segunda-feira, 31 de março de 2008

peeling oh oh oh peeling


- Você tem que fazer também, Lúcia. Olha. Sua pele tá toda manchada.
- Eu? Fazer o quê?
- É um tratamento, um tipo de peeling, Lúcia. Olha minha pele como melhorou. Fui numa esteticista bárbara, italiana, naturalíssima. Quem me levou foi minha amiga atriz, aquela da Globo. Hoje em dia o négócio é tratar a cara. Peeling na cara já. "Caras peeling". Caras, plim, plim, coisa da Globo, super chique e...
- Mas Ângela, eu não... - argumentei com minha irmã.
- O único problema é a vergonha de sair. Porque quando você marca eles perguntam: "que horas que você quer sair?"
- Hã? Hora de sair de onde? Por quê?
- É que Lú, bem... tem que sair de máscara de lá da clínica da italiana. Depois do tratamento, tem que ficar com uma máscara na cara por seis horas. Ou seja, tem que vir com ela pra casa... é meio mico, mas vale a pena.
- Sair... de máscara?
- Sim, sair de máscara, descer na rua de máscara, guiar de máscara até em casa.
- E... - eu perguntei, pensando que nunca-jamais faria aquilo - e que cor que é essa tal de "máscara"...?
- Amarelona. Horrível.
- Você saiu do consultório da esteticista de máscara amarela na cara?
- Sai. Nossa, que vergonha.
- E onde é?
- Putis, péssimo. É num puta prédio de escritórios e consultórios, esse é o problema. Todo mundo entrava no elevador e quase gritava de susto. Menos a ascensorista, ela me disse que estava acostumada. Diz que tem cara de terno que sai assim. Eu fiquei firme, olhando pra o nada, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- Mas Ângela... e dai você guiou assim até...
- O pior não foi dirigir, Lúcia. O pior foi no estacionamento, imagina dar ao papelzinho pros caras na cara dura (literalmente), passar no caixa, esperar o carro... tudo daquele modo, com aquela cara... óbvio que todo mundo quase grita e depois ri baixinho...
- Amarelona. Hahaha.
- É.
- Cheguei em casa, meu filho começou a berrar. "Mãe! Que é isso?". O pior é ele tava com um amiguinho. Eu dizia "calma, Luiz, calma, a mamãe está só fantasiada de palhaça, calma". O amigo disse que entendeu, que era uma fantasia, que eu estava idêntica ao Frankenstein, que ele conhecia bem o Frankenstein. Ah, porque tem mais uma coisa. A tal máscara amarela, depois de um tempo, fica verde.
- Verde?
- É. Mas a noite o Luiz disse que eu tava assustando ele muito, tadinho: "ô mãe, agora chega, tou ficando com medo, tá de noite, você de monstra...".
- Ângela, vale a pena?
- Vale, claro, olha minha pele, Lúcia. Depois de um dia o rosto fica vermelho e depois descasca tudo. Teve um dia que eu fui buscar o Luiz na escola a pé, estava a maior ventania, e, acredite, eu descascava tanto que voava pele pra tudo quanto é lado. O Luiz achou horrível, disse que eu estava me desfazendo. Olha. Vou te dar o cartão da italiana, tenho aqui na bolsa. Você tem que ir lá, Lúcia. Tem-que-ir.
Céus.

sexta-feira, 28 de março de 2008

franka, chique pra burro

(clique na imagem que dá pra ler a matéria)

Eba. Hoje saiu mais uma crônica minha na Revista Morar, da Folha de São Paulo. Franka, De Quina, chiquérrima.

quinta-feira, 27 de março de 2008

conga lo conga



Ontem o Careca ficou falando do antigo "Conga" no meu post anterior. "Conga" era um tênis pelado de tudo que existia na década de setenta. Pelado mesmo, apenas um pano em cima e uma sola de borracha em baixo. Obviamente que era um assunto sem pé nem cabeça pra uma segunda feira (ou para pé e para a cabeça). Então me lembrei de uma conversa e resolvi fazer um post de tênis.
Foi o meu cunhado, marido da minha irmã, que percebeu e me alertou. Estávamos num churrasco na casa dele, eu de tênis novinho, estreando o par que comprei no feriado.
- Olha meu tênis novo, que branquinho - eu mostrei, levantando o pé.
- Legal - ele disse - mas já reparou uma coisa?
- O que? - perguntei, mirando com orgulho o par reluzente.
- O design dos tênis de hoje estão cada vez mais parecidos com o design das escovas de dente de hoje.
- Hã?
- Repara, Lúcia. Eles ficam colocando as mesmas coisas: amortecedores, gel, tirinhas estilo power ranger, pedaços fosforescentes, sempre essa coisa meio espacial. Super dinâmicos os dois. Tênis e escovas de dente.
- Nossa, é verdade - eu concordei, rindo.
- Não entendo porque essas duas coisas evoluiram pra esse estilo tão inter-galáctico. Escova de dente cross action, tênis gel nimbus. Engraçado, né?
Puxa. Tadinho do Conga.

quarta-feira, 26 de março de 2008

hã?


