sábado, 22 de abril de 2006

o tanquinho


- O Chico ligou, Zé. Disse que está tudo bem, que ele já chegou lá no sitio, que está com todos os amigos, que tá tudo bem.
- Ah, que bom. Não adianta, pai é pai, a gente fica preocupado. Que horas ele ligou?
- Meio dia. Disse que já tinha tomado café e que eles estavam indo para a piscina.
- Piscina? Pra piscina do sítio?
- É. Que é que tem?
- Ah. Tadinho.
- Tadinho porque? É quase adulto, tá com um monte de amigos, amigas, com a namorada, que tem de mais?
- Tsc. É que eu sempre tenho uma sensação estranha com essa coisa de piscina de sítio.
- Sensação estranha, Zé?
- É... Olha, quando eu penso em piscina de sítio, eu vejo o mundo todo e a câmera se aproximando como se fosse o Google Earth. Aproximando, aproximando do sítio, aproximando, até que aparece uma piscinha, um tanquinho mínimo e ridículo com uma aguinha. E dentro desse tanquinho eu vejo a pessoa lá, perdida. Afe, acho horrível.
- Um tanquinho de água no meio do nada? Pequenininho?
- É - ele me olhou sério - Não dá pena?
- Acho que sim, Zé.
- Puxa vida.
- Tadinho do Chico - eu disse.
- Tadinho mesmo, Lú.
Gente, tem crônica nova no paradoXo: os saltinhos

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