segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

shampilfie


Depois do “selfie” do Obama, apareceu aqui no facebook um monte de gente postando imagens das suas “shelfies”, ou seja, suas prateleiras de livros. Eu podia fazer umas “shelfies” incríveis da minha sensacional e disparatada biblioteca, masachei que não tinha muita graça, aqui na Frankalândia a gente inventa moda. Então pensei em umas variações do mesmo tema para postar, e quem sabe, virar moda pra ver as dos outros: “shampilfie”, “criadomudilfie”, “sapateirilfie” e “rouparielfie”. Hahaha. Super trash. Que acha, Marcia Kawabe?

mini bolsas



Eu acho que essas bolsas que nós, mulheres, carregamos, num futuro próximo vão sofrer um processo de encolhimento. Elas vem crescendo há anos, imensas, mas daqui a pouco não vai existir mais tanta coisa pra colocar dentro delas. Porque óbvio que cheque, cartão de crédito, documento, carteira e moedeiro não serão mais necessários, pois o celular vai fazer tudo, claro. Para as mulheres mais simples, se é que existem, acho que bastará uma bolsinha de celular, e considerando que o celular vai ser leve, levinho, a bolsa provavelmente será apenas um bolso com uma cordinha.
Pensei nisso ontem e contei para uma amiga. Ela discordou. Existem outras coisas que o celular não faz, e que a gente vai ter que levar na bolsa ainda, o que aumentaria sim o volume da tal mini bolsa do futuro. Resolvemos assim fazer um inventário das nossas bolsas para avaliar, engraçado que eu ela tínhamos conteúdos muito parecidos. Depois de muito estudar, concluímos que a bolsa do futuro terá, além do celular: um pente (celular não penteia cabelo), protetor solar (celular não protege do sol), óculos (celular não resolve a cegueira) e chaves. Quanto a chave, também acho que ela tem seus dias contados. Quanto ao resto, vai tudo pro beleléu, esse monte de carteira e carteirinha e saquinho e caderninho. E juro que nesse futuro próximo, no futuro das mini bolsas, eu paro de fumar.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

arqueologia de festa

Como moro numa casa que tem uma sala grande com jardim e meus filhos já estão crescidos, tem muita festa aqui. Eles me pedem e eu deixo, afinal não tem nada melhor que festa.
Mas como a coisa se repete, de uns tempos pra cá eu estabeleci umas regras. São regras simples de cumprir, mas que me aliviam. Assim: se for um jantar ou almoço, o filho que fizer a bagunça e a comida tem que lavar a louça. Não precisa guardar, mas tem que lavar e deixar a sala e a cozinha arrumadas. Se for uma festa maior, não pode avançar no nosso bar, tem que trazer as bebidas e comidas, e cuidar da casa. Se for uma festona, tipo bota fora, tipo aniversário mesmo, tem que tirar tudo que quebra da sala, guardar e depois colocar de novo. No meu quarto não pode entrar de jeito nenhum, e nem no meu escritório, os dois tem que ficar trancados. Quanto aos vizinhos, tem que avisar antes. Tomar cuidado com a porta da entrada. Se a festa possivelmente for desastrosa ,tem que pagar a Maria para ela limpar depois. Não pode fazer evento público no face. De resto, tudo bem, pois festejar é a coisa mais legal do mundo.
Eles resolvem de um jeito legal. Não usam um copo ou um talher da casa, tudo descartável, não usam o fogão ou a geladeira, só tem comida fria e as bebidas eles colocam num cooler com um lixo do lado. No fim da festa tem só uns sacos pra jogar fora.
Não gosto de ficar em casa nessas festas. Mãe, mesmo que fique no quarto, quietinha trancada e vendo TV, atrapalha, me sinto um tipo de uma assombração, um fantasma que vai uma hora ou outra, descer e reclamar do barulho, feito uma coroca. Acho que jovem anda com jovem e velho com velho, tem família que não separa as gerações, mas eu separo, aprendi assim. E prefiro não estar aqui. Um dia um deles deu um churrasco a noite, e dava para ouvir toda a conversa, o que não é legal. Então eles me avisam, vou dormir em outro lugar e chego de manhã, quando todos já se foram. Claro que já houve probleminhas. Um coisa quebrada aqui, outra lá, mas nada sério. Não me incomodo das festas, não vou morar nessa casa para sempre e é melhor aproveitar.
Mas o dia seguinte é engraçado. Ontem por exemplo, teve uma festa aqui. Como não posso falar dos filhos no face (saudade do blog), não vou entrar em detalhes. Bom, hoje de manhã a casa estava consideravelmente arrumada, os sacos das mil latas de cerveja, umas bebidas que sobraram na mesa da cozinha, um pouco de sujeira no chão, que é só varrer e passar pano. Mas daí a gente começa, eu e a Maria, a achar a “arqueologia” da festa. Até o momento – são nove e meia da manhã – achamos: dois celulares, um com carregador pendurado (será que é um dos da moquequeira?), um molho de chaves, um casaco de veludo, uma echarpe, e nós duas desconfiamos que tem mais gente dormindo lá em cima, no quarto deles. De desastres, apenas uma orquideazinha que caiu no chão, mas que foi pro lugar. Contamos os gatinhos, os quatro e a Xim estão vivos e felizes. Saldo positivo, dois packs de cerveja que sobraram.

Que venha outra festa. 

moqueca de carregador



- Te liguei, tava sem celular, filho?
- Sem bateria. Perdi o carregador. 
Olho ao redor e vejo, espalhados pela casa, inúmeros carregadores. Celular acaba, a gente troca, deixa na loja o velho, joga fora, mas o carregador persiste. Tem vidamuito mais longa do que o celular, vive séculos. Mas como tá tudo bagunçado, o correto nunca é encontrado.
- É esse? 
- Não.
- Esse?
- Não.
Recolhi todos, fuçando em todos os lugares da casa. Com aquela macarronada nos braços, entrei na cozinha.
-Maria, me ajuda. Vamos colocar todos os carregadores que a gente encontrar juntos. Todos, Maria. Veja se acha mais algum. Precisamos de uma caixa. Daí a gente combina um lugar pra colocar a caixa e avisa todo mundo. Assim ninguém mais perde carregador.
Ela voltou com outra macarronada nos braços.
- Achei mais esses.
Nada de caixa vazia que coubesse aquele emaranhado. Se fosse de sapato, precisaríamos de, no mínimo, três. Foi quando eu olhei para a moquequeira em cima do armário. Ela está há anos e anos lá em cima da cristaleira, esperando o dia que eu resolva fazer uma moqueca para cinquenta pessoas, no mínimo. De barro, bonitona e enorme. Pra que fui comprar uma moquequeira tão grande? 
Resolvido. Coloquei a linda peça no meio da mesa da entrada. Quase um armário. É genial. Todos os tipos, marcas, modelos, antigos e novos, a disposição de quem quiser. Moqueca de carregador para mais de cinquenta pessoas.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

mico de natal



Desabafo natalino:
De novo natal. Odeio. Detesto. Nunca entendi porque a gente precisa dar caixinha para todo mundo que já recebe salário e décimo terceiro. Não tenho dinheiro sobrando para dar caixinha para ninguém, tenho que dar um monte de desculpa pra lixeiro, carteiro e varredor e isso me incomoda. Não sei também porque tenho que comprar presente de natal. Não tenho a menor ideia também do porque temos que ir em festa de natal. Não sei o que exatamente se comemora, se é o tal do natal, se é o fim do ano, se é o ano que vai chegar. Ou se são as férias, que, para alcançá-las, temos que tem que passar pelo infernal funil do aeroporto, rodoviária ou estradas lotadas. Se natal fosse uma festa religiosa, eu até entenderia. Mas não tem nada a ver a história de Jesus com Shopping Center, qualquer um pode notar isso mas ninguém percebe. Nunca reconheci esse tal de papai Noel, uma figura esquisita e fantasiada com uma roupa de frio num país escaldante. Tenho implicância com boneco de neve, não sei por que não inventam decoração com castelo de areia uma vez que não neva aqui. Não sei por que nessa época do ano as árvores acendem e piscam sem parar, gastando energia e isso é permitido. Não vejo razão para as pessoas correrem tanto e a gente ter tanto compromisso, como se o mundo fosse acabar. Não suporto ver festas antecipadas no facebook como se fosse a coisa mais normal do mundo comemorar duas semanas antes. Não entendo mesmo como ninguém percebe tudo isso. Não tenho a menor ideia onde vou passar a véspera, o almoço de natal, a noite do dia de natal, véspera do ano novo e o dia do ano novo. Isso me alivia. Se nos anos anteriores eu já tinha vontade de fugir do dia primeiro de dezembro até o dia dois de janeiro, nesse ano tenho vontade de desaparecer. Época mico total. Como diz o Marcio Gaspar, pronto, falei.

o pátio e a pracinha



Quando eu era menina, morava num apartamento na Haddock Lobo. Todo dia depois das coisas obrigatórias, como comer, tomar banho, estudar, eu e a minha irmã descíamos no pátio. As vezes a gente ia lá para brincar mesmo, mas a maioria das vezes a gente apenas “ia no pátio”, sem ter exatamente o que fazer. Como todas as crianças desciam, era facílimo arrumar um parceiro pra brincar, alguém pra ficar ali apenas conversando ou só assistir um jogo.
Nas férias a gente sempre ia para o interior, na casa dos meus avós. E lá, sem escola, toda vez que a gente resolvia as coisas obrigatórias, a gente ia para a pracinha da cidade. Exatamente igual no pátio do prédio, a gente não tinha nada para fazer ali, mas como todo mundo ia, alguma diversão ia ter ali. E sempre tudo acontecia na pracinha.
Tem um monte de outros exemplos parecidos no decorrer da minha vida, na praia, na faculdade, no blog, sempre a mesma coisa, o pátio, a pracinha.
Agora que tou adulta, devido ao inesperado desenvolvimento do mundo virtual nesses quarenta anos, depois de fazer as coisas chatas e obrigatórias do dia, me vejo abrindo a página do facebook tão animada como quando eu ia no pátio ou no jardim. Então Laura Liles, acho que a gente só vem aqui porque tá todo mundo aqui. Hahaha.

debitoucredito?

- Débito ou crédito?
- Débito.
- CPF na nota?
- Sim.
- Número?
- Tal tal tal tal tal tal tal tal tal tal.
...
- Não moça. Não.
- Que, senhora?
- Não queria meu comprovante. Mas tudo bem, me dá aqui.
- É que sai de qualquer jeito.
- Mas só serve pra gente guardar até jogar fora, entende? Porque tá tudo na internet. É como gerar lixo pra jogar no lixo.
- A senhora da próxima vez avisa antes.
...
- Mãe. Descobri uma utilidade para aqueles papelzinhos de cartão de crédito e débito que te dão que você implica.
- Aqueles que a gente recebe e joga fora?
- É.
- Qual?
- Dar autógrafo. Fui num show no fim de semana, descobri que agora só usam isso, direto.
...
E dai? Hahaha. Alguém quer me dar algum autógrafo? Tou com a bolsa entupida.

