sábado, 30 de junho de 2007

koob woolip eht - franka faz resenha de filme


Antes que me perguntem porque não escrevi semana passada: peguei uma virose horrível e fiquei de molho. Agora tá tudo bem. Voltei a postar e a ler blogs. E li aqui , no blog do taberneiro maluco sobre esse filme, "The piloow book", do Peter Greenaway. Me interessei, achando que seria um filme que teria a ver com literatura, coisa que adoro. Sabadão, lá fui eu na locadora hoje tirar o tal filme. Céus, gente... Que filme esquisito... Olha, é tão esquisito, mas tão esquisito, que sei lá. É um tipo de filme que é tão louco que é impossível comentar. A única coisa que consegui foi fazer um resumo. Olha que absurdo. Vou começar com "era uma vez", pra ver se fica mais normal.

Era uma vez no Japão um pai que todos os anos, no aniversário da filha, escrevia na pele dela uma mensagem em sua homenagem e assinava. O pai era um escritor. Um dia ela vê, por um vão das portas de correr da casa, que ele, o pai dela, tem um caso com um senhor mais velho, que pasmem, era o editor do cara. A menina se assusta, mas aparentemente a mãe nem liga, o que é bem estranho mas que não tem explicação. Bom, de uma hora para outra esse pai desaparece, (talvez tenha morrido ou talvez eu não tenha entendido) e a menina, já moça, se casa com um rapaz lá da cidade dela. O tempo passa e, no dia do seu aniversário, ela pede ao maridão que escreva nela como o pai fazia. Ele, um cara caretão, obviamente se recusa, dizendo que ela é doida. É o mote para ela acabar com o casamento no mesmo instante. Além de acabar com o casamento, ela taca fogo em tudo e vai morar em Hong Kong sozinha.
Tem uma vida de cão, morando super mal, mas sempre decidida a achar alguém que escreva nela como o pai fazia. Mas não dá certo. Os caras que aparecem ou não são bons escritores ou não são bons de sexo. Como ela é uma moça obstinada, arruma um emprego numa revista de moda e começa a ganhar grana. Conhece um fotógrafo que quer ser amante dela, mas ela não quer. O cara não sabe escrever, mas a fotografa toda rabiscada e tenta vender a idéia dela para o mesmo editor do pai dela, aquele que era gay. O editor recusa e ela fica puta da vida. Em seguida ela conhece num bar um tradutor, um moço inglês, loirinho, e pede à ele que escreva nela. Ele obedece, mas ela não gosta muito do resultado. Ele comenta que ela que deveria começar a escrever em homens, usando as peles dos caras como papel. Ela simplesmente adora a idéia e começa à por em prática. Acho que é nessa hora do filme que ela meio que vira uma artista-escritora-amante. Uns dias depois descobre que aquele tal loirinho é amante do mesmo editor do pai dela, o mesmo que recusou a idéia dela, levada pelo fotógrafo. Parece que toda a história gira em torno disso, a coisa dela odiar esse editor que era amante do pai dela. Não fica claro, mas provavelmente esse editor que deve ter acabado com a vida do pai dela, uma vez que o pai simplesmente sumiu do filme.
Daí ela tem uma idéia macabra. Começa a seduzir o loirinho para fazê-lo convencer o editor a publicar as obras dela. Um laranja, o loirinho. Ela e o loirinho passam a se ver, a conversar, e pimba, ele cai na rede dela: os dois, ela e o loirinho, passam a fazer sexo, sexo, sexo, até que ela dá o bote e o convence a deixá-la escrevê-lo todo e pede para ele se mostrar ao editor. Putz filme maluco e confuso pra contar, perdões. Voltando. Ela pinta o corpo do cara super caprichado, fala para ele ir até o cara, tirar a roupa, se exibir, vender o produto dela e voltar. Os dois estão num putz clima de amor, cenas lindas de sexo e tal.