Tava tão longe, tão desconectada e trabalhando tanto que até esqueci que tinha blog. Hoje cheguei e levei um putis susto. Pra que serve mesmo isso aqui? Só pra contar história?

quinta-feira, 20 de março de 2008

como funciona?


Fui assistir outro dia no cinema um filme de detetive. O filme se passava na década de cinquenta e os detetives saíam de carro pela cidade com uma câmara fotográfica na mão, tirando fotos dos suspeitos. Coisa normal de filme de detetive. O cara ia dirigindo e seguindo o carro da frente. Quando o carro parava, ele parava um pouco atrás, e, escondido, pegava uma máquina e clic, clic, clic. Gente do céu, mas como alguém poderia fazer isso hoje? Imaginei um detetive desses na Teodoro Sampaio. Na Rebouças. Na Faria Lima. Primeiro que seguir um carro aqui em São Paulo é quase impossível. Depois, parar aonde? Existe lá lugar pra parar na rua? Provavelmente o suspeito também não vai achar vaga, ou, obviamente, vai entregar o carro para um valet. O detetive faz o que? Para num estacionamento, pega o papelzinho e tal? Nessas o cara já sumiu. Conclui que os detetives de hoje em dia andam de moto, claro. E clicam do celular. Por isso tanto motoqueiro na rua. Tudo detetive, claro.

quarta-feira, 19 de março de 2008

alien


O Neil falou disso na segunda feira, o Guga idem, e eu vou falar também. Coincidências bloguísticas, como disse o Guga. É que esse negócio do trânsito tem arrasado todo mundo aqui em São Paulo. Acho que não é a toa que eu tiro tanta fotografia dentro do carro. É porque o carro não anda, oras. Eu leio emails no carro, dou telefonemas do carro, eu aprendi a me maquiar no carro.
Outro dia acordamos meio cedo, eu e o Zé. Nunca fazemos isso, mas depois do café ligamos a TV e passamos a assistir as notícias do trânsito. De manhã tem um monte delas, em alguns canais com filmagens bem interessantes de helicópteros sobrevoando a cidade. O trânsito aparecia ora aqui, ora ali. As vezes na radial Leste, outras vezes na marginal, outras vezes na Paulista.
O Zé comentou.
- Olhando assim de cima, repara, Lúcia, o trânsito parece um mostro que a gente não sabe aonde vai aparecer, né? Um monstro que embola carros, pessoas, olha esses congestionamentos que estranho. Um nó que surge do nada.
Ele tinha razão.
- Olha essa cena da Paulista. Olha como os carros andam bem. Não te dá medo? Está tudo calminho, em paz total mas a gente sabe que de repente... ele vai aparecer. O monstro do trânsito. E sempre de surpresa, pegando a gente no flagra, precisando de resgate, de remédio. Ele parece vivo, o trânsito. Um monstro, que vem e volta.
Lembrei do filme do Alien e daquela nave que partiu pro espaço com um monstro dentro. Ninguém sabia aonde ele iria aparecer, e quando chegava, era cada vez maior. Mais ou menos isso.

terça-feira, 18 de março de 2008

o blog do michel

(franka e michel numa foto em que estamos os dois com bocas super esquisitas)

O meu amigo Michel fez um blog. Entrou, enfim, para a turminha. Ele mandou um email ontem avisando aos amigos, por isso resolvi aqui fazer uma propaganda do blog dele. Porque o Michel é super inteligente e entende pra burro de literatura e cinema. Fiquei amiga dele por causa disso, por causa do que ele escreve. Um dia, em dois mil e, sei lá, batatinha, achei uma máteria que ele escreveu na "Bravo" bem bacana, e, logo em seguida comprei, li e fiquei impressionada com um livro que ele escreveu, o Música Anterior. "Jimais", como fala um amigo. Dai fui atrás dele para saber quem ele era, no fim ficamos amigos. Eu sou insistente quando resolvo conhecer alguém, também tem isso. Olha, mas o blog dele é bacana e vale a pena ler. E vou fazer três observações sobre o blog dele. Coisas que pensei. Primeiro que o blog dele é preto. Acho engraçado blog de escritor ter fundo preto. Escritores escrevem sempre sobre fundo branco e publicam em fundo branco. Mas depois que surgiram os blogs, descobriu-se que é possível escrever sobre fundo preto. Acho que ninguém publica assim porque gasta uma puta tinta, mas blog não usa tinta. Não é curioso um escritor optar pelo contrário na hora de escolher o template? Sei lá o que isso significa numa análise psicológica, não pretendo fazer isso, vai que o Michel fica bravo comigo. A segunda observação é uma reclamação: ele tem os "coments off", gente... Já mandei email brava pra ele: "Michel, blogueiro de verdade tem coments ON, meu caro". Que graça tem não comentar no blog alheio? Blog não é jornal, é blog. Tenho certeza que daqui a pouco ele vai me ouvir, afinal eu sou blogueira há anos e conheço muito bem a graça da coisa. E a terceira observação, gente, gente do céu, olha lá no blog dele que coisa mais linda que ele me fez. Ele colocou o meu link em cima do link do Luis Fernando Veríssimo! Ual, nunca fiquei tão pertinho de uma celebridade da crônica como dessa vez. Tudo bem que foi sem querer, a lista dele tá em ordem alfabética, eu sou Lú e ele é Lú, mas pensa que emocionante. Eu em cima do L. F. Veríssimo num blog de um cara inteligente feito o Michel? Nossa. Acho que isso deve querer dizer alguma coisa, a deve ter algo a dizer. Obrigada, Michel. Fiz até uma figurinha comemorativa desse seu presente. Olhai. E deixa de ser chato e liberaí os comentários, pô.

