domingo, 21 de dezembro de 2008

jingoubéu, jingoubéu, jingoubéu


Gente, pra que essa quantidade de festa de natal? Comentávamos outro dia essa mania, que virou moda agora, de todo mundo ficar mudando o dia da festa de natal. Natal, pra mim, deveria ser uma festa se comemora ou na virada do dia 24 pra o dia 25, ou no próprio dia 25, que é o dia certo do natal: 25 de dezembro. Mas inventaram que, para agradar todo mundo de todas as famílias de uma casa, pode-se fazer a festa de natal no dia que você bem entender. Tem festa de natal no dia 17, 18, 19, 20. Olha filha, o almoço da família vai ser no dia 23 porque tua irmã vai na casa da cunhada. Olha Lúcia, a comemoração da família vai ser antes, porque a sogra da Fulana não pode no dia 25 e seu cunhado tem a festa da família dele no dia 24 à noite. Assim a festa de natal explodiu completamente, não tem mais dia, e a gente é obrigado a participar de, no mínimo, uns cinco a seis natais diferentes. Mil vezes o a festa de ano novo, que é uma festa fiel, sempre cai no mesmo dia, na mesma hora, esteja cada um onde estiver. Imagina comemorar o ano novo dia 29, se tem cabimento. Além disso, pra a festa do ano novo você não é obrigado a gastar nada, nem tem obrigação de dar lembrancinha inútil pra uma montanha de parente. Pena que não tem lei pra isso no Brasil. E viva o ano novo.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

as fotos do meu telefone








Volta e meia eu tiro umas fotos com meu telefone. Sei que as fotos são para fazer posts, mas geralmente eu volto a olhá-las e esqueço sobre o que eu ia falar. Gagazice total. Na hora me parecem assuntos interessantíssimos, uma pena eu esquecer. Posto aqui pra ver se alguém me dá uma luz. Sobre o que eu queria falar com essas fotos?

sábado, 13 de dezembro de 2008

grandão, pequeniniiiinho


Coisa mais engraçada. A Nana fez aniversário e ontem teve uma festa aqui em casa. Uma festa enorme. Um monte de adolescentes, eles que organizaram tudo. Eu e o Zé caimos fora e fomos jantar (ai que vontade de ficar). Antes de sair eu olhei o "som" que eles arrumaram: duas caixas imensas, enormes, gigantescas, ligada num ipodinho mínimo, ínfimo. Elas grandonas, ele pequeniniiiinho. Que maluco que é isso pra quem é do tempo da vitrolinha.
Tou meio amalucada esses dias pré-natal. Inventei uma novidade, em breve anuncio.

domingo, 7 de dezembro de 2008

a vingancinha


O telefone da Nana, minha filha, quebrou. Era novinho, da Nokia, menos de três meses de uso, parecia legal mas ficou sem imagem e precisava ser trocado. Ou pior e mais trabalhoso, consertado. Ficamos adiando o dia de ir com ela na loja pra brigar com a Claro ou com quem quer que seja, até que o Zé resolveu enfrentar.
Não deu certo, e depois de horas de espera o Zé desisitiu e resolveu comprar um telefone baratinho pra ela e trocar o chip - até termos saco pra levar o aparelho quebrado numa assistência técnica e brigar lá.
- Mas a gente se vingou, Lú - ele me explica - graças ao João.
- O que vocês fizeram?
- Olha, foi idéia do João. Como eles estavam demorando muito pra atender a gente, ele fez o seguinte. Pegou todos os telefones do mostruário da loja, um a um, e, fingindo que estava olhando e analisando, tirava fotos dele mesmo e colocava nos fundos de tela. Ele fez isso em todos os telefones da loja, Lú. Deu pra fazer em todos, de tanto que demorou. Ele tirava as fotos de baixo, com uma cara super séria. E agora todos os telefones da loja da Claro do Shopping Villa Lobos tem a cara do João de fundo de tela. Todos. Tudo bem que a Claro é chata e que aquela loja é pentelha, mas ele vão ter o maior trabalho para desfazer a brincadeira do João.

sábado, 6 de dezembro de 2008

franka pinta o cabelo


Fui pintar o cabelo hoje. O processo é longo, demorado e chato. Morro de preguiça de pintar o cabelo, mas ver a minha imagem com o tom pálido dos fios brancos bem no meio do couro cabeludo, ainda mais quando se tem cabelos lisos, é bem deprimente. Não ando numa fase (essas fases existem) de estar "nem ai" e desencanar da aparência, portanto me precavi e marquei pra hoje, sábado. Caos maior do que cabelereiro no sábado não há. O certo é marcar durante a semana, num horário de aposentada, mas é impossível, claro. Fui, me apresentei, peguei a fichinha, esperei a moça me chamar. Depois de sentar na cadeira e me olhar no espelho, vem o rapaz, assistente dela e passa um gel na minha testa, ao redor do couro cabeludo, desde a testa até o pescoço. Ninguém explica nada, nunca explicou, mas acho que é pra a tinta do cabelo não entrar dentro da pele. Isso me assusta muito, imagine tingir a testa também? Depois surge a moça com um pote com uma meleca meio beje, que é passada nas raizes com um pincel largo, em camadas, primeiro em cima, depois descendo. Ele aplicam separando o cabelo com um pente, como se sua cabeça fosse uma plantação. Ai começa a pior parte: você tem que ficar com aquela meleca na cabeça, parecendo uma bruxa maluca de cabelos em pé por meia hora sem fazer nada. Eu sempre olho ao redor com desespero, mas parece que sou a única mulher que acha ruim. Todas as outras sorriem, conversam e não se entendiam. Olho no espelho e vejo que a meleca beje muda de cor, escurece feito uma massa de chocolate. Ganho uma revista, quando olho é uma Trip. A revista tem boas matérias, mas também um monte de mulher semi pelada em poses sexis, e concluo que como o lugar está lotado todas as revistas Caras e Contigos estão ocupadas, só me restou a revista dos homens. A cabeça coça, mas não se pode coçar porque a tinta mancha os dedos, começo a ficar aflita. Tento achar o rapazinho assistente para pedir um café, mas não me lembro mais quem ele era, todos são idênticos com cabelos espetados com alguns fios brancos. O tempo demora a passar, e eu começo a achar que me esqueceram ali. Sempre tenho esse pesadelo no cabelereiro - que vou ser esquecida com a pasta no cabelo e que aquilo é forte demais, que não pode ficar tanto tempo - e imagino que quando lembrarem de mim será tarde demais. O Jaques e a Janine vão me pagar uma mega indenização e mais um a mais pra eu ficar calada, mas eu ainda vou ter raiva deles e não vou me sentir vingada porque estou careca. Olho no relógio, passaram apenas quinze minutos e já li tudo que podia ler na Trip. Resolvo telefonar, mas lembro que a meleca suja todo celular e a mão, péssima idéia. Já no auge do desespero, o rapaz surge e avisa que vai passar a meleca no cabelo todo. Coloca luvas e me empastela toda. Avisa que vou ficar mais um pouco ali, esqueço de pedir outra revista e resolvo ler a Trip de novo. Mais coçeira, tento esquecer, barulho de secador, barulho de conversa, uma moça varre o chão. Sei que poderia passear, andar, dar uma volta anti-tédio durante esse tempo, mas a visão que tenho de mim mesma no espelho me afunda na cadeira como se tivesse sido pregada com pregos: estou simplesmente horrenda. Depois de uma eternidade, o moço surge de novo e avisa que vamos lavar. Tem gente que acha bom lavar, diz que é relaxante, mas eu devo ter algum problema no pescoço porque aquela posição e aquela pá-bacia de colocar a cabeça são horríveis para mim. Saio toda torta, feito árabe, volto pra cadeira e me esquecem de novo ali um tempo. A cabelereira surge toda sorridente, tira a toalha, avalia a cor, fica satisfeita e passa a cortar as pontas. Penteia, corta, mede, seca com secador, escova, arruma e coloca um espelho pra eu ver atrás. Eu sempre elogio, ela fica muito feliz. Saio esvoaçante e pintada. Olho no relógio: duas horas e dez minutos. Missão cumprida, agora só volto três meses depois.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Déo, Ringo, gato, sangue, cocô


Minha irmã Ângela estava esperando um telefonema pra um emprego novo. O dia todo atenta ao telefone, aquelas coisas. Tinha ensaiado um monte de frases, argumentos, citações, decorado frases, dependendo do que a pessoa falasse. O telefone toca, ela corre a atender.
- Alou.
Era a moça do emprego. Opa. Hora de ouvir o que ela tem a dizer e iniciar o teatro todo. Ela se apruma na cadeira e olha para a frente. Quando vai começar a falar, entra um passarinho endoidecido na sala. Ai. Um passarinho, coitadinho. Minha irmã adora bichos. Tem cachorro, gatos, tartarugas, tudo que for animal e estiver precisando de abrigo ela adota.
- Alou, oi - e ela olha o passarinho, aflitíssima - alou, ai, um probleminha, péra.
A empregada podia ajudar, ela pensa. A empregada da Ângela se chama Déo. Segundo ela, se a gente chama a Déo um monte de vezes parece que toca um sino: Déo, Déo, Déo.
- Déééo. Déo?
O passarinho começa a voar de lá pra cá, desesperado. Ela não sabe o que fazer. Resolve pegar o bicho, mesmo segurando o telefone.
- Déo? Déo, Déo, vem rápido! Déo, Déo, Déo, ai meu Deus.
Nisso entra o Ringo, o cachorro, que ouviu a gritaria. Olha o passarinho e quer matar, comer, pegar, estraçalhar aquele intruso. Fica mais maluco que o passarinho, e a Ângela começa a gritar mais ainda.
- Déo, Déo, Déo, não, pára Ringo, Ringo, pára Ringo!
Se não bastasse isso, surge o gato, que se chama gato mesmo. O gato também resolve matar, comer, pegar, estraçalhar o pobre do passarinho. Céus.
- Ringo, não! Déo, Déo, Déo, cadê você, Ringo pára, ai, o gato, o gato também não! Pára gato, Déo, Déo, Déo, socorro, Ringo pára, Ringo, sai gato!
Ela consegue pegar o bichinho, em pânico, mas o coitadinho quase escapa da mão dela porque o Ringo avança e arranha um pouco o pobrezinho no meio da luta.
- Sangue! Ringo, Ringo pára, gato, pára, ai sangue, sangue tadinho, Déo, Déo, Déo me ajuda, Ringo, pára, sangue não, ai, Déo!
Segura o passarinho com força junto do corpo dela e sai correndo para colocar lá fora, seguida pelo Ringo, pelo gato e pela Déo, que apareceu enfim, quando vê que o passarinho fez cocô.
- Cocôôô...! Cocôôô...!
Sai correndo e gritando, a blusa, a mão dela toda suja.
- Ai, cocô não! Déo, ajuda, Déo, Ringo, pára, gato, pára, ai, cocô, ãããeeee, ãããeee, sangue, sangue, cocô, cocô!
E ela solta o passarinho, que mesmo machucado, sai voando. A Ângela, a Déo, o Ringo e o gato olham o passarinho salvo lá longe e depois de um pequeno silêncio ela se lembra que ainda está... com o telefone na mão.
- Alou?
- Ângela? Tudo bem por ai?
Trabalho é trabalho, ela pensa, retomando a conversa.
- Tudo ótimo, só tive um probleminha de nada aqui. Vamos lá.
E passou a falar tudo que tinha decorado.
.
- Lúcia, pensa, você contraria alguém que, sem nem te falar oi no telefone berra Déo, Déo, Déo, Ringo, Ringo, Ringo, gato, gato, gato, sangue, sangue, sangue, ãããeee, ãããeee, ãããeee, cocô, cocô, cocô!, e que depois não explica nada? Pois bem. Hahaha. Eles me contrataram mesmo assim, acredite.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

a vida é um banco imobiliário


- Pois é o que eu sempre digo, gente. A vida é como o Banco Imobiliário, tem a sorte e o revés...
- Hã?
- Hã?
- Hã? - perguntaram os meninos pra o Zé no jantar.
Ele olhou pra os três e para mim, seríssimo.
- Eu queria completar essa conversa assim, gente. Estamos aqui falando de coisas que dão certo, que dão errado, e eu pensei isso, que a vida é assim, é como o jogo do Banco Imobiliário. Tem dias que a gente tira a sorte, tem dia que a gente tira o revés, entendem?
- Ixi, lá vem o papai.
- Nossa, que teoria profunda.
Eu lembrei do jogo. Adorava aquilo.
- Uau, Zé, Banco Imobiliário... Quando eu era pequena, o bairro que eu morava era super barato de comprar. A Rua Augusta era uma pechincha, e eu morava bem ali do lado, na Haddock Lobo. Só a Nossa Senhora de Copacabana era mais barato que a Rua Augusta, que eu me lembre. Tinha a maior inveja dos amigos que moravam no Morumbi, eu me achava a maior pobre e não queria nem comprar o meu bairro quando caia nele. Que jogo mais estranho pra uma criança, pensando bem. Segregacionista.
- E você pai?
- O Brooklin era mais caro que a rua Augusta, mas não sei se era mais caro que o Jardim Paulista, por exemplo - eu lembrei.
- Só não era mais caro que o Morumbi - exibiu o Zé.
- Como que é mesmo sua teoria, pai?
Ele tentou explicar mais uma vez.
- Eu falo só das cartas do jogo, gente, esquece o resto, tinha a sorte e o revézes e...
- Não é revézes pai, é revés. Revézes parece fezes, olha o papai falando errado.
- Ele tá tirando sarro, João - falou a Nana - ele vive falando palavra errada principalmente se combina com bobeira e escatologia.
- Gente, isso não interessa, eu estou falando que...
- "A vida é um banco imobiliário...". Já sabemos, você já falou isso - disse o João.
- E como é na vida o lance de avançar casas, pai? - riu a Nana.
- E pagar imposto, pai?
- E comprar empresa, pai?
- A gente na vida tem que tomar cuidado pra não ir pra hotel no Morumbi, né pai?
O Zé suspirou, ainda tentando completar a teoria.
- Pára de fazer gracinha, gente, o que eu digo é que na vida as...
Os três começaram a rir.
- Essa é boa, vai ficar famosa na família - riu o Chico - E pai, é sempre bom ter uma saída livre pra a prisão né?
Filhos grandes.
Socorro.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

o fax do seu consul


Parei de trabalhar em casa, mas ainda tenho o meu escritório aqui. Tem minha mesa, o meu micro (velho), telefone, impressora, fax, scanner, tudo meio às moscas. O telefone nunca mais toca, uso só de vez em quando. Mas na semana passada, um dia meio a noite, o negócio começou a chamar sem parar. Tocava, caia no fax, tocava caia no fax, me deu preguiça de ver quem era. Ora, se fosse importante a pessoa me ligaria no celular. Ou no telefone de casa. Desencanei.
No dia seguinte, logo de manhã, o telefone do escritório voltou a apitar. Trimmm, pééé (pééé é o barulhinho do fax). Trimmm, pééé. Trimmm, pééé. Sentei aqui pra fazer um post, intrigada. Foi quando vi que tinha realmente um fax chegando.
Não era pra mim. Era alguém ligando e passando um fax para um tal de senhor Carlos. E nossa, parece que a pessoa queria muito falar com esse senhor Carlos. No texto do fax o homem contava que tentou ligar para o celular dele e nada, que tentou mandar um email que voltou, e que agora tentava ligar para o telefone fixo dele, mas como estava no fax desde o dia anterior, ele resolveu mandar o fax. Ele queria saber sobre um empreendimento, uma coisa que chamava Bosque Platinum ou coisa que o valha, queria uma resposta urgente. Parecia importante e ele perguntava como fazia para falar com esse Carlos. E no fim ele assinou: "sr. Consul".
Consul? Nossa, o homem tinha nome de geladeira? Freezer? Consul? Nunca vi ninguém com esse nome. Engraçado. E se ele fosse Consul, ele não assinaria Consul, e sim Consul Alguma Coisa. Ele tinha mesmo o nome do nome da geladeira. Eu envolvida lendo o fax e o telefone toca de novo. Era ele, só podia ser. Desliguei o fax e antendi.
- Alô.
- Bom dia - a voz dele era de alívio - Bom dia, por favor o senhor Carlos? Aqui é Consul.
Hahaha. O próprio.
- Oi seu Consul. Estou aqui com seu fax.
- Ah, acabei de passar mesmo, não conseguia que atendessem ai. Por favor, a senhora poderia me chamar o sr. Carlos?
- Pois é seu Consul, o problema é que não tem Carlos nenhum aqui. Tem só eu, e eu sou Lúcia. O senhor ligou engano e passou um fax-engano também. Aliás, seu Consul, eu nem atendo esse telefone, eu só atendi para dizer para o senhor que o sr. Carlos não vai receber esse fax.
- O sr. Carlos não mora ai? Como assim? Mas o número não é...
- É, seu Consul, o número tá certo, mas não tem Carlos nenhum aqui.
- Mas... mas que coisa... como...?
- O senhor não conseguiu falar com ele no celular e nem no e-mail, né? Eu li o fax que o senhor escreveu, o senhor me perdoa, mas chegou aqui na minha casa. Então eu sei.
- É, não consegui... - ele estava desconsolado - Puxa vida, viu, dona Lúcia.
- Descupa, seu Consul, mas eu não posso ajudar o senhor.
- Escuta, não tem mesmo nenhum Carlos ai?
- Não.
O homem desabafou de repente.
- Sabe senhora, acho que esse Carlos me enganou. Celular errado, e-mail errado e telefone errado, tudo falso? Ah, que coisa... O que a senhora acha?
- Olha seu Consul, parece que sim.
- Bom. Obrigada, dona Lúcia, e até logo.
Seu Consul era super educado. E eu consegui (juro que foi difícil, mas difícil mesmo) não tirar sarro do nome dele e dizer que ele entrou numa fria.