O loirinho vai e o editor fica encantado pelo texto escrito e pelo cara, que ele já conhecia de outros carnavais. Chama uns funcionários da editora e diz “copiem esse texto já”. Os funcionários pegam blocos de papel e rapidamente passam a anotar tudo. Mas o editor fica tarado e passa a dar em cima do rapaz, que no final se entrega, deixando a pobrezinha da japonesa a ver navios. Ela estranha que o loirinho desapareceu, vai na editora e descobre os dois na cama. Uau. Os rabiscos dela lá, na cama com o velho. Fica furiosa, pois sem querer estava apaixonada pelo loirinho, e resolve escrever 13 livros, cada um de um tema e de um homem. Tipo vingança. Ai começa o festival dos homens pelados e rabiscados. Deusdocéu que loucura de filme. Fazia tempo que eu não via tanto homem pelado. E lá vai ela: seduzindo homens, escrevendo e mandando para o editor, que sempre chama a turminha que copia – dois caras e duas senhoras que parecem secretárias, seríssimos. Hahaha.
O loirinho, arrependido, quer voltar para ela, mas ela está brava e não quer saber mais dele. Olha. Concordo com ela, afinal, ele deveria somente vender a obra dela, e não traí-la com o cara, pô. O loirinho, desesperado, procura o fotógrafo, pedindo conselhos. Ai é absurdo. O fotógrafo tem a infeliz idéia dele fazer como Romeu e Julieta – tomar uns comprimidos e fingir que morreu. E acreditem, o tonto-anta do loirinho vai na casa dela quando ela não está, bebe um monte de comprimidos com tinta, mas exagera na dose e morre de verdade. Buuurro. Ela chega, chora, chora, chora e, óbvio, escreve nele todo, mesmo morto.
O loirinho é enterrado. Ela taca fogo na casa de novo. Putz japonesa incendiária.
O fotógrafo, se sentindo super culpado, conta para o editor que o loirinho morreu. O editor-mau então chama uma gangue que rouba o corpo do loirinho da tumba, leva para a editora, e ele e a turma de funcionários mudos tiram toda a pele do cara, escrita por ela. Acreditam? Uma cena nojenta, com os restos de carne indo para o lixo, éca. E pasmem, e o doente do editor faz um livro com o cara, um livro estranho, que abre tipo sanfona e que ele fica passando pelo corpo feito um louco.
A japonesa escritora de homens descobre o que o editor fez, não sei como (o filme não explica tudo), e como ainda não fez os tais 13 livros, passa a arrumar mais homens escritos para mandar para ele, sempre cada um com um tema – um é o livro do segredo, outro do idiota, outro do amor - e pede em troca o livro da pele do loirinho. O editor fica obcecado por aqueles homens, afinal é gay e editor, mas não fica claro se ele sabe quem manda aquilo para ela e se ele sabe se ela é filha do pai sumido do começo do filme – os homens pelados rabiscados vão sozinhos na editora e só falam que querem o livro da pele do loirinho em troca deles mesmo. Aliás, tem uma coisa: não dá pra saber do quê essa japonesa vive, uma vez que não trabalha nunca. Mas um dia ela chega no livro-homem número treze, e manda um gordão lutador de sumô para a editora, um cara imenso, uma verdadeira enciclopédia, página a dar com o pau naquele corpão. Porém o lutador de sumô é o livro da morte, e, depois que o editor lê o texto todo – a parte que ele lê a bunda do lutador é impagável, perdões – o lutador de sumô pega uma navalha e cráu: mata do editor! Putz vingança total da japonesa, que aparece grávida e com o livro da pele do loirinho nas mãos, toda pirilampa. Coloca o livro do loirinho dentro de um vaso, aparece de novo a cena do pai escrevendo nela, aparece ela com o bebê nascido no colo e o filme acaba. Entenderam a mensagem? E você, o que escreveria? Hahaha.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

