sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

"lucia carvalho", modernérrima


Cadê essa reforma ortográfica? A gente já pode usar? É para começar em 2008? Em agosto todo mundo falou dela, depois a a coisa caiu no mais completo esquecimento. Meu cunhado retomou o assunto no Natal, e ontem o Chico, meu filho mais velho, comentou a respeito.
- Não precisa colocar mais agá em helicóptero. Não é estranho, mãe? "Elicóptero"?
- Horrível elicóptero. Nossa, péssimo. Falando em agás, pior sua vó, que vai perder 25% do nome. De Hebe para Ebe. Num nome com poucas letras isso faz uma enorme diferença.
- Não, mãe, as novas regras não precisam ser usadas nos nomes próprios. Não é obrigatório. Se fosse assim o tio Queique, que é Henrique, ia virar Enrique. E os acentos? Colégio não tem mais acento, mistério não tem mais acento. E Lúcia também não precisaria mais de acento. Nem Sílvia, nem Fábio, nem Cíntia, nem Flávio, nem Mário. Tudo que acaba em ditongo pode ser desacentuado. Nome próprio não muda, só se a pessoa quiser, mas no futuro vai ser esquisito esses nomes terem acento. Vai ser coisa de antigamente.
-Como é? Para eu ser moderna eu deveria ser uma pessoa desacentuada, certo,filho?
- Deveria mãe. Moderno é "Lucia". "Lúcia" é coisa do mega passado.
- Já a minha irmã.
- Sua irmã, que eu saiba, não perde o acento. Ângela.
Por que sempre eu? Em todo caso, ja já chega 2008 e eu não vou bobear. Muito mais moderno tirar meu acento de uma vez desse título do blog. Podem conferir.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

franka addams


Comprei umas coisas de maquiagem. Um negócio de colocar nos cílios, um corretivo pra os olhos, um lápis, pózinho, batom. Estou treinando devagarzinho e sozinha a coisa de mimaquiar. Começei pelo corretivo e primeiro pintei a parte de baixo do olho com ele. O lugar da olheira ficou da mesma cor do resto da cara, confesso que achei meio estranho num primeiro instante. Resolvi ir além e pintei também a parte de cima, a pálpebra superior. Como ficou tudo da mesma cor, o olho ficou perdidaço ali no meio. Esquisitérrimo. Peguei o lápis-de-contorno-dos-olhos e veio a dúvida - a gente contorna em volta ou dentro da linha do olho? O lápis pega nos dois lugares, e o resultado é completamente diferente. Resolvi que era dentro, chorei um pouco para conseguir. Depois coloquei, cuidadosamente, o negócio-de-pintar-cílios nos cílios. Ele vem num tubinho interessante com uma escovinha em espiral. Esse produto grudou uns cilios nos outros e o resultado me pareceu tipo olhos-de-boneca. Me olhei no espelho e disse: "uau". Como não sabia muito bem onde colocar o pó, coloquei na cara toda. Ficou fantástico, tudo meio acetinado, franka com pele de vidro não reflexivo. O batom, segundo a vendedora, é cor de boca-um-pouco-mais-escura-que-a-minha e deu um bom efeito. Não passei a sombra nos olhos ainda, é o próximo passo, pois tenho medo de parecer que levei um soco. Reparei que dependendo do local onde se coloca fica-se com um tipo de olhar. Franka simaquia e os resultados tem sido bons. Estou a cada dia mais parecida com a Mortícia Addams.
Ps.: Pintei hoje o cabelo no cabelereiro. Agora, então, Mortícia (ou Mortitia?) você que se cuide, mulher.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

promessas

vejam como a frankinha dorme em pé em plena festa de reveillon

Ufa. Acabou uma parte. Comi pra burro, consegui diminuir os presentes. Agora só falta o final do ano. Estou na dúvida se vou prometer ou desejar alguma coisa. Na minha família nunca houve essa coisa de prometer ou desejar. Aliás, nunca tivemos grandes tradições de festas de fim de ano. Passar esse momento fora de casa, em festas, restaurantes ou hotéis nem se fala, sempre aprendi que era esquisito. Festinhas em casa, tivemos algumas. Lembro de uma, eu bem pequena, no apartamento da Haddock Lobo. O cheiro da estranha comida, a casa arrumada, uma empregada a mais arrumando as taças na mesa. Minha mãe surgindo com cabelo estufado de cabelereiro, saia havaiana e barriga de fora, meu pai de camisa florida dizendo que ela estava linda, ela reclamando que estava gorda. Eu e minha irmã de camisola, prontas para dormir, sete, oito anos de idade. Numa outra comemoração, anos depois, me pediram para acertar o relógio de pêndulo. Subi numa cadeira, abri o relógio, mexi os ponteiros e o tal pêndulo caiu direto no meu dedão do pé, a ponta perigosa furando meu dedo e me fixando na cadeira, a noite de reveillon no pronto socorro, o pé enfaixado. Na juventude, já sem meu pai, só pequenas comemorações em casa, e, depois de casada, sempre eu, o Zé e os filhos pequenos vendo fogos na janela. Sempre passei ao largo dessas comemorações, do uso de roupas brancas, dos abraços excitados na hora da virada, de música alta ou dança. Viajar pra praia? Como assim, pra quê? Os meus reveillons sempre foram meio solitários, eu acho. Acho que não vou prometer nem desejar nada esse ano. As coisas estão boas como estão. E eu, bagunçada como sou, provavelmente vou esquecer. Por exemplo, sei lá o que prometi ou desejei ano passado.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

feliz natal, gente

ganhei do meu tio essa foto do meu batizado

Árvore de natal que pisca na sala, um monte de presentes com os nome escrito com caneta bic (sempre no cantinho do pacote), as sacolinhas pelo-amor-de-Deus eu jogo tudo fora, perú assando no forno (se eu conseguir uma das coxas será minha, adoro coxa-de-perú), três garrafas de vinho argentino no barzinho, cervejas e umas coca-colas na geladeira, farofa e arroz já prontos que a Maria fez de manhã, pisca pisca meio tosco no jardim em forma de coração, amendoim e queijinho de aperitivo, cereja, ameixa e melancia de sobremesa, o doce a cunhada prometeu que vai trazer, champanhe nacional gelando (não esquecer de descer as taças do armário de cima), pena que não tenho toalha vermelha, um silêncio aterrorizante na rua, melancolia pura num natal meio triste porque antes de ontem a minha cachorrinha morreu (tadinha), filhos animados para ver os primos, óbvio que esqueci de comprar algum presente, mesa que ainda não foi colocada porque sempre deixo pra última hora porque tenho preguiça, lembrar de pegar os álbuns de retrato dos natais passados, a bagunça que vai estar na cozinha amanhã, a quantidade de papel de presente que vai pro lixo, a festa repetida, as mesmas brincadeiras, as lembranças de natais passados, mais uma vez festa aqui em casa, o cunhado que vai fazer a mesma piada no meio da noite confundindo o ano novo com o natal, essas repetições da vida e da família pra mostrar que ainda existimos e que temos bases sólidas. Seja lá o que isso realmente signifique. Super legal o natal, no final das contas.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

mj na consolação e guga na rebouças


É perfeito esse iutube da minha amiga M.J.. Chuva e trânsito na rua da Consolação. Acho que é por isso que somos amigas há tantos anos, eu e ela. E o blog dela é demais.

ps. olha as motos, olha as motos...





Inacreditável. Olha o iutube que o Guga fez e colocou no blog dele ontem! Hahaha. Perfeito. E idêntico. Os dois precisam se conhecer.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

uma dica da franka


Putis. Roubaram dois quadros do Masp hoje. Coisa de filme, impressionante a idéia de alguém entrar furtivamente ontem à noite no maior museu de São Paulo, roubar duas obras de arte de lá de dentro e sair sem ser visto. Que coragem horrível. Olha, esse post é porque tenho uma teoria. Tomara que os detetives que investigarão esse furto sejam leitores do "frankamente...". Eu tenho uma dica. Gente, eu acho que esse ladrão já jogou Leilão de Arte. Roubar justamente dois quadros do famoso jogo? Lembram do jogo da Estrela? Uau. O ladrão deve ser um cara da minha idade. Que passava as férias com os primos jogando War, Banco Imobiliário, Detetive e Leilão de Arte, tá na cara. Provavelmente um aficcionado que nunca soube parar, que provavelmente se viciou. E acho ainda que ele não vai parar por ai. Vai continuar roubando todos os quadros das fichinhas do jogo, um a um. Senhores detetives, fiquem atentos. Principalmente com aquele quadro das duas menininhas de azul e rosa, o mais importante, na minha opinião de ex-jogadora. Olha, estou avisando. E juro que não fui eu. Juro.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

dancinha tralalá

Demora um pouco pra baixar, mas é demais.
Hahaha.
Eu e minhas amigas Bê e Drake desejamos feliz natal a todos:
cliquem aqui

zum, zum, zum




Socorro. Ontem tive que pegar a avenida Rebouças no meio da tarde. Trânsito danado, eu ali presa. Jurei não sair mais na época do Natal. Tentarei me restringir a um círculo imaginário de dois quilômetros ao redor da minha casa até o dia 26.
A Rebouças tem três faixas. A da esquerda é a do corredor de ônibus, e também é permitida para táxis com passageiros. Fica vaziazinha, vaziazinha, dá a maior vontade de entrar ali. Funciona super bem, todo mundo respeita. As outras duas faixas são para carros, sendo que uma delas, a do meio, tem uns desenhos de triângulo amarelo no piso, que significa que aquela é a faixa preferencial das motos. Não entendo bem isso, se é pra gente não andar ali para dar preferência para as motos ou não. Em todo o caso, a Rebouças é uma avenida apertada, cheia de faróis e sempre, sempre lotada. No natal então.
De uns tempos para cá, toda vez que pego a Rebouças eu fico tensa por um motivo. Eu não sei exatamente o que houve: se realmente a coisa aumentou ou se sempre foi assim e eu não percebi. Mas gente, a quantidade de motos. Quantidade de motos ali é simplesmente inacreditável. E nenhuma, mas absolutamente nenhuma, anda na faixa preferencial de motos. Claro. A faixa preferencial de motos não anda. Fica lotada de carros. Paradinha. Como a outra, não preferencial. Assim as motos, todas, infinitas, andam entre essas duas. Zum, zum, zum. É preciso deixar um espação entre você e o carro do lado para elas, senão babau espelhinho. É impressionante. De onde vem tantas motos? Zum, zum, zum. Rapidíssimas entre os carros, o que deixa você ilhado na faixa onde está, sem poder sair. Ontem eu queria sair da faixa do meio e ir para a faixa da direita. Para virar a direita numa rua, só isso, só isso. Mas as motos não deixavam. Zum, zum, zum. Socorro, estou presa, pensei. Zum, zum, zum. Motos, motos, motos. Muito mais rápidas que eu, ali parada com meu pisca pisca ridículo diante da velocidade e agressividade daquela turba de capacetes móveis. Haja chingo pro meu lado. Zum, zum, zum. Nossa que pesadelo. Perdi a rua, entrei duas na frente. Quando consegui, depois de muito esforço, mudar de faixa, pensei o quanto isso é absurdo. Tem alguma coisa errada, óbvio, com o planejamento do trânsito da cidade. Não dá pra ignorar a movimentação natural e a quantidade de motoqueiros. Não dá para uma rua com tantas motos não ter um projeto que funcione. Eu só queria virar a direita.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

os seguranças do noel



(fotos péssimas, né?)


