terça-feira, 31 de julho de 2007

a quem possa interessar


Hã?
Fui para o Rio hoje, airbus-congonhas-pistona, o aeroporto vazio, vôo saiu na hora, nenhuma fila no embarque, avião com poucos passageiros. Voltei agora pouco, Santos Dumont vazio, nenhuma fila de embarque, avião saiu na hora e vazio também, chegou na hora exata, airbus-congonhas-pistona, um monte de táxis dando sopa, cheguei em casa rapidinho.
Quéisso?

domingo, 29 de julho de 2007

matando a charada


Pronto, e ai está a solução da charada de quinta feira. Franka Produções Tréches editou o iutube para desvendar o enigma, basta assistir. Frankamente..., viu.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

os mistérios da quinta feira

Franka zanza muito por ai encontrando blogueiros tarjados. Vamos ver quem descobre, nesse sensacional iutube que eu produzi, que com quem Franka se encontrou. Uma dessas pessoas sou eu. E a outra, quem é? Tcham tcham tcham tcham. O mistério da quinta feira 26. Aliás, "os" mistérios da quinta feira. Porque tem outro mistério bloguístico nesse iutube, hehehe...

quarta-feira, 25 de julho de 2007

o blutufi

O telefoninho novo tem Bluetooth. Ou Blutufi. Caramba, que vem a ser isso?
- É pra você passar um arquivo pra outro telefone ou pra o seu micro, mãe - explicou o João.
Pois minha amiga Luciana veio aqui essa semana. Olhei para o telefoninho dela e era super parecido com o meu, mas da Nokia.
- Tem blutufi, o seu?
- Tem. Mas não sei usar.
- Vamos tentar? - propus.
- Oba. Vamos.
Tiramos uma foto, guardamos, ligamos os botões certos, sem saber se os telefones tinham que ficar de lado, de bunda, de frente.
- Blutufi é tipo um beijo ou um ato sexual? - perguntei.
- Sei lá - ela falou, - é a minha primeira vez.
Tentamos, tentamos e nada. Estávamos quase desistindo quando o João entrou na sala.
- Você sabe fazer blutufi, filho?
- Claro, mãe. Precisa colocar uma senha, inventa uma ai.
A Luciana inventou.
- Agora coloca a mesma senha você também, mãe.
Coloquei.
E quando vimos, plufti, ou melhor, blutufiti. A imagem pulou de um telefone pra o outro, como se fosse um raio. Blutufiti! Começamos a gritar, histéricas.
- Nossa que escândalo... - falou o João - ... vocês são mesmo muito velhas pra isso...

terça-feira, 24 de julho de 2007

franúrsula andress




Ontem no final da tarde eu sai com a Fran, minha amiga. Perguntei o que ela achou do post "Fran Flamba".
- Lúcia, adorei, mas tem uma coisa.
- O que foi?
- Quem fez aquele fotoshope na minha foto? Foi você?
- Não, Fran, foi a Sílvia. E foi ela que inventou a tarja igual ao sofá modelo maralunga, que está atrás de você. Ficou legal, né?
- Ah, poxa vida. Não gostei não.
- O que foi, Fran?
- O meu cabelo. Porque vocês me colocaram de cabelo verde?
- Verde? Não é verde, é loiro. A gente resolveu te deixar loira pra disfarçar, afinal, não pode aparecer com a cara, o cabelo e os olhos naturais num blog.
- Aquilo é loiro coisa nenhuma. Aquilo lá é uma pasta verde horrível, vocês fizeram de propósito.
- Bom, tá meio verde mesmo, acho que a Silvia errou na mão. Mas...
- Vocês me sacanearam, pra falar a verdade. Se fosse para me fazer loira eu estaria loira, pô. Ô Lúcia, eu queria um cabelo loiro de verdade, loiro mesmo, tipo Marylin.
- Marylin? Sério? Loiro branquelo daquele jeito?
- Não, melhor! Eu queria um loiro tipo o da Ursula Andress. Isso!
- A do 007? Verdade?
- Isso que seria legal, imagina eu loirona à la Ursula Andress. Loira verdadeira! Um absurdo o que a Silvia e você fizeram comigo, vou mandar um torpedo pra ela reclamando já.
E tic tic tic, lá foi ela torpedear a Silvia, brava.
Bom, como não custa nada e como ela ficou triste e reclamou, fui até o fotoshope e flambei a imagem. Realmente, ficou muito melhor.
Franandress flamba.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

