sexta-feira, 30 de novembro de 2007
franka e as miniluzinhas
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
caminho
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
lobotomia telefônica
Estava falando com um pintor no telefone. Lá fora começou a maior chuva.
- Péra que eu vou fechar a janela - eu disse.
Voltei e continuei a falar.
- Então, como eu dizia, o seu orçamento inicial era de.
Cabrummm.
Gente, que horror. Assim, sem mais nem menos, estourou um raio em cima da minha cabeça, veio um pá na minha orelha e eu berrei, louca, histérica.
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Joguei o telefone longe, histérica, e corri pra cozinha tremendo toda. Dei de cara com a Maria. Ela me olhou assustada.
- Lucia, o que foi?
- Água, água... levei um choque ai... socorro...
Ela me deu água com açúcar, eu toda arrepiada. Absurdo. Passou um tempo, parei de tremer, melhorei. Voltei a trabalhar. Esqueci completamente do telefone. Sei lá como o telefone foi parar no gancho de novo, não me lembro.
No dia seguinte o pintor, de quem também me esqueci completamente, me liga.
- Alô? Lúcia?
- Oi... Vicente...?
- Lúcia, o que houve ontem? Fiquei preocupado, você berrou feito louca, depois caiu a linha...
Nossa, esqueci do cara, da conversa, do assunto...
Sério, esse negócio de choque é perigoso demais, gente. Dá umas putis amnésias. Vi outro dia um episódio do House onde eles apagaram a memória de um cara para ele poder viver. Aconteceu isso comigo, meu Deus. O choque apagou um pedaço da minha cachola. Fez a maior maravalha dentro do meu cérebro.
Eu, hein. Será que apagou mais alguma coisa? Não lembro.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
pequenas observações sobre mulheres
- Débito ou crédito?
Detesto essa pergunta, quantas milhões de vezes a gente tem que responder isso na vida? Mas débitos e créditos não vem ao caso, a observação é outra. A questão é que a Drake abriu a carteira, entregou o cartão respondendo sei-lá-o-quê pra caixa e deixou a carteira dela lá na esteirinha toda abertona.
- Olha a carteira da Drake, Franka - disse a Bê.
- Nossa. Drake, fecha essa carteira, vai.
- Como assim?
Eu e a Bê vimos uma coisa que ela não estava reparando. A Bê falou sério com ela.
- Drake, não pode deixar a carteira assim, aberta, escancarada, em público.
- Não pode? Que teoria é essa?
- Claro que não pode, a Bê tem razão, Drake - eu me adiantei - é meio feio sim.
- Feio? - ela riu.
- Sei lá - disse a Bê - mulheres em geral não deixam as carteiras abertas, soltas assim. Mulheres abrem a carteira um pouquinho, discretamente, pegam o cartão ou o dinheiro e imediatamente fecham. Esquisito deixar assim, aberta. Super indecente. Fechaí, Drake.
A Drake não mexeu na carteira. Franziu a testa e ficou parada, pensando no assunto. Ficamos todas olhando para a carteira enquanto a mulher do caixa manipulava o cartão. Totalmente de pernas abertas em público, com todas as entranhas à mostra: cartões de banco, cartões de visita, caneta, talão, papelzinhos.
- Ah. Exagero. Não é feio deixar assim, gente - ela avaliou - por que seria feio mostrar a parte de dentro da carteira?
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
off na orelha pode?
franka cara de abacate (uma imagem totalmente off-post, hahaha)
Ontem a noite o Zé apareceu na minha frente com o frasco de Off.
- Lú. Ajuda aqui.
- O que foi?
- Vou tapar o ouvido com o dedo e você encharca a minha orelha de Off. Só não deixa entrar dentro.
- Hã?
- É, vou passar Off só na orelha. Se eu não ouvir, durmo bem, podem me picar a vontade.
- Será que pode, Zé?
- Sei lá. Vou tentar. Se pode passar no pé, porque não pode passar na orelha? Vai, toma. Faça o mesmo você também.
Olha, gente. Se faz bem ou mal pra orelha eu não sei. Muito bem não deve fazer, óbvio, mas dormi totalmente em paz, sem zunidos. E é super econômico.
domingo, 25 de novembro de 2007
os meus santinhos
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
o farol e a lua
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
parabéns, papai
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
o presente do guga
Mas era aniversário, aquele monte de gente chegando e eu cumprimentando, não tive tempo naquele momento de conversar mais com ele sobre o presente. Na hora dele i embora, ele me chamou num canto.
- Franka.
- Oi Guga.
- Sabe o presente que te dei? Está dentro daquela pintura. Aquilo é uma capa, um papel do presente. O presente está dentro.
- Como assim? Mas a capa é linda. Tem até uma pedrinha coração colada nela. Sério?
- Eu sei. Mas é só uma capa, uma embalagem. A pintura está dentro. Depois você abre.
A questão, gente, é que já se passaram mais de 3 semanas do meu aniversário e eu não abri ainda o presente. Eu olho e olho o "quadro embalagem", o "quadro casulo", e não consigo ir além. Fico nessa: abro ou não abro? A idéia de que ali dentro tem um quadro do Guga que eu não sei qual é super emocionante pra mim. Não se se me faço entender. Não abri, ninguém se conforma com isso, mas tenho a sensação que algumas coisas precisam sim de um tempo para nascerem. Feito uma semente, feito as sementes que a Bê e ele tanto gostam. O quadro ainda é casulo. Uma hora nasce. O que será que vai surgir?
domingo, 18 de novembro de 2007
hortifrutibuster
sábado, 17 de novembro de 2007
quantos anos fez a naninha?
Ontem foi o aniversário da Nana, minha filha do meio. Ela quase nasceu no feriado, no dia 15, e quando eu estava grávida a família torceu muito para isso. Dia 15 de novembro era aniversário do meu avô, que tinha morrido uns anos anos e que, por causa disso, se chamava "Benjamin Constant". Dr. Benjamin, pois era médico. Mas o trabalho de parto demorou e ela acabou nascendo à uma da manhã do dia 16.
Assim, todo ano, obviamente, o aniversário dela "cai" no meio do feriado, e ela nunca pôde dar uma festa no dia certo.
Ontem, depois de um almoço de família, com avós, tios e primos, ela pergunta se pode chamar uns amigos no fim da tarde para um bolo.
- Claro - respondo.
- Mas serão poucos, mãe, cê sabe, é feriado, será uma turma até meio disparatada, pois são as pessoas "que não foram viajar"...
Achei que seriam dois ou três, mas quando vi a casa estava tomada por adolescentes espaçosos e alegres, deitados no chão e nos sofás. Depois de ficar um tempo vendo tevê no quarto, pra não "atrapalhar" a conversa deles, e depois de embromar um pouco na cozinha, fui até a casa da minha mãe pegar o tradicional bolo que ela sempre faz para os netos e propus cantarmos parabéns na copa. Foi quando lembrei das velas.
- Ixi, filha, esqueci de comprar velinhas. Vou ver se tem na gaveta umas já usadas,daquelas de números, senão vou comprar e já volto.
Sair? Não, nunca. Os garotos todos foram contra, claro, queriam cantar e comer logo. Assim, peguei uma infinidade de velas usadas que a Maria guarda na gavetinha, e eu e o João passamos a analisar.
- Ah, droga, mãe, não tem bem a que precisamos. A do último número dos anos dela
Foi quando a Nana teve a idéia.
- Não tem problema nenhum. Vamos fazer então colocar as velas que dêem uma soma. A soma dos meus anos. É uma idéia legal, e a gente faz isso se tornar uma espécie de tradição na nossa família! - e assim ela e os amigos passaram a compor.
- Essa, essa, essa e... essa. Não. Essas quatro aqui. Não, essas cinco aqui, melhor.
Resolveram, sei lá qual exatamente o critério numérico, mas colocamos no bolo e fomos cantar os parabéns. Acendi as velinhas, uma a uma, mas quando larguei o fósforo, uma delas... morreu. As velas de número tem um pavio curtinho, e como já eram usadas estavam mínimas. Depois de dois segundos, um outra se foi.
- Ai, e agora? Rápido mãe, coloca outra, vai!
Nunca tive um problema assim no parabéns. Uma soma? Era preciso pensar depressa e somar rápido, antes que outras se fossem. Ou seja, as duas que tinham que ser substituídas deveriam ter a mesma soma daquelas que morreram. Eu rapidamente pesquei na caixinha e enfiei no bolo, enquanto todos contavam para ver se eu tinha acertado. Bingo. Ufa. Já pensou se erro na soma, o vexame diante daquele monte de adolescentes-que-só-tiram-sarro-de-mãe?
- Parabéns a você, nessa data querida... Naninha, naninha!
Parabéns, filhoca. Ainda bem que você fez os anos certos.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
atenção: franka vai simaquiar
domingo, 11 de novembro de 2007
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
franka tira a sorte no pão de mel
- Entendeu?
Tive que ser sincera. Eu juro que fiz esforço, pensei em não ser tão “franka”, mas achei melhor revelar a verdade.
- Não, Bê.
- Nadinha? Sério?
Nessa nossa última viagem, os esoterismos das minhas amigas foram longe pra burro. Tudo tinha um monte de significados, e no último almoço não agüentei. Aquela coisa achar significado entrou na minha cabeça e me abduziu completamente. Estávamos sentados todos numa mesa redonda, ao ar livre, sobre um piso de grama com pedras, e as cadeirinhas ficavam todas meio bambas, com os pés ora em cima da pedra, da terra ou do nada.
- A gente devia fazer uma leitura dos pés das cadeiras – sugeri, brincando.
- Pés das cadeiras? – elas estranharam.
- É, olha, parece iching, horóscopo. Temos todos quatro apoios, e cada um de um jeito: tem gente sobre a terra, outros sobre a pedra, outros sobre o ar. Isso deve significar alguma coisa para vocês.
Claro que elas levaram a sério e fizeram o esquema (elas sempre levam tudo a sério). Analisaram, analisaram, até que a Bê desistiu: não era ainda a hora de entender aquilo. O destino, o destino abriria portas um dia. Foi quando chegou o café, e junto com o café tinha um pote de pão de mel. Todo mundo avançou, e eu, empolgada em achar mais significados, vi.
O pão de mel estava meio derretido, e alguém colocou sobre um guardanapinho de papel. Quando pegou pra comer, ficou um desenho estampado no guardanapinho.
- Olhem, uma imagem! A imagem do pão de mel!
Gente, que engraçado. Foi um tal de todo mundo sortear um pão de mel para si, derreter com fogo e decalcar em papel. E os significados que elas achavam, que máximo. Um monte de dragões, peixes, cavalos, pedras, fogo, trovão, caldeirões. Passamos um tempão naquilo, entendendo as nossas vidas no pão de mel.
Nesse final de semana nos encontramos de novo. Lembramos do pão de mel na hora do café, quando a Bê serviu umas bolachas Negresco. Ela abriu uma para comer, sabe quando você descola um lado do outro? Pois bem. Ela deu um berro. Geeeente! E lá ela viu um novo oráculo. O oráculo da bolacha Negresco. E assim tiramos a sorte de novo, desta vez com bolachas. Estamos craquérrimas nessa modalidade inédita. Pensamos em reunir grupos para tanto. Alguém se habilita?
Bom. Tudo bem. A gente já foi considerada louca há muito tempo.
domingo, 4 de novembro de 2007
violência é o medo dos ideais dos outros, disse Gandhi
Fomos então, numa turma grande, prestigiar a peça do Rafael da Lourdinha do Francisco primo da Franka no Teatro Fábrica, com a intenção de jantarmos todos juntos depois no restaurante Tordesilhas, que é ali ao lado. A peça se chama “Topografia de um desnudo”, e está em cartaz às sextas as nove e meia da noite. O texto é do Jorge Dias, direção do Hugo Villacenzio e o grupo se chama “Conexion Latina de Teatro”.
Na porta, debaixo de uma chuva maravilhosa e esperando mais amigos, o Francisco começa a me explicar a peça. Quem era o grupo, quem era o Rafael, como era a história.
- Não, Francisco, pára – eu pedi – Assim você estraga tuuudo. Não gosto de ser pautada para assistir peças. Se a peça for boa, eu gosto, se não for, não gosto. Ouvir crítica antes não pode - pedi. Só me diz que personagem que é o Rafael dessa Lourdinha.
