sexta-feira, 29 de agosto de 2008

franka na-morar

(para ler a crônica clique na imagem que ela amplia)

Aí ó eu na-Morar de hoje - Revista da Folha de São Paulo - falando sobre a minha lareira mais uma vez ((1)sei que ninguém aguenta mais esse assunto, frankamente...) ((2)e esse calor que não acaba?). Mundo novo. Puxa, mas fiquei com a impressão que cortaram um pouco o meu texto, mas resolvi não revisar e nem implicar. Da próxima vez apenas escrevo menos.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

franka na tábua de bife


Outro dia escrevi aqui que o meu computador esquenta muito a minha mesa, e que a M. resolveu que eu tinha que colocá-lo sobre um jogo americano para não estragar a madeira. Eu comentei no post que parecia que eu ia comer o computador, que parecia que estava digitando num George Foreman Grill. Hahaha.
Bem, ela apareceu uns dias depois com essa cortiça. Explicou que o jogo americano estava derretendo, que ia estragar, e que ela comprou cortiça na Kalunga. Passamos horas desenrolando e passei a usar aquela "toalha" de cortiça sob o micro, mas com o tempo aquilo começou a ficar sujo e esfacelar. Vi que a M. não ficou satisfeita com o resultado, embora pra mim estivesse mais que bom.

Foi quando ela apareceu na segunda feira com um embrulho. Toda animada.
- Você não vai acreditar o que eu tenho aqui.
- O que é, M.?
- Olha! - e ela tirou uma tábua de madeira, daquelas de carne, de dentro de uma sacola da Etna.
- É uma tábua de carne? A gente vai cortar bife aqui no escritório, M.?
Eu não duvido de nada que vem da M.....
- Não, hahaha! É para o seu computador! É muito melhor que aquela cortiça velha, e olha! É da cor da mesa! Vai ficar lindo! Vamos ver se cabe?
Coube direitinho mesmo, nem dá pra ver o furo da alça, e é realmente da mesma cor da mesa. Bem, gente, e então, desde segunda feira, franka trabalha, comenta e posta em cima duma... tábua de bifes.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

porta aaaut...





Ainda no shopping com o João. Estacionamos no vigésimo subsolo, achamos a portinha com as escadas rolantes para subir. Não entendo porque shopping nunca tem escada normal. Qual o problema de escada normal, daquelas com degrau, que a gente sobe e desce com as pernas? Em shopping nunca tem, você é obrigado a esperar horas por um elevador ou subir aquele monte de escadas rolante. O João parou em frente a porta automática.
- Mãe, olha.
A porta automática abriu. Zuuup.
- Olha o quê, João?
- Olha.
Ele me puxou para trás e a porta fechou. Zuiiip.
- É uma porta automática, João. E daí?
- Mãe, puseram escrito "porta automática" na porta automática, mas é impossível ler porque ela abre rápido demais. Olha.
E ele deu um passo para a frente. Zuuup.
- "Porta aaaaut..." aí, sumiu. Viu mãe? Viu? Não dá pra ler. Será que os caras não perceberam que a palavra é grande demais para uma porta que abre nessa velocidade? Eles deveriam ter escrito apenas "porta". Dai dava pra ler.
- É mesmo. E eu então que já nem enchergo mais.
- Gente de mais de quarenta não lê nada mesmo. Acho que você nem ia conseguir ler "porta". Filma, faz um iutube e põe no blog, mãe.
Ai ó. A graça é só essa. Porta aaaut... zuuup.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

tarja de água


Fui ao shopping com meu filho caçula, o João. O João tem 14 anos e gosta muito de comprar cueca, pois parte do estilo de vestimenta dele consiste em deixar a calça caindo e o elástico da cueca aparecendo. Às vezes a calça cai tanto que aparece quase a cueca toda, eu reclamo, o Zé reclama, a tia Ângela reclama. E ele gosta de variar as marcas que estão escritas no elastiquinho. Notei que tem marcas que são importantes para ele se exibir. Hoje eu não ligo para essa coisa de marca, mas quanto tinha 14 eu ligava. Eu era louca pra ter uma calça Fiorucci de veludo liso e um jins da Soft Machine. Quando ganhei fiquei super feliz. Eram tão apertadas que eu tinha que vestir deitada na cama, depois andava um tempo sem respirar e como um robô, depois a calça "laceava". Não era nada confortável, mas eu tinha 14 anos e aquele era meu estilo de vestimenta. Quem sou eu pra criticar o João e suas cuecas?
- Mãe, compra uma Calvin Klein pra mim?
- Elastiquinho CK?
- Por favor, mãe.
- Compro, vá.
Entramos na loja, o vendedor mostrou os modelos. O Juca escolheu, fui pagar, ele me cutuca.
- Mãe, porque tem tanta garrafa de água aqui na loja?
Olhei ao redor e a loja estava entupida de garrafinhas. Ele, curioso, perguntou ao vendedor.
- Pra que essas garrafas de água?
- São águas Calkin Klein. Querem uma? É brinde.
Óbvio que aceitamos, ele sem gás, eu com gás. A água tem um rótulo igual ao elastiquinho e igual às roupas. CKCKCKCKCKC. Gente do céu, sei que é esquisito alguém comprar uma cueca para aparecer o elastiquinho, sei que era esquisito deitar para se entalar numa calça Fiorucci, mas mandar fazer água com marca de loja? Juro que não entendi pra que serve aquilo.
- Faz um post, mãe, que algum dos seus comentaristas deve explicar pra gente...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