fran flamba e franka fica fã de flambagens

Antes que me dê um crepúsculo e que eu não consiga mais postar hoje (uma pessoa com crepúsculo não deve postar pois a chance de fazer um post-ridículo é enorme), resolvi considerar sobre essa ação esdrúxula que é "flambar" alimentos. Sim, de novo vou falar das minhas amigas Sílvia e Fran. A Sílvia entende pra burro de cozinha, e vive se "gambando" disso pra cá e pra lá. Com toda razão, ela faz coisas deliciosas, sempre com a maior animação. Quando uma pessoa explica com fervor o "porquê" de uma comida para você, sempre esse comida tem um gosto muito especial. Principalmente se for bem feita. A Sílvia é assim. Ela explica a comida que ela faz. O máximo.
Na nossa viagem a três não quisemos saber de cozinhar. Fazia parte da molecagem não fazer papel de mãe, de dona de casa, de mulher do lar. Nada de fogão ou geladeira, só farra. Mas eu e a Fran sabemos que a Sílvia tem esse lance com cozinha, e sabemos que isso nos deixa um pouco pra trás. Ora, ninguém gosta de ficar pra trás, nem com amigas. Há tempos que eu sei que tenho que descobrir um modo inteligente de fazer alguma coisa na cozinha para me equiparar a ela. Sempre que ela fala de comidas, eu me esquifo dizendo que "amo lavar pratos". Mas ninguém elogia uma lavagem de pratos, portanto minha especialidade é bem mixuruca. Já a Fran foi bem mais esperta que eu. Beeem mais esperta, gente...
Um dia, quando a Sílvia falava de alguma receita sensacional, ela lançou que sabia fazer uma sobremesa ótima, e explicou que essa sobremesa era "flambada". Olhamos atônitas para ela. Ela explicou como era. Super simples, parecia deliciosa, e ainda por cima tinha esse lance que ganha qualquer parada: a flambagem. Até a Silvia se impressionou.
Logo depois disso, fomos as três convidadas para um jantar. A Fran lembrou da sobremesa e anunciou que ia fazer. Falou que levaria todos os ingredientes e faria a tal cerimônia de jogar álcool e queimar sobre a sobremesa. Assim foi, e foi um sucesso indescritível. Olhem a foto dela (tarjada, claro*) em plena ação de flambagem, pilotando o fogão. Gente, flambar faz muito sucesso. Tanto quanto fazer um risoto maravilhoso, um macarrão especialíssimo, uma paella incrível, um cozido divino. E não dá trabalho nenhum, é uma saída sensacional para os preguiçosos de cozinha. Só eu que estou completamente pra trás das duas, lavando pratos. Alguém tem alguma idéia para me tirar da lanterninha?
* vejam o novo modelo de tarja.

domingo, 22 de julho de 2007

crepúsculo e cerveja

Descobri uma coisa impressionante ontem. Gente. Eu sofro de crepúsculo. Nunca tinha pensado nisso, mas ontem a tarde entendi tudo. Era fim da tarde e eu tinha combinado de ir ao cinema com minha amiga Sílvia. Íamos assistir "Paris". Ela passou aqui para me pegar, tomamos um café, começamos a conversar. Como estava um fim de tarde legal, fomos para o quintal com as xicrinhas, sentamos numas cadeiras velhas e ficamos olhando o céu e falando bobagens. O céu ia mudando de cor e nós duas comentando sem parar. Acabamos nos distraindo muito e perdemos o cinema. "Dá na mesma, esse esse céu está um filme maravilhoso", argumentei, para que não nos chateássemos. Foi quando a coisa começou a acontecer e eu percebi. O céu foi mudando, mudando, ficando meio roxo, laranja, rosa, salmão, carmim, fúcsia (acho que é a primeira vez que escrevo essa palavra), e eu passei a ficar meio triste. Tentei fazer uma gracinha, tentei rir de uma conversa e nada. "Sílvia, que esquisito, esse céu parece que está despencando e isso está me deixando triste pra burro", comentei. Ela me olhou, surpresa, e disse que sentia a mesma coisa. Aí a nossa animada conversa começou a ficar melancólica pra burro. Ficamos bobas, românticas, reclamonas, piegas de tudo, eu e ela. "Ixi. Entramos na parte triste do nosso filme", comentei. A Silvia disse que era normal. Falou que isso é super comprovada essa coisa das pessoas ficarem tristes no crepúsculo. "Dizem que algumas pessoas tem depressão profunda nessa hora. Dizem que nos hospitais os doentes pioram nesse horário", ela comentou. Acho que deve ter a ver com a coisa de acabar o dia e entrar na escuridão. Um tipo diário de morte, que nosso inconsciente capta e nos faz sentir mal. Como se tivéssemos medo da noite. Sei lá. Nunca tinha percebido antes, mas entendi porquê eu fico esquisita nos fins de tarde. "Silvia, eu sofro disso. Eu sofro de crepúsculo". Começamos a rir. "E como se cura crepúsculo?", ela perguntou. "Sei lá", eu respondi, "podemos tentar uma cerveja". Olha, e deu super certo. Depois da primeira lata, estávamos de novo cem por cento. Ótimas. Gente, eu sofro de crepúsculo. E crepúsculo a gente cura com cerveja. Isso é um grande tema para um filme. Não acham?