- É o cabo.
- Tá.
Ele riu e ficou calado. E lá fomos nós para o andar de cima do teatro para ver a peça.
Olha, adorei. Muito bacana mesmo. Sem entrar em muitos detalhes pra não estragar pra quem quiser ver, a peça conta a história de um mendigos que moram num lixão e que são expulsos violentamente de lá pois pretendia-se construir um empreendimento imobiliário no local. A história é real e conta um fato ocorrido nos anos 60 no Rio de Janeiro, quando mendigos foram mortos e jogados num rio, torturados com bastante crueldade. É uma montagem bem estruturada, bacana, com ritmo e tempo certo, com bons atores e boas interpretações. Uma peça sobre a violência, dolorida sem ser piegas, com texto inteligente e boa direção. A única crítica que eu faria seria sobre a idade de alguns atores, incondizentes com a idade do personagem. Imagem é tudo, confunde um pouco. E adorei. Uma peça boa. Sabe peça "boa", que, como diz minha mãe (que vive no teatro com a turma da van), que “te prende”? Pois a peça do Rafael da Lourdinha me “prendeu”. Na saida, aguém disse que o grupo tinha esse nome pois tem atores de diversos países da América Latina, inclusive alguns com sotaque, o que no começo parece estranho mas que no decorrer da montagem passa despercebido. Por falar nisso, o Rafael da Lourdinha tinha sotaque. Não era brasileiro, o Rafael-cabo, estranhei.
Saímos de lá, o Francisco me pede para ficar no saguão com ele.
- Vamos esperar o Rafael da Lourdinha – diz – quero te apresentar para ele.
Aguardamos um tempo até que surge o Rafael. Um homem provavelmente da minha idade, simpaticíssimo, que me comprimenta efusivamente, se espanta de eu ter blog, fica curioso por eu ser arquiteta. Conversamos muito, ele pega meu email, conto que escrevo peças, blá, blá, blá, ele me conta que adora arquitetura, que já construiu diversas casas, blá, blá, blá. Eu ainda não entendendo nada. Quem é Rafael, quem é Lourdinha, porque eu vim ver essa peça. Saímos de lá com chuvisco, depois do Francisco convidar o Rafael para jantar conosco e ele recusar por algum motivo, e, andando em turma até o restaurante, o Francisco nos explica.
Olha que divertido: a Lourdinha é uma amiga dele, de Belo Horizonte. O Rafael é marido dela, tem filhas adolescentes e tal. É um executivo de uma empresa, segundo o Francisco, um grande executivo, já foi até presidente num dos diversos empregos. Um cara importante. Tem família européia, mas nasceu e cresceu na Argentina, por isso o sotaque. Veio morar no Brasil e trabalha aqui há um tempo. Como gosta de teatro, resolveu estudar. Depois de concluídos os cursos, entrou nesse grupo, a Conexion Latina. Trabalha de segunda a sexta como executivo na tal multinacional, e todas as sextas feiras à noite risca qualquer coisa da agenda e corre para encenar o seu "Cabo São Lucas". Porque gosta de teatro. Apenas porque gosta de teatro, como eu. Porque a paixão da gente está além do que a gente faz. Porque estamos numa idade onde não vale a pena a gente esperar que tudo caia diante da gente. É preciso procurar, ir atrás, investir e pular as barreiras. Segundo o Francisco, o Rafael construiu até um pequeno teatro na super linda e projetada casa dele. Mas isso eu soube depois, bem depois, só no restaurante, onde comemos um delicioso bobó de camarão. E penso que ainda bem que eu não soube antes, pois senão eu ia assistir uma peça com o Rafael, o executivo argentino, e não uma peça com o Rafael da Conexion Latina, o que foi muito mais legítimo. Me identifiquei muito com o Rafael, gente. Eu, uma arquiteta que escrevo peças. Ele, um executivo que atua. O teatro está dentro da gente. É uma sina, um destino. Não interessa quem você é.
aí, ó: o rafael da lourdinha, franka e o primo francisco (obrigada, bê)