"as máximas em mínimos I" do a.

Sou uma fã do a. , o autor do iutube acima (que eu roubei), e uma eterna discípula desse incrível sr. "Silva", que sempre queremos explicar quem é que nunca conseguimos. Na sexta feira descobrimos que, devido a velocidade verbal das suas máximas-mínimas, ele só pode ser captado em pequenos filmes. O Sr. Silva é o grande imperador das máximas-mínimas. Ah. E a gargalhada no final é minha, óbvio. Tudo antes da re-estréia da peça "Textículos", do Antônio Rocco, no Next, que vale a pena ser assistida.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

franka só dá foras


- E ai, Chico, já teve aula de tribunal?
Ele entrou na faculdade de Direito e desde então eu, como uma boa mãe, pergunto sempre: “Como está a faculdade? Tá gostando? Como são as aulas? Os professores? Os amigos?”. Ele pouco responde, o que me faz sentir uma chata de galocha. Fico frustradíssima, mas sabe como é mãe. A gente precisa de material para se exibir com os parentes, com os amigos. Foi por isso que resolvi fazer uma pergunta mais direta.
- Hã, mãe?
Ele me olhou como se eu fosse louca.
- Aula do que, mãe?
- Ué, não tem aula de tribunal na faculdade de direto?
- Mãe, de onde você tirou essa idéia?
- Não tem?
Ele respirou fundo fechando os olhos e balançando a cabeça. Aquele gesto chatérrimo de "... não acredito...".
- O que seria, na sua cabeça, mãe, essa tal... “aula de tribunal”?
Óbvio que estava tirando sarro de mim. Ele adora fazer isso. Fiquei um pouco sem graça.
- Eu pensei que... bem, eles não ensinam como as coisas funcionam num tribunal? Onde cada um senta, onde fica o juiz, onde senta o condenado, por onde o júri entra, como você faz para falar com o juiz? Sei lá, filho, como se aprende o protocolo, a etiqueta, sei lá? Não tem uma aula específica pra isso?
Ele arregalou o olho.
- Aula de etiqueta de tribunal? Aula prática, mãe? Você está achando que eles levam todos os alunos num tribunal e ficam explicando?
- Ué, não fazem isso?
- Mãe!
Nossa, eu devo ser muito ridícula e minha pergunta muito imbecil, pensei.
- Hahaha. Você acha que vamos em bando num tribunal, o professor lá na frente, mandando a gente repetir com ele: "gente, atenção, uhú, o cara da frente é sempre o juiz, à direita ficam os promotores, não esqueçam, pro-mo-to-res, nas cadeiras, ali, o júri, repitam comigo, ju-ri!..."
Ele ria sem parar.
- Só falta o professor ensinar uma formulinha para não esquecer nunca, sabe aquelas formulinhas que a gente decora para passar no vestibular? Ou uma musiquinha, mãe, isso, melhor mu-si-qui-nha! A musiquinha da aula do tribunal, vamulá!
E ele começou a cantar uma melodia infantil, daquelas da novelinha “Carrossel”, rindo sem parar.
- “À di-rei-ta os pro-mo-to-res, na sua fren-te o juiz... "
- Pô Chico, pára de fazer isso, eu só queria...
- “À es-quer-da a de-fe-sa... e o condenado todo fe-liz!”
- Pára, menino!
- Mãe, dá licença, "aula de tribunal" não dá, olha as coisas que você me pergunta, mãe! Só falta você me perguntar se eu tenho aula de moda jurídica, com apresentação dos novos modelos de togas e becas e considerações sobre os babados. Dá licença, mãe. Direito é coisa séria.
Ahã.
Dá licença, franka.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

a placa da garagem

Ontem, numa rua em Pinheiros, parei no trânsito ao lado de um edifício. Prédio novinho, branquinho, grades de alumínio, guarita blindada. Olhei para o lado e li uma placa afixada no portão da garagem:
"A prioridade é sempre do carro que entra".
Ai. Que era aquilo? Impliquei total. Placa esquisita, difícil de entender. Tive que ler umas duas vezes para sacar o que acontecia. E, claro, depois fiquei pirando, presa ainda mais meia hora no trânsito paulistano.
Bom. Não é uma placa direta, como "não entre" ou "perigo". É uma placa específica para o moradores daquele prédio, obviamente colocada para resolver algum conflito interno entre os moradores. Nunca vi, e não sei se alguém já viu, uma placa desse tipo em portas de garagem. Além da construção da frase, que num primeiro momento me pareceu estranha, fiquei pensando porque aquela placa estava ali. Hahaha, gente, pensa. Tá na cara que o prédio, de alto padrão, deve ter um monte de carros na garagem. No mínimo duas vagas por apartamento, talvez até mais. Deve ser o maior entra e sai naquele portão, e claro, em algum dia deve ter havido ali uma briga. Óbvio. Algum fulano estava com a maior pressa de sair, no mesmo momento havia um outro carro entrando, os dois embicaram, o de dentro não queria dar ré de modo algum, o da rua se recusou a recuar. Dá até para ver a cena, uma mulher nervosinha no carro de fora, do apartamento 121, de saltinho e cabelos com luzes, parada dentro dos vidros pretos e exigindo que o cara do 62 desse passagem pra ela. Os dois ali, empacados, ruminando os neurônios e estressados até a alma, armando o maior barraco. Provavelmente precisaram de alguém que desse uma solução, e é óbvio que aquilo foi parar nos ouvidos do síndico. A moça do 121, que provavelmente fora obrigada a dar ré na rua deve ter se revoltado e levado a questão para a reunião de condomínio. Os condôminos resolveram votar, e, para a tristeza do senhor do 62, a mulher do 121 deve ter ganho a parada. Assim, para evitar mais conflitos, o síndico decidiu colocar a tal placa.
Claro que foi isso. Hahaha.
O tal do síndico tem que mandar fazer a placa. Mas como escrever isso num portão? Que, no caso de dois carros embicarem, um entrando e um saindo, o que estivesse na rua teria preferência sobre o outro? Fiquei imaginando o síndico, coçando a cabeça, papel na mão, pensando. Escrever o que?
"O carro que chega entra primeiro".
"Quem vem da rua tem preferência".
"Você, que sai do nosso prédio, dê ré se alguém estiver entrando".
"Espere quem chega entrar e só depois saia".
Nossa, pensei, que complicado. Só consegui pensar frase horrível. E eu, que num primeiro momento impliquei com a placa, lembrei dos dizeres e achei simplesmente genial.
"A prioridade é sempre do carro que entra".
Muito boa a frase, fala a verdade. Demais esse síndico.
Só o cara do 62 que deve odiar.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

o professor Sílvio


O Silvio Sawaya é diretor da FAU. Foi meu professor na época da Faculdade e eu e o Zé o conhecemos há muito tempo. Um dia fui num debate no IAB e ele estava bravíssimo, inflamado. Como usa uma bengala e fala muito alto, fez todo mundo se calar. Tinha razão e sabia disso. E sabe gente que tem um tom de voz acima do normal e postura boa? O Professor Sílvio é desses. Um verdadeiro voz de trovão. Sempre me impressiono com isso - com gente que tem a capacidade de, num grupo, falar muito alto, ter uma postura, certezas e liderar uma discussão. É uma coisa que tem a ver com teatro, eu acho.
No sábado o Zé me mostrou esse filme e eu fiquei impressionada. Não vou entrar no mérito de falar aqui sobre a invasão da reitoria, sobre a posição do Serra, da reitora, etc. Tem gente que fala disso muito melhor que eu, que sou uma pessoa de entrelinhas, de orelhas de livros e que não li muito sobre o assunto. Mas gosto dos detalhes, das anotações de pé de página. Vi a cena somente como cena. Reparem na atitude desse homem, que interessante.
Pelo que eu sei, ele foi avisado, na quinta feira à noite (se eu estiver enganada alguém me avise), que os alunos da USP estavam na FAU retirando cadeiras para não ter aula no dia seguinte. E que, além disso, estavam empapelando os vidros da diretoria para escrever frases de protesto. Ele não gostou nem um pouco, afinal é diretor da escola. Foi para lá, p. da vida. Chegou e mandou bala. Nem usou a voz de trovão, apenas fez o que deveria ser feito. E arrancou tudo, bengala na mão. Noto, impressionada, que voz de trovão de um cara não está somente na voz. Está na atitude. No gesto. Quando você está muito bravo, mas muito bravo mesmo, todo mundo te respeita. Ele estava bravo. E tinha razão. Não quis que ninguém bagunçasse a escola dele. E todo mundo enfiou o rabo entre as pernas e se mandou. Bacana gente assim. Putz personagem.
No Google Images, onde está hospedado o filme, quem colocou fala que ele deu um piti, que tava surtado. Não sei. Ele só não queria bagunça. O máximo o professor Sílvio. Parabéns para ele.
Olha. Eu faria a mesma coisa se alguém mexesse aqui no meu 'frankamente...'. Bagunça não.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

confissões de uma fumante decadente



Horrível voltar a fumar. Ótimo voltar a fumar. Tô adorando, tô detestando. Fico na dúvida se amo ou odeio esse vício. Arrumei novos amigos por causa disso. Em reuniões, os que fumam sempre saem lá fora. Surge aquele tempinho para conversar. Somos uma turma unida. Viciada. Revoltamo-nos juntos contra as regras dos prédios de escritórios. Recusamo-nos a ir na salinha apropriada. Vamos para a rua, feito os mendigos. É um mundo novo que se abre quando você volta a fumar. Talvez um mundo horrível, não sei. Mas nesse momento da minha vida não vou lutar com ele. Já parei 4 vezes, não doeu nada. Daqui a pouco paro de novo. Pronto, decidido. Mas tenho filhos. Adolescentes. Que não fumam (que eu saiba). E que implicam. Muito. Enchem o saco. Muito. Fazem piadinhas, gracinhas. Muito. Se abanam. Muito. Nem entram no meu escritório, falam comigo de longe. E que, sem eu ver, o Chico e o Juca me filmaram na churrascaria no sábado. Imitando espanhóis e falando da minha decadência. "La decadência de lo fumo", se chama o filme. Ficou engraçado. Depois me mandaram por email, rindo, tirando sarro. Zoando, como eles dizem. Além da implicância com o fumo, eles odeiam quando eu falo esse verbo. Zoar. Dizem que mãe deve não falar zoar. E nem fumar. Paciência. Viciei de novo.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

foto absurda


Não aguentei não postar isso aqui. Foto de capa do Estadão de hoje. É muito hilária a cena e eu, uma eterna derrubadora de copos, me identifico totalmente com o desespero de todos na exata hora do clic. É, fazer o quê. Eu sou uma derrubadora de copos. Não tem um jantar, almoço, festa ou encontro de blogueiro em bar que eu não viro um. Às vezes, quando estou emplogada, viro até dois na mesma noite. Detesto dar esses vexames e me envergonho muito disso, porque nada é mais contrangedor do que interromper abruptamente uma conversa por causa de um acidente que molha as pernas de todos e que causa uma avalanche de guardanapinhos nojentos tentando conter a enxurrada. E a culpa sempre é minha, que tenho a mania absurda de gesticular quando falo.
"Aprenda a falar sem mão, Lú", um dia me aconselhou o Zé, duzentos anos atrás. Quando me lembro do conselho, tento. Mas parece que a contenção da naturalidade do gesto causa explosões quando retomo involuntariamente o cacoete manual. Sempre que me contenho muito, acabo derramando muito mais. O pior é quando o copo quebra em mil caquinhos, e torna o local perigoso. Sabe quando vem exército em restaurante? Faxineira, garçon, métre, todo mundo te olhando feio.
Mas notem na foto que mãos geram mãos. Quando vi a foto, quaseq ue só reparei nas... mãos. Gente, só tem mão nessa foto. Quando uma mão se atrapalha, como a minha e a do Lula (nascemos no mesmo dia, sabiam?), muitas mãos correm para socorrer. Igual motoboi e taxista. Reparem nas mãos nove-dedos do nosso Presidente, reparem na mão seis-dedos do Chinaglia (epa, seis?) e na mão de pigmeu da Marta. Hahaha. Engraçado. Mas o pior, na minha opinião, não foi o Lula derrubar o copo.
Foi a Marta mostrar a calcinha. Preta.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

janelinhas


Tenho uma mania bastante excêntrica. Desde pequena. Não sei se alguém faz isso porque nunca comentei com ninguém.
É o seguinte. Geralmente, quando estou andando pela cidade, seja de carro, de ônibus ou a pé, costumo olhar para algumas casas, prédios ou construções e me imaginar morando ali. Não interessa onde estou: posso estar numa periferia, posso estar em Alfavilles da vida, posso estar na Líbero Badaró ou na Avenida Rebouças. Eu olho para o lado, escolho um lugar e começo a sonhar como seria minha vida ali.
Ontem, por exemplo, eu estava na Heitor Penteado. Sempre tem muito trânsito na Heitor, o que dá margem a devaneios. A troco de nada olhei para uma farmácia, e em em cima dela vi um predião, cheio de janelas. Por ser arquiteta e trabalhar com isso, só de olhar já deu para imaginar a planta daquele imóvel, o número de quartos, posição da área de serviços. Então eu escolhi uma janela. E se eu morasse ali, naquele prédio, e se aquela sala ali fosse a minha sala? Me imaginei naquela janela, olhando a rua, meus cedês tocando no meu aparelhinho de som. Na cena que me surgiu na mente era de noite, e de lá de cima do espigão da Heitor Penteado eu conseguia vislumbrar a cidade toda. Luzinhas e luzinhas, que demais. Nesse instante me veio uma sensação de completo alívio. Não sei bem porque, mas penso que seria super feliz naquela janelinha, morando com minha família apertadinha naquele apartamento. O trânsito andou, eu virei numa rua lateral e vi um sobradinho entupido de grades. Minha cabeça se animou. E se eu morasse ali, naquela casa? Vi meu carro na garagem apertada. Me imaginei de camisola abrindo a porta para a manicure de manhã cedinho, olá Silvia, entre. Sim, eu também podia ser bem feliz naquela casinha-prisão. E pensando bem, conjeturei, ela nem é tão feia. Está pintadinha, janelas novas.
No centro de São Paulo eu me entusiasmo mais ainda. Aqueles prédios antigos, de mais e cinqüenta anos atrás. Ambientes enormes, aquela infinidade de tacos no chão. Me vejo descalça, meus móveis espalhados. A música é outra, eu sempre penso cenas mais melancólicas. Invento caminhadas noturnas em calçadas molhadas de chuva, essas coisas de filmes noir. Na periferia, em bairros mais afastados, sempre escolho uma casinha ou barraquinho ao acaso. Ali. E se eu morasse ali? Tudo muda. Até invento vizinhos, penso que estaria com meu micro naquela exata janela. Me vejo mínima dentro daquela massa sem fim de casas. Vem a sensação de alívio sem explicação.
Olha. Não sei porque faço isso. Porque essa necessidade de me encolher, de me aumentar, de mudar de formato? Acho que é um brincar com o acaso para entendê-lo. Porque a vida da gente é somente acaso. Se estou aqui, nessa mesa, nessa casa de Pinheiros, é por puro acidente. A vida é uma sucessão acontecimentos gerados por vínculos completamente casuais. Claro que temos metas. Claro que avançamos em direção a elas. O corpo é instrumento da mente, mas o caminho tanto faz. Nossos endereços são fortuitos, aleatórios. Estar aqui ou estar ali, ser assim ou assado não depende de nada. Somos meros personagens eventuais de esdrúxulos roteiros que inventamos. E estar feliz aqui ou ali depende só da cabeça, rir aqui ou ali depende somente dos amigos, satisfazer-se depende somente do seu grau de tolerância com os problemas. Acho que é para acreditar nesse entendimento que eu me coloco em tantas cenas e tento me ver feliz mesmo sendo pequena. Sei lá. Vai ver. Eu, hein. A vida é infinitamente maior que a gente.

terça-feira, 12 de junho de 2007

gente, cadê?

Estava ajudando uma amiga a arrumar o escritório novo dela no domingo quando o livro apareceu. Era um livro antigo e bastante específico, que ensinava a desenhar o corpo humano. No início haviam diversos desenhos de todos os músculos do corpo. Os desenhos mudavam de escala: as vezes eram do corpo todo, as vezes só de algumas partes. Para as mãos, por exemplo, haviam mais de três páginas, com desenhos lindos, em diferentes posições. Digamos que o livro era uma versão nenderdáica da exposição"Corpos". Aquela lá, da Oca.
Comentei isso com minha amiga e passamos a folhear aquilo com curiosidade, ela surpresa de nunca ter aberto aquele volume antes. A semelhança com a exposição era incrível - muitas figuras tinham pele até um pedaço e depois só a musculatura. Foi quando chegamos nessa parte da edição, bem no final: as fotos. E foi quando reparamos: ué, cadê os genitais dos seres humanos?
Nossa.
Inacreditável. Foram sim-ples-men-te retirados das figuras. Óbvio que naquela época um livro com gente pelada devia ser uma coisa absurdamente escandalosa, uma indecência total, mesmo que as poses das pessoas fossem absolutamente não-sexis. Reparem até - é inacreditável - que a modelo mulher usa uma sensacional tarjinha branca para esconder o rosto. Uau. Essa fulana é das minhas. A precursora da tarjinha! Vovó!

Já nessa foto onde os corpos estão na lateral, uma coisa curiosíssima. Óbvio que o cara, quando a foto foi tirada, está com a mão pousada. Reparem na posição da mão dele. Mas para não ficar indecente, tiraram o coiso do cara. Tiraram! Nossa, que horror. Que homem que se prestaria a isso? E reparem que, para não ficar esquisito colocar a foto dele com a mão voando no nada, mandaram a mocinha colocar a mão na mesma posição. Como se ela tivesse também um.... Um coiso! Nunca vi nada mais trash. O cara parece que foi capado, a mulher parece que tem um coiso? Nossa. Casal sinistro.



Foi quando achamos essa pérola. E dai não entendemos mais patavina. O quem vem a ser essa pose desse fulano todo esticado, de coiso apagado, com essa vara nas costas? É tortura? Quem, em sã consciência, posa desse modo para ser desenhado por alguém? Olha, não sei que artista que se inspirou num livro desse para aprender a desenhar. Com certeza aprendeu tudo errado. Desde que o homem é homem e a arte existe que se desenham nús. A vergonha e o preconceito andam para trás. Desensinam.
Depois que vi essas imagens, resolvi. Acho que pra mim chega de tarjinha.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

mouse quente



Agora, nesse exato momento, estou morrendo de frio aqui no meu escritório. Já disse uma vez que eu não tenho nada aqui em casa – nem ar condicionado nem aquecimento. No calor morro de calor, no frio morro de frio. No verão arrumei um ventilador que me abana um pouco (apesar de fazer voar todos os papéis a toda hora, o que torna meu ‘pântano’ de trabalho mais pantanoso ainda), mas no frio não consegui achar uma saída melhor que o horrível... (será que conto?) cobertor-poncho. Estou dizendo que é horrível e é mesmo. Com ele - uma daquelas mantas que vem com um furo no meio - eu esquento, mas me sinto uma mendiga. É deselegante pra burro usar cobertor-poncho. Sei que trabalho sozinha e em casa, mas mesmo assim é importante ter um pouco de compostura. Não dá pra ficar de pijama ou toda mulambenta. E convenhamos: cobertor poncho é o uó. Mas que esquenta, esquenta.
Tentei uma vez colocar um aquecedor aqui, mas foi só ligar o treco que puft... Apagou tudo. Luz, micro, abajur, ipod. Acho que as instalações elétricas da minha salinha não suportaram tanta energia para gerar calor. Assim, só me resta enfiar o horrendo cobertor-poncho.
Mas mesmo aquecida por essa aberração do vestuário que é o cobertor-poncho, tem um problema. As mãos. As mãos tem que ficar para fora para digitar e mexer no mouse, e depois de mais ou menos meia hora, elas começam a enrijecer, geladas e travadas. É o tipo da coisa que não entendo porque, pois sempre estão na maior ginástica e deviam suar. Mas não. Gelam. Congelam. Não sei se isso acontece com todo mundo, mas comigo é direto no inverno. Às vezes paro e fico friccionando uma na outra, o que não adianta muito. E conforme o tempo vai passando parece que eu estou subindo cada vez mais alto no Monte Everest, mãos roxas de frio, tremendo e sofrendo feito uma condenada.
Outro dia fiquei pensando sobre isso. Será que sou só eu que tenho esse problema? Subi até o quarto dos meus filhos.
- Chico. Sua mão fica congelada quando você escreve?
- Fica, mãe.
Fui até o quarto da Nana.
- Deixa eu pegar na sua mão, filha.
Gelada.
Ufa. Não sou só eu.
Foi quando eu pensei numa coisa. Eu não preciso aquecer toda essa sala, ora. E se o mouse e teclado fossem quentes? Aquecidos? Ora, computador tem tanta coisa moderna. Fala com a gente, é telefone, é álbum de foto, é arquivo de escritos, é enciclopédia, é telefone. E tem que ser esse negócio gelado? Ora, não dever ser tão complicado aquecer um reles mouse e umas teclinhas do teclado. Nem precisava todas fossem aquecidas, bastava as letras. O gasto de energia provavelmente seria mínimo.
Mouse quente. Será que no Everest já existe isso?

