Recebo todo dia em casa dois jornais, o Estadão e a Folha. Assinamos os dois desde a época do vestibular do meu filho Chico, pois achamos que era importante ele ler jornais diferentes. Tentei agora des-assinar algum deles, mas o Chico foi contra, uma vez que é hora do vestibular da Nana e ele acha que ela tem que ler também. Mas a Nana não lê nenhum dos dois, apesar de todo mundo falar para ela que é importante. E eu, de uns tempos pra cá também tenho lido pouquíssimo, e tento entender porque.
O meu problema é a bagunça que tem ficado aquilo. O Zé, o Chico e o João acordam antes de mim, e quando desço para tomar café, todos os jornais estão todos embolados numa cadeira. Não gosto ler jornal embolado, e, além disso, eles conseguem misturar todos os cadernos dos dois num embaralhado tão legal, mas tão legal que não tenho mais a menor idéia do que é Folha e o que é Estadão.
Não sei como se divide jornal em família. Sei que é meio inevitável, para quem lê um jornal, fazê-lo voltar para o formato original. Jornais sempre amassam, dobram nuns pedaços e despencam no chão, pois não tem grampinho. E se uma pessoa já faz uma bagunça com um jornal, imagine numa família com dois jornais. Os meus jornais de manhã parecem um doce de mil-folhas cheio de farelos de pão dentro.
Os Caderno Dois e Ilustrada nem se fala. O Zé, um fã incondicional de palavras cruzadas, consegue dobrar os dois cadernos de um tal modo que eles se tornam uma tabuinha com a palavra cruzada em cima. Assim ele tem apoio para escrever. Para o Zé, a palavra cruzada é a parte mais legal do jornal. Ele tem setecentas teorias sobre elas. Hoje, por exemplo, sexta, ele quase desistiu: "sexta é difícil demais, o cara que faz a da sexta é terrível".
E o pior dos meus problemas com o jornal é que eu quase não enxergo mais sem óculos de manhã. E sempre largo meus óculos no escritório. Leio as manchetes, o resto embaralha no amarfanhado dos papéis. Quando será que vão inventar um jornal full-hd-LSD?
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