quarta-feira, 30 de abril de 2008

os colifordis


Tenho um amigo que mora na praia há anos. A tal praia começou a ficar poluída por causa da falta de cuidado com o esgoto no local. Começou uma campanha, placas explicativas aqui e ali, folhetos e manifestações para orientar os moradores e veranistas. O lugar é lindo, ninguém quer que estrague.
A faxineira dele entra em casa esbaforida.
- O senhor não sabe. Colocaram uma placa enorme na praia.
- Ah, você viu? - ele perguntou para a moça, feliz dela ter visto - Você leu?
- Li...- e ela hesitou um pouco - mas será que o senhor pode me explicar uma coisa?
- Claro.
- Diz que a praia está imprópria porque tem umas coisas estranhas nela.
- Que coisas estranhas?
- Eu li lá na placa. Uma coisa esquisita, parece que são uns tais de... colifordis. Acho que era isso. Colifordis. O senhor sabe o que é isso? Um tipo de bicho? É vírus? Não vou mais lá não.
- Não é "colifordis" - ele explica pra ela, rindo - na placa está escrito "coliformes fecais".
- Ah. E o que é isso, hein? O senhor sabe?
- Isso é... cocô.
- É cocô?
- É, a praia está poluída, por isso estão fazendo uma campanha para a população não lançar mais esgoto direto no rio e...
Ela interrompe, confusa.
- Nossa, na placa está escrito que tem cocô na praia?!?
- Tá.
- Mas, que horror! E o senhor, eles, alguém sabe quem é que anda fazendo cocô em plena praia?!?

terça-feira, 29 de abril de 2008

the frankoffice


Hoje eu tou trabalhando num escritório novo. Não estou mais em casa, e está muito, mas muito esquisito. Primeiro que eu esqueço tudo, no antigo escritório e aqui. Isso se chama ser "barata-tonta". Tem um lance de chaves que não me passava pela cabeça que existia, depois de nove anos trabalhando em casa. Tranca, destranca, não pode esquecer a chave dentro, putis medo. Depois porque isso aqui está improvisado, e como ainda não tenho móveis, estou numa mesa de jardim, daquelas de plástico, e ela balança pra burro. Depois aqui é prédio, e tem um monte de vizinhos. Um prédio de conjuntos comerciais, sabe como é? Aquele monte de portinha num hall. Já fiz alguns amigos, conheci a vizinha de porta hoje (uma arquiteta como eu) e o vizinho do fundo do corredor (corretor de imóveis). E tem meu primo médico num andar em baixo. Meu prédio, pasmem, tem "concierge". Hahaha. Super legal a sala dele, que dá pra um jardinzinho. A maioria das pessoas que trabalham aqui é psiquiatra, psicanalista e psicólogo. Fui na recepção e contei: 38 deles. Posso ficar louca varrida que acho que um deles me salva. A Bê me disse que esse é um prédio onde se sussuram muitos segredos, um em cada salinha. Olha que louco. Além disso, muitos deles cuidam de famosos, me contaram, e eu, que sou otimista, acho que daqui a pouco vou encontrar o Roberto Carlos ou a Xuxa no elevador. Pensei em fazer um blog pra o escritório e escrever todos os dias uma coisa qualquer sobre o prédio, os vizinhos, ou sobre as estranhas conversas de elevador, que há anos não sei o que é isso. Tou pensando que nome darei pra esse blog paralelo, que com certeza seria super divertido.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

franka no-ar...


É ela???
Não é ela???
É???
Não é???
Ó dúvida.
Como foram muitas as críticas à roupitcha da Fran-kanova, ela tem andado por ai um pouco... disfarçada.

- Assim tá melhor, Franka? Será que assim eles vão gostar mais? - pergunta o Caio, meu cunhado, o grande autor da polêmica Franka-nova, ao me mandar essa imagem.
- Caio, tadinha! Ela tá toda encapotada!
- Ela resolveu se recolher um pouco. Muita exposição, sabe? Achei que valia um clima mais "noir". Roupa de homem, sapato de homem.
- Prefiro a outra, Caio!
- Eu também, mas shiuuu. Vamos ver o que eles falam dessa.
Hahaha.

domingo, 27 de abril de 2008

mangas, ual

Nossa prima. A mais linda de todas primas. Foi modelo da revista "Tricô e Crochê" de um ano qualquer quando eu a Ângela éramos meninas. A gente queria muito ser ela. Nada mais nada menos. A gente imitava muito essa prima, inclusive eu ganhava da Ângela porque meu nome tinha a letra "i" e a nossa prima escrevia o nome dela com umas bolinhas no pingo do "i" - o que eu imitava, claro - mas a Ângela não podia colocar. Hahaha.
Ontem encontramos essa prima. A Farra-falset da família. Lindona, sem plástica nem silicone. Inacreditável. Putis cabelo. Roupa produzida. Eu e a Ângela pasmamos, mesmo trinta anos depois.
Ual.
E além disto, ontem ela me fez o maior bem. Sabe aqueles ensinamentos básicos que a gente esquece? Tipo "aprende a falar não, Lúcia". Do tipo "pára de explicar tudo, Lúcia". Do tipo "você não tem que agradar todo mundo, Lúcia". Do tipo "ninguém aguenta gente muito feliz, Lúcia". Eu tava meio baixastral ontem. E ela dá aula de alguma coisa parecida com energização, algo com fengchui, ervas, pensamentos positivos, não sei bem, acho melhor ligar pra ela depois e perguntar.
A questão é que ela faz bem aos outros.
- Lú. Ân. Estou vendendo umas coisas que eu fiz - ela disse.
- Vendendo?
- Agora eu sou assim. Adoro fazer as roupas, bolsas, acessórios. E vendo.
- Você leva aqui e ali?
- Não, mas quando não trago, as pessoas vêem o que eu estou vestindo e me falam: que lindo, eu respondo: quer comprar? E eu vendo, mesmo se estiver usando.
- Sério? - e eu e a Ângela começamos a olhar pra a roupa dela, interessadíííssimas.
Ai que vontade de comprar. Era bárbara. Um vestido meio verde, decotado, um top branco em baixo, um colar transado até o umbigo...
- Mas você tem alguma coisa ai pra gente? - a Ângela arriscou.
- Hum. Aqui não, mas pode ser que tenha no carro. Querem ver?
Ual.
Fomos para o quarto experimentar. Ela tira de um saquinho umas blusas, umas bolsas lindas. E umas...
- Primaaa.
- Quê.
- Que-que-é-isto?
- Uma manga.
- Manga?
- Vendo em duas. Uma pra cada braço.
E ela mostra duas mangas, sem corpo, apenas os braços. De crochê. Tricô? Sei lá. Nunca vi aquilo na vida.
- Como usa isso?- eu perguntei.
- Olha pra Ângela - ela apontou - ela tá com uma blusa sem manga. Se fica frio, ela vem e veste as mangas!
E minha irmã vestiu as... mangas!
- Tá quentinho! - exclamou a Ângela.
- Mas isso... é moda? - perguntei.
- Acho que não. Eu que inventei.
Ual.
Ao vencedor, as mangas?

sexta-feira, 25 de abril de 2008

uau, na capa da Folha!


a foto montagem é minha, porque o FHC ficou fora do scanner, mas ele também tá na capa comigo, hehehe

Uau. Nossa, tou aqui meio de perna bamba. Meu nome na primeira página da Folha de São Paulo? Com a chamada pra crônica da revista Morar? Sai berrando pela casa.
- Zééé! Chiiiico! Juuuuuuuca! Naniiiiiiiiiiiiii! Olha a mamãe, olha a mamãe, olha!
- Legal, mãe.
- Legal, mãe.
- Valeu,mãe.
- Nossa, Lu...
Era meio cedo, eles meio com sono. O Zé ficou olhando, analisando.
- Nossa, nunca ninguém da nossa família saiu na capa dum jornal. Nossa. Olha, Lu, e você tá do lado do Kassábe, da Marta, Serra e até do F. Agassê!
- É verdade, Zé.
- E é incrível, você está na capa mesmo, e ainda bem que não precisou matar ninguém. Ufa.
Hahaha. O Zé fala tanta bobagem como eu.

para ler a crônica, clique na imagem que ela amplia


quinta-feira, 24 de abril de 2008

fran-kaninja

Ontem, quando eu vi que tava a maior discussão aqui no blog por causa da Fran-kanova, corri pra casa da minha irmã.
- Ângela, eles tão tudo falando mal da Franka-nova!
- Eu vi, estou acompanhando! Lúcia, porque? A gente gostou tanto! É demais!
- Ângela, eu não sei! Ela ficou do jeito que eu queria, linda, os cabelos daquele jeito que eu falei pra o Caio, de mecha, nossa, será que a gente pirou desse tanto, de sonhar com uma Franka que ninguém gosta? Será que a gente tá virando monstra, sem atitude, sem ação, sem personalidade, sem jeitão, sem sei lá! É tanta crítica!
- Lúcia, acho que eles implicaram foi com a roupa.
- Ângela, a roupa quem desenhou foi você.
- Lúcia, eu sei. Agora que eu percebi que parece meio draguikin.
- Ângela, mas roupa é como fantasia. E é HQ! Ela podia estar de qualquer coisa. Franka-engenheira, Franka-professora, Franka-freira, Franka-enfermeira, Franka-patinadora, Franka-guitarrista...
Meu sobrinho Luiz chegou perto e me deu um desenho.
- Olha a Franka-ninja, tia.
- Acho que todo mundo vai gostar da Franka-ninja, ela tá vestida da cabeça aos pés... - disse minha irmã, desconsolada, achando que era culpa dela.
Franka-ninja! Gente, olha eu, a Franka-nova, transformada em Franka-ninja, que demais. O mais engraçado é que só uma coisa do meu corpo fica descoberta: a tarja. Hahaha. Viva você, Luiz.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

CAIO, VALEU!



Emocionadíssima. Agora tenho uma Franka só minha, agora eu não sou mais uma ladra de imagens do ilustrador holandês dono da Franka, o Henk Kuijpers. O Caio, meu cunhado ilustrador, fez uma imagem da minha Franka só pra mim. Discutimos muito. Eu disse que ela tinha que ser bem gostosona mas magrela. Ele e a turma da banda dele discordaram, pois acharam que era melhor a Franka ser mais rechonchuda (que idéia). Assim, acho que meio a contragosto, ele deu uma boa emagrecida nela (essa imagem, segundo a minha irmã, se for lida no sentido anti horário, se chama "a dieta da Franka"). Quanto a roupa, foi escolha da minha irmã, a Ângela. Achei meio escadalosa no começo, pedi pra fazer a saia um pouco mais comprida (imaginem onde estava antes), agora acostumei. É, claro, uma personagem de HQ, portanto tem que ter sua própria personalidade. Eu apenas pedi botas, para ser fiel à antiga imagem. O resto tai. A nova Franka! Opiniões, plise.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

linçom?


Era uma conversa sobre garçons e restaurantes.
- Tem lugar que os garçons que nem te notam, que parece que são treinados para atravessarem um salão de cem metros sem olhar para os lados - comentou um amigo - é horrível, você fica se esperneando todo, balançando a mão, fazendo careta e nada, é como se fosse invisível.
Concordei com ele.
- Verdade. Passam olhando de lado, feito egípcias, hahaha. Tenho vontade de me levantar e ir pedir na cozinha - eu disse.
- Ao mesmo tempo, repara uma coisa: tem uns faróis de São Paulo que tem uns vendedores de bala que, se você, sem querer, mas sem querer mesmo, der uma micro-olhadinha de cantinho de olho pra eles, os caras percebem de longe e vem correndo, achando que você quer comprar. É impressionante. Olha, quando eu paro nesses faróis eu faço o maior esforço para não olhar para nada. Incrível o olho de lince dos caras. Às vezes eu até finjo que falo no celular.
- Hahaha. É mesmo.
- Quer saber? Esses donos de restaurante não pensam. Querem oferecer um bom atendimento? Vão no farol e chamam esses caras pra serem garçons. Os vendedores de bala.
Hahaha. Observação engraçada.

sábado, 19 de abril de 2008

a confusão do simpático



Gente, eu queria esse disco. Esse disco é de um conjunto esloveno que se chama Srečna mladina. Acho que isso é o nome, uma vez que não entendo sloveno. Tenho o linque, mas detesto colocar linque em post. Bem, pode ser também que essa palavra signifique qualquer outra coisa. Não importa. É que nesse disco que tem a primeira e mais legal versão que eu ouvi da música "Simpático".
Tudo começou com o primo Francisco, que um dia foi pra Eslovênia, entrou numa loja de discos e disse ao vendedor esloveno: "quero um disco bacana da Eslovênia". O vendedor foi até a banquinha de discos e trouxe esse para ele, dizendo "esse é muito bom". Segundo ele, o vendedor falava inglês, claro.
- E o disco é bom, ô primo?
- Não sei avaliar. Vamos ouvir juntos? A única coisa que eu sei da Eslovênia é que todas as palavras tem a letra "j". Facílimo escrever em esloveno - ele declarou, convencido.
A um era legal, a dois também, e a três era uma versão do tal conjunto da música do Adriano Celentano, "Sono un simpático". Eu achei a música o máximo, ouvi mil vezes, mas o Francisco não quis me emprestar para gravar, com ciúme do disco esloveno.
- O disco fica aqui, você ouve quando vier na minha casa. Uma hora eu te gravo.
Duvidei daquela promessa e fui procurar na internet. Achei impossível que uma música tão boa como aquela não aparecesse nos buscadores. Mas nada. Achei dois "simpáticos": uma música meio rapper, outra italiana, essa idêntica à do disco dele. E dai que descobri que a música dos eslovenos era uma versão da italiana. Tentei de todos os modos, lascando "j"s aqui e ali, achar o "simpático" do conjunto esloveno. Nada. Mas como o Adriano é demais, me contentei com ele.
Semana passada mostrei o Adriano Simpático pra em primeira mão.
- Fraaanka, demais! E repara... hahaha...!
- O que, Bê?
- Esse cantor italiano é a sua cara.
- A minha... cara?
- Parecidíssimo. Faz assim. Pega uma foto sua e uma dele, coloca lado a lado e...
- Não tenho foto dele.
- Fotografa o iutube mesmo e não complica, Franka. E coloca ao lado da sua, mas... - ela olhou a cara dele no iutube e resolveu - ... e tarjas as bocas, a sua e a dele, porque a sua boca não é parecida com a dele. O resto é idêntico.
Claro que eu fiz essa bobagem e essa confusão, olha ai em baixo. E não é que é verdade? Franka e Adriano, ou melhor, Fjrjankja e Adjriajnjo. Sjimjpájtjiiijos... Ei, e alguém tem a versão em esloveno?