um post pro senzala


Tem essa coisa de restaurante. De vez em quando vou nuns restaurantes modernos, cheios de frufru, todos empanados. Daqueles onde a comida é super complicada e você precisa entender onde vai se meter. Fica horas analisando o cardápio, desconfiado. Será que escolhe carneiro com farofa de lichia ou salmão com molho de kiwi e arroz sabor goiaba? Céus. Nesses restaurantes eu sempre pulo uns pratos complicados, nunca sei o que é confit, por exemplo. Nesses lugares também as comidas são mínimas e dá até dó de estragar a decoração. "É meu esse prato? Eu que pedi isso? Que lindo, posso levar para casa?". Sinceramente, confesso que vou nesses restaurantes, mas não gosto. Gosto de restaurante com cara de restaurante e comida de restaurante. Acho que toda familia precisa ter um restaurante de família, um lugar que apenas substitua a comida da casa da gente. A nossa família conseguiu eleger dois restaurantes assim, onde apenas se come. Um é a pizzaria do Clube Pinheiros, onde a gente vai domingo a noite e é baratíssimo. Mesas, garçons, famílias e pizzas. Só. O outro é o Senzala velho, ali na praça Panamericana. A gente adora ir no Senzala velho e eu resolvi até fazer um post pro restaurante, porque eu e minha família estamos morrendo de medo do Senzala velho resolver virar Senzala novo e o único restaurante legal perto da nossa casa acabar. Gente, é sensacional. Lá no Senzala velho tem feijoada no sábado, tem um churrasco super bom, tem casquinha de siri, estrogonofe, lasanha, risoto de bacalhau. Tem comidas normais, é surpreendente. Domingo passado eu e o Zé resolvemos estrondar e pedimos camarão à grega. Gente, eles tem camarão à grega, dá pra acreditar? E camarão a grega dá água na boca, com camarões empanados, arroz a grega e batatinha palha. Mas o Senzala velho é velho, a iluminação é horrivel, a decoração idem, e tou vendo a hora que o dono do Senzala velho vai querer modernizar e inventar outro lugar com outras comidas. O que seria, realmente, uma pena.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

plá, pá, plof, pá, plá


Aconteceu antes de ontem. Fim de tarde, eu e a M. aqui no escritório. Eu fico separada dela por um biombo de vidro com uma persianinha, mas aqui o espaço é pequeno, uma salinha apenas, e aquele biombo não divide é nada, estamos praticamente juntas e coladas. Era fim da tarde e aqui em São Paulo está o maior calor, quando de repente ela dá um berro altíssimo, estrondoso, eu quase caio da cadeira. Antes que eu possa entender qualquer coisa, ela dá um pulo da mesa, corre para os interruptores e apaga todas as luzes. Ficamos iluminadas somente pelas telas do computadores. Logo em seguida, eu ainda muda e estatelada sem saber o que se passava, ela pega um pano de chão no banheirinho e começa a bater nas paredes, nas mesas, nos armários, dando uns berros desesperados, feito um espanador de pó com TPM. "Aiii, eles estão entrando", ela grita, "aiiii!". Imediatamente ela corre, fecha as janelas com força e reinicia a dança estrambótica com o pano, desta vez batendo nos vidros e falando algo como "sai, sai, sai", sendo que, com tudo fechado, no escuro e apanhando daquele modo, era impossível qualquer coisa sair viva dali.
- M.? Tudo bem? - Arrisquei, pensando se deveria fugir dali ou dela.
- Os malditos mosquitos de luz! São cupins, olha quantos, quantos, quantos! Entraram!
Pá, pá, plonc, plá, ela batia com fúria, plá, pá, clenqui.
- Ai, virei o copo de suco. Droga!
Olhei a redor, mas estava escuro e não vi nada. Mosquitos? Cadê? Percebi uma coisinha voando diante da minha tela. Um mosquitinho daqueles de asa grande, que ficam nos postes. Só haviam duas luzes no escritório, a dos micros, e claro que eles iam ficar ali na frente. Tive medo dela espancar meu laptop e resolvi não me mexer. Foi quando aconteceu uma coisa engraçada que só acontece quando você está em dois. Acho que se eu estivesse em casa, sozinha, eu ia me incomodar muito com aqueles mosquitos. Não gosto muito de insetos em geral. Mas ali, diante do desespero dela, eu mudei de personalidade no mesmo momento. Fiquei corajosa e valente. "Ora que bobagem. Uns mosquitinhos de luz, M. Já vão embora, esqueça, que exagero", eu disse, impassível, destemida e dando de ombros. Juro, naquele momento eu era capaz de aguentar uma nuvem de mosquitos, abelhas e moscas sobre meu corpo e até sorrir. Virei "aquela que não liga pros insetos". É, em dois sempre tem essa coisa meio yin-yan. E ela passou a me olhar com admiração enquanto batia a esmo nas paredes, exterminando até os fantasmas dos poucos mosquitos.
- Sério que você não se incomoda, Lúcia? Nossa.
Ponto pra mim. Respirei fundo, confiante, cheia de mosquitos ao redor
Ontem quando eram cinco horas ela fechou tudo e ligou o ar condicionado.
Eu fingi que não vi.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