Assunto completamente recorrente, esse das decorações de natal, mas essas coisas me deixam tão pasma que é impossível não comentar. A loja da Kitchens. Gente, pra quem não sabe, Kitchens é uma loja que vende 'cozinhas planejadas'. Na verdade é uma loja antiga de armários de cozinha, tipo armários modulados e feitos em fábrica. Essa tal loja ficou tão famosa e sofisticada que vende algo a mais que isso: vende uma grife. Estranho? Um pouco, mas a construção civil tem dessas coisas hoje em dia, certos fornecedores ficam famosos e imprimem valor aos imóveis apenas pelo uso do nome. Aliás, isso também acontece com alguns arquitetos e decoradores, convenhamos.
Bom, voltando, essa loja tem uma "tradição". Todos os anos eles fazem uma decoração de natal toda emperiquitada e iluminada na fachada da loja. Como ela está localizada na Faria Lima esquina com a Gabriel, local nobre de São Paulo ligado, a tal decoração de natal da Kitchens ficou famosa. Tem gente que vai até lá só pra ver. As pessoas tiram fotos, ficam paradas olhando aquilo, levam crianças. A cada ano aquilo fica melhor. Ou pior, não sei.
Esse ano a fachada está cheia de bonecos de papai noel. Um monte deles, impossível entender se são uma família, se são uma turma de amigos. Porque tantos velhinhos de barba branca ali - aquilo seria um cenário de um asilo? Além disso, em volta de toda loja tocam incessantemente músicas natalinas. Vislumbrei, no meio daquela balbúrdia, alguns bonecos e cenários ligados à questão da comida, como se reproduzissem a casa e a cozinha do papai noel. Bom, pelo menos isso. Mas o curioso é que, para manter aquilo em pé e funcionando numa cidade como São Paulo, foi preciso contratar seguranças. Seguranças de papai noel. Juro.
Sábado, só de um lado da rua, haviam três homens de preto para tomar conta dos papais noels. Juro foi a primeira vez que vi isso. Mas sei lá. Gente, pensa. Um cara importante como o papai noel, numa cidade como São Paulo, numa rua famosa como a Faria Lima, óbvio que precisa de segurança, certo?

domingo, 16 de dezembro de 2007

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

alguém mais faz essas bobeiras?


Desde que passei a ter celular com câmera, passei a ter uma estranha compulsão. Toda vez que vou em lojas, restaurantes, escritórios alheios ou na casa dos outros, eu espero o momento certo, - quando ninguém está me olhando nem reparando em mim - e... "clic". Tiro uma foto escondida. Obvio que essas fotos não servem para nada além de esgotar a memória do micro, mas é irresistível. Olha que foto mais idiota que tirei na loja de maçanetas quando o vendedor se levantou e foi buscar uma coisa lá dentro.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

alguém explica:


Um açougue com o nome de "Aquarius", com um logotipo de vacas dentro de um aquário ao contrário?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

natal na cidade II


Jabuticabeiras atômicas. Demais esse comentário que a anna v. fez no blog do pecus. Agora eu ando pela cidade e só vejo jabuticabas acesas.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

jingoubeus


Esse estranho fenômeno acontece exatamente em dezembro, mês do calor, dos pernilongos, das férias. Olha lá eles. De repente, a troco de nada, esses estranhos seres gorduchos, super agasalhados e inchados sobem em diversos prédios da cidade e ficam parados e hibernando até a chegada do ano novo. Alguém pode explicar o que eles fazem lá?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

a interpretação rotular


Sentamos no restaurante, eu, o Zé, a Drake, um amigo.
- Vocês vão beber o que?, perguntou o garçon.
Eu e ela dissemos, quase juntas.
- Vinho.
O Zé e o amigo preferiram outras bebidas, e o cara colocou na nossa frente um cardápio menor, só de vinhos, pra a gente escolher.
- Nossa, Drake. Olha pra isso. A quantidade de vinho que tem.
- E sem os rótulos - ela comentou, rindo.
- Como vamos fazer?
A questão, gente, é que eu, ela e a aprendemos a escolher vinhos de outro modo. Jamais pelo nome num cardápio, ora. Inventamos, depois do convívio e das nossas viagens, a "interpretação rotular de vinhos", e desde então, impossível escolher um vinho sem ela.
A interpretação rotular.
A interpretação rotular consiste num ritual que, para nós, se tornou especialíssimo. Não temos a menor dúvida da nossa capacidade de enólogas para fazer a escolha certa para aquele momento. A escolha de um vinho, para nós, depende do momento que estamos, do assunto que andamos falando, do acaso, da promoção do supermercado, das conversas anteriores e, claro, do rótulo do vinho. A interpretação rotular pode ir por três lados: ou pelo desenho existente no rótulo, ou pelo nome do vinho ou pelo "conjunto da obra". Assim descobrimos vinhos sensacionais, como o Ventus, como o Emiliana, o Rendeiras, o Versus e inúmeros outros. Sempre dá certo, e depois da escolha, sentimos que o vinho era perfeito para a ocasião. Mas ali, diante daquela lista sem rótulos, ficamos completamente perdidas. Na maior escuridão. Céus.
- E agora?
Foi uma escolha às cegas. Fomos eliminando pelos nomes, confusas.
- Vamos nesses que são misturas de uvas. Estamos com a mente muito misturadas com esse monte de nomes desrotulados - ela sugeriu.
Super inteligente, a Drake.
- Acha que devemos ir à adega do restaurante?
- Vão nos achar muito estranhas - ela disse - explicar para o garçon a essa hora da noite o que é a "interpretação rotular"?
Suspiramos e escolhemos.
Não me recordo do nome do vinho, mas quando ele chegou e vimos a imagem no rótulo, sossegamos. Era razoável. Uma paisagem com montanhas ao fundo. Um nome interessante.
- Que acha? - ela cochichou baixinho, para o garçon não ouvir, antes de beber.
- Passa.
- Mas da próxima vez...
- Teremos que ir na adega. Não adianta.
É. Ser enóloga de interpretação rotular é fogo, gente.

domingo, 9 de dezembro de 2007

uns caroços, uns apêndices


Pra mim, é muito triste ver o perfil da cidade mudar de repente.
Olhaí a obra sendo construída.
... e a crônica tá aqui, nesse post de 2005.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

sem horários


Foi há duas semanas que decidimos, eu e a . Ela mora pertinho aqui de casa, um dos motivos de nos vermos tanto. Em qualquer grande centro urbano como São Paulo, qualquer amigo sem trânsito entre você e ele é muuuito mais amigo. Não tenho a menor dúvida disso.
Pois eu e ela, como estamos perto e trabalhamos sozinhas, volta e meia nos encontramos no final da tarde. Nos dias frios, vamos tomar café na doceira, e nos dias quentes vamos dar umas voltas andando na pistinha de cascalho da pracinha. Foi num desses passeios que percebemos que, sem ninguém combinar nada, sempre rodávamos a pracinha no sentido anti-horário.
- Bê, porque a gente anda nesse sentido?
- Não sei. Mas faz diferença?
- Sei lá - respondi - Tudo que você faz sem pensar merece um questionamento, não acha? No inconsciente pode estar a chave de muitos problemas.
- Acha que o fato de andarmos no sentido anti-horário pode estar nos causando problemas, Franka?
- Sei lá, Bê. E se estiver?
Ela olhou ao redor.
- Mas todo mundo anda nesse sentido. Deve ser por causa das regras de esporte. Lembra as pistas de atletismo.
- A gente não é nem um pouco atleta, Bê. Olha, você está de sapato e eu de havaiana. Não tem porque a gente seguir regra de atleta. Isso é um passeio. A gente devia andar ao contrário. Como o relógio, no horário.
A Bê e eu adoramos esses desafios metafóricos.
- Mas Franka, como podemos nos inverter? Não há "alças de retorno". A gente não pode simplesmente "parar" e "girar". Seria algo muito violento nas nossas vidas, podemos traumatizar - ela disse, rindo.
- "Alça de retorno"?
- Óbvio. Para o caso de alguém querer se inverter de sentido na vida, como nós.
Eu tomei coragem e perguntei.
- Você quer, Bê?
- Claro. Chegou nossa hora.
Isso que é amiga de verdade. Hahaha.
- Mas como fazer, sem a alça de retorno, Bê?
- Criaremos uma. Venha.
A Bê é demais. Depois de uma curva ela me levou para dentro da praça, onde demos uma volta ao redor de uma árvore e voltamos à pistinha, retomando o passeio andando ao contrário, sem estacar e girar.
-Perfeita essa alça de retorno, Bê. Deveria ser oficial. Lembre-se de onde era para podermos mostrar para outras pessoas que precisem dela.
Foi quando tudo, gente, tudo absolutamente tudo mudou. Olha, ando nessa praça há anos. E nunca reparei em tudo que passei a reparar quando passei a andar feito um ponteiro, no sentido horário. As árvores todas se jogam para a gente, o sol é mais bonito, a paisagem mais agradável. Isso fora o fato - engraçado - de você olhar todo mundo que anda e corre de... frente. Face a face. E, claro, encontrar muito mais gente. Oi, oiê, tudo bom?, opa, alô!
- Bê, minha vida mudou. Agora só ando assim.
- Eu também - ela resolveu.
Sábado passado fui no clube com o Zé. Conversando e andando, entramos na pista e passei a andar do modo novo.
- Estamos ao contrário, páre - ele me disse.
- Não, Zé. Estamos certinhos - eu respondi, explicando a teoria, que ele, obviamente, não entendeu mas como me conhece, resolveu deixar pra lá.
- Tá, tá - ele suspirou - mas olha a quantidade de gente olhando pra gente... que vergonha...

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

duas coisas legais de hoje



Hoje é aniversário do Juca, meu filho mais novo, basqueteiro, grande incentivador da franka, que escreve peças, faz iutubes e inventa posts comigo, um dos meninos mais felizes que eu conheço. Parabéns, querido.

E hoje também eu fui ao blog do Chico, o meu filho mais velho: "palavras de ordem". Bem, olhem o post dele aqui. Acho que vale a pena ler.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

o viveiro da franka


Hoje de manhã acordei com a sensação que faço tudo errado em relação aos pernilongos daqui de casa. Gente, voltando ao assunto, entendi: eu não estou exterminando pernilongos. Eu estou é criando pernilongos aqui dentro de casa.
Pensa bem. No andar de cima da minha casa estão os quartos e os banheiros. E tem a escada, que liga com o andar de baixo. Nos quartos e banheiros eu coloquei tela nas janelas, portanto por ali não entram pernilongos, pois a tela fica fechada a tarde toda. Mas nos banheiros e na escada não, portanto pelo banheiro e pela escada entram ou sobem um monte de pernilongos. Uma vez no andar de cima, óbvio que os pernilongos preferem ficar nos quartos do que no corredor ou no banheiro. Afinal, é mais quentinho, bem mais amplo e não tem vapor de banho, que eu imagino que pernilongo não goste. Quando eles alcançam os quartos, aqueles oásis para eles, não podem mais sair (a não ser pela porta) e ficam presos. Acho que pernilongo nem sabe que a saída é pelas portas, e, se eles saem por ali, deve ser completamente sem querer, uma quantidade mínima deles, que pode, inclusive, migrar de um quarto à outro. Nossa. Acho que criei uma espécie de viveiro de pernilongos, onde, achando que estou livre deles, faço experiências inúteis, como colocar aparelhinho em tomada e esborrifar isprei. Óbvio que isso, depois de anos e anos, deve ter criado espécies cada vez mais e mais resistentes. Devo ter, no meu quarto e no quarto dos meninos, espécimes de pernilongos mutantes poderosíssimos, velhos, idosos - isso se não considerarmos as demais gerações, de filhos e netos, criadas ali (!) - enormes, gordos, saudáveis e... perigosos. Pernilongões de raça, da melhor espécie. Ai que burra, olha o que eu fiz. E agora?
Bom, será que valem alguma coisa?