Vou voltar nesse assunto porque ele não me sai da cabeça. Essa coisa da matéria do Estadão falar que a febre dos blogs acabou e tal. Essa coisa de quererem transformar essa mídia aqui numa mídia ultrapassada. Olha, gente, pensa. A gente passa horas e horas na frente do computador, com essa luz branca na cara. E não é só a gente que trabalha em escritório. Até os caixas de café e os manobristas de estacionamento ficam na frente de computadores o dia todo. Uma vez contei aqui de uma amiga minha, a Lú, que um dia ficou sem monitor na casa dela, pois o computador pifou. Ela foi falar no telefone na frente da televisão sem som. "Eu não consigo raciocinar mais sem uma tela na frente, Franka", explicou.
Todos nós, que usamos computador o dia todo, nos distraímos e vamos dar uma volta pela internet, seja para procurar o preço de uma televisão de LCD, seja para entrar num site de músicas, seja para gugar o fulano que a gente conheceu no dia anterior. E é nessas horas de descanso que as pessoas entram em blogs. Eu vou muito nos blogs das pessoas que eu gosto e admiro. Vou em alguns para falar um oi, vou em outros para encontrar poesias, textos, matérias, crônicas e contos. Vou e encontro coisas muito boas. Bico achar quem é bom, mas é claro que tem muita merda também. A minha amiga Bê, que é uma artista plástica talentosíssima, usa o blog dela como apoio para a coisas que faz e ela não deixa de ser artista porque tem blog.
Blog não é arte, blog não é literatura, blog não é fotografia. É apenas um outro tipo de papel para escrever, outro tipo de espaço para jogar sua paixão pela arte, um outro tipo de lugar para colocar suas fotografias. Ninguém é menos ou mais artista por postar textos ou imagens num blog.
Talvez a implicância seja porque é grátis. Acho que as pessoas, principalmente os escritores, muitas vezes desvalorizam os blogs porque dizem que postar é um tipo de publicação, e que ao postar e tornar conhecidos textos inéditos estão inviabilizando uma publicação em papel. Péra. Será que se a gente tivesse que pagar para entrar num blog a coisa seria diferente? Pode ser. Mas porque será ninguém valoriza o fato de um blog bárbaro ser grátis? Não é legal, não é sensacional ser grátis? Blogs bons são presentes que ganhamos a troco de nada, coisa que que num mundo assolado pelo consumo deveria ser mega-valorizado. Eu escrevo de graça e conheço muita gente que escreve de graça. Quem escreve precisa escrever, precisa, entende? Pre-ci-sa. Eu não aguento ficar sem escrever, gente. É para mim uma necessidade, dane-se se é de graça ou se me pagam por isso. Se me pagassem seria melhor, claro, não sou maluca. Mas continuo assim mesmo, pra mim a generosidade de idéias é fundamental na vi-da. Não escondo idéias, não guardo para vender, não minto para poder publicar depois. Idéia gera idéia e tem que sair da gente e ir adiante, e é esse reciclar que nos torna inteligentes e criativos. É perfeitamente cabível para mim que um escritor tenha um blog (grátis, que seja) e que escreva altos romances, ótimas peças de teatro, contos incríveis.
Melhores ainda.
Talvez a implicância seja porque blog não tem avaliação, como críticos de blog e editoras de blog. Muita gente precisa ler uma crítica boa de um filme, de uma peça ou de um livro para comprar o livro, para ver a peça e para assistir o filme. Senão não vale. Porque muita gente não sabe o que é bom ou o que não é. Acho uma droga isso, essa coisa de alguém decidir por você se uma coisa é boa ou não pra você. Eu sempre gosto de comer, ler ou assistir alguma coisa sem pré-opinião. Decidir o que eu acho e pronto. Mas o mundo anda ao contrário. Ninguém consegue mais ser espontâneo. A roupa-nova-do-rei. Hoje em dia as pessoas precisam de manual pra tudo. Blog é legal? Se os jornais e os críticos disserem que não, as pessoas acreditam. Péssimo isso. Cadê os críticos de blog?
Fico chateadíssima quando vejo as pessoas andando pra trás. Não dá pra não usar e abusar de uma tela que fica na frente de um monte de leitores 24 horas por dia. Não dá para esperar, nesse mundo que não pára de evoluir, uma publicação em papel e achar que essa é a única forma de um escritor ser considerado um escritor.
Agora chega.
Nossa, que Franka revoltada, né? Sei que é chato escrever de novo da mesma coisa, ainda mais uma coisa longa e até meio sem graça num blog de posts engraçados. Mas Franka Lúcia Cardoso ficou 'sentiiida' com a matéria, pois ela acredita no que faz (que mania de terceira pessoa, dona Franka, hahaha).
E repito que quando crescer quero ser bloguista.
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