gordinhos


Às vezes eu penso o que realmente faz uma pessoa casar com a outra e dar certo o casamento. Acho que são as compatibilidades com umas coisas mínimas, inúteis e sem muito nexo. Eu e o Zé combinamos em algumas coisas bem estranhas, mas acho que são justamente essas coisas que são a salvação para a gente não brigar. Porque casal briga muito, não adianta ir contra a natureza humana. O mais importante para se continuar casado é diminuir as brigas e aumentar as risadas. Só isso.
A gente combina em coisas bastantes esdrúxulas. A gente não liga de ficar bagunça na cozinha. Não liga de encontrar uma pilha de sapato, havaiana e tênis dos filhos embolados no hall. A gente não liga dos nossos filhos trazerem quinze amigos em casa de repente. A gente não liga também de ficar o dia todo em casa sem fazer nada. A gente gosta de ver programa idiota, como "Troca de família", que passa na Record no domingo a uma da tarde (recomendamos). A gente não vê novela, mas nunca perdemos o Big Brother. A gente não liga quando quebra um vaso ou um pirex. A gente não liga quando não tem botão na nossa roupa. A gente sempre esquece de pagar as contas e paga com multa. Perdemos toda hora a chave do carro e de casa. A gente fala mal das mesmas pessoas. A gente fala bem das mesmas pessoas. A gente ri de coisa muito boba. E, tanto eu quanto ele, a gente quase nunca lava o carro. É muito raro a gente lavar o carro.
Não é que a gente é porco. Tem gente que acha que o carro é meio a extensão da casa, e que se a casa está limpa o carro também tem que estar. Concordo, mas não consigo. Entro e saio do carro rápido demais, e quando saio esqueço completamente dele. O meu carro é mais limpo por dentro que o do Zé, que tem muito lixo dentro, porque ele é super comilão. O meu tem cinzinhas de cigarro porque eu voltei a fumar. Sempre tem embalagem e papel de bala nos dois. Mas às vezes, muito as vezes, acontece da gente lavar. Foi o que houve nesse final de semana, quando o Zé, orgulhoso, me mostrou o carro dele.
- Olha que limpo. Parece um espelho.
- Olha só a gente refletido no seu carro, Zé.
- Gordinhos. Tira um foto da gente gordo assim, Lú.
- Toutirando.
- Não deixa ver que é reflexo da gente no carro. Tira o carro, deixa só o reflexo da gente.
- Tá.
- Ficou bom?
- Ficamos gordinhos, Zé.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

o dentista gato e o médico quente

Semana passada chegou um e-mail do grupo de fofocas daqui prédio onde eu trabalho. Um dos condôminos daqui disse que tinha doado imãs de palavras para o nosso painel de avisos, e que as pessoas deveriam ir lá e olhar. Achei super curioso uma pessoa ter essa idéia estapafúrdia, viabilizar e até avisar os vizinhos a respeito, como se aquilo fosse a maior invenção da paróquia. Primeiro porque a idéia vai contra a utilidade do painel: ora, um painel de avisos é para colocar avisos, não para ficar brincando com ele.
Mas parece que as pessoas gostaram, pois o cara que deu o presente recebeu um monte de respostas de vizinhos elogiando a iniciativa dele de dar as palavras. Algumas mulheres disseram até que iam "visitar" o painel de letrinhas. Visitar!
Na primeira semana já deu briga: uma psicóloga queria colocar seu folder e não tinha lugar. Ela começou a empurrar as palavras, alguém não deixou, o gerente-concierge foi chamado para resolver o caso.
Foi quando, outro dia, desci com a M. para tomar café e fomos olhar as tais "palavras-imãs" do famoso painel. Alguém já tinha se aventurado e feito algumas frases meio sem nexo, um outro vizinho fez um monte de poesias concretas muito concretas. Foi quando eu e a M. olhamos para o lado, vimos que não vinha ninguém, fizemos umas frases ridículas e saimos correndo:
"A empregada toma cerveja no forno".
"O dentista gato tira a roupa para o médico quente".
Eu sei que nossas frases foram muito idiotas, mas achei essa idéia do painel de palavrinhas uma coisa pra lá de idiota também. Um monte de médicos e adultos mexendo as letrinhas num painel que era para ser de avisos? Pra que? E incrível como a nossa frase do dentista gato e gay tem feito sucesso. Já ouvimos muitas gargalhadas.

ecos de bê no bê com saruê


Estou acostumada a ver a banda do Caio tocar. E tou acostumada a ver a desenhar. As duas coisas juntas eu nunca tinha visto. Foi bem legal. Muito mesmo. Combinou. Teve a ver. O bar tem um palquinho onde a banda toca. Atrás do palco a Bê montou uma tela e as imagens eram projetadas de acordo com a música da Banda Saruê. Estava lotado, e a Bê reservou a melhor mesa, a que fica em frente ao palco, para os amigos. Não coube, claro, mas era legal ficar em pé porque dava para dançar. Ficamos até altas horas da madrugada. Muitos blogueiros. Fui vestida de Franka, e por isso fui muito reconhecida e aclamada. Fãs. Como no local haviam diversos Carecas, eu analisei um a um para saber quem era o verdadeiro. Acho que é o saxofonista que está na filmagem do blog da Bê. Cliquem aqui para ver um iutube muito legal da banda Saurê e da vernissage da projeção da Bê que a MJ fez. Ê, ê, ê. Quanto acento circunflexo para um evento.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

bê no bê


Foi uma coisa que ela inventou, a Silvia . Fazer uma projeção dos desenhos dela durante a apresentação da banda do Caio, meu cunhado e autor da imagem da Frankinha. Deu certo. E então amanhã a "Saruê Jazz Quartet" estará se apresentando no Bar B (achei incrível esse nome que o Caio inventou pra banda) e a Bê vai projetar os desenhos dela nas paredes e na tela do Bar. Vai ser super legal. Ela me explicou que os desenhos vão dançar conforme a música, uma coisa super moderna cibernética internética escalafobética lisérgica e muito super pink floyd, muito além de uma reles apresentação de slides. Além disso, essa é uma grande oportunidade de vocês conhecerem todo mundo sem tarja e ao vivo, Franka, Bê, a irmã da Franka, o Caio cunhado, a banda o Caio com Marcelo, Rafael e o Beto, a lúcia carvalho, o Zé... Programa imperdível e super moderno.

onde está Franka?


Prévia da Franka na projeção dos desenhos da bê no Bar b., amanhã, sábado, 10 horas da noite.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

leia jornal, franka, leia jornal

Recebo todo dia em casa dois jornais, o Estadão e a Folha. Assinamos os dois desde a época do vestibular do meu filho Chico, pois achamos que era importante ele ler jornais diferentes. Tentei agora des-assinar algum deles, mas o Chico foi contra, uma vez que é hora do vestibular da Nana e ele acha que ela tem que ler também. Mas a Nana não lê nenhum dos dois, apesar de todo mundo falar para ela que é importante. E eu, de uns tempos pra cá também tenho lido pouquíssimo, e tento entender porque.
O meu problema é a bagunça que tem ficado aquilo. O Zé, o Chico e o João acordam antes de mim, e quando desço para tomar café, todos os jornais estão todos embolados numa cadeira. Não gosto ler jornal embolado, e, além disso, eles conseguem misturar todos os cadernos dos dois num embaralhado tão legal, mas tão legal que não tenho mais a menor idéia do que é Folha e o que é Estadão.
Não sei como se divide jornal em família. Sei que é meio inevitável, para quem lê um jornal, fazê-lo voltar para o formato original. Jornais sempre amassam, dobram nuns pedaços e despencam no chão, pois não tem grampinho. E se uma pessoa já faz uma bagunça com um jornal, imagine numa família com dois jornais. Os meus jornais de manhã parecem um doce de mil-folhas cheio de farelos de pão dentro.
Os Caderno Dois e Ilustrada nem se fala. O Zé, um fã incondicional de palavras cruzadas, consegue dobrar os dois cadernos de um tal modo que eles se tornam uma tabuinha com a palavra cruzada em cima. Assim ele tem apoio para escrever. Para o Zé, a palavra cruzada é a parte mais legal do jornal. Ele tem setecentas teorias sobre elas. Hoje, por exemplo, sexta, ele quase desistiu: "sexta é difícil demais, o cara que faz a da sexta é terrível".
E o pior dos meus problemas com o jornal é que eu quase não enxergo mais sem óculos de manhã. E sempre largo meus óculos no escritório. Leio as manchetes, o resto embaralha no amarfanhado dos papéis. Quando será que vão inventar um jornal full-hd-LSD?

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

cheio de graça


- O que você está cantando ai, João?
- Nada, mãe.
- Eu ouvi uma parte.
- Ouviu?
- Ouvi e não gostei.
- Não pode cantar isso? Foi meu amigo que começou. Ele que cantou sem querer hoje na escola e a música ficou na minha cabeça.
- Mas João, meu filho, não se deve misturar uma música com uma reza.
- Mãe, ouve a letra da música:"olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...". Não consigo mais cantar a frase "cheia de graça" sem emendar com "senhor é convosco, bendita..."
- João, que absurdo, pára já com isso.
- Sabia que dá pra cantar a reza toda dentro da música? Cabe direitinho.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

as roupinhas dos caras da natação


Pra mim, que fui mãe da época dos Power Rangers, impossível não comparar as roupas daqueles meninos da natação com os uniforminhos dos heróis. O mais engraçado é que todos esses meninos da natação tem quase a mesma idade dos meus filhos, e obviamente brincavam de Power Rangers quando eram meninos. E lembro que em casa o preto era sempre o campeão, o mais disputado, motivo de brigas homéricas. Power Phelps, síndrome de Power Ranger.

caminhe, laura, caminhe

soucarioca.gif picture by lauradiz


A Laura, do Caminhar, escreveu um belo post outro dia sobre os blogs. Ela disse que está cheia de ouvir essa coisa que todo mundo fala que os blogs estão morrendo. Concordo com ela. Eu não estou morrendo, alguém aqui está morrendo? Estamos é melhorando a cada dia. Já disse uma vez há anos. Um blog é um outro tipo de casa da gente. Casas virtuais. Tem a nossa cara, o nosso modo de agir, a nossa decoração. Tem blogs mega chiques e blogs super rips. Tem blog de paulista, blog de gaúcho, blog de americano, blog de carioca. A Laura fica assim lá na casa dela, balançando as perninhas e lembrando do tempo que ela morava no Rio. Acho a maior graça nas coisas que as pessoas colocam nos blogs. Ela tem orgulho de ser carioca e orgulho de ser blogueira. O resto não importa.

domingo, 10 de agosto de 2008

as olimpíadas esquisitas da franka


Sentei no sofá na sexta feira empolgadíssima com a TVLSD e com as olimpíadas. Escolhi um canal HD de esportes. Achei uma imagem parada, apenas uma músiquinha chinesa ao fundo. Em alguns minutos a câmera passou a focar um campo de areia com uma linha no meio. Tudo ainda estava em silêncio, transmissão ao vivo sem narrador, julguei. Não sabia o que iria acontecer até que entra uma moça num cavalo, e o apresentador fala em chinês e em inglês alguma coisa. Hipismo, entendi, mas onde estavam os obstáculos? Conclui que era outro tipo de prova hípica. Não entendo nada de hipismo, caramba. A moça usava uma cartola e roupa de gala. Hã? Anda de cá para lá, não entendo do que se trata, ela sai e aparece outro competidor. Desta vez era homem meio gordo e mais velho. Conclui que a prova não tinha restrição de sexo ou de idade. Ele faz o mesmo percurso enigmático, sem correr e sem pular nada. Santo Deus, que esporte era aquele? Não estava entendendo patavina e resolvi descobrir sozinha. Assim, digo a vocês onde cheguei: primeiro vi que o cavalo tinha que andar numa linha. Depois o cavalo tinha que andar de lado mas em linha reta. Depois andar do outro lado e ainda em linha reta. Depois andar de cabeça abaixada, depois dar uma corridinha, depois fazer um trotinho. Todo mundo muito chique de cartola, todos os cavalos muito chiques com um penteado. Esporte mais esquisito, sem restrição de sexo, sem restrição de idade ou peso. Quem inventou aquilo? Dois brasileiros concorriam, não consegui julgar se eram bons. Até que entrou uma moça toda pirilampa. O cavalo dela andou retinho na linha, e, quando trotou, pulou a linha como se dançasse ballet. Como ela foi super aplaudida, entendi que aquele era o lance. Andar na linha e pular a linha com graça. Fiquei até meia noite vendo aquilo, pasma. Que esporte era aquele e que maluquice levar aqueles cavalos para a China, gente. Coitados, não tem a menor idéia de onde foram parar, os cavalos. Sábado fui procurar na internet o que era aquilo, uma vez que a TV não explicou nada. Adestramento. Fiquei na mesma. Esporte esquisito, mas o meu predileto até agora. Hahaha.

sábado, 9 de agosto de 2008

o quadradinho do careca


O grande blogueiro Careca escreveu post onde ele fala de mim. No post ele cita três blogs que ele lê, um deles o "frankamente...". Eu já escrevi um post todo pra ele uma vez, pois achei que ele era super engraçado e que escrevia super bem. Nesse post do Careca, de antes de antes de ontem, ele primeiro ele elogia, um blá, blá, blá super legal que me deixou super emocionada, depois fala o seguinte (e notem só que atrevido que é o cara!):

"Uma das coisas mais engraçadas da Franka é sua idolatria ao Mário Prata. Ela gosta tanto do Prata que colocou uma foto dele no blog. O grande cronista também é fã da Lúcia e fez algumas crônicas a partir do que ela escreveu. Mas não botou foto da Lúcia."

Hahaha. Olha aqui, gente. Se a gente analisar bem esse texto do Careca, é fácil concluir que ele está com-ple-ta-men-te enciumado com a foto do Mário Prata aqui do lado. Uma não, duas fotos. Eu conheço gente enciumada. Acho que se eu fosse ele eu também ficava, porque também sou meio ciumenta. Mas o Careca, um cara destemido que não tem medo do Prata, resolveu enfrentá-lo, dizendo pra quem quiser ouvir que ele não colocou foto minha no site dele. Então chega de briga. Resolvi fazer um quadradinho igualzinho pro grande Careca. E vou colocar o Careca em cima do Prata, pra mostrar para ele que ele é mais importante. Ele escreve tão bem quanto. E como de hoje em diante eu vou modificar o meu modo de vida e só vou gostar de quem gosta de mim, ó Careca, ó ali você, com link direto pro teu post.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

absurdo


Fiquei em pânico com isso e até agora não me conformo. No meio da apresentação da olimpíada hoje de manhã, quando os homens acesos se colocaram em posição de pirâmide (sei lá por que), apareceu do nada uma pobre menininha voando, pendurada em dois fiozinhos e toda feliz da vida. Que coisa assustadora, meu Deus. Ela não tinha idéia do perigo que corria. Uma criança sozinha lá em cima, pendurada naqueles fiozinhos não pode. Que mãe desnaturada é essa que deixa a filha parar naquele lugar? Louca!

chão de TV?


Não aguentei e fiquei em casa vendo a abertura das Olimpíadas em LSD. Eu e o Zé, já prontos para sair para trabalhar, estacamos e paramos imóveis na frente da TV, bolsa a tiracolo, chave do carro na mão.
- Nossa, Lú.
- Nossa, Zé.
- Não dá pra saber se isso é real ou não. O que é truque e o que não é.
- A coisa mais impressionante que eu já vi, Zé. Esses truques são um tipo de enganação, mas enganar 90 mil pessoas. Que coragem.
- E essa música chinesa. Dá medo. É fantástico e demoníaco.
- Esse monte de homens e menininhas voando. Esse mundo que subiu do nada com essa gente rodando de ponta cabeça. Esses seiscentos discípulos de Confúcio, Zé. Homens acesos. Aquela cachoeira no teto. Meu Deus. Esse chão de TV, como eles andam sobre uma TV? A nossa LSD é mixuruquésima perto dessa tecnologia dos chineses. Será que eles tem isso em casa? Chão de TV? Imagina o que deve ser morar lá.
- E depois falam que coisa chinesa é ruim, que quebra, que é mixuruca. Olha que perfeito: ninguém erra, nada quebra.
- É, Zé, a China é o cara. Nossa, como tudo parece mixuruco na nossa vida depois disso.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

