O lugar não era uma padaria, mas também não era bar, nem restaurante. A Bê me disse que era rotisserie, tanto faz, era do lado da casa dela, estava vazio, tinha mesas e era um lugar gostoso. Resolvemos tomar um café por ali. Rapidamente veio um garçom nos atender.
- Dois cafés uma água com gás.
Ele ficou parado um tempão na nossa frente, com um tipo de "palm" na mão. Aqueles aparelhinhos que os garçons usam pra anotar os pedidos, que tão na maior moda. Passou a anotar com um tipo de lápis as coisas ali. O tempo passando e ele lá, parado, anotando. Parecia que escrevia um romance.
- Algum problema?
- Não - ele respondeu, ainda riscando o palitinho no "palm", fazendo aquele tic tic. Absorto.
Cochichei para a Bê.
- Como demora...
- Devia escrever num papel, seria mais rápido - ela sussurrou.
O cara ali, parado, atrapalhando. Tic, tic, tic.
- Tá dificil anotar ai? Dois cafés uma água com gás... - eu repeti - ... só isso...
Tic, tic, tic.
- É que eu errei. Tem que apagar e escrever de novo.
Gente, tem coisas que devem simplificar a vida, nunca complicar. A quantidade de garçon que se atrapalha com essas maquininhas é inacreditável. Os nossos simples cafés viraram um almoço para doze pessoas, pela demora do cara ali, deletando um pedido, entrando de novo no sistema, achando os códigos. Na hora de sair, pedimos a conta.
- É comanda eletrônica, senhoras. Pode levar o cartão ao caixa.
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