- Pega agora, Bê.
- Agora não dá, e o pior é que se a gente não pega em 45 dias eles dão. Isso tá virando um pesadelo pra mim, essa coisa de esquecer.
- Dão? Dão pra quem?
- Sei lá. Mas tá escrito no papelzinho. Pera, vou ler. Ouve: "... as roupas não retiradas num prazo de 45 dias serão doadas".
- Mas Bê, será que eles podem pegar uma blusa sua e dar para outra pessoa? Isso não é errado?
- Acho que podem. Se eu não buscar vira abandono de roupa. Isso deve ser proibido.
- Abandono de blusa de festa? Será que existem leis para lavanderias?
- E repara, eles avisam muito bem avisado. Acho que se a lavandeira avisa, ela pode dar - ela conjeturou.
- Vai ver que eles não tem onde guardar. Vai ver que lá dentro é pequeno. Ou será que eles dão pra os funcionários?
- Não, impossível. Imagina se vou na Sincasequi de novo e vejo alguém usando minha blusa?
- Dar de cara com uma funcionária trabalhando com tua blusa? Mas tua blusa não é de festa?
- Lúcia, acho que eles dão pra caridade. Ou será que a Sincasequi tem um brechó?
- Pode ser. Se eles tiverem, será que eles não revendem, Bê? Você podia comprar a tua blusa de novo no brechó do Sincasequi.
- Comprar?
- Liga lá e negocia com eles. E será que eles não tem uma taxa de esquecimento? Devia ser possível você pagar um tanto a mais, tipo um seguro, para a blusa ficar mais de 45 dias. Porque 45 dias, Bê, pra gente que é esquecida, é muito pouco tempo para pegar uma blusa de festa. Muito pouco, pensa. A atendente devia perguntar: "a senhora quer esquecer 45 dias, três meses ou um ano?". E devia dar os preços da lavagem segundo o grau de esquecimento. Isso seria mais justo, eu acho.
- É, porque não é nenhum pouco justo eles darem a minha blusa pra outro.
- Que triste, Bê. Perder uma blusa assim.
- Nossa, Lúcia, como é perigoso a gente deixar uma roupa na lavanderia. Nunca tinha pensado nisso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário