quinta-feira, 23 de julho de 2015

os barulhinhos da festa de apoio

Sala de espera do médico do convênio. Pra variar, lotadaça, pois sempre tem um monte de gente em "estado de encaixe”, o que demora, pois ele só atende os encaixes depois que atende todo mundo que marcou na hora certa, que também não é atendido exatamente na hora certa. Hahaha. Eu aprendi e agora sempre sou precavida, marco meses antes e coloco mil alarmes no celular pra não esquecer.
Esse médico é engraçado. Nessa última consulta, quando entrei na sala ele me pergunta:
- Como que tá lá fora? Bombando?
- Saindo pelo ladrão, doutor.
- Se festa que bomba é festa boa, sala de espera cheia deve ser bom também.
Pior é que é mesmo. Porque a sala de espera é pequena, a secretária tagarela e engraçada, a tv meio zoada, só metade da sala assiste, e não resta muito a não ser... conversar. E como todo mundo está pertinho, sei lá, parece que se você não entrar na conversa geral vai ser até deselegante, entende? Seria realmente como estar numa festa e ficar num canto, reclamando da vida. Ora, se estamos ali todos na mesma situação, exatamente a de espera, de que adianta reclamar? É um tal de contar o problema, dividir os tratamentos, comparar dosagens. E ser solidário. Quando chega minha vez de entrar, eu sempre falo para todos:
- Gente, vou tentar ir super rápido. Juro.
Nesse dia, no meio do nosso grupo de apoio à espera do médico do convênio (GAEMC), notei que todos nós, sem exceção, tínhamos o celular na mão. Muitos para avisar “ixi vou demorar mais meia hora”, outros lendo uatis, outros olhando o face, outros reclamando pelo celular para pessoas de fora do nosso grupo, já que ali, reclamar não pega bem. E a gente sabe, hoje em dia cada um tem seus próprios barulhinhos de celular, aqueles miados, apitos, campainhas, pips, fiufius, plocts, plimps, trililins de mensagens e notificações, incluindo o que eu acho mais louco: um que fala um tipo de “buowulk!”, bem curtinho. Fora, claro, as ligações, que ali precisam ser totalmente públicas e que geram mais assuntos.
- Ah, era minha esposa, ela quer que eu passe no supermercado quando sair daqui...
- Minha mãe é assim – fala a outra – está idosa, me liga umas dez vezes por dia...
Turururu, boing, pip, trririmmm, buowulk. Assim, nossas conversas ali na GAEMC sempre tem essa estranha música, que sabemos que atualmente estão em todo lugar, nos ônibus, em reuniões, encontros, fila de banco. Os sons de fundo da nossa modernidade, que ali, naquele mini espaço, são tantos e amplificados a tal ponto, que fazem realmente a música da festa bombada da sala de espera do doutor. Hahaha.

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