segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

o peso das compras


Tive que repensar toda a logística de abastecimento da minha casa. Durante uns duzentos anos, uma vez por semana eu ia no supermercado, entupia o carro e tava tudo resolvido. Quando não teve mais sacolinha, arrumei umas caixas de plástico, umas sacolas e até um revisteiro e trazia tudo ali.
Mas agora que tou a pé não dá mais pra resolver tudo em um dia. Tenho que ir diversas vezes, com um monte de sacolas retornáveis. Retornável o caramba, não sei as de vocês, mas as minhas quando vão para a casa dos amigos ou parentes não retornam nunca. Acho que é mais uma daquelas coisas que são do mundo, que são socializadas, feito os tuppewares, os isqueiros e canetas bic, que rodam de mão em mão, casa em casa, bolso em bolso.
Bom, primeiro que não dá pra carregar muitas sacolas porque a gente só tem duas mãos. No máximo duas por mão, e olhe lá, o ideal é uma em cada mão, mas como as vezes a gente compra coisa que amassa, melhor garantir. Outra coisa que acontece é que, dependendo do peso, tenho que fazer diversas paradas ao longo dos dois quarteirões e meio. O que não deixa de ser musculação com exercícios aeróbicos, eu penso, resfolegando e sem reclamar.
Desde então, eu faço supermercado pensando sempre no peso das coisas. Quando preciso comprar batata, óleo, cebola, sabão em pó, leite já começo a sofrer antes de sair de casa. Descobri que tem seções super pesadas – a de limpeza é uma delas, pra que fabricam amaciantes tão gigantes? – e outras levíssimas, como a do pão, da bolacha e bolo. E tem os departamentos que te enganam, você acha que não é nada, mas coloca numa sacola manteiga, geléia, requeijão, inseticida, shampoo, suco, shoyo e duas latas de tomate pelado que aquilo vira uma tonelada. Papel higiênico é um problema. Aquela embalagem quadrada é pra carro, não pra sacola. Andar com aquele volume junto de você te faz tropeçar a cada dois passos.
Outro dia vi um negócio incrível. Um cara fazendo super com um carrinho de bebê. No começo achei que ele sufocar o filho, mas não tinha filho nenhum ali.
- Ele já tá grande, não usa mais o carrinho – ele me explicou, enquanto saia todo pirilampo empurrando as rodas enquanto eu sofria com minhas pesadérrimas sacolas.
Pensei em comprar carrinho de feira, acho, apesar dele ser vazado e tirar a privacidade da minha compra, mas já contei como são as calçadas daqui do bairro. Não vai sobrar um ovo.

Como não achei outra solução, fico no vai vem diário, pesando mentalmente cada produto. E dá licença que agora vou comprar suco, salada, café e açúcar. 

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