retornando, sempre

Quando surgiu a sugestão de usar sacolas retornáveis pra fazer compras, achei ridículo comprar sacola retornável, uma vez que a ideia é justamente reciclar. Não fazia sentido gastar em sacola uma vez que eu tenho tanta bolsa ou caixa encostada pela casa. Na primeira compra, levei uma caixa de plástico pra o supermercado, mas não deu nem para o cheiro. Eu não tinha, naquela época, a menor noção dovolume das coisas que comprava e entender esse volume foi um desafio. Além disso, a gente precisa saber distribuir, ou seja, não dá pra carregar sabão em pedaço junto com carne, então aos poucos fui agregando recipientes e hoje cheguei num kit. O meu kit é meio absurdo, mas é perfeito: tem tal caixa grande, que descobri que se ficar muito pesada não aguento tirar do carro, uma caixa menor que era um revisteiro que é ótima para garrafas, uma sacola de pano grosso, essa uma legítima retornável que ganhei de presente, uma sacola de plástico grosso, que antes era bolsa de viagem, uma bolsa térmica de brinde da “chapecó” e uma sacola de pano fininho que era outra bolsa minha. Uma vez levei uns baldes e bacias para o super, descobri que são ótimos para colocar produtos em saquinhos, mas foi difícil convencer o caixa que o balde era meu e não deles. Teve uma vez que levei uma caixa de papelão daqui de casa, e alguma pessoa pegou no cantinho que eu tinha guardado, esqueci que caixa de papelão é um item socializado, que não tem dono e me ferrei. Mas no fundo me sinto meio trouxa de usar essas complicadas sacolas e jogar tanta embalagem no lixo.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

curtir ou comentar?



Uma dúvida. Que vale mais no facebook, o número de curtidas ou o número de comentários? Eu pensava que era o número de comentários, afinal a pessoa passa muito mais tempo no seu post, pois além de ler, ela comenta. Tenho uma amiga que acha cada curtida devia valer “um” e, nos comentários, cada palavra “um”, então ela acha que comentário vale mais. Mas me parece que é ao contrário, que o importante são as curtidas, pois o número de comentários ninguém nem vê, me disseram. Outra fonte comentou que muita gente usa face no celular, e como entre essa gente tem muitos que tem dedo gordo, fica impossível de comentar. Uma jovem me disse que comentário é chato porque fica um tititi, uma conversaiada, que pra você entender tem que ler tudo e isso é um saco. Outra pessoa me disse que claro que é curtida, porque curtida só dá pra fazer uma, e comentário uma mesma pessoa pode colocar quatrocentos. Faz sentido. 
Lembrei dos truques de um amigo para conseguir curtidas. Ele faz assim, olha que interessante: ele fala que tem um segredo, ou, como ele chama, “um bafo”, e diz que só conta se atingir mais de cem curtidas. Como as pessoas são curiosas, todo mundo fica aflito e curte, curte, curte sem parar. Com isso ele atinge marcas inacreditáveis de curtidas com seus “bafos”. Ontem mesmo ele colocou mais um. É um bom truque, afinal quem não quer saber um segredo nesse facebook onde não acontece nada além de comentários de notícia de jornal e foto de gato (eu inclusa)? Mas isso não serve pra mim, eu lá tenho segredo? E acha que alguém ia curtir algo como: “gente a Maria tá fazendo almoço, mas eu só conto o que tem pra comer aqui se eu tiver mais de 100 curtidas!”. Ou “gente, só conto que sapato tou usando se tiver 50 curtidas!” Hahaha. 
Curtida e comentário são duas vertentes de sucesso, e, pelo que parece, jovem gosta mais de curtida e gente mais velha de comentário. Fui consultar meu filho (que não posso falar o nome nem linkar), pois ele entende bastante de internet, mas ele achou a pergunta muito específica e disse que eu deveria consultar alguém especializado em marketing digital. Não conheço ninguém nessa área, portanto aqui fica a dúvida: que vale mais, curtida ou comentário?
Enquanto isso adotarei uma regra, quem quiser me siga. Sempre que for comentar, curto também, assim a pessoa ganha nos dois. Bingo.

de ponta cabeça

Não é só minha vida que mudou dos blogs até hoje. A vida de um monte de produtos que a gente comprava também mudou. Tá, essa é uma consideração típica da Frankalândia, mas não consigo não comentar. Por exemplo, vocês já pensaram na vida da pasta de dente? Desde que nasceu e começou a ser vendida, a pasta de dente ficava deitada. Ou em pé, se tivesse o apoio de um copinho. Mas hoje em dia ela é obrigada a ficar o tempo todo de ponta cabeça. Deve ser uma tortura para alguém acostumado a dormir o dia todo, a coitada não deve estar entendendo nada. 
Mas ela não está sozinha nesse martírio. Muitos outros produtos tem atualmente a se adaptar a ver o mundo ao contrário. O condicionador, que sempre ficava tete a tete com o shampoo, agora fica naquele 69. Imagina a inveja que ele tem do fiel companheiro, deve passar os dias lá no chuveiro se perguntando: “Porque só eu? Porque ele não? Porque?". É, o destino às vezes é cruel, fazer o que. Sempre que vejo os dois na hora do banho eu consolo o condicionador: “Não fica assim, isso também aconteceu com o ketchup e a mostarda, é pra te usar todinho, é pro teu bem, você vai viver mais, condicionador querido”. 
A Maria, por exemplo, demorou anos para aceitar que o ketchup tinha que ficar de ponta cabeça. Tive um dia que mostrar o rótulo, que ela olhou desconfiada. A pimenta já entrou nessa, e ontem apareceu aqui uma maionese ao contrário. É, acho que é uma tendência que vai a aumentar cada dia mais. Pobre dos produtos pastosos. O futuro deles , infelizmente, será viver de ponta cabeça.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

reviravolta

Depois do revival bloguístico de ontem e na tentativa de retomar as atividades e voltar a escrever crônicas daqui frankalândia (como diz o Marcio Gaspar), penso como minha vida mudou do tempo dos blogs para cá. No mês passado, fiz aniversário e resolvi chamar uns amigos para comemorar. Caprichei no almoço. Tudo feito em casa. 
Uma amiga minha, que fazia tempo que eu não via, chegou perto de mim.
- Nossa Lucia. Quem fez esse banquete?
- Eu e Maria os pratos quentes, as sobremesas e as entradas eu. Obrigada, gostou?
- E desde quando você cozinha?
- Sei lá. Desde agora, ué.
- E a Maria, como está?
- Agora é maratonista. E vai montar uma mini fábrica de massas.
- Maratonista? Massas? Cê tá brincando?
- Verdade.
- E essa gatinha linda?
- Tá grávida. Devem nascer em breve os filhotes.
- Hã? Grávida? Mas ela nasceu ontem!
- É. Aconteceu.
- E esses quadros de grafite? De quem são?
- São meus. Virei grafiteira nas horas vagas.
- Você? Graf i te i ra?
- Que tem? É legal.
- Ave, bom... E teus filhos?
- Olha a Nani ali. Olha o Juca ali.
- Aqueles... adultos ali?
- O Chico tá fora do Brasil, já se formou.
- Perai Lucia. Meu Deus. Deixa eu entender. Você faz grafites e cozinha agora, a Maria virou maratonista e empresária, a gata Xim está grávida e seus filhos são aqueles adultos? Nossa, acho que vou me mudar pra sua casa para ver se acontece alguma coisa comigo.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

eu era feliz e não sabia

Quando eu escrevia só no meu blog, época que já virou “antigamente”, eu era livre. Como só blogueiro lia blog, a gente inventava as próprias regras do que podia e do que não podia. Por exemplo, era o máximo quando outro blogueiro te linkava, a gente contava as maiores histórias esdrúxulas, dizia as maiores mentiras, se colocava apelidos bobos, fazia gracinha com foto colocando tarja, cada um fazia um comentário mais ridículo e bobo que o outro, e todo mundo queria muito se encontrar para ver as pessoas eram tão legais ao vivo quanto nos blogs. E eram. Eu que o diga.
Mas isso foi somente a nossa infância na WEB. Tudo começou a mudar quando entrei no Orkut, e, do nada, gente, juro, fui presa. Na época eu contei isso no blog, em pânico. Até hoje não sei exatamente o que eu fiz, mas tive que micar dois dias atrás de uma gradinha com o treco travadaço. Lembro que escrevi o seguinte do meu cárcere no blog:
“Fui presa no Orkut. Não, não tenho culpa de nada, eu juro. E uma prisão virtual é das piores que existem: não há advogados, não há defesa, afinal, quase não há leis ainda nessa internet.”
Daí agora comecei a escrever uns textos aqui. Umas pequenas histórias, uns casos da família, uma conversa engraçada, uma consideração esdrúxula qualquer. Meu Deus, que mals. Levei muita, mas muita bronca dos... das... de... pessoas que tenho proximidade máxima, quer dizer, dos filhos, vá. Eles me deram ontem uma aula de como se portar no Facebook. Sim, porque agora tem regra, principalmente para mães de cinquenta que se acham modernaças, pois eles tomaram conta daqui. Então, ex blogueiros, aprendam.
1) Nunca linke seu filho
2) Curta o post dele somente se não aguentar de jeito nenhum
3) Se tiver que falar o nome do filho num post seu, se não tiver jeito meeeesmo, fale só o apelido
4) Isso vale, claro, para todos amigos e primos dos filhos, obviamente
5) Nunca coloque fotos deles
6) Jamais marque as fotos que nunca colocará
7) Em hipótese alguma comente um post deles ou dos amigos deles
8 ) Só compartilhe matérias e artigos dos seus filhos se elas estiverem na mídia
9) Crime médio: publicar foto do filho pequenininho na sua página
10) Crime máximo: publicar foto fofura máxima do seu filho pequeninho na página dele
Tirando isso, pode tudo, explicaram. Bom, resumindo: a internet amadureceu, agora acabou a minha infância na Web. E que saudade de ser livre de novo, mas paciência. Acho que não fiz nada errado nesse texto.
Entenderam, Elianne Abreu Diz e Nadia Maia?

natal e desperdício de energia


Natal de novo, e cá estou eu com as minhas eternas considerações sobre as luzinhas de Natal dos prédios de São Paulo. Olha. Prédio sempre tem projeto de arquiteto. Claro, tem uns que a gente gosta mais, outros menos, tem os prédios novos, os velhos, tem uns bacanas, uns razoáveis, outros incríveis. Na maioria, a gente percebe a intenção do arquiteto de fazer uma boa composição da fachada com o térreo, e infelizmente, com as grades e a guarita, que não conseguimos nos livrar aqui na cidade. Durante o ano todo, o prédio fica lá, bonitinho, proporcional, com a composição adequada de calçada, grade, fachada, entrada, jardim, hall, como foi projetado cuidadosamente pelo arquiteto. Até chegar nas noites de dezembro.
Chega em dezembro, os zeladores, porteiros, síndicos, sei lá quem, resolvem "decorar" o prédio para o natal. Só que eles decoram de dia, sem saber exatamente como a coisa vai ficar quando for de noite. E quando aquilo acende, a iluminação nunca tem nada a ver com o projeto. São caos de natal. Você olha o prédio e vê outra coisa, completamente diferente da fachada do prédio, geralmente tudo meio torto, desconexo com o projeto. Tipo aquelas imagens que você olha e vê Jesus, aquelas imagens uma dentro da outra. Eu fico arrasada com isso. Não é uma coisa caprichada, quem disse que o correto seria fazer uma minhoca na fachada, ou emoldurar a guarita, ou fazer um chuveiro de luzes nas grades? E aqueles bololôs de lâmpadas nas árvores, e aqueles troncos tortos e cortados por causa dos fios da rua em destaque, embrulhados, que horror é aquele? E meu Deus, e as renas? Não seria mais brasileiro e adequado colocar uns cabritos, umas vacas, ou, no caso de São Paulo, uns pets iluminados no jardim? Eu acho isso uma falta tão grande de capricho...
Sabe o que é? Tenho um monte de amigos arquitetos que fazem luminotécnica, e que trabalham só com isso. Iluminar é coisa séria, é coisa de profissional, e os projetos de luminotécnica se adequam aos projetos – os dois profissionais trabalham sempre juntos. Nada contra a boa vontade dos porteiros, zeladores e síndicos, mas iluminar é coisa de quem entende como a luz fica acesa. Assim, como já disse antes uns anos atrás, gente, vamos prever as luzes de natal nas construções na época do projeto? Não custa nada um profissional de verdade projetar a iluminação de natal de um imóvel, aprovada pelo arquiteto, afinal, vamos usar 1/12 do ano. Cidade limpa no natal, plis.