sábado, 21 de julho de 2007

franka e o fagundes


Ainda sobre o acidente aéreo. Ontem fui num jantar na casa de uns amigos. Um deles viaja muito, e me conta que há algum tempo deixou de viajar por Congonhas. Disse que passou a ter medo, não sabe porque, e que tem marcado todos seus vôos para Cumbica.
Foi quando notamos que eu e ele temos, nos vôos, um pensamento parecido. Tanto eu como ele pensamos em coisas ruins, mas olhamos para os lados e pensamos que é meio impossível que a coisa ruim que a gente pensa sirvam também para os outros. "Olha", eu disse, "o que me impressiona é que as pessoas que morreram, se eu olhasse e estivessem no mesmo avião que eu, eu pensaria que é impossível que acontecesse algo com elas", eu disse. "Nossa...", ele comentou, "eu também! Eu vejo uma mãe com criancinhas e penso que se estou com eles estou seguro, vejo famílias e penso que estou seguro, vejo políticos e penso: esse cara, importante desse modo, jamais esse cara vai morrer". Eu continuei: "um dia viajei com o Fagundes, e me senti super segura, imagina se ia acontecer alguma coisa com o Fagundes. Mas depois desse acidente eu não posso mais pensar nisso, pois morreram pessoas com jeito de muito inocentes".
Pois é. Ninguém está seguro. Nem eu, nem ele, nem os políticos, nem as famílias, nem o Fagundes.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

o telefoninho


Passou a raiva. Da moça da Vivo. Posso escrever agora sobre isso.
Troquei de telefone. O meu tava velho, 'espedaçado', como fala minha mãe, bateria de meia hora no máximo, máquina fotográfica quebrada, ou seja, um celular com praticamente com 100 anos na vida útil de um telefone. Hora de encarar uma despesa e trocar, óbvio. Mas qual modelo? Minha vontade era ter um telefone com monte de teclinhas, uma para cada letra, pra não ter que ficar naquele tic-tic-tic pra mandar torpedo.
Putz, adoro torpedo.
Achei esse ai em cima, que tem, além das teclinhas, email e internet. Demais, pensei, imagina o 'frankamente...' acessado a qualquer momento da minha vida, num restaurante, no carro, num posto de gasolina de uma viagem? Foi ai que começou a minha empolgação pelo aparelhinho. Quem não é consumista vez ou outra? Ah, eu sou. Pago em vezes e pronto, pensei. Comprei, tranquilo, habilitei, tranquilo, liguei para a Vivo, habilitamos a internet deles, tranquilo.
- Agora podemos colocar o email? - perguntei para a moça no telefone.
- Sim. Vou explicar os procedimentos - ela disse do outro lado da linha - a senhora espera um pouco. É complicado.
- Você me ensina - respondi, no maior bom humor.
Ela foi falando. "A senhora vai ver uma tela assim, a senhora digita, blablabla, a senhora entra nesse site, a senhora, a senhora". Tava super fácil, até que complicou um pouco e eu me perdi. A tal da atendente suspira e desabafa:
- Se perdeu? É complicado pra quem é da época da TV preto e branco.
Eu assustei. Comentário estranho para uma atendente de callcenter. Será possível que a atendente estava me chamando de... velha?
- TV preto e branco?
- É. Para quem não tem prática de telefone celular na infância, esses celulares de hoje são muito difíceis de usar.
Eu hesitei, mas resolvi ver até onde ia aquilo.
- Você... você é dessa época? - perguntei, desconfiada.
- Quase - ela disse - Eu era pequena nessa época, tenho filhos adolescentes hoje. A senhora também é?
- Claro que não - menti, cortando o assunto.
Será que eu tenho voz de velha? Porque a mulher simplesmente ignorou minha resposta.
- Pois é. Porque para quem é dessa época é bem dificil conseguir fazer isso sozinha - ela retrucou, me atrapalhando com aquela conversa e me fazendo ficar toda confusa com as teclinhas.
- Moça, espera que não estou conseguindo. Um minuto. Me atrapalhei, vou fazer de novo.
Ela começou a provocar mais ainda.
- A minha filha, que é criança, faz essa programação em dois segundos. Já a gente, com mais idade, se embaralha toda.
- Moça - eu disse, ainda paciente - eu não estou embaralhada.
- Claro que a senhora está. Acho que não vai conseguir.
- Vou começar do zero - falei, desligando o aparelho e ligando de novo. Não era possível que aquela mulher, que devia me ajudar, estivesse me des-incentivando daquele modo. Não era possível.
Depois de um tempinho voltei para o mesmo lugar na tela do telefone.
- Olha moça, não está mesmo aparecendo aqui a tela que você falou. Aquela para eu colocar o meu nome e email.
- A senhora colocou a senha e deu enter?
- Sim.
- Tem que aparecer. Se não apareceu é porque a senhora fez errado.
- Eu não fiz errado. Fiz exatamente o seu passo-a-passo. Vai ver que você esqueceu de algum item, moça. Porque não apare...
- Olha, senhora, não podemos mais continuar. A senhora não sabe manusear o seu telefone. Vá até uma loja e peça ajuda.
- Moça, eu sei manusear um telefone - argumentei - não vou em loja nenhuma porque o vendedor sabe menos que eu. Além disso, é você que tem que me orientar, e não ele.
Ela foi cruel.
- Já disse que para as pessoas mais velhas é difícil, a senhora está fazendo alguma coisa completamente errada. Não posso fazer nada, o procedimento é um só e se não funciona para a senhora, é porque a senhora não sabe usar o aparelho.
- Você não vai me ajudar? - eu me espantei - é isso que está falando?
- Justamente - ela inacreditavelmente me respondeu - Infelizmente não posso fazer nada pela senhora.
- Está falando que eu sou velha e não sei usar um celular?
- Quantos anos a senhora tem?
Gente, é possível? A atendente queria saber a minha idade? Isso é permitido nas leis de callcenteres?
Fiquei irritadíssima.
- Não interessa a minha idade, moça. E quer saber? Não estou acreditando nessa conversa! - eu exclamei, fula da vida - Então, então paciência, muito obrigada.
- De nada, senhora. A Vivo agradece a sua ligação.
- E eu agradeço a sua boa vontade - respondi, p. da vida.
Céus. Que coisa irritante na hora e engraçada depois. Desliguei, atônita, pensando que nem anotei o nome da chata da véia da vivo (ela que é velha, claro, afinal ela que é da época da TV preto e branco). Suspirei. Esperei um dia todo. Liguei ontem de novo para o mesmo número. Falei com um rapaz muito simpático, pena que esqueci o nome dele também. Colocamos o email sem problemas. Tudo funcionando. Quase que perguntei para ele qual a idade que ele achava que eu tinha, mas depois desisti. E se ele fala que tenho mesmo voz-de-véia?
Que absurdo, mas quem não tem uma história de briga em callcenter? Todos tem que passar por isso ao menos uma vez na vida.
Pronto, acabou. E vejam o que eu acesso agora do meu telefoninho.
O meu blog, hehehe.
Frankamente...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

agora eu adoro ônibus

o quindim da minha mãe que "apenas deu errado"

Desde ontem a tardinha que eu travei e não consigo trabalhar direito por causa do acidente. Ontem eu ia para o Rio com um engenheiro, uma arquiteta e um técnico de som para ver uma obra. Organizei a viagem para eles e acabei desistindo de ir na última hora. Quando vi aquele rabo do avião da TAM na televisão, depois que o Zé me ligou porque tinha ouvido algo no rádio, fiquei em pânico. Ai. Seriam os meus amigos? Tremendo, liguei para um deles. O engenheiro, do outro lado da linha, disse alô. Ufa. Eles não conseguiram embarcar ontem e voltaram de ônibus.
A questão é que esses mega acidentes nos hipnotizam de um modo muito estranho. Dizem que é culpa da mídia, dos jornalistas, do excesso de informação. Mas acho que é mais que isso. Olha, eu sou super otimista. Sempre. A maior Polyanna do universo, eu. Estou sempre ignorando as coisas ruins da minha vida e olhando só para as boas. Por exemplo, preciso escrever aqui uma coisa sobre meu novo celular, mas só vou escrever amanhã, quando passar a minha raiva da moça que me atendeu na Vivo.
Mas surgem essas tragedonas e eu caio por terra. Ontem fiquei sentada, no mesmo lugar do sofá, das sete à meia noite com os olhos vidrados na tv. Sem me mexer, estatelada, olhando aquelas notícias repetidas. No meio daquele meu transe de horror, liguei para uma amiga. "Socorro", eu disse, "não consigo parar de olhar a tv. Porque eu estou fazendo isso? Será que estou gostando?", perguntei para ela. Ela disse não. Que achava que era solidariedade. Que no fundo a gente quer ajudar os outros, quer sofrer junto.
Já minha mãe me ligou umas setecentas vezes. Primeiro por causa do quindim dela que deu errado, depois por causa do avião que caiu. Ela é muito impressionável, e já disse aqui uma vez que ela um dia confessou que adora tragédia. É esquisito, mas ela sempre foi assim. A gente não precisa adorar só as coisas deliciosas, eu acho. Existe um componente do ser humano, que a gente teima em não aceitar que existe, que adora o sofrimento. A minha mãe já aceitou esse componente dela, e quando tem tragédia, é sempre a primeira a ligar. A cada desmoronamento ela telefonava de novo. Vai ver que é por isso que eu fiquei assim. Mas penso que se eu não tivesse tv, nem micro, nem rádio, a tragédia para mim não seria menor. O que houve foi uma coisa horrível, que a gente nunca imagina que aconteceria. Não é uma coisa que "apenas deu errado", como esse quindim que minha mãe fez e que desmantelou todo. Foi um treco pra lá de absurdo e incompreensível, que, na minha opinião, não teve a ver com a pista ou com o avião. Pra mim aquilo foi pânico do piloto. Um putz ato falho de um cara que, depois de ouvir milhões de coisas sobre caos aéreo, sobre quedas de avião e pistas mal feitas, teve um clic de medo numa derrapagem, se apavorou, e abortou errado o pouso. Não sei, impressão. As pessoas tem uns pânicos e não sabem, uma hora acontece. Olha. Só sei que eu não quero mais voar por uns tempos. Que medo. Viva o Terminal Tietê.

terça-feira, 17 de julho de 2007

três mulheres


Estávamos na praia, eu e minhas duas amigas, a Silvia e a Fran. Aquelas amigas do post anterior, da geladeira vazia. Nós três deitadas de bruços, olhando as pessoas andando pela praia. As pessoas andam muito pela praia atualmente.
Andam não. Caminham. Esse é o termo certo.
Foi quando apareceu a primeira. Vinha andando com uma amiga, e, a cada passo, trombava na coitada ao lado. A outra desviava, às vezes mudava de lado, num zigzag na areia.
- Vejam - comentou a Silvia - olhem como aquela mulher anda torto.
Nós três passamos a reparar na moça.
- Nossa, que impressionante - falou a Fran - ela tromba sem parar na outra e não percebe o que faz.
- Talvez devêssemos avisá-la - disse a Silvia, preocupada.
- Avisá-la? Como assim? Acha que devemos ir até ela e dizer que ela anda torto? - estranhei, rindo.
- Claro - ponderou minha amiga Silvia - nós, mulheres, muitas vezes andamos torto na vida sem perceber. Isso é muito sério. Seríssimo.
A segunda era uma senhora velhinha muito chique. Veio do lado oposto da mulher que andava torto, usava um enorme chapéu preto com uma fita cor de rosa choque e um colar de pérolas. Cabelo arrumadinho, maiô inteiro preto cobrindo o corpo redondinho.
- Que senhorinha chique, reparem - notei.
- É mesmo - falou a Silvia - elegante pra burro. Até colarzinho de pérola na praia.
- Mas vejam uma coisa - notou a Fran - ela não tem pescoço algum.
- É mesmo... - concordei - por isso fica bem corcunda.
- Já pensaram uma coisa? - continuou a Fran - Em alguma hora da vida a cabeça dela afundou no tronco e nunca mais subiu.
Olhamos de novo. Era verdade.
- Nossa... - eu me assustei com o comentário - vai ver que foi isso mesmo...
- Mas porque a cabeça de uma mulher afundaria no tronco? - indagou a Silvia.
- Sei lá. As cabeças de algumas mulheres as vezes não querem pensar muito. Os maridos fazem isso por elas. Vai ver que é por isso que afundam - a Fran concluiu.
- Tomara que a minha não afunde - comentei - faço o maior esforço, penso, escrevo sem parar. Acho que inconscientemente quero ficar bem pescoçuda.
- Devemos avisá-la também? - perguntou a Silvia, preocupada de novo.
- Não, não. No caso dela é tarde demais - concluiu a Fran.
A terceira mulher passou com um amigo e uma amiga. Estava no meio dos dois, andava retinho e tinha um belo e valente porte. Cabelos presos num rabo, um corpo bem feito e... muito branco. Nossa, a mulher tinha a pele muito branca.
- Vejam que mulher corajosa essa do meio - apontei - essa branquela.
Elas concordaram.
- Porque será ela dá essa impressão? - perguntei - será o modo de andar?
- Não sei, será que é por causa da cor? - argumentou a Silvia - pensando bem, ela deve ser a mulher mais branca do mundo, vejam, ela consegue ser muito mais branca que eu, gente. Tem cor de leite, cor de tubo de PVC. Branquíssima.
A Fran balançou a cabeça, resolvida.
- Não, não é a cor. É a pele. Ela tem a pele muito lisa, quase sem poros, é isso que nos incomoda. E é isso que dá a impressão de valentia, de coragem. A falta de poros.
- Falta de poros? O que será que significa uma pessoa não ter poros, Fran? - perguntei, começando a rir.
Ela embarcou direto na teoria.
- Olha. Acho que ela não interage muito com o mundo ao redor, ou seja, ela é ela mesma sempre, onde estiver. Vejam, ela está na praia e consegue ficar branca desse modo mesmo no solão, está com um biquininho e anda como se estivesse de roupa, conversa na praia como se estivesse numa reunião. Ela nem deve suar, entendem? Óbvio, é uma mulher sem poros, sem interação com o mundo ao redor. Nossa. Que impressionante.
- E ai? Avisamos? - perguntou a Silvia, rindo.
Essas são minhas amigas. O que fazemos não é fofoca, nem falatório sem sentido. O que fazemos o tempo todo é tentar entender a nossa vida. A mulher que anda torto, a mulher que um dia afundou a cabeça no tronco e a mulher sem poros. Parece brincadeira, mas essas coisas são realmente muito sérias na vida das mulheres. Mais.
Nas nossas vidas.
Não avisamos ninguém, mas me arrependo até agora.


segunda-feira, 16 de julho de 2007

liberdade, alforria, emancipação


Gente. Olhem essa geladeira. Não sei se quem não é mãe vai entender o que eu vou falar. Mas essa geladeira nesse estado foi das coisas mais importantes da minha vida. É como ficar presa cerca de dezoito anos e um dia ser solta e poder correr pelas ruas. Estou falando dessa geladeira, ela mesma. Reparem no estado catastrófico dessa geladeira. Numa primeira olhada parece o que? Uma geladeira de solteirão, não acham? Mas saibam, essa geladeira era a geladeira de 3 mães. Isso mesmo, de 3 mães na praia, sem filhos e sem maridos. Eu uma delas. Um monte de garrafas de água, umas folhas de agrião (que não eram nossas), meio suco de laranja, um pote de alguma coisa (acho que uma goiabada, que não era nossa e que foi deixada intacta) e um monte de cerveja. Quem é mãe vai entender o que significa isso.
Pura liberdade.
Desde que nasceu o Chico, meu filho mais velho, que toda a vez que viajo tenho que levar uma montanha de coisas. Com o nascimento dos outros, a coisa só foi piorando. Papinha. Suquinho. Todynho. Biscoito. Gatorade, se alguém passar mal e precisar de soro. Frutas. Comida congelada. Verdura. Coca cola. Pão. Queijo e presunto. Torta. Iogurte. Ovos. Uma geladeira de uma casa de praia, quando a família tem uma mãe, sempre está cheia. Sempre. E se falta comida? Ó, ceus, que desgraça. É um tipo de prisão que a gente vive, esse troço de alimentar os filhos e a família. Até hoje a geladeira da minha casa aqui é entulhada. Coisas saudáveis, coisas para matar a fome, coisas para alimentar. Mas no feriado passado eu fui viajar com duas amigas, as duas mães como eu. Paramos no supermercado antes da viagem e tivemos um acesso de riso. "Vamos levar o que?", perguntei. "Nada, só cerveja e água", disse minha amiga. E pela primeira vez em dezoito anos, me libertei da geladeira cheia. A cada vez que abria essa porta, eu suspirava de prazer. Que delícia isso. Minha libertação. Uma geladeira vazia é demais, fala a verdade.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

totentano

Tá acontecendo uma coisa muito estranha aqui e eu não sei resolver. Simplesmente o sistema de postagem não me deixa colocar fotos, aliás, SUMIU o ícone da foto da folha de postagem. Ontem eu queria colocar um post importantíssimo aqui, mas só teria sentido com uma foto junto, tentei horas, enchi e desisti. Totentano arrumar. Toíno. Té.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

franka amarrada com nó de marinheiro


E nesse feriado, pela primeira vez na vida, o fecho do biquini quebrou e fui amarrada com nó de marinheiro. Isso que dá ter amiga velejadora. Demais. Sei que é um assunto meio bobo, mas tudo que a gente faz pela primeira vez na vida tem um significado. Vou pensar muito para descobrir qual é a real importância disso na minha vida. Amarrada com nó de marinheiro. Hum.

terça-feira, 10 de julho de 2007

"A" flip é pra comer


Olha. Eu fui. Mas o jeito que eu arrumei de ir pra flip não foi exatamente ir pra flip. Porque óbvio que não achei hotel, o lugar é totalmente lotado. Acho que quem foi esse ano reservou hotel em 2003. Assim, só me restavam duas possibilidades. Uma seria esperar que alguma das pessoas que reservou hotel em 2003 morresse. É possível, a contar pela quantidade de gente mais velha que tem na flip, mas é um pensamento um pouco mórbido, que descartei de cara. A outra era apelar para algum blogueiro que morasse por lá. Foi quando eu lembrei do Edu, do Itamambuca. Falei com ele, deu tudo certo. Ele falou que eu podia ficar lá sem problemas, e assim eu e minhas amigas combinamos de ir pra Itamambuca e ir para a flip todos os dias. Mas acontece que Itamambuca é praia. E, bom, praia é demais. E o lugar era lindo. De morrer. E tava o maior solão. Olha, sério. Impossível não aproveitar aquilo. Aquilo lá que era literatura. E mais impossível ainda não morrer de fome depois de uma praia daquelas até as três da tarde. E a flip, que era pra ser para mim um festival literário para assistir palestras e debates, virou uma possibilidade de comer, pois Parati tem uns restaurantes super legais. Pra quem tá com fome então, nem se fala. E se essa fome é fome de horas e horas de praia, pior ainda. Sim, eu fui na flip. Mas gente, eu só pensava em comer. Comer, comer, comer. Imagine você com fome num paraíso cheio de restaurantes bárbaros. Era o paraíso. Olha. A gente comia tanto na flip que não aguentava nem andar depois. Ia para a tenda das palestras já de noite, me arrastando de entupida e satisfeita. E haja fila, óbvio que eu teria que me programar antes para conseguir assistir, coisa que era impossível por causa da fome. Confesso. Eu fui na flip. Cruzei aqui e ali com todos os escritores famosos, inacreditável como a gente encontra todos nas esquinhas. Mas não participei de nenhuma mesa literária, só das mesas de restaurante. E bar, claro. Foi demais. Delícia.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

franka vai pro flip


Até terça que vem.

pizza panqueca


Sou uma caipira exibida, fazer o quê? Olha o instantâneo captado pele meu amigo Rocco ontem nos Sátyros: eu, de preto, à esquerda, o Ivam Cabral, de branco, à direita e no meio, de azul, o... Lauro César Muniz! O bofe, Escalada, Casarão, Carinhoso! Tenho os elepês da trilha musical das novelas até hoje. O destino é demais. Um dia tenho certeza que eu vou ser uma dramaturga.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

