quarta-feira, 29 de novembro de 2006

seca e afogada

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A chuva nos pegou no meio da rua e tivemos que sair correndo até achar uma marquise, eu, o Zé e os meninos. Estávamos saindo do clube, o carro estava muito longe e aquela aguaceira parecia não ter fim tão cedo. Os meus filhos, todos da geração vídeo-game, viram aquilo como um jogo e calcularam que teríamos cinco ‘fases’ até chegar ao carro. Um prédio, uma marquise, uma entrada de escolinha, uma banca de jornais e um ponto de taxi. “E provavelmente nenhum ‘bônus’ para ganhar um 'turbo'”, emendou o João, rindo.
Quando estávamos no segundo pitistopi, olhei para a calçada e tive um choque. Diante de mim estava uma enorme árvore, com um tronco super bonito, mas completamente afogada pela calçada. Gente, olha a foto. Pode uma coisa dessas? A pessoa que fez essa calçada – uma calçada bem cara, convenhamos, de granito, com um desenho complicado e até com estrelas – colocou o piso até o talo, até o limite certinho do tronco. E mais – os recortes na pedra – que não é nada fácil de fazer – foram feitos um a um, especialmente para o local. Uma colocação realmente primorosa, mas gente... como essa árvore respira? E céus, como ela toma... água? Nunca me preocupei com a sobrevivência de uma árvore, pra falar a verdade. Mas ver esse sufocamento tão explícito num dia de toró realmente me deixou aflita. Tadinha.
Que acham? Vou até lá à noite e... picaréto? Será que assim eu ganho um bônus turbo?

terça-feira, 28 de novembro de 2006

entranhas


No final de semana passei ao lado de um condomínio aqui perto de casa. Uma rua tranqüila, um condomínio caríssimo e neoclássico cheio de jardins, piscina e fitnesscenters da vida. Novinho.
Logo ao lado, estragando a maravilha monumental da entrada do lugar, percebo uma montanha de lixo. Éca. Um lixo muito, mas muito fedido, atrapalhando a calçada e cheirando mal. Aliás, era uma quantidade descomunal para aquela rua pacata de um bairro cheio de casas.
Óbvio que numa primeira olhada aquilo incomodou. Nossa, que nojo, pensei. Como um prédio tão arrumadinho – não vou entrar no mérito de discutir o tal de um estilo arquitetônico, prefiro apenas comentar o 'padrão' da construção, que é bastante razoável – poderia deixar aquela montanha nojenta na calçada, na frente do prédio, para qualquer pessoa olhar? Nojento, pensei. É o mesmo que você sair de casa de terno, gravata, perfume, gel no cabelo e carregando um papel higiênico imundo. Parei e tirei essa foto. Ora, o condomínio não deveria se preocupar em esconder aquilo? E aquela quantidade que sequer cabia na cestinha apropriada?
A questão é que lixo todos geramos, mas vemos cada vez menos. Lixo, atualmente é uma coisa proibida, escondida. Clandestina. Secretíssima. Shiuuuu.
Mas talvez eu, que já sou meio nojenta, tenha ficado mais incomodada com a quantidade do que com o fato encontrar lixo na rua. Ora, lixo na rua sempre existe, principamente nos dias que os lixeiros passam. Mas vou além. Aquela quantidade mostrava, escancaradamente, o que começa a acontecer com um bairro que se verticaliza. Até então eu andava na rua e passava por cestinhas com um, dois sacos de lixo fedido. Lixos familiares, digamos. Mas prédios tem muito lixo porque tem muitas pessoas morando empilhadas. E para mim pessoas que moram em prédios neoclássicos - não me perguntem porque - consomem muito mais, assim, óbvio que nesse caso é natural termos essa montanha de lixo na calçada.
Acho engraçado lembrar que o incômodo do lixo é uma sensação criada pela sociedade e pela educação. Sempre recordo que quando era moça, ver um cinzeiro sujo não era algo asqueroso. Aliás, me perdoem, mas quando eu era jovem e ainda fumava, eu dormia ao lado de cinzeiros abalroados de bitucas e não dava a mínima. Éca. Mas acho que incomodar-se com a sujeira e o cheiro não é algo que nasce com o ser humano, apesar da tolerância com o lixo na nossa sociedade ter diminuído muito.
Percebo também – e por favor, não concluo – que eu ensino o tempo todo para meus filhos essa intolerância. Diversas vezes chego na sala e dou berros horríveis. "Gente, que nojo!", eu digo quando vejo aquela montanha de papel de bis, pacotes de biscoitos e migalhas de pão, misturados com meias, sapatos e crianças assistindo tv. Nós, mães, aprendemos que faz parte da educação de uma criança aprender que ficar largada no meio da sala com lixo e sapato com sujeira de rua é uma grande porcaria. Mães devem berrar, obviamente, ao se depararem com cenas como essa. Provavelmente isso já deve ter sido permitido um dia, assim como era admitido dormir ao lado do cinzeiro bituquento.
Tudo isso para dizer que eu acho que o lixo na rua tem seus dias contados. Óbvio que do jeito que as coisas vão daqui a pouco lembraremos com muito, mas muito nojo de uma cena como essa. Óbvio que daqui a uns anos daremos berros histéricos ao vermos cenas assim, vocês tem dúvida? Sei lá se os edifícios e casas terão processadores informatizados de lixo ou apenas depósitos trancados a sete chaves, mas tá na cara que isso é completamente incondizente com a assepssia da vida moderna.
Aliás, duvido até que no futuro a gente use banheiros. Céus, como faremos?