sexta-feira, 18 de abril de 2008

tudo simpático

Nunca fiz isso, de colocar um iutube do iutube aqui. Eu sempre só coloco os meus iutubes, que por sinal, convenhamos, são muito bons. Mas esses dias, por causa do programa da rádio USP e do sucesso da minha polêmica sobre a capa da revista AU x projeto do Zé (ele tem reunião hoje com a turma da AU, estou aqui torcendo para que eles cheguem num bom acordo, que fiquem em paz, que dêem boas risadas com o erro do fotoshop, que tudo termine em foto-choppe), eu fiquei confusa com esse certo sucesso súbito. Até o Alencastro falou de mim ontem, gente. Ó nóis. O lance da meia hora de fama. Acho que por causa disso, por estar distraída, achei sem querer as músicas desse italiano. Ouvi outra versão na casa do meu primo Francisco, resolvi encontrar a música na internet. Não tenho a mínima idéia, nem adianta me perguntar, o que uma coisa tem a ver com as outras (programa de rádio USP com Franka, capa do Zé com fotoshop errado e música "Sono un simpático", com um cantor com uma enxada na mão), mas antes de ontem e ontem as três coisas andaram o tempo todo juntas, e, enquanto a rádio e a polêmica repercurtiam, o Adriano ficou me cantando essa música sem parar aqui no itunes, no carro, na sala. É, eu faço isso. Quando eu gosto de uma música, eu ouço ela umas mil vezes, repetido, feito maluca tarada. Agora, quando eu penso no rádio, na revista e nesses dias, eu penso o quanto esse Adriano Celentano é simpático, o quanto meu primo Francisco é simpático, o quanto o repórter Fábio (Júnior?) é simpático, o quanto o editor da AU que comentou no blog ontem é simpático, o quanto as pessoas que mandaram depoimentos são simpáticas, o quanto meus leitores são simpáticos, tudo simpático, tão simpático, ô coisa legal esse excesso de simpatias. E esse post é em homenagem a todos os simpáticos do mundo.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

descomanda complicada




O lugar não era uma padaria, mas também não era bar, nem restaurante. A me disse que era rotisserie, tanto faz, era do lado da casa dela, estava vazio, tinha mesas e era um lugar gostoso. Resolvemos tomar um café por ali. Rapidamente veio um garçom nos atender.
- Dois cafés uma água com gás.
Ele ficou parado um tempão na nossa frente, com um tipo de "palm" na mão. Aqueles aparelhinhos que os garçons usam pra anotar os pedidos, que tão na maior moda. Passou a anotar com um tipo de lápis as coisas ali. O tempo passando e ele lá, parado, anotando. Parecia que escrevia um romance.
- Algum problema?
- Não - ele respondeu, ainda riscando o palitinho no "palm", fazendo aquele tic tic. Absorto.
Cochichei para a Bê.
- Como demora...
- Devia escrever num papel, seria mais rápido - ela sussurrou.
O cara ali, parado, atrapalhando. Tic, tic, tic.
- Tá dificil anotar ai? Dois cafés uma água com gás... - eu repeti - ... só isso...
Tic, tic, tic.
- É que eu errei. Tem que apagar e escrever de novo.
Gente, tem coisas que devem simplificar a vida, nunca complicar. A quantidade de garçon que se atrapalha com essas maquininhas é inacreditável. Os nossos simples cafés viraram um almoço para doze pessoas, pela demora do cara ali, deletando um pedido, entrando de novo no sistema, achando os códigos. Na hora de sair, pedimos a conta.
- É comanda eletrônica, senhoras. Pode levar o cartão ao caixa.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

ô editores da AU...


a capa da revista AU
a foto de verdade da casa do projeto do Zé



Aconteceu uma coisa com o Zé, e a gente está pensando o que fazer. Vou contar aqui e pedir opinião.
O Zé, super arquiteto dos bons, foi capa da última revista AU (Arquitetura & Urbanismo), a desse mês. Eu exibo ele mesmo, afinal, super maridon. Ficamos super felizes. Eu na rádio, ele na capa, sexta feira foi aquela alegria. Dai no sábado, depois que passou a minha excitação-transe por causa do programa, peguei a revista pra ler. Eu lia, ele me mostrava. Era uma matéria sobre a casa de Itanhangá que foi cenário dos "Queridos Amigos", a série da Globo. "Olha o terracinho, olha o detalhe do pilar, olha a cozinha", ele mostrava, daquele jeito dele, animado. De repente ele vê a capa de longe e me interrompe.
- Lú, que estranho. Olha esse piso do corredor da foto da capa da revista.
- Piso?
- Da foto. Olha.
- Piso da foto?
- Lúcia, olha. Mudaram o meu piso. Esse piso não é o piso da casa, o que eu coloquei lá.
- Como assim? Os donos da casa mudaram o piso?
- Não, a revista mudou meu piso.
- A revista mudou? Você não colocou esse piso de madeira?
- Coloquei um piso de madeira, mas não assim, todo torto em relação à parede. Esse piso está todo esquisito. Olha, enviesado.
- Onde?
- Aqui. Repara, tipo o "jogo dos sete erros".
- Tá torto mesmo, Zé. Tudo inclinado.
- Nossa. Agora todo mundo vai achar que eu faço piso torto. Não pode uma revista fazer isso, mudar um projeto, Lú. Se um arquiteto faz um piso paralelo à parede, isso tem um intuito, um desenho, um projeto, oras. Que é isso?
- Zé, você não aprovou as fotos antes da publicação?
- Aprovei. Vou ver. Peraí.
Ele voltou com as fotos.
- Olha a foto que eu aprovei. Olha. Piso reto - colocamos as fotos lado a lado e comparamos - E olha na capa o piso torto.
- Uau, mexeram mesmo, Zé. Que absurdo! Mas dá pra entender o que o cara que fez a capa pensou... olha, na foto que você aprovou, tem uma luz na entrada do quarto. Eles quiseram tirar essa luz, dai recortaram o piso abaixo da luz e deram essa fotochopada no chão.
- E mudaram meu piso, pô! Isso pra mim é sério. É como alguém colocar uma cerâmica decorada, é mexer num revestimento. É como mudar uma porta de lugar. É como mudar um pedaço de uma crônica sua.
- Eu ficaria super brava, Zé. Fala com eles. Pede uma explicação.
- Pois é. Piso inclinado?
- E vou colocar no meu blog. Blog serve para contar essas coisas.
- Tá... - ele olhava a foto sem entender - olha isso...

terça-feira, 15 de abril de 2008

franka não mente



Já que o programa não entra no ar no Audiopapo, fiz um pequeno iutube com a participação da Márcia e com o depoimento dela, que é demais. Hahaha. Ouçam. Imperdível.

Ah. Entrou! O programa tá no ar aqui. Como esse site não abre no meu micro, eu abro aqui na rádio, pego a programação e acho o "audiopapo" na sexta a noite. Clicando entra legal.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

viaduto Lúcia Carvalho


Estávamos no aniversário de uma amiga, eu e Patrícia, sentadas numas cadeirinhas no jardim, uma amizade súbita. Muito comum entre mulheres essa coisa da amizade súbita. Sabe quando você conhece mais ou menos a pessoa e gosta dela mais pra mais do que pra menos? Além disso, a Patrícia é atriz e super engraçada.
-Meu pai já morreu - contei para ela - morreu quando eu era bem menina. Sabia que ele virou uma creche?
- Creche? - ela perguntou.
- É. Em São Miguel Paulista. Fizeram uma homenagem para ele. Ele era médico e a Emei tem o nome dele agora. É bacana. Super arrumada e tal - expliquei.
- Nossa, e o meu pai também morreu, mas ele virou uma escola. Olha que engraçado. Nossos pais viraram prédios.
- Será que a gente vai ser alguma coisa quando a gente morrer? - pensei alto.
- Eu queria ser uma coisa bem legal. Acho que eu queria ser um salão de beleza. "Salão de beleza Patrícia G.". Legal, né? E você?
A Patrícia é divertida. Eu nunca pensei nisso.
- Eu? Ai. Não sei, Patrícia.
- Que tal um viaduto? - ela sugeriu.
- Um viaduto? "Viaduto Lúcia Carvalho"?
Hahaha.
- É, pensa as pessoas explicando. "Vira na primeira a direira, na segunda a esquerda e você cai direto no Lúcia Carvalho".
- "O" Lúcia Carvalho?
- É, claro. Viaduto é homem. Mas fica super chique, pensa bem.
- Melhor que ponte.
Meu amigo Parangolé, que estava ao lado, resolveu participar.
- E eu?
A Patrícia foi rápida.
- Que tal um açougue? "Casa de carnes Parangolé"?
Ele deu uma risada, satisfeitíssimo.
Homens.

sábado, 12 de abril de 2008

franka no ar


Reuni alguns amigos blogueiros e simpatizantes pra ouvir comigo. A , inclusive, resolveu fazer um jantar. Chamei o Neil, afinal ele deu depoimento. Mas meia hora antes começou a me dar medo e vergonha. Vergonhaaa. Uma vergonha imensa. O que eu estava fazendo? E se a entrevista fosse horrível, eu chamei até público! Além disso, que putis coisa exibida. Chamar visita pra ficar me gabando? E o que será que eu tinha falado mesmo pra o Fábio Jr., o repórter? Esqueci tudo.
Sentei num puff do lado do rádio às oito e meia em ponto. Bem alto. Liguei o micro do lado do rádio. Achei o repórter Fábio no MSN e liguei a câmera pra ele ver a reação dos blogueiros online. Super moderna. Hahaha. Entrei em transe hipnótico e passei a me ouvir. Nossa, tinha mesmo uma mulher falando na rádio, dizendo que era blogueira "mesmo". Hahaha. E o mais engraçado é que eu concordava com tudo que ela dizia. Tudo. Hahaha.
Acaba o programa e toca o telefone.
- Lúcia, filha.
- Mãe, e ai? Me ouviu?
- Ouvi e adorei.
Ela foi muito enfática. Estava realmente bem surpresa.
- Sério, mãe? Adorou?
- É. Porque só agora entendi o que é blog.
- Hahahaha, mãe! Você não sabia?
- Eu ouvia você falar sem parar há anos, a tua irmã falar, o teu tio falar, todo mundo só falava de blog pra cá e blog pra lá, mas nunca ninguém me explicou. E agora entendi.
- Depois da minha entrevista.
-É. Você explicou direitinho.
Ela tava toda feliz.
- Brigada, mãe. Acho que é pra isso mesmo que me colocaram lá.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

on the rádio

Clique da imagem pra ver todos os blogueiros amigos da franka
(isso parece aqueles painéis de foto de entrada de cantina italiana, hahaha)
Então vocês todos ai em cima, todos super amigos que conheci nesses anos de blog. Então hoje Franka tá na rádio. Hoje às 8 e meia da noite teremos o programa de rádio onde o simpático repórter Fábio Jr. me entrevistou. A impressão que eu tenho é que eu só dei fora, mas o que tá feito tá feito. De cancha, diversos depoimentos de outros blogueiros. Surpraise. Mas falando de novo, assim, só pra reforçar, o programa vai ao ar hoje, sexta-feira, dia 11, das 20h30 às 22h00 na USP FM - 93,7 FM. O sinal no ar pode ser acompanhado também pelo http://www.radio.usp.br/ ao vivo. Depois, o programa, na íntegra, ficará disponível a partir do endereço http://www.audiopapo.com.br/. E eu penso que sem vocês ai em cima eu não tinha blog. E, dá licença, que trabalho que me deu fazer essa imagem ai de cima. Fiquei horas e horas.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

o vestido de chita da cinderela


- Lúcia, você soube do vestido?
- Sei, Ângela. A mamãe me contou que você foi na casa dela e pegou um vestido meu que estava lá. Um vestido de festa. Eu deixo os vestidos de festa lá na casa dela, o armário dela é mais alto que o meu e eles não amassam. Legal que você usou. Tava tudo embolorando de tanto ficar guardado.
- Não é só isso. O vestido, Lúcia, o vestido mudou minha vida no sábado.
- Ficou legal em você?
A Ângela é minha irmã.
Menor.
- Lúcia, você não está entendendo a importância do vestido - e ela me olhou seríssima - Olha. Sábado eu voltei do sítio. Sabe como é sítio, aquela coisa rural. Eu tava a maior caipira. Tinha uma festa, e sei que me vesti de um jeito esquisito. Olha, não vou entrar em detalhes, mas eu parecia a macaca chita. Algo próximo de um koala, entende? Uma coisa vergonhosa, sabe aqueles dias que você não tem certeza de nada e erra a roupa? Saia branca com bota preta? Cheguei na casa da mamãe pra deixar o Luizinho com ela e ela quase desmaiou. "Ângela, minha filha, onde você vai assim, peloamordeDeus?". Nossa, Lúcia, quando a mãe da gente percebe que a gente está fantasiada é fogo. Quase chorei.
- Eu entendo tanto esses dias, Ângela... - eu disse, balançando a cabeça - toda mulher entende, é uma sensação universal.
- Bom, dai ela, no desespero de me livrar do vexame, me sugeriu colocar uma saia dela. Eu coloquei, mas me olhei no espelho e achei que fiquei parecendo uma das mulheres da van. Senhorooona... A saia ia até o pé, tipo teatro kabuki. Óbvio que era melhor que ir com a minha roupa preto-branca, tipo boneca de Olinda ou macaca chita. Mas era estranho, parecia que eu tinha uns sessenta, setenta anos.
- Foi quando você viu meu vestido.
- É. No cantinho do armário. Vi, adorei. Vesti. Entrou feito uma luva. Sabe quando o zíper... fecha rapidinho?
- Óbvio que sei. Hahaha.
- Ai, demais. E lembra da história da Cinderela?
Hahaha de novo. Cinderela?
- Ângela, você é muito engraçada. Vou fazer um post.
- Pode fazer o post da Cinderela, Lúcia. Vesti e fiquei daquele jeito dela, da Cinderela, cheia de passarinhos e ratinhos em volta, dançando. Sabe assim, linda? Nossa. Fui parar no espaço. Minha vida mudou. De macaca chita para Cinderela? Uau. Sai dali me achando o máximo. Cheguei-chegando. Na festa todo mundo me olhava. Ou sei lá, podia ser que eu tava me achando e achando que todo mundo me olhava mas ninguém dava a mínima, num importa.
- Eu às vezes tenho essa mesma dúvida, Ângela. Normal.
- Sei lá. Mas uma mulher, quando eu fui no banheiro, me perguntou até onde eu comprei o vestido. Queria ver a etiqueta. Ora, eu devia estar muito bem, fala a verdade.
- Ângela, você não mostrou, né? O vestido deve ter uns 15 anos e a etiqueta deve estar embolorada, cheia de mancha de armário. Você não foi louca de.
- Não, eu não ia abrir o zíper nem a pau. E se não fecha depois? Lúcia. Aquele vestido é tudo. Lúcia, a quantidade de gente famosa que eu conheci por causa do vestido. Uma loucura.
- Pode ficar pra você. Nunca usei.
- Que?
- Verdade. Sempre achei exagerado pra mim. Comprei, nunca usei. É teu, quem sou eu para acabar com uma Cinderela? Você só não devia ter ido de bota, Ângela. Impossível perder o sapato de bota.
- Nossa, e a minha bota, se eu calço sem meia, entala mesmo.
- Ângela, como é?
Olha. Não duvido nada que ela tenha ido de bota sem meia. Coisa de mulher-koala.

a explicação do post de ontem

- Vou colocar essa imagem no meu blog - eu disse para a - e você coloca a outra que você fez no seu.
- Ninguém vai entender nada. Esses prédios vestidos de sementeira.
- Ficou demais - eu disse.
-Mas você não vai conseguir fazer um post sem falar nada. Vai ficar explicando um montão essa foto da cidade semente. Você fala muito, Franka.
- Vou conseguir sim. Duvida?
- Hahahaha, duvido.
- Mas daí eu posso explicar no dia seguinte?
- Pode, Franka.
- E como vai chamar o post? Eu preciso colocar um crédito pra você.
- Bê mente?
Bom, era um desafio.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

como gravar uma mensagem pra franka


Gente, descobri como faz a gravação. É sério, que coisa, ninguém acredita em mim nesse blog?
O Fábio Júnior me explicou. Calma. É assim:
Vai no menu 'iniciar";
Programas;
Acessórios;
Gravador de som;
Dai você grava*, salva (ele vira um arquivo), e manda por email pra
mim (a motinha, gente, ali ao lado)
Daí eu mando pra ele. Facílimo. Não dá pra não fazer isso. Põ. Putis engraçado que seria, gente, pensa.
Ah, e sabe o que eu fiz? Gravei o "alô, alô ouvintes, boa noite, aqui é a Franka" que eu esqueci de mandar. Como ficou ridículo, eu mudei para: "oi gente, boa noite, eu sou a Franka". Muito melhor.

domingo, 6 de abril de 2008

alô ouvintes, boa noite, aqui é a franka II

frankinnha rádio e TV


Bom, ainda sobre a minha entrevista pra rádio USP. Aliás, um aviso: a entrevista vai ao ar na SEXTA FEIRA QUE VEM DIA 11 DE ABRIL ÀS 8:30 DA NOITE (Anna, se liga, menina). E gente, a frase "vai ao ar" é engraçada demais de escrever. No meio da entrevista, o Fábio (Júnior?) tem uma idéia.
- Ô Franka.
- Qui-é?
- Tive uma idéia pra incrementar a nossa entrevista.
- Qual-é, Fábio?
- Você podia pedir pra os seus amigos blogueiros e leitores do "frankamente..." falarem alguma coisa sobre o teu blog e me mandarem. Dai eu ponho no ar no meio do programa.
- Os outros blogueiros?
- É, os seus amigos. Você pega e faz um post disso. Fala no post que eu tive essa idéia e que eles podem mandar um recado. "Alô alô eu sou amigo da Franka e meu blog é tal, beijo mãe, beijo querido". Isso, além de ficar divertido, ia ser propaganda do blog deles.
Gente, vocês eu não sei. Mas a Márcia Kawabe do Namastê com certeza vai topar. E se ninguém mais topar, ela vai aparecer sozinha no meu programa e vai ficar famosérrima.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

alô ouvintes, boa noite, aqui é a a franka


Gente, vocês não acreditam. Me ligou um repórter da Rádio USP essa semana. Ai. Péra, não foi isso. É meio mentira (essa Franka mente quando fica nervosa ou animada demais). Ele me ligou sim, mas antes de ligar ele mandou email, depois ligou. Dai o Fábio (Fábio Rubira é o nome dele) (será que eu posso falar o nome dele aqui?) me disse algo assim: "... Lúcia, oi, eu quero fazer uma entrevista com você para a rádio USP, no programa Audio Papo e...". Nossa, é mega complicado ficar famosa. Estremeci. Uma pessoa querendo uma entrevista comigo? Uau. Tá que eu tenho fãs (minha mãe e os meus tios são os maiores deles), mas nunca fui entrevistada pra uma rádio. Nesse momento me senti a própria Galisteu. Super. Jimais.
- Fábio, hã, um entrevista comigo?
- Sim.
- Sobre...?
- Seu blog, ué. Frankamente, Franka. Quero entrevistar a blogueira Franka.
- Franka no ar?
(Ixi. Acho que estou mentindo de novo. Não foi bem assim o diálogo, o Fábio vai ficar bravo comigo. Será que repórter fica bravo com blogueira entrevistada que mente um pouquinho? E será que posso contar detalhes da nossa entrevista antes do programa, que vai ao ar na semana que vem, sexta, dia 11 às 8 da noite, Rádio Usp, até as 10? Não perguntei, e agora? Será que repórter de rádio pode comentar na caixa de comentários?).
Nossa. Fui lá, Franka, a entrevistada. Como era rádio, pensei, não preciso colocar roupa e nem fazer chapinha no cabelo. Ufa, menos trabalho, no dia que eu for no Jô vai ser mais complicado. E falei feito uma matraca, vergonha. Uma hora com Franka na rádio é pouco? Tinha até que escolher música e, droga, eu esqueci todas as músicas que gosto por causa do nervoso. "Que música você escolhe agora pra gente tocar?", ele perguntou, com voz de loucutor. Gente, vexame. Como o nome dele era Fábio, e como ele era mais moço que eu (júnior), eu só me lembrava do Fábio Júnior e da música das "metades da laranja, sonho lindo de viver, você sabe como me fazer feliz, carne e unha, nhé nhé nhé", a música mais brega do universo, que óbviamente ia acabar com minha carreira. Eu olhava pra ele e pensava "não, não, cante, Franka!". Fechei a boca e disse, bobamente: "ai, não sei, Fabiôôô...".
Hahaha, o que o Fábio-reporter ia pensar de mim, escolhendo tal xará?
Demais a entrevista, mas acho melhor explicar amanhã, com calma, sem atropelos. Do teclado anônimo ao microfone. Falei só bobagem, e esqueci de falar a coisa que mais ensaiei antes de ir para lá.
Eu queria dizer em alto e bom-tom:
" - Alô ouvintes, boa noite, aqui é a Franka."
Mas na hora "h", esqueci da frase.
Droooga.
Fábio, como eu faço???
Amanhã conto com detalhes. E pedirei o principal.
Hoje, de emoção, dãr, tou boba demais.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

cenas de todos os casamentos

Erland Josephson e Liv Ullman em "Cenas de um casamento"

Sra. Franka e Sr. Franko numa cena do seu casamento
Atenção: esse é um post-dica.
- Lembra do filme do Bergman, "Cenas de um casamento"? - falou o Caio, meu cunhado.
- Já assisti - eu disse - há anos atrás.
- Já assisti - falou o Zé - há anos atrás.
- Então assistam de novo. É agora a hora de assistir esse filme. Só agora a gente entende. Porque só agora que a gente tem a idade deles, dos personagens - meu cunhado concluiu, categórico.
Tirei na 2001. Nossa... Demora pacas, mas como o filme é tipo seriado, em seis partes, dá pra ver em dois dias na boa. Nossa... O filme é só isso, ó título fala tudo. Um monte de cenas de um casamento. E são perfeitas, inacreditavelmente idênticas às cenas de qualquer casamento. Isso pra mim é obra prima. O filme é de 73, e mesmo assim eu confesso que fiquei incomodadíssima. A gente, eu e o Zé, a gente quase brigou. Hahaha. Engraçado. Depois fizemos as pazes, filme é filme. E é óbvio que a história do filme, ou seja, o rumo que as coisas acontecem no filme, não é o que aconteceu com a gente, cada casal faz seu roteiro, claro. Mas as cenas, nossa... As cenas são o máximo. Pensei em fazer um resumo, desisti, e não sei fazer crítica de um filme assim, tão parecido com... a vida. A única coisa que consegui fazer é colocar esse post aqui e falar para vocês assistirem, por favor. Já devolvi, deve estar lá na 2001. Cenas de um casamento, Bergman. Só espero que ninguém brigue. Filme é filme, hein, gente?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

uma casa no meio da rua


Ontem, as cinco da madrugada. Fui viajar de novo, tive que acordar bem cedo, senão é impossível chegar em Angra de carro, ver a obra e voltar no mesmo dia. Tínhamos que pegar um jardineiro que iria conosco de carona. O combinado era encontrá-lo numa rua residencial, bairro chique e bom daqui de São Paulo, onde ele morava na casa de um casal: o tal jardineiro é também um tipo de caseiro dessa família. Chegamos no local combinado mas nada do cara. O P., meu amigo, reclama. "Vamos deixar o cara aí. Falei que passava as cinco, o cara está dormindo, não atende o telefone, não gosto de gente preguiçosa". Logo em seguida, ao lado da casa, vemos uma guarita com um guardinha dentro.
- Ei - perguntamos - Sabe do jardineiro? Ele mora aqui. Vai viajar conosco.
O guardinha ri, vai até o portão e dá uns assobios em código.
- Ele está acordado e já vem. Um minuto.
O guardinha volta,vai até uma mesa (na calçada) e liga uma TV (na calçada). Eu olho para o lado. Ao lado da guarita, vejo uma casa montada no meio da rua. Além da guarita, que deve servir como "quarto", o guardinha tinha uma cobertura na calçada, onde havia uma mesa, tv, folhinha na parede, cadeiras para ele e para as visitas, copos e pratos, lixeira, telefone, garrafa térmica e até um cabideiro na árvore. Ou seja, uma sala de estar. Numa calçada de um bairro residencial chique da cidade, um guarda montou uma casa para tomar conta das outras casas. Engraçado, tem muito disso aqui em São Paulo, essas máfias de guardas de rua, que se apossam sem dó do espaço público. Embora seja simpático ver que essa casa (a dele) não tem medo da rua, embora o guarda fosse um rapaz bem simpático também, algo me diz que tem alguma coisa bem errada nessa história. O jardineiro saiu em um minuto da casa, malinha na mão, banho tomado. Falamos mal dele sem razão, coitado. Deixamos o guardinha lá, assistindo TV no meio da rua, como se aquilo fosse normal. Normalíssimo.