Ontem fui para o Rio. Chovia, garoava, mas como é de hábito eu precisava tirar uma foto da linha do mar. Tirei. Nada de linha. Chuvas, nuvem. Mas como estamos cercados de tecnologia, nada como uma pequena fuxicada num desses programas de fotos para reinventar o horizonte. Sei lá como, mas com um ou dois comandos eu sumi com a chuva e com a nebulosidade. Quase que eu ensolarei o mar.
Olhaí.
Acho um perigo mexer com a realidade desse modo. Que mêêêdo. Esse fotoshópe deveria ser proibido pelo governo.
Mas queria falar de outra coisa: das minhas rotinas de viagem. Eu tenho algumas manias com essa coisa de viajar. E não consigo me livrar delas.
Uma delas é que eu sempre preciso de um objetivo. No caso de uma viagem de trabalho, o objetivo é muito claro, como ontem: reunião-duasemeia. Uma reunião-duasemeia é um objetivo indiscutível. Mas no caso de uma viagem para uma praia ou para um sítio, às vezes não há objetivo fora a viagem. Afe. Eu fico aflitíssima. Gosto de ir para um lugar para ver, fazer ou visitar uma coisa es-pe-cí-fi-ca. Por exemplo, ir para Curitiba para visitar o museu do Niemeyer. Ir para Brasília para olhar de longe o Alvorada. Ir para Nova York para tirar uma foto em frente ao Guggenhein. Ir para Ouro Preto para visitar uma mina de ouro. Ir para a Bahia para comer um acarajé em tal lugar. Um lugar, uma ação. Sem isso, para mim, há viagem, mas simplesmente não consigo me empolgar...
A outra mania é que, se eu vou para um lugar com mar, eu preciso tirar uma foto da linha do mar. Preciso. Fazer o quê? Claro que acontece de não dar certo: as vezes eu não tenho máquina, as vezes acontece de acabar a pilha da máquina (sempre achei que pilha recarregável era eterna), mas isso é culpa do destino inexorável da Franka. Em boas condições de temperatura e pressão, é como se eu tivesse que executar essa missão nesse mundo: fotografar a linha do mar.
Frankamente, sem missão a vida não tem graça.
A terceira tem a ver com a minha coleção de pedras-coração. Eu preciso encontrar uma a cada vez que saio daqui. Na verdade, não encontro. Elas que pulam em cima de mim e me acham. A primeira veio em 2001, num rio, numa viagem que fizemos em família para a Califórnia. Desde então, lá vem elas. Surgem como se o destino as enviasse. Eu não faço nada. E, delícia: os amigos também trazem. Acho que é como uma corrente. Corrente de pedras.
Eu sei que todo mundo tem manias. Gozado é o pensamento que vem à minha cabeça quando esqueço ou não consigo colocar em prática uma da manias/ missões: é como se uma coisa muito terrível fosse acontecer.
Eu, hein? Ontem cumpri tudo. Linha do mar, objetivo reunião-duasemeia, pedra-coração.
Ufa.
Missão cumprida, dona Franka.
E tem crônica nova na paradoXo: Essa coisinha ai...
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