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

carpe diem, deja vu e feliz natal

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Estávamos indo para o lançamento do livro “Soltando o Verbo”, na semana passada, eu e minha filha Nana.
- Você vai dar autógrafos, mãe?
- Não sei, filha, não tinha pensado nisso. O livro não é só meu, é de vinte pessoas. Mas, se alguém quiser que eu autografe eu posso fazer isso, claro.
- E você vai escrever o quê no autógrafo?
- Sei lá. Também não tinha pensado nisso.
- Pensa antes para não ficar com cara de boba na hora, mãe.
- Deixa ver... “fulano, espero que esse livro...”. Não, bobo. “fulano, um grande abraço da...”. Não, bobíssimo. Nossa, é difícil.
- Mãe, tem que escrever uma coisa bonita, tipo uma frase, uma expressão. É dedicatória. Pensa uma e depois na hora você repete.
- Frase bonita, Nana? Assim, tipo uma frase pronta?
- É. Assim como... como... sei lá, como “carpe diem”. Estudei essa expressão para a minha prova de amanhã de literatura. Colha o dia. É legal isso.
- Hã? Acha que eu deveria escrever “carpe diem” para as pessoas, assim, a troco de nada? “Fulano, carpe diem, lúcia". Isso?
- Ué, que é que tem? Ou então escreve um outro termo legal. Como... como "deja vu". Acho lindo “deja vu”, apesar de achar que não tem nada a ver. “Carpe diem” tem, mas “deja vu” não tem a ver...
- Filha, não pode.
- Não? Por que?
- Porque “carpe diem” e “deja vu” não tem nada a ver com o livro e nem com as duas crônicas minhas que estão lá dentro. Se eu for fazer uma dedicatória eu preciso ou falar das crônicas ou “desejar” alguma coisa para a pessoa.
- Então escreve “feliz natal”. Afinal a gente já está em novembro.
- Hã? "Feliz natal"?
- E “próspero ano novo”. Hahaha. Não é pra "desejar"?
- Não sei se “desejar” é a palavra certa.
- Putz, mãe, como você é complicada. E qual é a palavra certa?
- "Dedicar" é mais certo.
- Então escreve: “eu te dedico esse livro”. E pronto.
Achei corretíssimo. Curto e fácil: eu-te-dedico. Assim foram meus autógrafos: “fulano, eu te dedico, beijo, lucia”. Nada de “carpe diem” nem de “deja vu”. Mas para alguns, confesso. Não agüentei e na hora escrevi: “feliz natal”.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