comer em casa

Fomos no supermercado no sábado, dispostos a comprar os ingredientes para fazer um macarrão com fungui e creme de leite, comprar uma fruta de sobremesa e um vinho. A gente entrou numas de não ir mais a restaurante e cozinhar em casa nos fins de semana, pra fazer economia. Além de ser mais saudável, fazer comida é uma delícia. Mas nesse finde chegamos a outra conclusão. Se a gente bobear, comer em casa não é barato coisa nenhuma, é se auto-enganar.
O certo seria a gente poder comprar somente o que realmente precisa, mas é impossível. Por exemplo, no caso do macarrão. A gente só precisava de 200 gramas de farinha, mas tivemos que comprar o quilo todo. Ovos, só precisava de dois, mas tivemos que levar seis. Depois o tal do fungui. Fungui seco é caro, um pacotinho custa 18 reais, aliás, um absurdo. Precisava de creme de leite, e, como a gente ia comer em casa e a ideia era comer bem, resolvemos optar pelo fresco. Mais dez reais. E queijo parmesão, macarrão precisa de queijo ralado, pimba, mais quinze reais. De sobremesa, uma caixa de figos, lá se foram mais sete reais, um vinho de vinte, pagamos e ai que caiu minha ficha. Custou 70 reais tudo. Não é tão barato comer em casa, pensamos. Trinta e cinco por pessoa? Algo errado. Desde quando setenta reais é baratíssimo? Tá, tem o vinho de vinte, mas mesmo assim, desde quando 50 reais é baratíssimo?
Daí fiz, meio por cima, um cálculo. Um macarrão barato, assim, se a gente fizer a massa e um molho de tomates e queijo, deveria custar R$ 5,50 por pessoa. Isso sim é barato. Mas se você resolver fazer um macarrão com azeitona, por exemplo, e em vez de comprar um pouquinho delas, compra um vidro todo, não é tão barato. Tá, tem aquela coisa que “você aproveita depois as azeitonas”, que é um modo de se conformar, mas que encarece, encarece. Resolvemos começar, pra entender melhor, a anotar o preço de cada comida para entender a lógica financeira do “comer em casa”. Achamos que o valor por pessoa, para valer a pena, deveria ser algo em torno de 10 reais no máximo. Ontem já conseguimos, seguindo essa lógica, almoçar um sashimi legal por 8 reais por pessoa, o que foi um luxo. Barato mesmo é arroz feijão. Agora minha meta é essa. Em casa, e barato mesmo.

uai fai

Esse negócio de wifi. Eu fui num restaurante na sexta. 
- Tem Wifi aqui, moço?
- Tem. É o nome do restaurante.
- Ah, aqui, achei. Tem senha?
- Tem. “Bem vindos”.
- Benvindo?
- É.
- Não entrou.
- “Bem vindo”, senhora.
- M ou N, moço?
- Eme, claro.
- (Claro?) Não entrou.
- A senhora pôs o S? "Bemvindos".
- Não. Ok, M e S.
- Bemvindos, com S, senhora.
- Ah. Entrei.
Conversa esquisita. Me pergunto porque o dono de um restaurante não escolhe, nunca, uma senha facinha, sem correção, pra ajudar os clientes. Senha? Batata. Senha? Gato. Senha? Boneca. Casa. Sapo. Rato. Tatu. Cavalo. Sacola. Senha? Ovo. Na Europa, quando a senha é complicada, os garçons digitam pra gente até.
Senha OVO seria demais. Qual é o perigo?
- Senha, moço?
- Perigo, senhora.

lindo o filhinho da xim


aqueles dias...

Vou trocar de carro, e recebi, do vendedor, uma lista de coisas para providenciar e entregar para ele no dia da troca do carro velho. Uma delas é a chave reserva.
- Ixi. A chave reserva eu perdi, moço.
- A senhora tira uma cópia, porque precisa entregar junto com o carro.
Fui atrás de um chaveiro. Uma fortuna fazer chave de carro. 
- Olha dona, vai demorar quarenta minutos. A senhora espera?
Tinha um sofá. O moço ia e vinha, do carro para a oficina, da oficina para o carro, diversas vezes. Uma hora ele me olhou.
- Não deu certo.
- Como assim, moço?
- Não deu certo a chave.
- Por quê?
- Por causa do dia de hoje. Sabe aqueles dias que tudo dão errado pra gente? Pra mim é hoje.
Claro que eu sei o que são esses dias, quem não sabe? Resposta perfeitamente aceitável a do chaveiro.
- Vamos fazer o seguinte, dona. Vou fazer de novo, eu faço numa boa, mas não vou deixar a senhora esperando mais uma hora. A senhora vai pra casa, almoça, eu passo lá as 4 horas, pego a chave, trago aqui e faço de novo, sem custo pra senhora pois o problema de “nada dar certo hoje” é comigo, não com a senhora. Pode ser?
- Tá bom.
O homem acabou de passar aqui em casa. Entreguei a chave meio hesitante em entregar a única chave a um homem com aquele problema.
- O dia ainda não acabou, moço. Vai dar certo?
- Tomara. E paciência. Se não der, devolvo a chave e pego de novo na segunda. Esses dias são fogo, dona. Fogo.

mami, um probleminha...

Bom, como a Nana, minha filha, não está no facebook esses dias, posso contar. 
Pediu meu carro emprestado na quarta. Quando era mais ou menos meio dia, ela me liga.
- Oi mãe. Tive um problema. Com o seu carro.
- Ai. Problema. Carro. Ai. 
- Calma. É só que ele foi guinchado.
(Só).
- Como assim, Nana? Guin cha do?
- Parei num lugar proibido aqui no estágio. Então, desculpa, eu vou resolver isso sozinha, e pagar tudo, a culpa é minha.
(Ufa, momentâneo).
- Mãe, pois é, sou eu de novo. Liguei no número da placa aqui, tem que ir no Detran, eu vou, pagar uma multa, eu pago, pegar o carro no pátio, eu pego. Acho que demora dois ou três dias.
(Tá, conformado, momentâneo).
- Mãe, sou eu... sabe, tem uma coisinha chata. Pra pagar, precisa do documento, e ele tá dentro do carro, e o carro no pátio... e pra tirar o documento de lá, só o proprietário. Eu vou com você.
(2 horas de chateação pra mim).
- Mãe, bom dia, sabe o que é? Liguei no Detran, e para eles darem o documento da liberação depois de pagar o guincho e estadia, precisa do proprietário assinar lá. No Detran. Na Avenida do Estado. Mas a gente vai junto, arrumo um carro.
(3 horas de chateação).
- Mãe, aqui no Detran, pra pagar, só com dinheiro, acabei de ver. Vamos até o banco Itaú?
(Meia hora de caminhada na Avenida do Estado).
- Mãe, putis, mas lá no pátio, pra retirar o carro, olha, desculpa mesmo mãe, mas só o proprietário. Mas eu te levo.
(2 horas pra chegar).
Entreguei o documento e liberaram. Olhei o carro, preso naquela cadeia, todo rabiscado e cheio de adesivos de lacre.
(Meia hora para lavar e tirar a cola aqui na garagem, sem a Nana, que já tinha se mandado pra Puc).
Pagar tudo ela pagou, e para me compensar, até me comprou um sukita de presente no meio do caminho. O face travado dela não tem nada a ver com a burrada que ela fez, mas me dá uma brecha para me vingar das 8 horas de chateação que a Nana me causou ontem e hoje. Hehehe. E ela não pode ler nada disso, né Chico e Juca?