(foto: José Medeiros (1921-1990), um dos patriarcas do fotojornalismo brasileiro e por 15 anos colaborador da revista O Cruzeiro)
Esse livro é maravilhoso. Ainda mais para quem gosta de romances.
Anotai. Recomendo.
Desengano, Carlos Nascimento Silva.
Eu adoro romance. Acho que o que falta por aí são boas histórias. Hoje em dia na literatura se vê muito texto, muito falatório, mas não é fácil achar um bom romance com uma boa história. Além de escrever bem, é preciso ter o que contar antes de publicar.
Mas motivo desse post é outro. Eu queria é falar sobre a capa desse livro.
Reparem nela.
Na foto da capa.
Além de ler o livro, gastei um bom tempo olhando essa capa. É uma foto vista de cima, com uma mãe e um filho de mãos dadas atravessando a rua.
Eu adoro romance. Acho que o que falta por aí são boas histórias. Hoje em dia na literatura se vê muito texto, muito falatório, mas não é fácil achar um bom romance com uma boa história. Além de escrever bem, é preciso ter o que contar antes de publicar.
Mas motivo desse post é outro. Eu queria é falar sobre a capa desse livro.
Reparem nela.
Na foto da capa.
Além de ler o livro, gastei um bom tempo olhando essa capa. É uma foto vista de cima, com uma mãe e um filho de mãos dadas atravessando a rua.
É uma imagem bonita plasticamente, com belos pretos e brancos, com linhas cruzando o caminho. Nota-se que a mãe segura o menino com força. Nota-se que o menino arrumou-se para acompanhá-la, veste sapatos e meias. Tudo isso me cativou e me intrigou.
No nosso mundo quase nunca vemos uma cena como essa: uma mãe de mãos dadas com um filho no meio da rua. No nosso mundo mães têm carros e dirigem, no nosso mundo os filhos ficam sempre no banco traseiro. Hoje as mães levam filhos sem tocá-los. Hoje nossos filhos estão nos retrovisores, não nas nossas mãos.
Lembro que quando nasceu o João, meu terceiro filho. Na maternidade uma tia comentou sobre a dificuldade que eu teria com três filhos.
- Você tem mais filhos que mãos! – ela explicou – Duas mãos, três filhos, como eu tive. E como era complicado atravessar a rua!
Olha. Não me lembro de muitas ocasiões onde precisei dar a mão para todos os filhos, infelizmente. Mas me lembro nitidamente das inúmeras vezes que os vi no banco de trás do carro, me lembro das dores dos torcicolos por me virar inúmeras vezes para trás para apartar as briguinhas, para dar mamadeira, para olhar se todo mundo estava bem.
Eu me lembro dos meus filhos nos retrovisores, gente.
Além disso, nós, mães, nem descemos dos carros. Pra quê? Mães têm celulares, filhos têm celulares.
- Alô, filho? Já cheguei. Estou aqui no térreo, no carro. Você desce?
- Já vou.
A capa me comoveu. Não sei se essa compreensão chegou até o fotógrafo ou até o autor do livro. Lembro-me das inúmeras vezes que já andei com a minha mãe de mãos dadas pela rua. Quando meu pai morreu eu era criança, nunca tivemos carro em casa. Até hoje quando saio com ela seguro na sua mão. É um hábito, é uma forma de nos comunicarmos, de existirmos como mãe e filha. É unir a família, é estabelecer o vínculo. Dar as mãos é o mesmo que se fechar num veículo. Não que isso seja melhor ou pior. Eram outros tempos, só isso. Tempo onde tínhamos mais tempo.
Tempo de mães e mãos.
No nosso mundo quase nunca vemos uma cena como essa: uma mãe de mãos dadas com um filho no meio da rua. No nosso mundo mães têm carros e dirigem, no nosso mundo os filhos ficam sempre no banco traseiro. Hoje as mães levam filhos sem tocá-los. Hoje nossos filhos estão nos retrovisores, não nas nossas mãos.
Lembro que quando nasceu o João, meu terceiro filho. Na maternidade uma tia comentou sobre a dificuldade que eu teria com três filhos.
- Você tem mais filhos que mãos! – ela explicou – Duas mãos, três filhos, como eu tive. E como era complicado atravessar a rua!
Olha. Não me lembro de muitas ocasiões onde precisei dar a mão para todos os filhos, infelizmente. Mas me lembro nitidamente das inúmeras vezes que os vi no banco de trás do carro, me lembro das dores dos torcicolos por me virar inúmeras vezes para trás para apartar as briguinhas, para dar mamadeira, para olhar se todo mundo estava bem.
Eu me lembro dos meus filhos nos retrovisores, gente.
Além disso, nós, mães, nem descemos dos carros. Pra quê? Mães têm celulares, filhos têm celulares.
- Alô, filho? Já cheguei. Estou aqui no térreo, no carro. Você desce?
- Já vou.
A capa me comoveu. Não sei se essa compreensão chegou até o fotógrafo ou até o autor do livro. Lembro-me das inúmeras vezes que já andei com a minha mãe de mãos dadas pela rua. Quando meu pai morreu eu era criança, nunca tivemos carro em casa. Até hoje quando saio com ela seguro na sua mão. É um hábito, é uma forma de nos comunicarmos, de existirmos como mãe e filha. É unir a família, é estabelecer o vínculo. Dar as mãos é o mesmo que se fechar num veículo. Não que isso seja melhor ou pior. Eram outros tempos, só isso. Tempo onde tínhamos mais tempo.
Tempo de mães e mãos.
Sem retrovisores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário