segunda-feira, 14 de maio de 2007

Pecus, o taberneiro maluco



Sexta feira recebi um convite irrecusável. Jantar na casa do Pecus. Fiquei super nervosa. Tudo bem que conheço o Pecus de encontros de blogueiros, mas ali eu estava diante da oportunidade única: conhecer a intimidade do cara. A casa dele, as coisas dele, até a imagem do São Galvão, que ele veio exibir que é tatatataraavô dele. Quando soube do convite, eu, burra, falei para ele que ia aproveitar, filmar e fazer um Youtube de sucesso imbatível: “a vida íntima de Pecus Bilis”. Um pouco antes de eu me arrumar para ir ao jantar, a Márcia apareceu no MSN. Contei para ela aonde ia e ela quase caiu pra trás. Não vá sujar o sofá dele com seu danger-jins, Franka, ela disse.
Hehehe. Claro que eu fui com o jins assassino.
Lá fomos, eu o Zé, na casa do sr. da sra. Bilis. E claro que eu fui com a máquina escondida e meu plano em mente. Além de nós, outros casais, um jantar super sério, bacanão mesmo. Respirei fundo e, fazendo lá a tal da “social”, passei, discretamente, a olhar ao redor. Ora, a gente, que é blogueiro, vai todo santo dia na casa virtual dos outros. Mas ali eu estava na casa de verdade do Pecus. E confesso. Por mais que a gente seja adulto e velho, nessas situações a gente vira super criança. Fiquei reparando em tudo, numa super investigação, tentando achar alguma pista. Ahá, um sofá branco. Ahá, sentei, claro. Ahá, lavabo. Ahá, óbvio que pedi licença e fui fazer xixi para fuxicar, pensando que depois eu voltaria lá com a minha câmera.
Mas foi ai que começaram a acontecer coisas. Eu, que achava que estava no comando da investigação para depois fazer o tal post sensacionalista, notei que comecei a ser completamente abduzida. O primeiro susto foi quando vi o que ele fez para o jantar. Gente, pasmem. Tinha javali. É, é isso mesmo. Javali, o bicho. Aquela comida do Obelix. Fiquei impressionadíssima. Servir javali é uma coisa tão valente como caçar um javali, não acham? Ora, e pra mim, que sou caipira, comer um javali é uma coisa tão esdrúxula como comer bife de hipopótamo. Não sabia como comentar, cada vez que pensava numa frase inteligente me dava vontade de rir. Dizer o que? “Nossa, que intenso esse javali, Pecus”. Tentei outras frases, como “que carne violenta tem o javali”, ou “que gosto selvagem tem o javali”, mas sabia tudo me daria acessos de riso e preferi ficar calada com o enigma. Javali? Porque? Mas o desconcerto foi piorando, eu não percebendo nada. Claro que ele fez aquele menu para me impressionar e me tirar do foco, comer javali deve ter qualidades alucinatórias, como posso ter tão acéfala? Franka tem de cérebro de javali, droga. Foi quando ele passou, discretamente, a me embebedar sem que eu percebesse. Era, claro, tudo um plano dele para evitar o meu Youtube, que eu, burra, contei antes que ia fazer. Claro. Assim ele passou, discretamente, a encher o meu copo feito um taberneiro maluco. Eu o via chegando com uma garrafa de vinho toda lindinha com um biquinho de metal, mas como não via outras garrafas, achava que era sempre a mesma. Sei lá o que ele fazia com os vasilhames, onde enfiava, porque sempre só tinha uma na mesa. E ele lá, enchendo o meu copo desvairadamente, numa velocidade absurda.
Acabamos de comer e fomos para o jardim, onde ele exibiu a prancha-sapona boiando na piscina, local aonde ele provavelmente surfa (nem vem que aquilo nunca deve ter saído dali), depois fomos na sala ver a imagem do frei Galvão, que, nossa, é mesmo a cara cuspida escarrada dele. Resolvi que era a hora da câmera, peguei a máquina e notei que o taberneiro Pecus se aproximava de novo para encher o meu caneco. Já meio zonza, resolvi filmar. Mas daí passei a ficar confusa. O que eu ia filmar mesmo? Cadê o Pecus? Ia filmar o Pecus aonde mesmo? No lavabo? Na prancha? Em cima do javali? Quem era mesmo o taberneiro? E enquanto eu andava de lá pra cá, tropeçando em zig zag e dando vexame atrás e vexame, lá vinha ele com a garrafa, sorrindo de lado. Taberneiro desvairado, louco, alucinado, insano. Olha, gente, que desastre. Fiz um filme sei lá como, que coloco aqui só para não dizer que tudo isso foi mentira, porque óbvio que no estado que a pobre Franka se encontrava, ficou tudo uma escuridão total. O pior Youtube da Internet. Nem sei bem o que filmei, mas dá pra vê-lo lá no fundo, escondido, a cabecinha do meio, rindo do meu estado. Só me lembro que no fim da festa, ele, provavelmente animado pelo poder de ter conseguido me aniquilar, resolveu, audacioso, pular a piscina feito uma garça, como se fosse um rio, sob os berros desesperados dos convidados. No filme só dá pra ouvir os gritos e a risada dele. Sei lá, gente, vocês não tem idéia do meu estado quando eu sai de lá, o Zé deve ter tido o maior trabalho com aquele meu PTA (perda total e absoluta).
Um perigo esse negócio de fazer Youtube. Minha única esperança de vingança é que meu danger-jins tenha manchado muuuuuito o sofá dele. Será?


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