Já que estou ainda no meio da pintura do muro lateral daqui de casa, como contei uns dias atrás, tenho reparado muito neles. Hoje, mais uma vez, fui andar no parque. E percebi como estou rodeada deles, os muros, em todos os sentidos. Primeiro que para chegar no parque ando 3 quarteirões cheios de muros verdadeiros e altíssimos, com cercas elétricas, portões com alta velocidade de fechamento – que parecem guilhotinas - e câmeras que acendem uns puta holofotes quando você passa. E, por causa deles, fica impossível saber o que acontece dentro de qualquer uma das casas. Nem se existe gente mesmo lá dentro, o que me intriga.
É que sou uma pessoa que adora fazer amigos, e nesse bairro é quase impossível. Ando pela rua sempre pensando, “será que dentro dessa casa não tem um vizinho legal?”, ou “bem que eu podia conhecer as pessoas atrás desse muro e chamá-las pra jantar”, ou “bem que alguém dai de dentro podia ir no parque comigo”, mas não sei nem como é a cara do meu vizinho de frente. Consigo, no máximo, ficar amiga das moças que varrem a rua, dos guardinhas, do cara que conserta a calçada, do segurança da escola.
Dai no parque, a mesma coisa. Sempre chego e me animo “oba, é hoje que vou fazer amigos”, mas nunca dá muito certo. O povo do parque também se isola, a metade fechado em si com seus iphones de ouvido, a outra metade com seu personal, o resto falando no telefone, ou seja, entre todos e eu sempre tem um tipo de “muro”. Acho uma loucura isso. Passo mais de uma hora na rua e no parque, e não converso com viva alma, quase todo dia.
Ô mundo murado esquisito para uma pessoa tagarela como eu.
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