quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ora, é óbvio...


A Maria trabalha comigo há muito tempo. E há muito tempo ela arruma a casa do jeito dela. Porém a lógica dela para guardar as coisas que não é a mesma que a minha e a dos filhos. É a coisa mais engraçada do mundo as classificações que ela faz.
Por exemplo, quando chego do supermercado e ela encontra algum produto que ela não sabe bem o que é, na dúvida, coloca na geladeira. Já apareceu de tudo na geladeira daqui de casa. Basta comprar um azeite diferente, uma cobertura de sorvete estranha, um shampoo esquisito, qualquer coisa que não seja óbvia, que, na dúvida, ela coloca na geladeira.
Mas não é só na cozinha. Semana passada um dos meus filhos disse que estava cheio de pernilongo na sala e queria o repelente.
- Maria, onde tá o repelente?
- Que?
- O creme repelente de mosquitos, Maria.
- Ora - ela respondeu, como se fosse absolutamente óbvio - está no armário das bebidas, claro.
Num outro dia, fim de semana, queríamos achar uns envelopes de semente para plantar. Ninguém achava as sementes, até que telefonamos para a Maria.
- Onde tão as sementinhas, Maria?
- Ora, onde... - ela respondeu como se fôssemos  todos burros - Na estante junto com os CDs, claro.
Assim, já acostumamos. Adaptador de tomada? Ora, na gaveta de pano de prato. Tesourinha? Junto com as chaves, claro. Remédio de dor de cabeça? Junto com os shampoos. O baralho? Junto com os livros de receita. Enchedor de pneu de bicicleta? Junto com as canetas, claro. Capacete de bike? Na poltrona da varanda, óbvio. Linha e agulha, Maria? Junto com seus casacos de inverno, Lúcia.
Nada a reclamar, a casa está sempre arrumada. E se não achamos a coisa mesmo, pode apostar que está na geladeira.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

ximmmmmmm!


Faz tempo que eu quero falar de pets. Gatos, cachorros, passarinhos, peixes. Depois do sumiço do Xingu, o nosso gato que foi passear no protetor do carter do carro e fugiu na Vila Madalena, arrumamos outro no fim do ano. Como era muito filhote, achamos que era macho e colocamos nome de homem. Mas na primeira visita ao veterinário, descobrimos que era fêmea. Até hoje é difícil chamar o gato de "ela", confundimos os nomes e no fim hoje a gata se chama "Xim". Só isso, Xim. 
Adoramos a gatinha, mas eu me pergunto todo o dia: pra que ter gato? Pra que serve gato? Pra nada, gente. Serve talvez para a gente entrar em casa e falar "Ximmmm!" e ela aparecer. Dai a gente trata a gata feito um bebê, dizendo "vem bonitinha" ou "cadê a minha gatinha", ela faz aquele charme e fim. Gato quando quer se exibir é fogo. Dizem que gato serve para matar rato, mas a nossa, talvez pela idade, ainda não caçou nenhum. Fica perambulando pela casa, na maior folga do mundo, ganhando comida, casa, abrigo, médico e carinho, tudo grátis. 
Uma vez eu li sobre a esperteza dos gatos e cachorros, que conseguiram sobreviver no universo dependendo dos homens, sendo "fofos", "companheiros" e "leais". É uma excelente técnica de sobrevivência de uma espécime, que percebeu há muitos mil anos a carência do ser humano. Sinceramente, acho a nossa gata super folgada e mega abusada, mas aqui está ela, me olhando com cara de quem não entende nada, e eu achando lindo.