sexta-feira, 31 de agosto de 2007

ueba, a franka na revista morar, da Folha de São Paulo


Reunião de projeto

Chegamos, ela estava sozinha com as crianças. “Entrem, sentem. O Reinaldo ainda não chegou. Sabe, o trânsito”, ela explicou sem graça, olhando eu e meu sócio com o projeto nas mãos.
Os filhos pequenos rodam pela sala. “Não reparem na bagunça. Estou curiosa. A casa está bonita?”. Eu sorrio sem graça. O resultado de uma reunião de projeto é sempre imprevisível.
“Gabriela, esse papel é da titia, não mexe. Lucas, pára de pular. Olha, quando o Reinaldo chegar eu vou colocá-los na cama”, explica, desculpando-se.
O homem engravatado chega e cumprimenta sem ânimo. “Ah, como vão...”. Provavelmente esqueceu da reunião. “Querido, você não quer ir com eles para a sala de jantar?”.
Entramos no local vazio e ele avisa que vai buscar uma bebida. Adiantamo-nos e abrimos os desenhos sobre a mesa. Ele volta com uísque, recusamos. Tentamos começar a reunião sem a mulher, ele discorda. “Conheço a Vaninha, ela vai ficar brava, vamos esperar”.
Depois de uns minutos ela chega cheia de revistas. Dá uma risadinha. “Hihihi. Umas idéias que eu tive”. Reinaldo olha torto. Eu me adianto, salvando-a. “Isso é ótimo. Dá para sentir o clima que você quer na casa”.
Enquanto explicamos o projeto, Vaninha olha a planta e pergunta onde fica a rua. Reinaldo retruca, bravo, ela deveria prestar mais atenção. “Aqui, Vaninha. Se aqui é a garagem, aqui é a rua”. Vaninha fica sem graça, disfarça. Pergunta qual é o quarto de cada filho. “Tanto faz”, explico, “são iguaizinhos”. “O do Lucas precisa de sol, ele trem bronquite”. Esclareço que os dois dormitórios estão virados para a mesma face e os dois recebem sol.
O homem quer saber qual a área da construção, a Vaninha interrompe. “A cozinha não está pequena?”. Meu sócio percebe que ela não tem idéia do que é pequeno ou grande, não entende planta baixa, aliás, ainda não entendeu onde está a rua. Falamos a área, o Reinaldo coça a cabeça. “Pois é, conversei com um amigo que acabou de construir, pensei em menos área, o metro quadrado é muito caro”.
“Bom”, explica meu sócio, “vocês pediram quatro suítes, home theather, family room...”. O Reinaldo me olha. “Então vamos tirar uma das suítes”. A esposa fica indignada. “Mas a mamãe vem todo mês, aonde ela vai ficar, querido?”. “Ora, ela dorme com a Gabi”, ele desconversa. Vaninha fica ressentida e segura a raiva num suspiro profundo. Fingimos que está tudo bem e continuamos. “Cadê o telhado?”, a Vaninha pergunta, olhando as fachadas. Antes de respondermos somos interrompidos por Reinaldo, que declara quer mudar o projeto. “Três suítes e um quarto de empregada só”, decide. Vaninha fica irritadíssima. “Como assim? Um quarto de empregada só? E onde a babá vai dormir, Reinaldo?”. “No mesmo quarto que a outra empregada, Vânia”. “Mas eu já disse para elas que...”. Reinaldo bufa. “Você desdiz, Vaninha, porque eu não vou construir uma mansão desse tamanho para satisfazer tuas empregadas, ora”. A mulher se aborrece. “Reinaldo, temos que conversar”. Ele se levanta para pegar mais uísque. “Você sabe quanto custa uma obra, Vaninha?”, ele fala, olhando para o meu sócio, procurando um cúmplice.
Ele analisa o projeto de novo. “As crianças terão um único banheiro”. Vânia se assusta. “As crianças tem que dividir o banheiro, mas você quer um só teu, né?”. Ele olha com autoridade. “Eu que pago as contas aqui, não posso nem ter um banheiro meu?”. Explicamos que, nesse caso, precisaremos fazer um outro projeto, afinal teremos que tirar uma suíte, um banheiro, a sala íntima e um quarto de empregada. “Ah, e não esqueçam de aumentar a cozinha”, ela pede. “Chega, Vaninha”, fala o Reinaldo, “a cozinha está ótima”.
Levantamos para sair, a Vaninha ainda olha os desenhos tentando achar a rua, cozinha, o telhado. Está nervosa. “Olha, Reinaldo, se é para diminuir tanto eu prefiro nem construir. Morar num cubículo, Deus me livre”. “Vaninha, falamos depois”, ele resolve, nos encaminhando para a porta. Vaninha se despede com um sorriso amarelo, o marido dá tchau, a porta de fecha.
E provavelmente é naquele momento que começa a briga.


