segunda-feira, 10 de agosto de 2015

o muro

O muro estava todo descascando, feito cobra descamando. O lugar que a gente mais fica aqui em casa é na copa, e a janela da copa dá justamente para aquele muro, com a caiação velha e despencada. Eu precisava dar um jeito, mas como nunca sobra grana para chamar o pintor, a coisa piorava cada dia mais.
Uma vez alguém comentou comigo que caiar é uma coisa super simples, barata e que rende muito. Aproveitei que meu filho topou ajudar, vi uns tutoriais no Youtube e sai as compras sábado de manhã. Cal, cola, pó xadrex, brochas. Eu e ele, animadíssimos, raspamos a tinta velha, fizemos a meleca – porque a tinta é meio uma gosma, parecida com uma sopa de tomates, digamos – e partimos para a pintura. Naquela super disposição, mandando ver na brocha primeiro na horizontal, depois na vertical. Direita, esquerda, lá em cima, lá em baixo. Avançamos meio muro, paramos para almoçar, eu pronta para reiniciar os trabalhos depois da louça, quando... quando...
Gente, começou a doer tudo. Fazer ginástica todo dia não adianta pra nada, pensei, parecia que tinha passado um caminhão em cima de mim. Ou melhor, parecia que o meu muro tinha caído em cima de mim. Hahaha. O esforço que na minha animação passou batido, aquela coisa de mandar ver o pincelzão pesado de cal de cima pra baixo acabou comigo. Nossa, que dor, que desastre corporal. Com muito esforço, depois do almoço e sem lavar porcaria de louça nenhuma, consegui chegar até a cama, onde despenquei, moída e arrebentada. Socorro, dolorida até hoje. Pior que ainda falta meio muro, sei que preciso acabar, mas talvez, depois do muro, quem despenque de vez sou eu.

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