quinta-feira, 4 de novembro de 2004

um dia cheio de histórias de cachorros


o mamu, filho da bela e do bug

Cheguei no escritório final da tarde, e, ao abrir a caixa de mensagens, achei mais de trinta mensagens sobre cachorros. Era uma conversa enorme entre meus amigos do grupo da FAU, e como nesse grupo todos falam com todos, a cachorrada veio a tona.
Para ilustrar esse post, escolhi essa foto do Mamu, um dos filhos da Bela, de minha autoria. Tirei essa foto quando ele tinha um mês. Um dia achei, achei bonitinha (pois ele está muito melancólico) e mandei para o Mário, o dono. O dono mandou minha foto para o concurso de fotos de "pets" da Folha de São Paulo. E não é que a minha foto ganhou o terceiro lugar? E foi publicada na revista?
Mais uma: franka, a também fotógrafa premiada.
Mas vamos falar de cães.
Tenho uma cachorra, a Bela. Eu não gostava muito dela quando ela veio morar aqui: além de dar o maior trabalho e ser hiperativa, ela era uma fêmea muito carente. Imagine uma "quase" quarenteen como eu, tendo que conviver com uma cadela carente dentro da mesma casa. Ela se arrastava aos pés de qualquer um, lambia os dedos de qualquer pedreiro de havaiana, implorava carinho e se humilhava. E gemia.
Ela se humilhava e gemia.
Ai que aflição.
Um dia o Zé declarou: devia ser falta de sexo. "A cadela precisa cruzar, gente", ele falou. E nessa mesma hora ele pegou os meninos e saiu em direção a pracinha, me dizendo que ia arrumar um marido para a Bela. Foi quando ele viu o Bug.
O Bug é um border collie lindão, com uma enorme franja na testa. Era o chefe da pracinha. O "maior roberto-carlos", descreveu o Zé quando chegou em casa, animado. Ele contou que viu o Bug e abordou o dono, sem mais nem menos.
- Escutaqui, tá afim de cruzar esse cachorro? Tenho uma pastora com boder collie em casa, é vira lata, mas é semi de raça e é linda.
Acho que ele se deu bem de cafetão, pois em menos de dez minutos apareceram aqui em casa o Bug e os donos. Tiramos até foto, o cachorro era premiado. Beleza canina. Traçou a Bela em questão de segundos, mas ficou lá dentro hoooras e emporcalhou meu quintal inteiro. Foi o festival do semem canino.
Dai a Bela ficou grávida. Mais essa. Se uma cachorra carente era dificil, imagina com filhotes, eu pensava. E nem grávida ela parou de se humilhar para qualquer humano.
Foi quando um dia, sem mais nem menos, a Bela deu cria. Sozinha. Caladinha. Sem falar para ninguém. Sem reclamar, sem resmungar, sem chorar, nada. Eu olhava aquilo, pasma. Eu, que só reclamava de filho essa época, fiquei olhando para ela de queixo caído.
Que heroína.
Como ela conseguia aquilo?
Passei a olhá-la com outros olhos. A respeitá-la. Que mulher, a Bela. Que mulher valente, corajosa, destemida. E que trouxa, que frouxa e resmungona, eu.
Como eu podia ser tão carente?
Que mãe incrível essa Bela. Passei a adorá-la.
Tudo pode mudar na vida.
Ah, atualmente estamos vivendo a maior crise aqui. O Zé acha que devemos cruzá-la de novo, mas a familia ainda não entrou num acordo quanto a questão da fidelidade canina: o Zé quer cruzar com um pastor lindo e preto que ele achou (já acertou até os detalhes com o dono), mas os meninos dizem que ela não pode trair o Bug de modo algum. Dizem que o Bug é o marido dela, e ficam indignados, raivosos.
- Pai! Não!
- Que horror!
- Queria que a mamãe tivesse um filho de cada um?
Enquanto isso aqui está ela, lambendo os pés de todo mundo.
Careeeeeeeeente como nunca.

Nenhum comentário: