quinta-feira, 26 de maio de 2005

aúúúúúúúúúúúúúúúúúú


shiuuu, Belinha.

A minha cadela, a Bela, tá no cio. Ô fêmea escandalosa. Juro, tenho a maior vergonha. Ainda bem que ela é cachorra, se fosse gente o vexame era absurdamente maior. Com cachorros temos mais tolerância no convívio civilizatório. Mas mesmo assim acho que todos os vizinhos acordam por causa dos uivos. É cada aúúú que não acaba mais. Essa carência sexual de uma animal que é nosso é muito embaraçoso. Morro de medo de encontrar um vizinho pela manhã, é como se eu mesma tivesse gemido a noite toda.
Depois de uivar a noite toda, hoje de manhã ela deu uma cochiladinha. Mas logo depois recomeçou.
- Auuu. Auuuuuuu. Auuuuuuuuuuuuuuuuu.
Gente, é de tapar os ouvidos o sofrimento da cadela. Nossa, se nós, mulheres humanas fôssemos assim, acho que nenhum homem aguentaria. O que, para algumas, seria muito bom.
O João e a Luciana estavam do meu lado na hora do café da manhã.
- Qué isso, mãe? É a Bela? – perguntou a Nana.
- É, filha. Ela tá no cio.
- Nossa, que voz que ela tem! – riu o Joãozinho, imitando – Aúúúúú... auúúúúúúúú...
- Quieta, Bela! – eu ordenei, berrando e olhando pela janela da copa.
- Auuu. Auuuuuuu. Auuuuuuuuuuuuuuuuu...
- Nossa. Impressionante, mãe – falou o João.
- Auuu. Auuuuuuuuu. Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu...
No terceiro uivo o menino se levantou da cadeira, irritado.
– Ô mãe. Peraí, pô. Tem certeza que isso é cio? A Bela tá no cio ou tá bêbada?

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