quinta-feira, 13 de agosto de 2015

nana nenê

Hoje que me toquei que a gente trata os celulares da gente feito uns bebês. Pensa se não é idêntico. Todo dia a gente dá comidinha na bateria deles e depois os colocamos pra dormir no carregadores quentinhos, sempre do nosso lado. A gente anda grudado neles o dia todo, leva pra todo lugar que vai, porque se eles chorarem a gente precisa estar por perto. A gente passeia com os celulares com o maior cuidado, pra eles não riscarem e não baterem em nada. Quando, sem querer, eles caem no chão a gente se apavora, e, se eles se machucam ou ficam doentes, a gente corre e leva no médico. Compramos roupinhas coloridas e acessórios. Enchemos os nossos bebês de brinquedinhos pra nos divertir com eles, toda hora brincamos um pouco até que eles se cansem. As vezes somos pais desleixados, esquecemos nossos nenês em casa sozinhos, nos sentimos super mal. Quantas vezes a gente não volta pra busca-los, e que alívio que dá tê-los novamente ao lado. Compramos cadeirinhas para andar com eles no carro. De quando em quando, ligamos a tela só para ver se ele ainda respira, ou se precisa de alguma coisa. Sussuramos nossos segredos para ele, colocamos dentro deles os melhor de nós. Ensinamos eles a falar, a cantar, a sorrir. E como é triste quando eles são sequestrados ou, pior, se eles morrem. Tou olhando pro meu aqui do lado. Cadê o androidezinho bunitinho da mamãe? Cadê? 

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