segunda-feira, 17 de março de 2008

lu patinadora


Além de blogar, o que cansa muito, dá dores no corpo e libera a mente, eu não faço nenhum outro esporte. Isso me incomoda um pouco, afinal as pessoas falam muito que esporte faz bem pra saúde e eu aqui, estacionada, sem tomar uma atitude. Já pensei em entrar para um grupo de corrida, pensei em jogar boliche, e até o João outro dia me chamou para entrar no time das senhoras jogadora de basquete lá do clube. Segundo ele, existe um time de mães. Tive um pouco de vergonha, uma vez que não corro rápido e nem encesto bem. Boliche achei legal, mas preciso de turma, onde arrumar? Além disso, boliche é esporte?
Mas nesse final de semana uma amiga que me deu uma idéia sensacional. Ela contou que começou a ter aulas de patinação no parque Villa Lobos, que é aqui do lado de casa, e me chamou para fazer aulas com ela. Achei o máximo, uma delícia. O piso do parque é lisinho e eu sempre vejo (com inveja) um monte de crianças patinando ali. Imagino que, com capacete e toda paramentada, ninguém perceberá que eu não sou uma criança. Segundo ela, o professor se chama "Ted" e é só ir lá e combinar com ele. Geneal. Qual será o horário que tem menos gente no parque?

sábado, 15 de março de 2008

sapo sem cabeça


- Francisco, vamos colocar esse abajur ali naquele canto - sugeriu a Bê quando fomos na casa do meu primo para ajudar na arrumação dos móveis.
- Esse abajur era da minha mãe - ele explicou - e ficava no meu criado-mudo na casa antiga. Mas olha, que pena, está quebrado.
- Quebrado aonde? - perguntou a Bê, ligando na tomada - Que nada, olha, funciona direitinho.
- Está quebrado aqui - ele apontou - aqui, na estátua da haste. Era uma estátua de uma mulher, mas ela perdeu a cabeça.
- Quebrou na mudança? Que pena - eu disse.
- Não - ele explicou - sempre foi assim. Ganhei assim da minha mãe.
- Francisco! - A Bê se assustou - sério que você dormia ao lado de uma... mulher sem cabeça?
Meu primo Francisco olhou para ela sem entender.
- É apenas um abajur, Bê... eu...
- Nossa, Francisco, acho que a Bê tem razão - eu intervim - uma mulher sem cabeça, ao seu lado, todas as noites... é meio esquisito sim.
Ele deu de ombros e não procurou entender tudo. Ele acha tudo fácil, o Francisco.
- Então vamos colocar uma cabeça, ué.
Foi até uma das caixas da mudança, pegou outra caixinha lá dentro, mexeu, mexeu, desembalou um monte de coisas. Pegou um objeto na mão, puxou com força e deu para a Bê.
- O que é isso?
- Ora, uma cabeça. Você não queria uma cabeça, Bê? Essa ai é do Caco, o Sapo, mas tudo bem, né? Vamos colar no pescoço dela. Assim vocês ficam tranquilas?
A Bê colou. Ficou ótimo.

sexta-feira, 14 de março de 2008

e vocês?


- Eu guardo em pilhas sim. Porque você pergunta isso, Franka?
- Guarda todas as suas camisetas em pilhas, em prateleiras, Fernando?
- Sim. Acho que gavetas, em geral, tem um mecanismo muito complicado para se guardar camiseta. Uma fica em cima da outra, uma esconde a outra. Armário é pra escolher roupa. Difícil escolher em gaveta. Já em pilha você vê todas. Eu coloco as brancas e pretas juntas, as coloridas em outra pilha. Na hora de escolher é facinho.
- Puxa. Eu guardo em gaveta, tudo em gaveta, Fernando. Mas tem razão, quando tenho que escolher uma camiseta, tenho que abrir a gaveta e quase cavocar. Depois a gaveta fica toda bagunçada, parecendo um shimeji. Uma couve flor. Aquele bololô de roupa, a gaveta nem fecha.
- Pilha é melhor. Mas não é fácil de tirar uma do meio também. Também embola, Franka.
- E cai.
- É, pilha cai.
- E fica torta se for de roupa grande, Fê.
- É. Pilha de casaco sempre fica torta. Mas sério, adoro as minhas pilhas de camiseta. Tem prós e contras, mas prefiro pilha, Franka.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Inácio, a gente não teve culpa


O maior trânsito no final da tarde. Eu e a Bê no carro dela, indo pra Paulista. A gente mora aqui embaixo, a Paulista é lá em cima. Ela, que dirige super bem, inventou um caminho que, segundo ela, circundava os morros. "Vamos rodando a montanha", ela explicou.
Chegamos em Pinheiros, na Rua João Moura, farol fechado para cruzar a Teodoro, quando a gente ouve uma sirene desesperada atrás da gente. Era a polícia em pânico querendo passar. A Bê rapidamente sai da frente, avançando em cima da faixa de pedestres. A polícia em pânico passa, mas o farol demora horas e a gente se vê ali, no meio da faixa de pedestres, atrapalhando tudo.
- Ai que vergonha - ela diz - esse monte de pedestres estão xingando muito a gente.
- A gente não tem culpa, Bê. A polícia...
- Só falta passar um amarelinho e me multar. Ai. Abre sinal. Abre, vai.
E dá-lhe pedreste olhando feio pra gente.
- Ai que vergonha, eles não sabem que foi por causa da polícia e... e... Franka, olha quem tá atravessando a rua...
- É o... o...
O cara olhou meio feio pra gente (estávamos no meio da faixa), a gente olhou rindo boba para o cara. Era o Inácio de Loyola Brandão, e escritor, cronista do Estadão.
- O Inácio de Loyola Brandão... ai... - ela suspirou.
- E ele fala sempre da cidade, das coisas que vê na cidade... - eu lembrei.
- E vai falar que a gente é pessima cidadã, que sobe em faixa, que não respeita pedestre...
Nada do farol abrir.
- Ai que vergonha.
- Ai que vergonha. E droga. Precisava justo ele passar aqui, agora?
- Fica fria. Vou tirar uma foto e colocar no blog -resolvi - explicação pública. Se ele escrever alguma coisa falando mal da gente no jornal a gente mostra o blog.

terça-feira, 11 de março de 2008

franka costura


Da coleção de revistas antigas da Franka. Antigamente as pessoas tinham máquinas de costura em casa. Não faz tanto tempo, considerando que vivi numa casa que tinha uma delas. Mas as pessoas simplesmente pararam de costurar. Acho que as crianças de hoje nem sabem como funciona uma máquina, por isso vou explicar.
Era uma mesa, um tipo de móvel. As propagandas das máquinas chiques, naquela época, diziam que quando você não usasse a máquina poderia usá-la como decoração. Você levantava a tampa encontrava a máquina escondida lá dentro, feito um motor de carro. Tinha que colocá-la em pé. Só ai então você se sentava na frente dela. A da minha mãe tinha um pedal em baixo, que você ia apertando para costurar. Essa dai em cima eu não sei como funcionava, cadê o pedal? A máquina tinha uma agulhinha, presa numa chapinha deitada, e uma base em baixo com um furinho. O negócio funcionava assim: conforme você ia pedalando, a agulhinha ia subindo e descendo, entrando no furinho, enquanto você passava o tecido entre a agulhinha e a base. Quando se fazia isso, surgia uma costura igual às de hoje mesmo, essas, das nossas roupas. Eu era criança, e fazia muitas almofadinhas. Era o mais fácil, fazer almofadinha. Depois eu enchia de algodão. Uma coisa interessante da máquina de costura é que você tem sempre que costurar do avesso. Depois que desvira e vê como ficou. Para fazer as almofadinhas, eu não podia fechar tudo, senão não tinha como desvirar, óbvio. Então eu deixava um buraco sem costurar, desvirava, enchia-se de espuma ou algodão e costurava o buraquinho com agulha e linha normal. Também já tentei fazer saquinhos na máquina, daqueles de encher de arroz e jogar, mas era dificil de costurar aqueles paninhos tão mínimos e minha mãe acabava fazendo por mim, pois tinha mais habilidade. Minha mãe costurava muito bem, precisa ver. Mas a máquina dela está quebrada há mais de quatro anos e a gente não sabe onde consertar.

segunda-feira, 10 de março de 2008

e muito mais sobre a festa da minha irmã


Parte 3. Falta uma hora pra festa começar, mas chega um convidado com a filha. Um amigo da Ângela.
- Chegou cedo...!
- Cheguei. Não tem problema não, né?
- Não, imagina – responde minha irmã – quer me ajudar aqui na cozinha?
Nisso chega o P.. , o amigo músico dela, o da "manga" do post anterior.
- Posso te fazer uma pergunta, P.? – ela cochicha baixinho.
- Fala.
- Olha meu cabelo. Acha que eu lavo?
Ele olha para ela como se ela fosse um ET.
- Lavar? Agora? Pra que? A gente nunca sabe o resultado de uma lavagem de cabelo. Se você está se sentindo bem assim, não inventa moda. Pensa, é sua festa, e se o cabelo não fica bom?
O convidado, aquele que chegou antes, ouviu essa parte da conversa e ficou intrigado. Ela resolveu explicar, sem graça.
- É que eu não sei se lavo o cabelo ou não. Estava perguntando pra o P. o que ele acha.. bem, e o que você acha?
- Ah – ele falou, mais sem graça ainda – não, não é tão importante essa coisa de lavar o cabelo não...
A menina, filha dele, se indigna.
- Ah, pai, e eu tive que tomar banho pra vir aqui porque?
O músico foi mais longe.
- Depois pensa Ângela, festa suja muito o cabelo, deixa pra lavar depois.

Esse P. é demais. Sou fanzona dele.

Parte 4. Ela me chama no dia seguinte para ver as fotos. Colocamos no slide do computador e sentamos na frente da máquina.
- Quem tirou as fotos? – perguntei.
- Uma amiga minha – ela explica.
A amiga era uma fotógrafa interessantíssima. Como ela fazia aquilo? Às vezes ele era enorme e via a festa voando, as vezes um anão, que via tudo de baixo. Nas fotos onde ela era gigante, descobrimos as carecas de todos os convidados. Nas fotos de baixo, as barrigas, coxas e papos. Um ótica interessantíssima de ver aos amigos, minha irmã entendeu (a Angela é sempre muito bem humorada e positiva). Além das fotos do gigante e do anão, existiam as fotos do míope. Quando ela virava míope, clicava num cantinho de um rosto da pessoa, dava para ver as espinhas e poros. Ótimo pra saber se precisamos de tratamento de pele, ela conclui. E no meio dessas fotos (onde fomos todos clicados, eu, ela, os amigos), existiam diversas fotos ótimas, de umas pessoas em close.
- Essa foto é boa. Quem é essa mulher tão magra, Ângela?
- Não tenho a menor idéia.
- E esse cara com essa franja?
- Nossa, quem será? Bonitão, né? E olha, tinha até uma japonesa, quem será? Uau,essa daí deve ter feito peeling.
- Por que essas fotos estão boas, Ângela? As desses desconhecidos?
- Não sei. Essa fotógrafa... é impressionante, né? Melhor aceitarmos como uma coisa indiscutível, Lúcia, sem questionar. Deve ter um porque, uma hora a gente descobre.

Parte 5. Um amigo nosso estava muito queimado de sol. Aqui em casa, quando alguém se queima muito a gente chama a pessoa de “homem magenta”. Homens magentas são aquela espécime de humanos que já são bronzeados, não passam filtro e ficam da cor magenta. Ele tava muuuito magenta. Devia estar ardendo.
- Tive medo de abraçar – eu disse para a Ângela – ele podia gritar de dor.
- Ele foi chamado na cozinha, numa hora, quando precisaram de pimenta – ela me contou – ele ficou super bravo com a piadinha.
Nas fotos ele é sempre o centro, com sua cor de tomate.
- Parece pintado no fotoshope – ela repara.
Meu sobrinho brinca de encontrar o vermelhudo nas fotos.
- Aqui, mãe! Aqui, tia! Olha ele ali, olha!

Parte 6.
- Tudo presente? Nossa, você ganhou um monte de coisas, Ângela.
- Creme e vinho. Tudo creme e vinho. Olha, creme, creme, vinho, creme, vinho, vinho, creme. Mulher da nossa idade só ganha isso. Creme, vinho. Vou virar uma bêbada de pele linda.

Parte 7.
- Lembra quando a gente era menina, Lucia, eu e você, e a gente tinha uns acessos de riso?
- Lembro.
- Daí a gente não conseguia parar, e a mamãe dizia “pára com isso, quem ri muito acaba chorando”. Eu já ri tanto hoje, mas tanto que estou achando que daqui a pouco vou chorar.


Hahaha.

domingo, 9 de março de 2008

a manga


Parte 1. Ontem foi aniversário da minha irmã e ela fez uma festa na casa dela. Um festa deliciosa. Minha irmã é uma pessoa absolutamente tranquila para receber, e acho que é isso que torna os encontros na sua casa tão bons. Bem. Digamos que às vezes ela é tranquila demais, e as pessoas todas em volta passam a desacreditar que as festas darão certo. Assim todos, sempre, claro, resolvem ajudar. Olha, a quantidade de gente que ajuda a minha irmã a dar festas é enorme. Tão enorme que ela não contrata ninguém e nem compra muita bebida, porque sabe que alguém trará. E trazem, e ajudam. Talvez dar uma festa seja isso, encontros promovidos por muita gente, todos participando. Se a festa é de todos, todos sem empenham para que seja boa, todos torcem por ela, riem dela, satisfazem-se dela.
Eram sete e meia da noite, fui levar gelo na casa dela. Minha colaboração. Demorei-me por lá, ela conversando comigo e com as outras pessoas como se fosse um dia normal.
- Ângela, você não vai se arrumar?
- Não. Acho que vou no sacolão.
- Vai onde?
- Sacolão. Comprar umas frutas.
- Mas Ângela, são mais de oito da noite.
- As pessoas gostam de frutas em festas, Lúcia. Vou comprar. Se chegar alguém, espera, ué. Quer ir comigo?

Parte 2. A mesa ficou bonita mesmo, toda decorada. Ela montou diversas pirâmides, algumas terminavam em pêras, outras em maçãs, outras em carambolas. Cortou a melancia ao meio como se fossem duas coroas. Lindo. Estava admirando a mesa quando apareceu um amigo dela, músico, o P.. Chegou, falou comigo, olhou a mesa e pegou uma... manga. Olhei para ele atentamente, ele deu uma apertadinha e tirou dali.
- Péra. Você tá brincando, P..
- Porque?
- Vai comer uma manga? Aqui, agora?
- Pensei. Me deu uma vontade.
- Mas uma manga? Como você vai comer?
- Acho que com faca, né?
- Enfrentar uma manga numa festa, assim, em público? - eu olhei ao redor, não havia prato algum, nem faca, nem pano de prato - Sério que você pensou nisso? Sério que vai fazer isso?
Ele me olhou apavorado. Era como se eu fosse um ET.
- Ué, essas frutas não são pra comer?
As pessoas gostam de frutas em festas, lembrei das palavras da minha irmã. Isso! E porque não comer uma manga, a melhor de todas as frutas, ora, só porque é lambuzenta até não poder mais? Não respondi mais nada para ele, ele está certíssimo. Ora, e eu sou uma bobona.
Ele apertou, apertou, analisou a fruta com cuidado.
- O problema é que está verde - ele explicou, devolvendo a manga e abrindo uma banana.
Parabéns, querida irmã. Na próxima festa providencie mangas mais maduras, que pretendo passar por essa experiência única com o P..

sábado, 8 de março de 2008

foi coincidência


Juro que eu não tinha visto antes. Tá, se ninguém acreditar tudo bem. É que outro dia escrevi aqui que escrevo coisas incompreensíveis num papeis - assuntos para postar - e que depois esqueço porque escrevi aquilo. É que tem um episódio do Seinfeld onde acontece exatamente isso com ele. Ele acorda a noite, lembra de um assunto pra falar no show, escreve num papel. Depois acorda, não entende a letra e passa o episódio todo dando o papel pra todo mundo ler e decifrar. Quando ele, de repente se lembra, ele pára e se assusta. A coisa era muito idiota. Muito, mas muito boba. Nossa, igualzinho eu esse cara.

sexta-feira, 7 de março de 2008

ô telefone frutinha


Enviado do meu BlackBerry®



Volta e meia eu recebo agora emails assim: "Enviado do meu BlackBerry®" Acho que todo mundo que tem amigo que tem BlackBerry recebe também. E sério, tem coisa mais exibida que isso? É ridículo. É como se aquela mensagem de email não fosse uma mensagem normal, comum. As mensagens que vem desses BlackBerrys são mais chiques, mais especiais que as outras. Ela não foi enviada de um reles dum micro qualquer, ora. Ela foi enviada de um telefoninho carésimo, cheio de barbatruques e novidades. Um legítimo BlackBerry. O telefone é tão metido que o nome tem até duas maiúsculas, gente.
Ontem fiquei a noite horas e horas achando um modo de fazer o mesmo com o meu telefone - ora, eu não tenho um BlackBerry, mas não posso ficar pra trás. Tenho que avisar, nos emails que envio pelo meu telefone, que meus emails também são chiques pra caramba. Pensei em diversas variações, e vou colocar três maiúsculas. Vejam o que acham:
"Enviado do meu FrankaFonE®"
"Enviado do sapato do MaxellSmarT®"
"Enviado de um PutaTelefonE®"
"Enviado do telefone secreto da agente FrAnkA®"
"Isso não foi enviado daquele telefone FruTinha® BlackBerry®"
Hahaha. Adorei esse último.

quinta-feira, 6 de março de 2008

sol negro


Na volta da viagem pra Angra, resolvi tirar uma foto da Catedral de Aparecida. De dentro do carro, com o carro andando na estrada. Achei que ia ficar um borrão, mas não. Olha o que aconteceu com a foto. A Catedral desapareceu e o sol ficou preto. O excesso de luz virou uma "não" luz. E tudo se apagou. Isso acontece muito na vida, eu acho. A coisa dos opostos.

quarta-feira, 5 de março de 2008

a vingança é um prato que se come crú

Ontem foi aniversário do Márcio. Ou do Neil. Ou desse amigo de blog que vem aqui e volta e meia implica comigo e com as minhas amigas. Bem, eu e a Drake estávamos meio engasgadas porque ele falou muito mal do nosso peixe. Tudo bem que o peixe do post lá de baixo estava assustador. Mas estava gostoso, e era uma iguaria daquelas. Feioso, mas gostoso pra burro. Mas ele passou o dia comentando e implicando aqui no blog. A gente meio que se ofendeu, ora, um amigão desses falando mal da gente? Como assim? Assim tivemos uma idéia. Iríamos juntas ao aniversário e levaríamos um presente. Chegamos cedo, antes de todo mundo, pacotinhos vermelhos com fitinhas verdes na mão. Sentamos, decididas a nos vingar. Depois de um tempo, lá veio o aniversariante. Ele não sabia de nada, nem imaginava.
- Parabéns, parabéns, olha, trouxemos presentes.
Ele ficou surpreso.
- Presentes? Nossa,o que será?
Ahá.
Foi quando ele abriu o primeiro pacote. Olhem o que era. Shimejis! Shimejis de verdade, legítimos e assustadores. Deliciosos, o principal ingrediente do já famoso "peixe à las tripas", a especialidade da Drake. Ele ficou sem graça, e nem imaginava o que viria a seguir.

Entregamos o segundo pacote. Ele, obviamente, achou que era uma roupa, uma camisa, camiseta, ou até um cedê. Mas não. Era mais uma parte da nossa vingancinha. Todas as pessoas em volta estavam curiosas, e se formava um burburinho de excitação. Todo mundo sabia o que ele tinha feito conosco: depois dos comentários dele, quem ia querer comer uma comida na nossa casa? Quem ia querer jantar um jantar nosso?
Ficamos caladinhas até ele abrir o embrulho gelado. Sim, porque o embrulho era bem frio.

Ai está. Um peixe. Um peixe, claro! Pois demos para o Neil um peixe e shimejis de presente, tudo crú, pois convenhamos. A vingança é um prato que se... blábláblá. Aquele ditado, vocês sabem. Agora, senhor Márcio Neil Son, você poderá preparar e comer o prato mais sensacional dos últimos tempos: "peixe à las tripas", receita da Drake. E assim vai ver que não é nojento coisíssima nenhuma. Demos a receita pra ele, sugerimos até que ele prepare estilo rocambole, enrolando um dentro do outro, o que, segundo nossa intuição culinária, é uma variação permitida, não adulterada. Espero que depois disso ele se retrate publicamente aqui e assuma que nós somos boas cozinheiras.
E parabéns, Márcio. Tua festa tava muito legal.

terça-feira, 4 de março de 2008

quem serão elas?


Meu primo Francisco mudou de apartamento. Fui na casa dele visitar e dar uns palpites, embora eu sempre ache que dou péssimos palpites. Uma das coisas era para que eu opinasse onde ele deveria colocar os quadros. Foi retirando todos que tinha das caixas e armários, e íamos escolhendo os lugares. Ele não parava de trazer quadros, e, no meio da confusão (depois de um tempo já não era possível sentar no sofá, nem nas cadeiras e nem circular pela casa), ele se lembra de uma coisa.
- Ô prima.
- Que é.
- Tem uns quadros que o antigo dono deixou ai. Umas fotos. Quer ver?
Fomos até o quartinho de despejo da área de serviços, ele se meteu lá dentro e passou a tirar de lá umas coisas. Eram uma fotos-posters, daqueles antigos, da década de setenta, de três mocinhas. As três sorrindo, lindas.
- Olha para isso - ele disse - acho que elas moraram aqui. Que tal?
- Francisco - eu hesitei - Francisco, você não está pensando nisso, né?
- Nisso o que?
- Nisso de... de colocar essas fotos em algum lugar.
- Porque não? São lindas as moças.
- Mas Francisco, você nem sabe quem são! Vai colocar essas moças na sala?
- E dai que eu não sei? Um dia descobrimos. E aliás, na sala que nem cabe. Pensei em colocar aqui, na área de serviços mesmo.
- Na área de serviços?
- Não pode quadro na área de serviço, prima? Porque?
- Sei lá, Francisco. Acho que pode.
- Até esconde esse pedaço feio, que está sem azulejo. Olha - e ele pendurou as fotos - Que acha?
Eu olhei de um lado, de outro. Tirei uma foto e resolvi.
- Acho que ficou ótimo. Ótimo mesmo, pensando bem. Deixa ai.
Quando sai, as meninas ainda estavam lá. Na área de serviços dele.
É. Eu disse que não sei se dou bons palpites.

segunda-feira, 3 de março de 2008

lembrei!


Lembrei, ufa. Ufa! Lembrei so-zi-nha o que era a anotação "vítima do pão de queijo" do post retrasado!
Estavamos eu e a Bê numa padaria. Pedimos um cafezinho, sentadas no balcão. O moço trouxe. Olhei lá longe os pães, os pães de queijo, os pão-doces. Me deu aquela fome.
- Moço. Moçooo. Você pode me trazer um pão de queijo pra mim?
- Só vende de grama.
- Traz cem.
Ouvimos ele gritar.
- Ô padaria, sai 100 gramas de pão de queijo pro balcão.
O tempo passando e nada do pão de queijo. Vimos que ele se lembrou e gritou de novo.
- Padariaaa! Manda 100 gramas de pão de queijo pro balcãouôôô.
A gente foi conversando, quase esquecendo, até que ouvimos o cara pedir pela terceira vez. Foi quando dei uma levantadinha e vi que na padaria ninguém se mexia. A moça com a maior cara de que não era com ela.
- Bê, acho que não vai rolar o pão de queijo não.
- Será possível?
O cara pediu a quarta vez.
- Padaria, manda 100 de pão de queijo pro balcão, ô padaria.
Nada.
Foi quando ele se encheu e foi ele mesmo até a padaria, mas antes deu uma desabafada, bravo.
- Ô Ivete, se você não vai mandar o pão de queijo vô eu buscar, caramba!
Foi só ai que ela levantou os olhos e olhou para ele.
Satisfeitíssima.
- Opa. Demorô, hein?
Ou seja. Ela não ia pegar mesmo. Achou que o atendente tava sem fazer nada e folgando com ela. Ele que viesse buscar, ora.
- "Opa-demorô-hein"? - eu repeti, rindo para a Bê - Que acha?
- Acho que somos vítimas de uma briga do pão de queijo - ela disse.
Ele pegou e trouxe em seguida.
Arrependemos. Tava horrível.

