Adoro seriados, aliás, nesses tempos de Netflix e Now, quem não adora.
Um dos problemas dos seriados é que cada amigo seu está em um momento da história, e não é sempre que você pode comentar a respeito para não estragar o divertimento alheio. Diferente de novelas, que passam todo dia naquele horário, e que quem assiste pode conversar com qualquer pessoa, que ninguém ainda sabe o fim.
Claro que os meus preferidos são os preferidos de todo mundo, nem preciso contar aqui quais são. Mas o problema maior é quando acaba. Você, espectador e viciado, fica completamente sem chão.
- Meu Deus. Socorro. Acabou Breaking Bad. Meu Santo Antônio. É o último episódio do Hannibal. Que? Como vou viver sem as meninas do Orange is the New Black, sem a Piper. Não, não, só tem mais dois Masters of Sex!
Hahaha. Fala a verdade, para os apaixonados, o fim de uma temporada, ou, pior, o fim do seriado é uma perda irreparável e desesperadora. Sei lá. Dói no fundo da alma. É quase como ser abandonada pelo namorado, como perder um cachorro, como levar um fora, perder o emprego ou levarem teu iPhone. Dá aquele puuuta vazio e, na ansiedade de preencher o buraco, você se desespera para achar outro e quase destrói o controle remoto de tanto apertar o treco.
Foi num desses vácuos que comecei a assistir outros, não tão sensacionais mais interessantes de detetives, crimes, serial killers, policiais, investigadores e advogados. E em quase todos esses tem sempre a tal hora do tribunal. Ah, a hora do tribunal, eterna cena que se repete... Aquela salona toda de madeira, o juiz ou a juíza lá no altar, aqueles caixotinhos onde sentam as testemunhas que sempre tem que falar a verdade e somente a verdade, e os advogados zanzando pra lá e pra cá. Mas notei uma coisa engraçada. Na maioria dos seriados que tem tribunal, a cena começa, tem uma ou duas conversas, e pimba, lá vem o juiz, que bate o martelinho e diz:
- Vamos fazer uma pausa para almoço.
Gente do céu, porque essa gente de tribunal almoça tanto? Em todos os episódios que eu vejo, pimba, martelinho, a tal pausa do almoço. Será que na vida real é assim? Será que todo juiz é guloso? Ou será que todo roteirista sabe que cena de tribunal é chata e acaba logo com aquilo?
Hahaha. Fica a dúvida. E pimba.
- E vamos fazer uma pausa para o almoço enquanto não começa outro seriado para eu me apaixonar.