quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

arqueologia de festa

Como moro numa casa que tem uma sala grande com jardim e meus filhos já estão crescidos, tem muita festa aqui. Eles me pedem e eu deixo, afinal não tem nada melhor que festa.
Mas como a coisa se repete, de uns tempos pra cá eu estabeleci umas regras. São regras simples de cumprir, mas que me aliviam. Assim: se for um jantar ou almoço, o filho que fizer a bagunça e a comida tem que lavar a louça. Não precisa guardar, mas tem que lavar e deixar a sala e a cozinha arrumadas. Se for uma festa maior, não pode avançar no nosso bar, tem que trazer as bebidas e comidas, e cuidar da casa. Se for uma festona, tipo bota fora, tipo aniversário mesmo, tem que tirar tudo que quebra da sala, guardar e depois colocar de novo. No meu quarto não pode entrar de jeito nenhum, e nem no meu escritório, os dois tem que ficar trancados. Quanto aos vizinhos, tem que avisar antes. Tomar cuidado com a porta da entrada. Se a festa possivelmente for desastrosa ,tem que pagar a Maria para ela limpar depois. Não pode fazer evento público no face. De resto, tudo bem, pois festejar é a coisa mais legal do mundo.
Eles resolvem de um jeito legal. Não usam um copo ou um talher da casa, tudo descartável, não usam o fogão ou a geladeira, só tem comida fria e as bebidas eles colocam num cooler com um lixo do lado. No fim da festa tem só uns sacos pra jogar fora.
Não gosto de ficar em casa nessas festas. Mãe, mesmo que fique no quarto, quietinha trancada e vendo TV, atrapalha, me sinto um tipo de uma assombração, um fantasma que vai uma hora ou outra, descer e reclamar do barulho, feito uma coroca. Acho que jovem anda com jovem e velho com velho, tem família que não separa as gerações, mas eu separo, aprendi assim. E prefiro não estar aqui. Um dia um deles deu um churrasco a noite, e dava para ouvir toda a conversa, o que não é legal. Então eles me avisam, vou dormir em outro lugar e chego de manhã, quando todos já se foram. Claro que já houve probleminhas. Um coisa quebrada aqui, outra lá, mas nada sério. Não me incomodo das festas, não vou morar nessa casa para sempre e é melhor aproveitar.
Mas o dia seguinte é engraçado. Ontem por exemplo, teve uma festa aqui. Como não posso falar dos filhos no face (saudade do blog), não vou entrar em detalhes. Bom, hoje de manhã a casa estava consideravelmente arrumada, os sacos das mil latas de cerveja, umas bebidas que sobraram na mesa da cozinha, um pouco de sujeira no chão, que é só varrer e passar pano. Mas daí a gente começa, eu e a Maria, a achar a “arqueologia” da festa. Até o momento – são nove e meia da manhã – achamos: dois celulares, um com carregador pendurado (será que é um dos da moquequeira?), um molho de chaves, um casaco de veludo, uma echarpe, e nós duas desconfiamos que tem mais gente dormindo lá em cima, no quarto deles. De desastres, apenas uma orquideazinha que caiu no chão, mas que foi pro lugar. Contamos os gatinhos, os quatro e a Xim estão vivos e felizes. Saldo positivo, dois packs de cerveja que sobraram.

Que venha outra festa. 

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