Já é a quarta vez que a Revista Morar, da Folha de São Paulo me publica. Sempre nessa página do final da revista e nessa coluna com esse nome: "de quina". Olha, sei não, mas agora que eu me toquei. Essa coluna, "de quina", é minha!

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

conjunções familiares


- Sabe o que eu acho, mãe - falou o Francisco ontem na mesa do almoço - que a gente devia, cada um daqui da nossa família, adotar uma conjunção.
- Hã, filho?
- E abolir o "mas" da nossa casa.
- Oba. Eu topo - falou o João.
- Então eu quero ser o... - eu tentei falar, mas fui interrompida.
- Eu vou ser o "entretanto" - disse rápido o Chico - adoro "entretanto". Entretanto...
- Eu o "todavia" - disse o João. Todavia...
- Eu o "porém" - falou a Nana, mais rápida que eu.
- E eu? - perguntei, confusa - qual que sobrou mesmo?
- Hahaha, mãe - riu o Chico - você sobrou com o "contudo", hahaha.
- Que é que tem o "contudo", gente?
Eles riam muito. Não entendi.
- Mãe, "contudo" é horrível. Mó mico sobrar com o "contudo". Imagina você usando essa conjunção aqui em casa - explicou a Nana.
- Não. "Todavia" é pior - eu me defendi.
O João interpelou.
- Nananinão, mãe. "Todavia" é da hora. "Contudo" que é péssimo.
- E o pai de vocês, vai ficar com qual?
- Ele fica com o "sobretudo"- sugeriu o João.
- "Sobretudo" não é a mesma coisa - um deles falou - não é sinônimo, não vale.
- Ele fica com o "no entanto" então - decidiu o Chico.
- Péra. Escutaqui. Eu quero ficar com o "no entanto", gente - pedi - seu pai num tá, eu pego dele.
- Mãe, nem vem - encerrou a Nana - Você já é o "contudo". Hahaha, olha a cara dela. "Contudo", coitada, hahaha.
E os três ficaram rindo sem parar de mim.
Gente, sei que mãe de adolescente sofre, contudo não pensei que fosse tanto.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

pizza erótica

Todo domingo a noite nós vamos comer pizza no clube. A pizza é ótima e incrivelmente barata, o que é a melhor coisa no caso de uma família cheia de adolescentes como a minha. Incrível como adolescente come. Incrível a grana que a gente gasta em restaurante.
Apesar de irmos toda a semana, somente ontem que notamos uma coisa impressionante. Os guardanapos, gente.
Os guardanapos.
- Pai, olha... - falou um dos meninos pra o Zé quando sentamos - olha, hahaha!
- O que foi?
- Os guardanapos estão todos eretos! Uau!
Era a mais pura verdade. Quando sentamos todos na mesa, cada um de nós tinha diante de si um guardanapo... ereto. Eretíssimo. E enorme. Olha. Nunca vi coisa tão... tão... indecente. Bem, gente, pensa. Vizualizem onde o prato fica na mesa. Vizualizem o que fica exatamente abaixo dos guardanapos. E vizualizem um bando de adolescentes que só pensam asneiras com... aquilo diante de si. Sei que é uma bobajada sem fim, mas tivemos um acesso de riso enorme. E como era impossível comer pizza daquele modo e tivemos que dar cabo de todas aquelas ereções, o João foi até a mesa ao lado, qua estava vazia, para tirar uma outra foto para registrar aquela maravilha. Pizza erótica. Que tal?

bloguê, bloguê, bloguê


Parabéns para o blógue, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida. E pro bloguê nada, tudo, então coméquié, é pique, é pique, é pique-pique-pique, é hora, é hora, é hora-é hora-é hora, rá, tim, bum, bloguê, bloguê, bloguê.

domingo, 26 de agosto de 2007

mário na terceira idade



- Lúcia, fiz uma coisa bárbara ontem: por uma ninharia - falou minha mãe - olha, por menos de seis reais por mês, eu arrumei um monte de joguinhos novos na NET.
- Como assim, mãe?
- Joguinhos que você joga na televisão, usando o controle remoto. Você deve ter na sua casa, nunca jogou?
- É, lembrei. O cara da NET me mostrou mesmo quando veio instalar. Mas mãe, eu vejo super pouco televisão, você sabe. Quanto menos ficar jogando joguinhos.
- Comprei o pacote dos joguinhos para o Luis, o filho da tua irmã. Ele vem aqui e ele adora jogar. Ele ficou super feliz, você precisa ver.
- Que bacana, mãe.
- O problema sou eu.
- Problema?
- É, filha. Eu não paro de jogar.
- Você, mãe?
- É, eu. As vezes me encho de ver televisão, vou para os joguinhos e fico horas lá. Olha. Acho que estou completamente viciada.
- Que nada, mãe. Video-game não vicia, ainda mais esses facinhos, que são tipo "come-come", tipo atari, hahaha.
- Tipo o que? Ah, não entendo. Mas olha, é que é uma delícia!
- Você consegue se dar bem manipulando o controle remoto?
- Iii. Facílimo. Todo dia eu me supero em pontos. Olha, filha, vou dizer uma coisa. A NET tá perdendo tempo. Eles deviam fazer propaganda desses joguinhos para os aposentados como eu. Seria um divertimento a mais para eles, e é tão baratinho... Olha, eles deviam era fazer um pacote desses jogos só para aposentados, mais barato: R$ 4,99, por exemplo.
- Mas mãe, e os aposentados iam se interessar pelos temas dos jogos?
- Ah, era só mudar um pouco, tornar um pouco mais adulto, colocar tema de aposentado, ora.
- Como assim? - minha mãe é engraçada - Como, mãe? Tema de aposentado em video-game? Acha que eles deveriam fazer jogos como "Caça à aposentadoria"? "Circule pela cidade com vale-transporte-idoso"? Passe da fase "a fila do INPS" e "a fila do banco" e consiga ter uma saúde de ferro? "Enfrentando o colesterol"? "Mário Party da terceira-idade"? Hahaha, mãe!
- Jura que não vicia, filha?
- Juro mãe. Pode jogar a vontade.

sábado, 25 de agosto de 2007

os caras que não vem


franka e a blogueira misteriosa em foto de encontro anterior
quem adivinha quem é?

Sai ontem com uma amiga blogueira. A quantidade de amigos que já fiz por causa dos blogs é impressionante. O encontro era pra ser rapidinho no fim de tarde e nos estendemos um pouco por causa da nossa tagarelice e por causa de um fato curioso. Estávamos tomando cerveja num barzinho entre a minha casa e a dela, quando, quase na hora de ir embora, somos interpeladas por uma moça alta, morena e extremamente bonita.
- Oi. Vocês gostam de vinho?
- Como?
- Vocês gostam de vinho?
Eu fiquei calada. Minha amiga respondeu.
- Claro. Porque?
A morena virou-se, foi até a mesa dela e trouxe uma garrafa. Quase cheia.
- Olha, eu estava tomando... mas acho que vou embora... e eu... eu queria dar essa garrafa para alguém tomar. Para alguém aproveitar. Querem ficar com ela?
- Claro! - respondemos na hora.
Não houve sequer tempo para convidarmos a moça para sentar conosco. Ela rapidamente pegou a bolsa, um livro e saiu.
Ficamos com a garrafa cheinha na frente, embrulhada com aqueles guardanapos tipo roupinha. Um super vinho bom. Pedimos copos. A minha amiga me olhou.
- Nossa. Que acha?
- Acho que o cara não veio, ora.
- Puxa. É. Tá na cara. Ela ficou esperando, esperando e o cara não veio.
- Uma moça linda dessa e o cara não vem - eu considerei.
- Uma moça generosa dessa e o cara não vem - ela completou.
- Uma moça decidida dessa e o cara não vem.
- Uma moça sozinha no bar e o cara não vem.
- A vida é meio assim - eu disse - às vezes os caras simplesmente não vem.
- E a gente tem que se livrar do vinho que ia tomar com eles. Apenas isso. Se livrar do vinho.
- Sem drama.
- Mulher genial - ela concluiu - Temos que aprender com ela.
- Vamos brindar à ela então - eu disse, fazendo tim tim.
- Isso. Vamos brindá-la e não vamos brindar o cara que não vem.
- Um cara que não vem não merece um brinde.
- Burro.
- Burro.
- Tim tim.
- Tim tim.
Apenas isso.

E olhem que genial a tira do Charlie Brown hoje do Estadão. Tá na cara que a minha xará Lucy é uma verdadeira fêmea da espécie Franka. Ela não cumprimenta cachorro.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

a franka e a baleia


A Silvia, minha amiga imaginária-virtual (pra gente, que tem blog, as pessoas que não tem blogs são completamente imaginárias, não são?), me mandou uma foto perfeita para o post da Baleia. Ainda não consegui fazer o iutube, mas acho que pela foto dá pra sacar ao problema. Olha a escada perisosíssima. Olha o piso escorregadio. Olha a cara de levada da Baleia.
Outro dia estava com um amigo quando a Silvia me chamou para ir na casa dela. Eu falei para ele: "topa? Vamos lá?". Ele se lembrou do meu post. "Ai. E enfrentar a Baleia, o piso escorregadio e o tal escadão? Não, nem a pau". É, talvez eu tenha exagerado demais. Não é tanto assim. Basta tapar o nariz, fechar os olhos e engolir seco, gente.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

franka, primata

Adoro livros de macaco. Sabe esses livros que comparam o comportamento dos macacos com o comportamento dos humanos? Onde você descobre que a gente é super parecido com nossos ancestrais? Onde achamos explicações para todas as bobagens, selvagerias, vergonhas, acessos e coisas ridículas que a gente faz? Principalmente na TPM? Que alívio que é, para uma mulher, um livro de macaco. Pois é, e essa é a literatura predileta da Franka. Livro de macaco. No fundo é tudo a mesma coisa. Todos os nossos sentimentos, todos os nossos comportamentos estão lá, na sua essência. Quinta passada, quando fui pra o Rio naquela hora obscena que a gente é obrigado a acordar de manhã para pegar a ponte aérea das dez pras sete, entrei na livraria e dei de cara com esse livro. "Eu, primata". Frans de Waal. Um primatólogo. Uau. Dormindo, comprei. Tá, a capa é meio boba, dãr, bush-primata, e eu não li ainda (acho que sou a única pessoa que faz post-resenha de livro sem ter lido o livro). Mas vocês não imaginam a minha felicidade de ter esse livro de macaco sem ler. O que me empolga é a possibilidade de entender mais. A possibilidade, gente. Leio um tiquinho a cada dia. Meia página. Tipo economizando. Hahaha. Olha um trecho do começo, que genial.
- Quando uma bonobo chamada Kuni viu um estorninho trombar com a vidraça de sua jaula no Zoológico de Twycross, na Grã-Bretanha, foi ajudá-lo. Pegou o atordoado passarinho e com delicadeza o pôs em pé. Ao ver que ele não se mexia, deu-lhe um empurrãozinho, mas ele só agitou as asas. Kuni então subiu ao topo da árvore mais alta com o estorninho (...). Cuidadosamente, desdobrou-lhe as asas até abri-las bem, segurando-as entre seus dedos, após o que lançou o passarinho pelos ares (...). Mas ele não ultrapassou a barreira e aterrissou na beira do fosso. Kuni desceu da árvore e montou guarda por muito tempo ao lado do estorninho, protegendo-o de um jovem bonobo curioso (...).
O modo como Kuni lidou com a ave foi diferente de qualquer coisa que ela teria feito para ajudar outro primata. Em vez de seguir algum tipo de comportamento automático, ela adaptou seu auxílio à situação específica daquele animal totalmente diferente dela própria. (...) Esse tipo de empatia quase nunca é observado em animais, pois depende da capacidade de imaginar as circunstâncias do outro. Adam Smith, o pai da economia, deve ter tido em mente ações como a de Kuni, embora não executadas por um primata não-humano, quando, há mais de dois séculos, nos legou a mais duradoura definição de empatia: "imaginar-se no lugar do sofredor".

terça-feira, 21 de agosto de 2007

o território da baleia



Ainda sobre cachorros. Lembrei duma coisa. Minha amiga Silvia tem uma cachorra, a Baleia. A Baleia é uma cachorra muito agitada. Muito, muito, muito. Pula sem parar, lambe a gente, roda em volta feito louca, faz festa pra burro. Não é implicância, eu jamais sou implicante com seres... felizes. Bom. A Silvia tem um escritório na casa dela, uma sala grande, lá atrás. Eu sempre vou até lá nos finais de tarde, nos fins de semana, à noite. Adoramos conversar, tagarelar, desenhar e pintar naquele escritório dela. Mas entre o escritório dela e a casa dela tem... a Baleia. Putis. A Baleia "ilha" o escritório, é impressionante. Não é fácil chegar. O escritório é ótimo, a casa dela é ótima, mas o espaço entre a casa e o escritório é um pesadelo para mim. Vocês não sabem o que é terrível atravessar aqueles poucos metros e subir aquela escada com aquela cachorra maluca de pedra pulando, rodando e se atirando em cima de mim feito uma tarada. Pra piorar, o piso é totalmente escorregadio e a escada, além de preta, tem degraus de alturas diferentes. No piso eu vou me equilibrando no nada, tipo trapezista, na escada me agarro no corrimão e nas paredes, escalando degrau por degrau como se estivesse subindo no Pão de Açúcar. Lembro quando eu era jovem e viajava pra lá e pra cá com meu FIAT 147. Volta em meia em viagens pra praias a gente tinha que atravessar riozinhos com o carro. O meu carro não era nenhum carro ofroudi, eu sabia disso, e morria de medo dele morrer e o rio me levar. Ou molhar um tal dum jiglê, que eu nunca soube pra que servia, mas que quando molhava encrencava o carro de vez. Eu lembro que parava, respirava fundo e ia. SejaoqueDeusquiser, eu pensava. É assim que eu me sinto atravessando o território da Baleia pra ir ou sair do escritório da Silvia. SejaoqueDeusquiser. Gente, juro. Um dia vou fazer um iutube.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

puta homenagem



Bem no dia que eu vou pra o Rio, dou de cara com essa reportagem no Jornal "O Globo" de hoje, vejam que puta homenagem:
"UMA BALEIA da espécie franka dá um show de exibição, nadando a 50 metros da areia da Praia da Barra, perto do posto 8. O mamífero tinha cerca de 12 metros. Foi a primeira baleia a aparecer na orla esse ano. Segundo o biólogo marinho Marcelo Szpilman, do Instituto Aqualung, a aparição de frankas não é comum. A baleia pode ter chegado ao Rio seguindo uma corrente de água fria ou estava perdida, como acontece com os pinguins ou os lobos marinhos."
Resumindo e explicando: gente, todos os mamíferos da espécie franka são assim. Dão shows de exibição, não aparecem a toda hora, seguem a água fria e se perdem muuuito nessa vida. Tenho que me acostumar.
Coisas da vida.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

a perna


Vou viajar amanhã para o Rio. Junto comigo vai uma arquiteta, eu a responsável de ligar para a secretária do cliente e pedir as passagens para nós 2. Lembrei que ela havia ido para o Rio bem no dia do acidente horrível da TAM e que, por causa da confusão, acabou de voltando de ônibus. Como se diz por ai, ela tem uma "perna". Os caras das agências de viagem falam assim: se você tem uma viagem só, seja de ida ou volta, sem usar, eles dizem que você tem uma "perna". E essa arquiteta, como foi e não voltou de avião, tinha uma... "perna".
Gente, não sei como alguém inventa um termo tão feio e inadequado. Pois estava falando no MSN com a secretária, e (aiii...) escrevi o seguinte para ela:

- Ana, e não se esqueça que a arquiteta tem uma perna em aberto.

Que vergonha. Póde?

terça-feira, 14 de agosto de 2007

boinc, boinc, boinc, chuááá...



No começo todo mundo foi terminantemente contra. "Como assim, Lú?", perguntou o Zé, pasmo. "Você está dizendo que quer acabar com o nosso gramado do jardim de trás para fazer uma quadra pra o João jogar basquete? Tá louca?". "É exatamente isso", decidi, usando minha autoridade de mãe e certeza que era o melhor a fazer.
"Mãe, cê tá brincando... Vai estragar a nossa casa, destruir o gramadinho?", disse a Nana. "Ninguém usa o gramadinho de trás pra nada a não ser para olhar, Nana. Além disso, tem o gramadinho da frente. Vocês vão lá na frente e ficam olhando, se fazem tanta questão de olhar grama", argumentei. Já o Chico resolveu ir por outra vertente, afinal está fazendo 'direitonauspí'. "Toda casa tem que ter um mínimo de área de permeabilidade de solo, mãe". Não foi fácil. "É só um pedacinho de nada", defendi, "vai sobrar jardim em volta para a água escorrer e permear pra burro". O João me olhava aflito, olhos brilhando, calado. Putis medo de defender de ser escorraçado pelos irmãos mais velhos, com receio de acreditar e depois se decepcionar. Fizemos uma planta escondido com o nosso projeto, eu e ele, uns dias antes. "Sério, mãe, que nós vamos fazer isso? Não tou acreditando, que demais...".
Bati o pé defendendo o menino e a minha idéia. Ia ficar feio? Sem grama? Sem per-me-a-bi-li-da-de? Não importava. Pra que serve a casa que a gente mora? Não é para usar? Alguém por exemplo reclama da gente fazer quartos para dormir? Salas para ver tevê? Garagens para deixar carro parado? Não me pareceu nada ilógico fazer a quadrinha do Juca lá no fundo. Minha casa é velha mas grande, caberia muito bem. E João adora basquete, treina cinco horas todos os dias. Quando está em casa, ficava batendo bola num cantinho ridículo, espremido entre a sala e o muro do vizinho, encestando numa cesta imaginária, pulando no nada, do lado daquele jardim inútil. Um absurdo. Tentei colocar uma cesta na tal parede diversas vezes, mas como a casa é antiga e a massa idem, todas caiam em cima da cabeça dele. Uma época ele resolver bater bola no espaço onde fica a cachorra, driblando os cocôs. O mesmo que treinar num banheiro, pobrezinho.
Então dei uma de Beth Carvalho. Aproveita hoje porque a vida é uma só. O Zé foi fácil de convencer, afinal é pai. À revelia dos demais chamei os pedreiros para fazer o cimentado. Cimentei. Compramos o poste. Chumbamos. Uma tela no fundo pra bola não ir pro baldio. Deixei um pouco de grama em volta para a tal da 'permeabilidade'. Faz uma semana que ele chega e corre lá pro fundo. Super feliz. Traz amigos. Eu ouço feliz aquilo durante horas. Boinc, boinc, boinc, chuááá. Boinc, boinc, boinc, chuááá. Boinc, boinc, boinc, chuááá. Todos já jogamos bola lá. Esse final de semana estamos pensando em chamar amigos nossos e fazer um campeonato. Até quem sabe fazer um encontro de blogueiros na quadra. Boinc, boinc, boinc, chuááá. Aproveita hoje que a vida é uma só. Chuááá.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

fazendo anexos


Tudo volta ao normal e não vou falar das trevas que vivi nesse blog na semana passada. Vou é falar de uma frase que li no jornal hoje de manhã numa entrevista que o Paulo Mendes da Rocha, meu professor e amigo, deu para a Folha de São Paulo.
O Paulo vai lançar um livro com as mais recentes obras dele amanhã, na FAU Maranhão. Eu já vi e já ouvi falar do livro porque tanto o Zé como alguns dos meus colegas arquitetos fizeram alguns dos projetos junto com Paulo. Além disso o livro é organizado pela Rosa, que também é minha amiga. É um livro muito bacana, como são bacanérrimos a obra do Paulo e o modo que ele pensa a cidade e a arquitetura. Fico emocionada de ouvi-lo e até hoje me espanto com as coisas que ele diz.
Pois hoje no café da manhã eu li essa entrevista e achei uma frase. Para mim achar uma frase é demais, sou tarada por achar frases. Tenho um caderninho na bolsa só para elas. Todo mundo conhece meu caderninho. Às vezes, depois de horas nas conversas com minha amiga Sílvia, não surge frase nenhuma. É frustrante. A gente fica hiper decepcionada, sempre nos despedimos sem graça. "É, hoje não rolou nada", ela me diz.
Mas não é fácil achar frases e não é qualquer frase que se acha. Uma verdadeira frase é aquela que fica retumbando na sua cabeça feito música o dia todo. Além disso, a frase não precisa, necessariamente, ter a ver com o contexto de onde ela veio. Aliás, a graça é essa, não sei se me faço entender. O bacana é achar uma frase num contexto e ela servir para outro. Feito essa da entrevista do Paulo.
Ele falava sobre anexos de prédios. Estava defendendo os anexos, pois já fez diversos. E no final do parágrafo, ele diz. "Em vez de você ficar deformando um prédio, faça um anexo".
Nossa. Fiquei impressionada. Mas é claro. Gente, pensa. Muitos prédios na cidade estão prontos, finalizados, completos. As vezes queremos inchá-los. Enfiar lá dentro funções, pessoas, atividades, salinhas, compartimentos. Puxadinhos pra cá, puxadinhos pra lá. Ele falava de arquitetura, mas eu entendi que isso serve também para muitas coisas na nossa vida. Quebramos a cabeça para redividir o nosso espaço interno, queremos que as estruturas que montamos caibam toda a nossa ânsia de futuro, todas as nossas paixões, todas os nossos desejos , mas às vezes não é ali que o futuro deve acontecer. Muitas situações na vida tem impossibilidade de ampliação e estragamos tudo com a deformação. Com os puxadinhos. É a hora de entender o anexo. É como ele diz, o Paulo. O anexo não copia, o anexo completa. E assim como é preciso entender o anexo na arquitetura, é preciso entender o anexo na vida. Eu li aquilo e descobri que sou a rainha do anexo. Adoro anexos. Tenho um monte de anexos para tudo, pois procuro manter as coisas bacanas exatamente como são. Essa frase é demais. Com essa frase em mente tudo cabe e tudo passa a poder existir. Tá, pode ser que eu esteja falando grego pra muita gente. Mas eu entendo assim. Não estou deformando nada. Estou fazendo anexos.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

ainda com problemas

Gente, que nada. A alegria durou pouco, o problema voltou. Ontem a noite já não dava para entrar aqui no blog de novo. Para postar é preciso fazer um caminho torto e confuso e impossível ver o que você postou. Uma coisa chatérrima. Se alguém puder ajudar ou souber de alguma coisa, Franka agradece.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

franka voltou!

que droga


Não tô achando graça nenhuma nisso. Ainda não consigo acessar o blog. Depois de uma semana, penso o que fazer. Tenho um blog "frankamente..." no UOL há anos. Desativado. Vou pra lá e me mudo de casa? Espero pacientemente que a turma do Speedy resolva a questão? Mudo pra Virtua? Desisto de vez de ter um blog?

sábado, 4 de agosto de 2007

nossa, consegui?

Fiquei 4 dias sem conseguir entrar aqui no "frankamente...". Aliás, ainda não sei como entrei. Desde terça feira que tento acessar o "frankamente..." e não consigo, dizem que a página não existe. Aliás, qualquer blog da blogspot ficou inacessível para mim desde terça. Achei que o problema era só meu, mas o Peri me mandou um email dizendo que também ficou travado no limbo. Na sexta, desisti, conclui que tinha morrido e assumi meu perfil de alma-penada-bloguística. Hoje, não tenho idéia como, consegui chegar na página de postagem por outro caminho. Posso falar de novo. Ueba. Mas ainda não consigo ver a minha página e nem responder comentários. Super esquisito. Alguém tem idéia do que ocorre?