cuidado, lavanderia

- Meu Deus - exclamou a Bê ontem enquanto a gente falava no telefone - eu esqueci de novo de pegar a minha blusa na tinturaria Sincasequi. Deixei uma blusa de festa lá no começo de julho, nunca lembro de ir buscar.
- Pega agora, Bê.
- Agora não dá, e o pior é que se a gente não pega em 45 dias eles dão. Isso tá virando um pesadelo pra mim, essa coisa de esquecer.
- Dão? Dão pra quem?
- Sei lá. Mas tá escrito no papelzinho. Pera, vou ler. Ouve: "... as roupas não retiradas num prazo de 45 dias serão doadas".
- Mas Bê, será que eles podem pegar uma blusa sua e dar para outra pessoa? Isso não é errado?
- Acho que podem. Se eu não buscar vira abandono de roupa. Isso deve ser proibido.
- Abandono de blusa de festa? Será que existem leis para lavanderias?
- E repara, eles avisam muito bem avisado. Acho que se a lavandeira avisa, ela pode dar - ela conjeturou.
- Vai ver que eles não tem onde guardar. Vai ver que lá dentro é pequeno. Ou será que eles dão pra os funcionários?
- Não, impossível. Imagina se vou na Sincasequi de novo e vejo alguém usando minha blusa?
- Dar de cara com uma funcionária trabalhando com tua blusa? Mas tua blusa não é de festa?
- Lúcia, acho que eles dão pra caridade. Ou será que a Sincasequi tem um brechó?
- Pode ser. Se eles tiverem, será que eles não revendem, Bê? Você podia comprar a tua blusa de novo no brechó do Sincasequi.
- Comprar?
- Liga lá e negocia com eles. E será que eles não tem uma taxa de esquecimento? Devia ser possível você pagar um tanto a mais, tipo um seguro, para a blusa ficar mais de 45 dias. Porque 45 dias, Bê, pra gente que é esquecida, é muito pouco tempo para pegar uma blusa de festa. Muito pouco, pensa. A atendente devia perguntar: "a senhora quer esquecer 45 dias, três meses ou um ano?". E devia dar os preços da lavagem segundo o grau de esquecimento. Isso seria mais justo, eu acho.
- É, porque não é nenhum pouco justo eles darem a minha blusa pra outro.
- Que triste, Bê. Perder uma blusa assim.
- Nossa, Lúcia, como é perigoso a gente deixar uma roupa na lavanderia. Nunca tinha pensado nisso.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

diretamente do rio


Tem uma coisa que o mundo de hoje inventou que juro que não entendo. Eu ando muito de carro, tem muito trânsito em São Paulo, e já passei quase uma hora e meia pra chegar na Paulista ou na Vila Nova Conceição. Não comi no carro. Já viajei de ônibus, e não comi por muito mais de duas horas. Já viajei de trem e não comi por muito mais de três horas. Já viajei de barco e não comi nada por muito mais de quatro horas. Mas basta a gente entrar na ponte aérea, que dura menos que cinquenta minutos, que alguém acha que preciso comer.
São Paulo - Rio. No caso de embarques fora do rushi, tudo corre rapidinho. Nem precisa esperar o avião sentado, se você inventar de tomar café ali do lado (o café demora...). Você se senta na poltrona do avião, afivela o cinto, vrummm, decola rezando o Pai-Nosso, ufa que alívio que o avião não caiu nem bateu no prédio da avenida, você fala com o engenheiro que foi viajar com você, pega a palavra cruzada da revistinha da TAM, abre a mesinha pra escrever e ouve a voz da moça: "... sanduíche de pão integral com salaminho, tomate seco, queijo branco e orégano... suco de laranja, refrigerantes e chá verde...".
Putis. Lá vem o carrinho atravancador do corredor, a moça sorrindo e te dando o pacotinho com a embalagem moderna, e lá tou eu abrindo pra achar o sanduíche borrachudo que vou comer com um suco cheio de gelo. Gerúndios, porque não? No meio meio que arrependo. Tou comendo esse salaminho porquê mesmo? Ora, o moço(a) tão gentil, tantos acessórios juntos (guardanapinho, copinho, menuzinho), não custa dar uma mordidinha. Não tenho fome, é cedo, nem almoço nem jantar, mas me deram, fazer o que? Quando estou no meio do borrachão sem gosto, ouço uma voz. "Senhores passageiros, aqui é o comandante e vamos pousar no Rio. A temperatura é de 22 graus e...". Não dá tempo, simplesmente não dá tempo de comer se você tá, como eu, na poltrona 23 e acabou de receber o treco. Devolvo rapidamente o resto do sanduíche todo amarfanhado, o suco pelo meio e a papelada suja. Paciência. Chego no Rio, onze e meia da manhã, e lembro que tenho aquele pedaço de sanduíche dentro de mim. Pra que mesmo? Na volta a mesma coisa: sempre a correria as aeromoças (será que aeromoça de ponte aérea é algo além de garçonete de fast food?) para conseguir, naquele tempo exíguo, alimentar aquele monte de gente que não pode se mexer (ir pra onde com o carrinho no corredor?).
Gente, porque é que a gente precisa comer naqueles quarenta minutos na TAM? Na volta a mesma coisa: já comi sanduíches de chester com queijo camembert, frutinhas com frios e até sopa de beterraba, tomate e pimentão. É, a noite eles servem sopa e numa turbulência aquilo deve ser hilário. Imaginem o fedor do ambiente. E acho que foi pensando nisso que uma dessas vezes da sopa, pensei em levá-la pra casa pra comer depois, numa hora apropriada. Olha, a tal sopa, se for sorvida quentinha e na frente da TV, deve ser legal. Mas como levar aquilo se a sopa da TAM não tem... tampa? Ela não é como o sanduíche, que vem fechado.
- Puxa. Não queria comer agora, queria levar essa sopa, Luiz.
- Porque aceitou?
Olhei para frente e vi o saquinho vermelho no guarda jornais, aquele bolso de trás da cadeira da frente.
- Acho que vou levar aqui - disse animada, mostrando o saquinho de vômito para o engenheiro.
- Tá louca, Lúcia?
- Loucos são eles, que me dão essa sopa a troco de nada. Nem queria.
- Hã? Mas você vai sair com esse... saquinho cheio de sopa? Na mão?
- Tem fecho! - eu mostro a ele, abrindo e fechando - Quero comer depois, em casa, não pode?
- Da próxima vez vai de Gol que eles não te entopem de comida, Lúcia. Só uma barrinha de cereal.
- Pra quê uma barra de cereal?
Hahaha. A humanidade não pensa muito não.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