domingo, 2 de março de 2008

fitines securiti



Fiquei com idéias terroristas depois da publicação da crônica na revista Morar da Folha. Isso que dá escrever, isso que dá ter blog e ficar lendo comentários. Dá uma vontade absurda de fazer molecagens, mas tenho plena consciência que isso pode ser extremamente perigoso. Bem, publiquei a crônica da guarita do vizinho, tudo normal, muita gente comentou, até que alguém sugeriu: "franka, será que o vizinho recebe a Folha? Será que leu? Será que sabe que é com ele?". Logo em seguida, alguém comenta: "franka, passe a revista para eles pelo passa-pizza". Juro que fiquei tentada - mas não venham com essa que não vou cometer semelhante absurdo - e desde então estou de olho neles, com medo de ser descoberta. A cada vez que entro ou saio de casa dou uma espiadinha na janelinha, para ver se está tudo bem. Até o momento acho que ninguém descobriu que eu sou eu, portanto estou a salvo. Resolvi hoje dividir o meu medo com todo mundo. Resolvi inclusive provar a vocês que é verdade, que frankamente Franka não mente. Tirei uma foto da guarita com o guardinha lá dentro, que publico aqui. Confesso que, para a guarita não ser reconhecida, coloquei no editor de imagens e cliquei vinte e sete vezes no item "embaçar muito", por isso a imagem ficou assim. Além disso, tarjei o guarda. Porém ontem a tarde aconteceu algo estranho. Numa das tais espiadinhas, percebi que o guarda da tarde subia e descia. É, isso mesmo. O cara subia, e logo em seguida descia. Estava, inclusive, para o meu espanto, de braços abertos, feito o Cristo Redentor. E subia e descia. Nossa. Fiquei em pânico. Seria um sinal, um código pra mim? O que era aquilo? Foi quando entendi. O segurança, que fica sentado lá o dia todo, imóvel, estava fazendo... ginástica. Agachamento. Um, dois, um, dois, um dois. Agacha, levanta, apoiado na parede. Vocês podem acreditar nisso? Fitines securiti. Exercícios guaritais. Será que ele tem um manual? Óbvio que abdominais não devem ser permitidos. Um dois. Além disso, o P., meu amigo arquiteto, se lembrou que ninguém, nas obras, chama guarita de guarita. É gurita.

sábado, 1 de março de 2008

o espírito da escada



Toda hora eu tenho uma idéia de alguma coisa para escrever aqui, mas nunca dá pra postar na hora. Então anoto, por isso levo o caderninho na bolsa (verde). Ou, na falta dele, escrevo no celular e mando torpedo pra mim mesma. Ou fotografo. Ou, quando estou ocupada trabalhando, escrevo o assunto num postiti e colo aqui na mesa. Mas tem um problema. Quando eu vou escrever o post, eu sempre esqueço qual era a graça daquilo, e não tenho idéia porque anotei ou fotografei. Fico lendo e relendo minhas anotações, e elas me parecem incompreensíveis e completamente idiotas. Olha se tem algum sentido nesse material que recolhi agora:
"Local tatu inverter". "Albino joão mamãe". "Faixa sale olho". "Toró olhudo". "Massa de engessamento". "Vítima do pão de queijo". "Flash back conta tudo". E o pior: "trilex". Céus, o que é "trilex"? Deixa, uma hora eu lembro, eu penso. Isso também acontece com fotos, como eu disse, e hoje, ao descarregar as fotos do celular eu achei essa foto ai, que tirei num posto da Dutra na quinta feira. Acho que achei engraçado o termo "bifão", mas será que eu achei que ia fazer um post disso? Do bifão? Ou será que a foto era por causa do sopão? Ou seriam alguma coisa sobre a isca de boi? Os preços? Que zona.
Um amigo me disse outro dia sobre um negócio que se chama (em francês) "o espírito da escada". Sabe aquelas horas que você tem que dar uma resposta rápida, mas, na hora agá, você não fala nada e fica com aquela cara de bobo. Dai, minutos ou horas depois, você lembra da cena e pensa: "puxa, eu deveria ter falado isso, deveria ter dado essa resposta". Diz que é o espírito da escada que te lembra. No meu caso, acho que ele não tem surgido muito pra mim, esse fantasminha ai. Talvez eu deva clamar pelo "espírito do post". E o que é trilex?