o linguini de minhoca



Ao vivo era pior. Aconteceu num almoço de sábado num restaurante italiano que a gente sempre vai, em Pinheiros. Um lugar super gostoso, com uma comida ótima. Chegamos e o garçon veio com o cardápio. Pedi uma massa recheada de alcachofra, os meninos uma lasanha. O Zé ficou um tempão escolhendo, até que no final se resolveu.
- Quero esse aqui – ele apontou um dos pratos do cardápio para o garçon – esse 'nero-linguini com vôngole'.
Achamos bem ousado o pedido dele, mas ninguém falou nada. O Zé adora comidas com frutos do mar.
Um tempo depois a comida chegou. Acho que nada se comparou ao pânico que assolou a mesa quando chegou o prato do Zé. A família toda ficou estarrecida, mas ninguém abriu a boca. O que era aquilo? Todos olhamos para aquele macarrão preto cheio de perninhas, um verdadeiro linguini de minhoca.
- Pai! Olha! – exclamou um dos meninos quando o garçom se afastou.
- Que coisa nojenta! – falou minha filha - Você pediu isso?
- É brincadeira, né, pai?
Não era. Gente, olhem a foto. Ficamos todos olhando para aquilo sem abrir a boca, principalmente o Zé, que deveria abrir e comer aquela coisa.
- Zé. Cobre de queijo ralado... – sugeri.
- Pai, come de olhos fechados... – falou um dos meninos.
Mas como pai é pai e comida é comida, ele me pediu para tirar uma foto, engoliu em seco e comeu tudo, dizendo que tava uma delícia.
De olhos semi cerrados, claro.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

prazer, Rita

o M., eu, a A. e a M.
Acabei de receber da Marcia essa e mais um monte de fotos de ontem. Adorei. Olhem as autoras de coelhinha (e tarja)! Quem será que fez?
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Lugar lotado, tipo tromba-tromba. Um monte de conhecidos, um monte de amigos, um monte de parentada, tudo vezes vinte - bom, um lançamento de um livro de vinte autores dá para imaginar como é, certo? Era difícil saber quem era convidado, quem era autor, quem era garçon, quem era o que. Ouvi de diversos amigos coisas como:
- O irmão do cunhado do meu sócio é autor também!
- A esposa de um cara que foi meu fornecedor também escreveu!
No meio daquela confusão, tinha o lance da dedicatória. Ora, quem vai num lançamento quer dedicatória do autor. E, mesmo no meio daquela gente demais, daquela falta de concentração demais e daquele tromba tromba, lá vinham os pedidos. Acho super legal dedicar livros. Pensar que aquilo fica pra sempre na estante da casa da pessoa. A tua letra, a tua assinatura.
Foi quando chegou um cara para mim. Um moço que eu nunca vi na vida. Sorrindo.
- Oi. Será que voce poderia autografar meu livro?
Nossa, eu fiquei inchada.Uma pessoa que eu nem conheço pedindo autógrafo. Demais. Ora, pensei, vai ver que é um leitor do 'frankamente...’. Que maravilha. Fui além. Vai ver que ele é um desses leitores misteriosos, que nunca comentam. E se é leitor é, é meu . Que máximo. Um fã! Eu sorri para ele e saquei a caneta.
- Claro que posso. Venha aqui nessa mesa. Como você se chama?
Ele falou. 'Da próxima vez precisarei providenciar aqueles papeizinhos com nome', pensei, rindo. Suspirei e me concentrei no que ia escrever para ele. Foi quando, não sei porque, eu parei e olhei no rosto do meu... fã.
- Ei. Posso te fazer uma pergunta?
Não sei porque me deu de perguntar aquilo.
- Pode, claro – ele disse, feliz.
- Quem sou eu?
- Hã? – ele estranhou – Como assim?
Eu insisti.
- Eu. Quem sou eu? O meu nome. Você sabe meu nome?
Gente,que engraçado. Ele abriu um sorrisão, como se fosse óbvio, e respondeu na maior.
- Claro que eu sei. Voce é a Rita.
Olhei no livro. Sim, tinha uma Rita que é autora como eu. Mas ali, naquela hora, eu achei que não deveria desapontá-lo. Sorri, respirei fundo, e, claro, dediquei o livro ao meu não-fã. Uma dedicatória maravilhosa. E embaixo assinei:
'Rita, 22/11/06.'
Fazer o que? Desculpa, Rita. Mas tenho certeza que não fiz você passar feio com teu fã.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

lá vamos nós



E daqui a pouco lá vou eu nesse lançamento desse (1/20) meu livro até agora totalmente virtual. Tenho que fazer aqui uma confissão pública: gente, não sei se esse livro existe mesmo. Acho que é um livro de verdade, mas eu ainda não vi, acho que a capa é azul, mas não tenho certeza não, acho que tem só crônicas, mas eu só li as minhas e as da Márcia. É engraçado, estou meio no escuro nessa história. Mas não estamos sempre no escuro nessas relações virtuais? Não conheço sequer o Nelson, o editor, ao vivo. Não é demais? Não é divertido?
Ah, e o que eu escrevo na dedicatória? Aceito sugestões.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

um livro, duas crônicas e um convite

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É amanhã, dia 22, às sete da noite no bar Santa Zoé o lançamento do livro "Soltando o verbo" onde tenho publicadas 2 crônicas. Aguardo todo mundo por lá. Vai ser muito legal.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

a puxadinha


Ontem, final da tarde eu tomava um café com a minha mãe.
- Mãe, ontem fui num encontro num bar e aconteceu uma coisa horrível com uma conhecida.
- O que foi?
- Uma coisa que morro de medo que aconteça comigo.
- Conta, lúcia.
- Bom, ela estava sentada ao meu lado quando chegaram uns amigos. Ela se levantou para cumprimentar, estava bem ao meu lado mesmo.
- Sim.
- Ela vestia um vestido de um pano bem molinho, levinho, fininho. Quando ela se levantou, o vestido engruvinhou todo atrás e entrou dentro do bumbum dela. E ela não percebeu.
- Ai que horror. Eu entendi. Dá muita vergonha mesmo de ver isso.
- Olhei de novo e lá estava, ela realmente não percebeu. E ela estava em pé e de costas para a mesa toda dando aquele vexame, com o vestido enfiado no bumbum e grudado na bunda. Eu fiquei ali ao lado apavorada com a cena.
- Coitada.
- Bom, olhei para o outro lado e minha amiga também olhava para aquilo. Vimos que os dois amigos da frente também perceberam e até cochicharam, rindo.
- E ai, filha, você puxou?
- Hã?
- Você não puxou o vestido para tirar de dentro do bumbum dela?
- Que mãe? Eu? Puxar o vestido dali?
- Filha! Não acredito que você deixou a moça naquele estado e não fez nada!
- Puxar?
- Uma puxadinha de nada!
- Mãe, eu não ia desenfiar, mãe! Que nojo!
- Filha, mas é uma mulher com problemas, e nesse caso as outras mulheres tem que ajudar. É assim que funciona. Dane-se o nojo, que feio pensar isso.
- Mãe, você é louca! Tirar um vestido de dentro do bumbum de outra mulher em público!
- Filha, não exagera, eu falo de uma puxadinha de nada. E se você não é muito amiga você avisa antes para ela não assustar: ‘fulana, cuidado, seu vestido está enfiado no bumbum’ e depois pimba, dá uma puxadinha rápida.
- Mãe, que absurdo!
- Absurdo é você deixar a moça passar por esse vexame. Como você é fresca, cheia de nojos. E pensar que é minha filha, que eu criei. Uma puxadinha de nada, que custava...

terça-feira, 14 de novembro de 2006

a mulher que estala a calcinha II


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- Há um reparo naquela história - explicou meu amigo que tem medo da mulher que estala a calcinha - Ela não é gorda. Ela é peituda, tem pouca bunda e o estômago um pouco saliente. Mas é bonita e sensual, num sentido assim meio sidney magal, espalhafatoso.
- Ah é? Olha que coisa. Quando você me contou eu a vi daquele modo que descrevi.
- Mas não é. Ela não é gorda.
- Está bem, não costumo fazer isso, mas nesse caso, como a história é sua, quando eu puder eu corrijo. E por falar nisso, como ela vai? Estalando e te assustando muito? Plá, plá, plá?
- Sim, cada vez mais, nem me fale. Mas olha, tenho a impressão que todos lá no escritório tem a mesma sensação que eu, de medo dela, apesar de não saber se todos perceberam que ela estala a calcinha. Eu nunca comentei isso com ninguém.
- Porque você acha isso?– eu perguntei.
- Outro dia eu vi a recepcionista no corredor. A moça ia entrar na sala dela, mas antes de pegar a maçaneta, ela parou, estacou ali diante da porta, respirou fundo e... acredite. Fez o sinal da cruz.
- Como é? Ela fez o quê?
- O sinal da cruz – ele disse, seríssimo - Agora pensa e me responde: porque é que alguém faz o sinal da cruz antes de ir falar com uma outra pessoa? Hein? Eu, hein. Essa mulher, não sei não.
- Plá, plá, plá?
- Plá. Realmente, é assustador.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

mas na hora, o que a gente riu...

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- Sabe aquelas pessoas que contam um caso que aconteceu, que foi engraçado na hora, mas que na repetição não tem a menor graça?
- Sei, Zé.
- Não é engraçada aquela situação? O jeito da pessoa depois que ninguém ri?
- Como assim?
- A pessoa conta o que aconteceu, ninguém se toca, ela fica aquela sem-graceza e daí ela sempre fala: "puxa, agora não parece tão engraçado, mas na hora a gente morreu de rir, eu juro...".
- Zé, que maldade perceber isso. Que maldade, que mau que você é.
- Eu não tenho culpa – ele disse, rindo - É sem querer, hahaha.
E saiu da sala repetindo:
- Hahaha, "... agora não parece engraçado, mas na hora, o que a gente riu...”.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

muito além da memória de ontem

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Incrível como ampliamos a cada dia o uso dos nossos telefones celulares. Mas óbvio que com um treco que anda grudado na gente dia e noite, acabamos tendo uma relação muito além da reles comunicação com os outros. Por isso acho que são excelentes os adventos da câmera fotográfica, da filmadora, do gravador e dos torpedos dentro dos aparelhinhos. A cada dia uso mais meu celular para tudo. ‘Meu celular é minha memória’, comentou um amigo, ‘quando eu saio à noite e bebo muito, no dia seguinte corro para ele para saber o que fiz’. Estranhei. ‘O que tem a ver seu celular com a sua farra do dia anterior?'. Ele riu. ‘Ora, é a minha memória. Eu olho as fotos que tirei e sei onde estava, olho quem me ligou e sei com quem fui, olho os torpedos que recebi e as mensagens que passei e me lembro do que aconteceu. Ainda bem que celular tem memória’, ele completou, ‘pois eu não tenho mais nenhuma’. Achei esquisito na hora, mas acabo de me pegar aqui descarregando do meu celular as fotos da noite de ontem e me lembrando de coisas que nem imaginava que tinham acontecido.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

por favor, o sinal de fax?