um post para o Alberto Guzik


Anos atrás, sábado à tarde. Chega a Sílvia, minha melhor-amiga, para tomar um café. "Trouxe uma coisa para você", ela me diz, colocando um livro na minha mão. "É um livro que eu acabei de ler e adorei. Leia você agora".
A Sílvia sempre mandou muito em mim. Mas como ela é super inteligente, eu deixo.
Li, e também adorei. Sensacional. Era um livro de contos, pequenas histórias, todas voltadas ao mesmo tema: a hora que as pessoas tem na vida o seu maior encontro com a arte. Chamava-se "O que é ser rio, e correr". O livro é maravilhoso, super bem escrito, e eu me identifiquei na hora com o modo de falar do autor. Isso acontece as vezes comigo, essa coisa de achar, depois de ler uma pessoa, que eu já a conheço de algum lugar, que já sou amiga dela. Acho que é um treco de lingagem, de pontuação, vai entender. Gostei tanto que, depois de devolver o livro da Sílvia, fui até a livraria Cultura e comprei um exemplar só para mim. Demais.
Uns meses atrás, percebi sem querer que o autor desse livro tinha um blog. Nossa, que máximo, pensei. Corri lá e achei a mesma voz que tanto me encantou no tal livro. Muitos posts, ele realmente é como eu e adora escrever. Li diversos textos e posts, e, quando olho para o lado, quase dei um berro. Gente do céu. Estava escrito "frankamente..." na lista dos blogs linkados! Sério! O cara tinha me linkado! Ou seja, não fui só eu que gostei da escrita dele. Ele também gostou da minha. Sei lá como me achou, gente, quem falou de mim para ele? Coisas de astros, só pode ser isso. Ou apenas a prova de que a empatia da pontuação e da forma de escrever existe mesmo. Demais de novo. Meu coração bateu emocionado. Tum tum tum. Hahaha.
Óbvio que ficamos amigos, comentarinhos aqui e ali, troca de e-mails, e, o máximo, na segunda feira passada me vi num café no final da tarde esperando por ele, o escritor, atualmente também ator e meu novo amigo Alberto Guzik. Confesso que, sentada ali na cadeirinha e tendo chegado meia hora antes de medo de atrasar (é um putz problema, como sou a maior atrasada do mundo, ou chego horas depois ou horas antes, de medo de chegar horas depois), tive vontade de rir dessa coisa que é conhecer alguém "pela internet". Dá um pouco de vergonha a coisa de se falar "pela internet" e depois ir conhecer a pessoa ao vivo, assim, tipo hora marcada. "Estarei no café as seis, de blusa preta, tenho cabelo liso, tenho cara normal". Meio constrangedor, mas fazer o quê? Morro de vontade de mentir: "olha, sou loira, 19 anos, meio gordinha e estarei de vestido vermelho de bolinhas". Mas eu não ia perder nunca a chance de conhecer o Alberto, de quem fiquei fã, um cara que parecia tão bacana. E sem mentiras. Ele chegou sorrindo, falamos pra burro, nos divertimos muito juntos, e claro, constatamos que somos amigos mesmo. Agora ao vivo e a cores. E para a minha felicidade, acabei a noite com um romance dele nas mãos com uma dedicatória. Linda.
Gente, póde?
Demais ser blogueiro.

terça-feira, 3 de julho de 2007

ai, carro fantasma?


Ela quis que quis ir fazer um intercâmbio e estudar inglês em Londres durante um mês. Lá foi, a minha filha, na semana passada, eu aqui morrendo de saudade. Antes de viajar, mil recomendações. Cuidado com isso, cuidado com aquilo, juízo, fica atenta, você só tem 16 anos, olhalá. "E não esquece uma coisa", comentou um amigo meu à ela, "em Londres as mãos das ruas são ao contrário, portanto na hora de atravessar você tem que olhar antes para a direita e depois para a esquerda, o contrário do que faz aqui no Brasil". Nossa, e eu não tinha pensado nisso.
Ela me ligou ontem.
"Filha, e o negócio da rua ao contrário, já acostumou? Não vá se distrair, peloamordeDeus, hein?".
Ela deu uma risadinha.
"Mãe, a rua a gente aprende rapidinho, fica fria. O esquisito é olhar aquele monte de carro sem motorista. Isso sim dá o maior susto".
Hahaha. Engraçado mesmo.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

entendi tudo


Depois de um final de semana escasquetada com o filme resenhado abaixo, depois e assistir mais dois outros filmes nada a ver com esse e fazer um almoço para a família do Zé, entendi tudo.
Adoro quando isso acontece na minha cabeça.
Na verdade, o filme esquisito da japonesa incendiária que escreve no corpo dos homens pelados é apenas um filme que narra a relação de uma menina com o seu pai. Apenas isso, nada mais. É incrível como as histórias são sempre as mesmas e como são simples na essência. O resumo real do filme não é toda aquela zona quilométrica que eu escrevi no post abaixo. O fato do filme ter tanto homem pelado pouco importa. A escrita em corpos é apenas um meio para chegar num fim, e o resumo é simples e pequeno: era uma vez uma menina apaixonada pelo pai que o viu fracassar diante dela. Mudou toda a sua vida para resolver aquele problema e se vingar do homem que fez mal à ele. O homem que fez mal a ele é o editor, que ela, de um modo esdrúxulo, mata no fim.
O bem, o mal, a vingança do bem contra o mal. O pai, a filha, a paixão maluca que temos por eles. Só isso, apenas isso. Todas nós, meninas, mulheres, mães, temos ou tivemos os nossos pais, que amamos à nossa maneira. Eu, que perdi o meu pai cedo, aos 12 anos de idade, também tive que criar uma história muito esquisita para resolver aquele vazio na minha cabeça. Não usei homens pelados e não matei ninguém, mas desde pequena preciso escrever em busca de respostas. Cada história pessoal é marcada por símbolos, todos muito particulares de cada relação, que usamos como instrumentos para solucionar nossos enigmas. A japonesa escrevia livros nos corpos dos homens, eu escrevo crônicas em um blog. Pouco importa a superfície. Eu e ela estamos fazendo a mesma coisa.