quarta-feira, 6 de junho de 2007

terça-feira, 5 de junho de 2007

franka revela todos os segredos do fitz


Ganhei um presente. Sensacional. Do Fitz, um blogueiro que meio que abandonou o blog dele. Penso se blogueiro é blogueiro sempre, mesmo com o blog abandonado. Blogueiro é como taxista. Se o cara tem carro e a possibilidade, é taxista. E se o blogueiro tem o blog ainda vivo e a possibilidade, é blogueiro e ponto final.
Relembrando, o Fitz também é aquele cara que falou que meu sapato da Guido não era legítimo, e que me deu aquele trabalhão. Tive que fazer um post da história, escanear a sola, me indignar. Qualquer dúvida confiram aqui.
Depois disso, acho que ele pensou que me devia alguma coisa. Desconfiar da legitimidade de um sapato alheio não é pouca porcaria. O Ivam Cabral, um blogueiro-não-desconhecido-que-posta-sempre, disse, nos comentários do post do sapato, que ele tem um monte de bolsas e carteiras da Louis Vuitton legítimas e que fica super triste quando dizem que as bolsas dele são falsas. Ora. Qualquer pessoa sabe a tristeza que é duvidarem da legitimidade de uma coisa nossa. Acho que foi por isso que o Fitz resolveu me dar o tal do presente.
O problema é que o Fitz é também daquele tipo de blogueiro que não revela a identidade. Sabe aqueles misteriosos, que colocam codinome? Desses. Como ele não podia aparecer, mandou o presente por um intermediário. Tipo filme de agente secreto.
Recebi um CD sem nada escrito. Cheguei em casa animada, sentei no micro, coloquei o CD, abri. Dentro havia um arquivo “tarja”. Hã? Arquivo tarja? Abri. E pasmem. O arquivo “tarja” era uma foto. Do Fitz.

Essa foto aqui em baixo, olhem.





Gente, olhem o Fitz!
Num primeiro momento, não entendi. O que era aquilo? Um homem altíssimo com cabeça de caixa-preta num castelo? Segurando um telefone na mão? Demorei a entender, até que entendi. Era o Fitz, na loja da Guido!

Fiquei analisando a foto para entender quem era aquele fulano. Fiz uma análise da foto e cheguei nas seguintes conclusões:
1) Ele tirou a foto na loja da Guido. Ora, algum de vocês já tirou uma foto numa loja de sapatos? Esquisito.
2) O Fitz usa uma blusa muito curta. Olha o comprimento da manga. Acho que ainda está crescendo. Será que é uma criança?
3) Pelo que pude constatar, usa os sapatos Guido sem meias. Acho que quis me dizer que os legítimos dele são mais confortáveis que os meus, o que torna desnecessário o uso de meias. Exibido.
4) Usa óculos, tirou para colocar a caixa-preta na cabeça. Ó o oclinho pendurado na blusa. Míope.
5) Quis ser mais inovador que eu (que uso tarja-preta) e lançou a caixa-preta, que é, sem dúvida, muito mais eficaz. Inclusive nos acidentes bloguísticos, suponho. Inteligente.
6) Tirou uma foto no espelho. Isso deve querer dizer alguma coisa. Ahá. Um linque para o livro do retrato de Dorian Gray, provavelmente. Ele deve ter 90 anos e parece que tem vinte. Letrado.
7) Está de lado, não teve coragem de me encarar. Aiai. Tem medo de mim, claro. Medroso.
8) Escolheu ficar ao lado de uma lareira e atrás de dois puffes verdes. Não achei significado nenhum para isso. Misterioso.
9) Está na mesma posição da estátua do chinês vermelho que parece que faz xixi no outro chinês vermelho. Será chinês?
10) Segura um sapato na mão como se fosse um telefone. Reparem. Só falta discar. Conectado.



Gente. Juntando tudo. Esquisito, criança, exibido, míope, inteligente, letrado, medroso, misterioso, chinês e conectado. Além disso, o anonimato, a caixa-preta, o sapatofone. Uau. O será que o Fitz é o Maxwell Smart?

segunda-feira, 4 de junho de 2007

juca, o dublador; chico, o idealista





É uma bobeira total, mas é disso que é recheada a minha vida e eu não aguento não colocar aqui. Ontem a tardinha o João me manda um e-mail com um vídeo que ele tinha acabado de fazer no celular, dublando o seriado Grey's Anatomy. Tive acessos de riso incontroláveis com a pequena bobagem, mesmo mal filmada e não editada. O mais engraçado é a frase final, onde o Mark fala baixinho, cochichando:
- "... Vê se não entope ...".



