior felicidade. O mundo do Face e do Tuiter é sempre um lugar onde você aparece maravilhoso, sem problemas ou defeitos. Experimenta colocar um problema, uma tristeza por lá: ixi, ninguém curte aquilo. Mas se você colocar a maior asneira do mundo, pimba, vinte comentários, trinta e nove curtidas. Acho que é por isso que todo mundo não aguenta e dá aquela escapadinha da festa pra ficar sozinho tuitando. Tuitar quase tão legal como festa. E não sei porque pra mim o lance de tuitar em festa, sozinho num canto, parece algo como sair de cena pra fazer xixi. Antigamente quando você saia de cena era pra dar uma escapadinha pra ir no banheiro. Agora não é só isso.
- Cadê a Franka?
- Foi tuitar, já volta.