domingo, 27 de abril de 2008

mangas, ual

Nossa prima. A mais linda de todas primas. Foi modelo da revista "Tricô e Crochê" de um ano qualquer quando eu a Ângela éramos meninas. A gente queria muito ser ela. Nada mais nada menos. A gente imitava muito essa prima, inclusive eu ganhava da Ângela porque meu nome tinha a letra "i" e a nossa prima escrevia o nome dela com umas bolinhas no pingo do "i" - o que eu imitava, claro - mas a Ângela não podia colocar. Hahaha.
Ontem encontramos essa prima. A Farra-falset da família. Lindona, sem plástica nem silicone. Inacreditável. Putis cabelo. Roupa produzida. Eu e a Ângela pasmamos, mesmo trinta anos depois.
Ual.
E além disto, ontem ela me fez o maior bem. Sabe aqueles ensinamentos básicos que a gente esquece? Tipo "aprende a falar não, Lúcia". Do tipo "pára de explicar tudo, Lúcia". Do tipo "você não tem que agradar todo mundo, Lúcia". Do tipo "ninguém aguenta gente muito feliz, Lúcia". Eu tava meio baixastral ontem. E ela dá aula de alguma coisa parecida com energização, algo com fengchui, ervas, pensamentos positivos, não sei bem, acho melhor ligar pra ela depois e perguntar.
A questão é que ela faz bem aos outros.
- Lú. Ân. Estou vendendo umas coisas que eu fiz - ela disse.
- Vendendo?
- Agora eu sou assim. Adoro fazer as roupas, bolsas, acessórios. E vendo.
- Você leva aqui e ali?
- Não, mas quando não trago, as pessoas vêem o que eu estou vestindo e me falam: que lindo, eu respondo: quer comprar? E eu vendo, mesmo se estiver usando.
- Sério? - e eu e a Ângela começamos a olhar pra a roupa dela, interessadíííssimas.
Ai que vontade de comprar. Era bárbara. Um vestido meio verde, decotado, um top branco em baixo, um colar transado até o umbigo...
- Mas você tem alguma coisa ai pra gente? - a Ângela arriscou.
- Hum. Aqui não, mas pode ser que tenha no carro. Querem ver?
Ual.
Fomos para o quarto experimentar. Ela tira de um saquinho umas blusas, umas bolsas lindas. E umas...
- Primaaa.
- Quê.
- Que-que-é-isto?
- Uma manga.
- Manga?
- Vendo em duas. Uma pra cada braço.
E ela mostra duas mangas, sem corpo, apenas os braços. De crochê. Tricô? Sei lá. Nunca vi aquilo na vida.
- Como usa isso?- eu perguntei.
- Olha pra Ângela - ela apontou - ela tá com uma blusa sem manga. Se fica frio, ela vem e veste as mangas!
E minha irmã vestiu as... mangas!
- Tá quentinho! - exclamou a Ângela.
- Mas isso... é moda? - perguntei.
- Acho que não. Eu que inventei.
Ual.
Ao vencedor, as mangas?

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