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Acabei de receber um fax longuíssimo que demorou mais de vinte minutos para chegar. Minha máquina de fax ainda é de rolinho de papel, pois me recuso a comprar aquela outra de papel sulfite, afinal quase ninguém mais passa fax. Depois do "por favor o sinal", ouvi um tempão aquele barulho nhéééc nhéééc de manivela até que olhei e vi uma massa imensa, fenomenal e absurda de papel embolada ao meu lado. Um volume maior que eu sentada, juro. Estendi. Deu duas vezes o comprimento da minha sala, ou seja, oito metros de fax. A moça ligou de novo, faltava uma folha. Troquei o rolinho, chegou a derradeira. Oito metros e uma folha. Peguei uma tesoura e gastei mais cinco minutos cortando e arrumando na ordem certa. Depois tive que achar o grampeador para grampear. Nunca receber um fax me pareceu um treco tão arcaico.

domingo, 5 de novembro de 2006

o frankamente na folha de são paulo



gente, acabei de ver agora que o "frankamente..." saiu hoje no jornal - tou virando formadora de opinião!

São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006
Veja como manter as crianças ocupadas durante a viagem

FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ninguém gosta de esperar horas no aeroporto ou ficar parado em longos engarrafamentos na estrada. Mas a situação costuma ser ainda pior para quem tem crianças pequenas. Como é esse o cenário que a volta do feriado promete, preparar-se com antecedência ajuda a tornar a espera menos penosa para pais e filhos - evitando que a velha pergunta "Falta muito para chegar em casa?" surja a cada cinco minutos.
Para a a publicitária Juliana Sampaio, 36, uma das autoras do livro e do blog "Mothern" (www.mothern.blogspot.com), o segredo é usar a criatividade. "Tem que aproveitar a circunstância e transformá-la num jogo. Para a criança, qualquer situação pode ser uma grande novidade", diz.
"Para mim, o que sempre funcionou é transformar a realidade numa brincadeira. É importante manter o bom humor", concorda a arquiteta Lúcia Carvalho, 44, que escreve crônicas sobre o tema no blog "frankamente..." (www.frankamente.blogspot.com).
Com a ajuda das duas e do livro "Viajando - Um Guia para Pais de Primeira Viagem" (ed. Objetiva), a Folha reuniu 15 dicas que podem salvar a volta para casa.
1- Os cuidados começam antes de sair de casa. Levar uma bolsa de mão com uma muda de roupa, fraldas, chupetas e mamadeiras evita ter de abrir a mala para procurar esses itens na hora da necessidade.
2- Também vale a pena ter à mão brinquedos ou jogos fáceis de transportar. Quebra-cabeças e álbuns de figurinhas ocupam pouco espaço e rendem distração por um bom tempo.
3- Leve um caderno e lápis de cor para que a criança possa desenhar.
4- Vestir os filhos com roupas confortáveis ajuda a evitar a irritação durante a espera.
5- Caso as crianças não estejam acostumadas com comida de lanchonete, prepare um lanche caseiro com ingredientes que elas gostem.
6- No aeroporto, dê voltinhas rápidas com os pequenos, mostrando as lojas e o vaivém de pessoas. É claro que ver, pelo vidro, os aviões decolando e pousando é diversão garantida por um bom tempo.
7- Compre algo que elas gostem de comer. Numa emergência, reduzir restrições alimentares e liberar algumas guloseimas não faz mal.
8- Pare na banca de revistas para comprar gibis ou livros de atividades.
9- Aproveite as circunstâncias e tente inventar jogos com as crianças. Peça que elas contem quantas pessoas de mala vermelha ou de blusa azul passam pelo saguão, por exemplo.
10- Contar histórias também ajuda a diverti-las.
11- Lembre-se de que o mau humor é contagioso. Tente manter a calma e fique atento para não ficar reclamando da espera perto da criança.
12- Se ela estiver muito cansada, vai ser difícil evitar a irritação. Tente levá-la a um lugar tranqüilo para que ela possa dormir um pouco.
13- No carro, evite brinquedos e livros que possam causar enjôo. CDs com histórias ou músicas infantis fazem o tempo passar mais rápido.
14- A própria paisagem da estrada pode servir de tema para um joguinho infantil. É possível fazer uma brincadeira em que marca pontos o primeiro a enxergar um posto de gasolina, uma placa ou um carro de determinada cor.
15- Se a criança estiver muito inquieta durante a viagem de carro, pare por alguns minutos em um posto de gasolina para que ela possa andar, ver coisas diferentes e se distrair antes de retomar a viagem.

chuááá!


- Falando em medo, eu tenho medo de uma menina da minha escola – falou o João, ontem, no carro.
Estávamos todos indo almoçar fora.
- Mas porque? – perguntou o Zé.
- Por que ela tem peitos muito grandes, pai. É esquisito.
- Ah, que engraçado, João... – o Zé se empolgou – quando eu era moço eu tinha uma amiga com o mesmo problema, mas ela acabou se operando por causa disso.
A Nana interveio.
- Já vi muita cirurgia de seio na TV, pai. Naqueles programas médicos dos canais com números acima do quarenta.
- Nossa, Luciana - o Zé se espantou - sério que você aguenta ver aquilo, filha?
- Claro que aguento, é da hora. Você sabe como é que eles fazem, pai?
- Acho que eu sei, Nana. Eles tiram pelo bico, não é? Pelo menos diziam que minha amiga tirou assim, pois ela ficou com uma cicatriz no bico.
- Pai, claro que não! Hoje em dia eles tiram pelo lado, para não aparecer cicatriz. Tiram ou põe, claro, dependendo do caso.
Foi quando o João interveio.
- Como é Nana? Sério que pode diminuir peito? E eles cortam onde?
Ela mostrou nela mesma.
- Aqui ó, Juca. Eles cortam e...
- ... e chuááá! – falou o João, rindo.
- Hã? 'Chuá' o quê, João?
- Ué... não faz 'chuááá' pra... tirar?
Foi quando a irmã mais velha entendeu o que ele estava pensando e perguntou, irônica.
- Ô João, hahaha, o que você acha que existe dentro do peito das mulheres?
E ele respondeu, meio desconfiado que ia dar um fora.
- Ué. Hammm. Não é... leite?

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

a mulher que estala a calcinha

Algumas pessoas dão medo por diversos motivos, alguns incompreensíveis, fazer o quê. Uma vez fui numa reunião de trabalho e tive muito medo de um diretor de uma empresa. Numa primeira olhada, notei que ele tinha os dentes todos pretos. Logo em seguida ele acendeu um charuto enorme, o que me deu mais medo ainda, e, quando afinal falou comigo, ouvi uma voz horrível, de monstro, de ogro, um verdadeiro som de caverna que parecia vir das profundezas do seu ser. Nossa, aquilo foi completamente assustador, eu mal consegui fazer a reunião. A cada vez que o homem abria a boca para falar qualquer coisa, eu estremecia.
Comentei isso com um amigo.
- Eu tenho medo de uma mulher que trabalha comigo - ele disse - Ela é grandona, tem uma voz grossa, sua muito no calor e usa roupas muito colantes.
- O que tem isso de assustador?
- Hum. Não sei se devo falar.
- Ora, as vezes as pessoas grandes são super doces. Implicância sua com a moça.
- Não é só isso. O problema dela é que ela estala a calcinha.
- Como assim?
- Ela estala a calcinha!
- Não tenho a menor idéia do que significa isso, "estalar a calcinha".
- Pois é, vou tentar explicar. É uma coisa que eu notei que me dá o maior medo. Como ela sua muito, a roupa toda fica toda meio grudada no corpo. E quando ela se levanta e vem falar comigo, ela sempre dá umas arrumadas na roupa, na calcinha, no sutiã, essas coisas. Para descolar do corpo dela, entende? E nessa hora eu ouço: “plá”... "plá"... "plá"
- “Plá”?
- É. “Plá”.
- Um ou vários?
- Vários, sempre. Plá, plá, plá. Basta ela chegar perto de mim que lá vem aquela estalação de calcinha. Pensa, aquele mulher enorme, suada, fedida e aquela estalação, plá, plá, plá.
- Nossa.
- Morro de medo. Sério.
- Plá?
- Plá. É assustador.