franka fica sentida


Vou voltar nesse assunto porque ele não me sai da cabeça. Essa coisa da matéria do Estadão falar que a febre dos blogs acabou e tal. Essa coisa de quererem transformar essa mídia aqui numa mídia ultrapassada. Olha, gente, pensa. A gente passa horas e horas na frente do computador, com essa luz branca na cara. E não é só a gente que trabalha em escritório. Até os caixas de café e os manobristas de estacionamento ficam na frente de computadores o dia todo. Uma vez contei aqui de uma amiga minha, a Lú, que um dia ficou sem monitor na casa dela, pois o computador pifou. Ela foi falar no telefone na frente da televisão sem som. "Eu não consigo raciocinar mais sem uma tela na frente, Franka", explicou.
Todos nós, que usamos computador o dia todo, nos distraímos e vamos dar uma volta pela internet, seja para procurar o preço de uma televisão de LCD, seja para entrar num site de músicas, seja para gugar o fulano que a gente conheceu no dia anterior. E é nessas horas de descanso que as pessoas entram em blogs. Eu vou muito nos blogs das pessoas que eu gosto e admiro. Vou em alguns para falar um oi, vou em outros para encontrar poesias, textos, matérias, crônicas e contos. Vou e encontro coisas muito boas. Bico achar quem é bom, mas é claro que tem muita merda também. A minha amiga Bê, que é uma artista plástica talentosíssima, usa o blog dela como apoio para a coisas que faz e ela não deixa de ser artista porque tem blog.
Blog não é arte, blog não é literatura, blog não é fotografia. É apenas um outro tipo de papel para escrever, outro tipo de espaço para jogar sua paixão pela arte, um outro tipo de lugar para colocar suas fotografias. Ninguém é menos ou mais artista por postar textos ou imagens num blog.
Talvez a implicância seja porque é grátis. Acho que as pessoas, principalmente os escritores, muitas vezes desvalorizam os blogs porque dizem que postar é um tipo de publicação, e que ao postar e tornar conhecidos textos inéditos estão inviabilizando uma publicação em papel. Péra. Será que se a gente tivesse que pagar para entrar num blog a coisa seria diferente? Pode ser. Mas porque será ninguém valoriza o fato de um blog bárbaro ser grátis? Não é legal, não é sensacional ser grátis? Blogs bons são presentes que ganhamos a troco de nada, coisa que que num mundo assolado pelo consumo deveria ser mega-valorizado. Eu escrevo de graça e conheço muita gente que escreve de graça. Quem escreve precisa escrever, precisa, entende? Pre-ci-sa. Eu não aguento ficar sem escrever, gente. É para mim uma necessidade, dane-se se é de graça ou se me pagam por isso. Se me pagassem seria melhor, claro, não sou maluca. Mas continuo assim mesmo, pra mim a generosidade de idéias é fundamental na vi-da. Não escondo idéias, não guardo para vender, não minto para poder publicar depois. Idéia gera idéia e tem que sair da gente e ir adiante, e é esse reciclar que nos torna inteligentes e criativos. É perfeitamente cabível para mim que um escritor tenha um blog (grátis, que seja) e que escreva altos romances, ótimas peças de teatro, contos incríveis.
Melhores ainda.
Talvez a implicância seja porque blog não tem avaliação, como críticos de blog e editoras de blog. Muita gente precisa ler uma crítica boa de um filme, de uma peça ou de um livro para comprar o livro, para ver a peça e para assistir o filme. Senão não vale. Porque muita gente não sabe o que é bom ou o que não é. Acho uma droga isso, essa coisa de alguém decidir por você se uma coisa é boa ou não pra você. Eu sempre gosto de comer, ler ou assistir alguma coisa sem pré-opinião. Decidir o que eu acho e pronto. Mas o mundo anda ao contrário. Ninguém consegue mais ser espontâneo. A roupa-nova-do-rei. Hoje em dia as pessoas precisam de manual pra tudo. Blog é legal? Se os jornais e os críticos disserem que não, as pessoas acreditam. Péssimo isso. Cadê os críticos de blog?
Fico chateadíssima quando vejo as pessoas andando pra trás. Não dá pra não usar e abusar de uma tela que fica na frente de um monte de leitores 24 horas por dia. Não dá para esperar, nesse mundo que não pára de evoluir, uma publicação em papel e achar que essa é a única forma de um escritor ser considerado um escritor.
Agora chega.
Nossa, que Franka revoltada, né? Sei que é chato escrever de novo da mesma coisa, ainda mais uma coisa longa e até meio sem graça num blog de posts engraçados. Mas Franka Lúcia Cardoso ficou 'sentiiida' com a matéria, pois ela acredita no que faz (que mania de terceira pessoa, dona Franka, hahaha).
E repito que quando crescer quero ser bloguista.

domingo, 3 de agosto de 2008

franka discorda

(hahaha, e ainda erraram meu nome no quadradinho de cima e eu virei "Lúcia Cardoso" (as pessoas vão achar que sou filha do FHC!)

Sou uma defensora dos blogs. Foi o que disse hoje no Estadão, numa matéria sobre blogs e literatura. O repórter me ligou essa semana. Era uma matéria pra o caderno Cultura de hoje.
Não entendo porque esse assunto incomoda tanto e porque tem tanta matéria a respeito. Ora, pra mim é muito simples. Escritor é quem escreve bem. Não importa onde. Se um escritor é bom e eu gosto de lê-lo, vou lê-lo num livro, num jornal, num folheto, num blog, num site, num papel de pão. Será que importa tanto o "onde"?. Eu sou blogueira e que tenho o maior orgulho disso. Muitas das outras pessoas entrevistadas na matéria ficam naquela lenga-lenga, batendo a cabeça aqui e ali discutindo se blog é ou não é literatura. Putis, pra quê? Pra mim é.
Então, na matéria, quando ele falou de mim e colocou minhas opiniões, disse: "... discorda Lúcia Carvalho, do blog Frankamente... ". "Discorda Lúcia", ele disse. Uau. Fui a do-contra da matéria. Hahaha. É que muita gente implica e acha que blog é "meu-diário", propaganda pessoal da pessoa, lugar sem leitor, espaço pra se exibir, literatura menor, blá, blá, blá. Mas como eu poderia ser diferente? Comecei dentro de um blog e não se abandona quem nos criou. O meu blog é a minha nave-mãe. Disse a ele que gosto muito, mas muito mesmo de escrever em blogs, e que o que torna uma pessoa um escritor é ter leitores, não importa em que mídia ou gênero literário. E assim como tudo na vida, os que tem talento vingam. Óbvio que blogs chatos vão afundar. Se você tem talento e um bom produto - o que na internet, pra mim, é escrever textos rápidos e curtos (eu expliquei que aprendi que leitura de blogs é sempre rápida, muita gente lê durante o dia, no meio do trabalho, mas ele não entendeu...) - porque não teria leitores? E porque esses leitores, só porque lêem seus textos em um blog, não lêem... literatura? Quem inventou a regra que diz que, se você é escritor, tem que necessariamente publicar em um livro? Aliás, tem uma coisa interessante. Não dá pra publicar um romance num blog, eu penso. Romance a gente lê em livros. E a literatura de um blog é o post.
Olha. Sou blogueira e quero ser blogueira sim, mesmo discordando dentro do Estadão. Na verdade, numa conversa ontem com um amigo, ele me disse que eu deveria era querer ser "bloguista".
- Bloguista, Peri?
- É. Acho que os blogueiros profissionais devem ser chamados de bloguistas. É como a diferença entre motoqueiros e motociclistas, jornaleiros e jornalistas. Pra mim existem os blogueiros e o bloguistas, Lúcia. Ser um bloguista que tem que ser a meta dos bons blogueiros.
Verdade.
Eu, a Franka, uma futura bloguista se-Deus-quiser, concordo plenamente com ele.

sábado, 2 de agosto de 2008

ó não, findi de novo


Não sei se gosto muito de finais de semanas. Sempre quero torná-los diferentes mas nunca consigo, o que me causa uma enorme frustração. Não tenho muito planos para a minha vida, mas para os finais de semana eu tenho. Vou arrumar aquela estante embaixo da TV do quarto, vou comprar travesseiros novos pois os meus já estão com aspecto de pizza de tão amassados, vou comprar um capacete para andar de bicicleta no parque Vila Lobos, vou lavar o carro e comprar um biquini novo. Vou fazer um jantar bacana para os amigos, vou no cinema ver uma estréia, vou ao teatro, nossa, adoro teatro. Mas além do problema do meu sono - eu durmo muito gente, eu durmo excessivamente demais gente, eu durmo sem precisar dormir, putis preguiça que eu tenho - tem a cozinha, a sala, o almoço, a louça, o telefone, os seriados bobos na TV que sempre pego pela metade. Acabo acordando tarde demais, olho a cozinha naquele estado por causa da hecatombe dos jovens na noite anterior: melhor lavar, como fazer um café se não tem sequer um espaço no fogão? É preciso também recolher as roupas e sapatos dos filhos da sala ralhando com eles, arrumar e afofar o sofá que afunda porque é velho e roto, é preciso abrir as setecentas portas trancadas da casa (depois de um assalto moro numa cadeia), é preciso tomar um banho por favor dona Franka, é preciso pegar os jornais lá fora e tirar dos plastiquinhos, é preciso jogar os plastiquinhos fora, meu Deus, é preciso ler os jornais, afinal dona Franka, a senhora precisa se informar sobre o mundo. Escolho alguns cadernos da Folha, outros do Estadão, consigo fazer o café e surgem os filhos esfomeados de pijama e pantufas, a comida se espalha pela mesa recém arrumada, já são quase meio dia, a bagunça voltou subitamente, não li jornal nenhum e passo a recolher tudo de novo, louça, louça, copo, embalagens, ixi, lembro das camas, ei meninos, vamos arrumar as camas, ei gente, vamos ajudar aqui a mama de vocês? Toindo, toindo, toindo, ahã. Incrível como jornal se espalha pela casa, e depois dos almoços no Senzala ou no clube não resisto, exausta e sento no sofá afundado para ver aquelas comédias inúteis na TV (agora de LSD, uau), olha dona Franka, já está quase anoitecendo e você não fez nada. Toca o telefone e eu me perco mais falando bobagens para minha irmã, minhas amigas, minha mãe. Incrível como a bagunça da casa se faz novamente do nada a cada uma hora, como assim, quem deixou esse pote de pipocas aqui, ei gente, dá pra abaixar o som de computador ai em cima, o que, não é possível, já está passando Pânico na TV e vocês estão assistindo essa baboseira de novo? Nossa, adoro segundas feiras.