E para fazer um contraponto, acabo de descobrir o blog do Chico, o meu filho mais velho. Palavras de ordem. Gente. Não sabia que ele tinha um blog, por incrível que pareça. Ele nunca me deu o endereço nem nada. Mas ontem a noite ele comentou e... Bem, cai para trás.

É impressionante. Dois monstrinhos. No bom sentido, claro.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

do céu ao chão (Revista da Folha de hoje!)


Hoje, na revista da Folha!


Sempre fui de apartamentos. Nasci em um, morei em diversos. Ter como cercanias outros prédios, outras janelas, outros lares e outros reflexos sempre foi para mim a mais familiar das vizinhanças. Não que aqui em São Paulo a gente fique muito tempo em janelas olhando a vista, mas tenho nítidas na minha memória as imagens das janelas dos espaços urbanos onde morei. Há oito anos moro numa casa. No chão. Abro as janelas e vejo meus próprios muros. Saio na varandinha e vejo as plantas que plantei, vejo o meu carro, vejo um pequeno pedaço da rua. É quase como se eu não estivesse na cidade, é quase como se eu morasse dentro de mim. Morar em uma casa é olhar para dentro de você. Às vezes tenho saudades de morar diferente. Um tipo de nostalgia urbana.
Quando criança, deitada na cama do meu quarto onde morava com meus pais, lembro de uma sensação engraçada. Pensava sempre nas pessoas dormindo em cima e em baixo de mim no nosso prédio. Eu morava no terceiro andar, o prédio tinha onze. Conhecíamos todos os moradores, meu pai comprou o apartamento “na planta”. Como íamos sempre na casa dos vizinhos, era muito estranho pensar que aquelas pessoas, à noite, dormiam empilhadas em cima e em baixo de mim.
Depois que me formei arquiteta aconteceu outra coisa curiosa. Quando você vê as coisas em planta, como os arquitetos fazem o dia todo, é inevitável não perceber a proximidade de certos ambientes. Uma vez tive uma cliente que, quando viu a planta de um apartamento que estávamos reformando, notou que o banheiro da esposa do vizinho encostava parede com parede com o closet do marido. Deu um chilique em mudou o desenho todo, não adiantou o marido argumentar que era possível fazer uma parede mais grossa, com tratamento acústico, o caramba a quatro. Ela foi categórica, nem pensar. Não conseguiria morar num lugar onde outra mulher ficasse pelada tão perto do marido dela, que também poderia estar pelado no closet.
A transição do apartamento para a casa foi um pouco complicada. Passamos os primeiros meses respondendo a uma única pergunta: “vocês não têm medo de morar numa casa?”. O fantasma da segurança, que não era uma questão na nossa família, passou a nos assolar. Tratamos logo de aumentar o muro, de colocar trancas nas portas, cerca elétrica e infravermelho, como todos os vizinhos. Horrível, eu sei, mas quem é tão valente? A minha rua, que deveria ser linda há quarenta anos atrás, é hoje uma via totalmente murada.
Um dia uma das casas da rua estava reformando e o muro foi retirado para construir outro. A rua ficou larguíssima naquele local. Era outra. Se todos os moradores tirassem os muros, o nosso espaço urbano seria completamente outro. Pensamos em casa em fazer uma campanha: “tire seu muro e ganhe sua rua”, mas duvidamos que alguém da rua tope, infelizmente.
Ao mesmo tempo, mesmo sem ver os meus vizinhos encapsulados, passamos a descobrir as delicias de morar no chão. Não temos mais briga por causa de garagem, não temos mais vizinhos reclamando dos filhos jogando bola na sala. Nos dias de chuva, é possível ficar na varandinha e até tomar chuva. Temos um jardim com ervas e frutas no jardim, os filhos jogam bola no quintal.
Mas não acho que devemos fazer nenhum tipo de julgamento. Não é melhor nem pior morar em casa. Outro dia surgiu essa discussão num encontro de amigos, e os moradores de casas se lembraram do maldito elevador. “Nós, da turma das casas, estamos livres do elevador”, alguém disse, “já temos trânsito demais na cidade para tomar um veículo a mais”, retrucou outro. Perguntei ao meu sobrinho de sete anos o que ele achava e ele não teve dúvidas. “Casa, claro”. Mas porque? “Ora, tia, videogame tem nos dois. Mas nos apartamentos o quintal é muito longe”.
LUCIA CARVALHO é arquiteta e autora do blog "frankamente..."
Nota super importante: nessa revista eu faço dobradinha com um grande e assíduo comentarista daqui, o Rogério Marcondes, arquiteto e meu amigo, que escreveu um texto super: "Bela e egoísta", na página 32. Se ele deixar um comentário com autorização expressa me autorizando, postarei aqui o texto dele também.