quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

chuva de pedra



Já disse que gosto muito dos Stones, somente não gosto de ir a shows lotados.
Ouço os Stones há muitos e muitos anos, já dancei infinitamente as suas músicas nas festas da minha adolescência, juventude e maturidade, e tenho algumas das suas melodias e letras impregnadas na minha memória para sempre. Certas músicas, como “Satisfaction” e “Atirei o pau no gato”, são eternas.
Tudo isso para confessar uma coisa engraçada e vergonhosa sobre uma das músicas dos Stones que somente a minha família e alguns amigos (muito íntimos) sabem. Mas enchi, não vou mais guardar segredo sobre esse meu vexame. É melhor que todos saibam quem eu sou, de uma vez por todas. E quer saber? Eu vou contar, e tenho certeza que, depois da minha revelação, a música nunca mais será a mesma para ninguém.
Essas coisas pegam, entende?
É que desde que sou pequena, eu canto um refrão muito errado. E refrão, bem, refrão de rock a gente canta e grita, ou seja, eu já devo ter gritado muitas e muitas vezes, feito uma cretina desavisada, o tal refrão dos Stones totalmente equivocado.
Sabe a musica “Start me Up”? Pois bem, eu sempre achei que eles falavam “Scorpion” ao invés de “Start me Up”. Sei lá porquê, pois é meio diferente. Mas eu ouvia e entendia: “scorpion”. E como escorpião é meu signo, eu tinha certeza que o Jagger cantava mais para mim do que para os outros. Que pensamento mais ridículo. E o pior é que eu tinha até os elepês, e nunca fui conferir o nome da música.
A sonoridade, se vocês pensarem bem, é parecida mesmo. Quando eles cantam “Start me Up...” falam alguma coisa parecida com “estármiooou...” e quando eu cantava (e pensava) “Scorpion...”, falava alguma coisa parecida com “escórpiooou...”.
E, miou por piou, eu ficava com os meus escorpiões.
- Escórpiooou!
Ai. Quantas e quantas vezes eu, no auge da empolgação (ainda bem que na minha juventude não existiam tantas máquinas fotográficas e câmeras), eu não devo ter gritado repetidamente no meio do salão ou da pista “escorpiou”, “escormiou” ou “escorqualquercoisa”.
A empolgação, gente, é sempre bastante vexaminosa.
E confesso mais ainda. Só fui descobrir isso, o que é mais terrível, quando coloquei a música no iPod. Ou seja, há um mês!
- Escórpiooou!
Bem, falar errado por falar errado, sei que não sou a única que faz isso. O Inagaki tem um post clássico e fantástico sobre essa coisa de cantar músicas erroneamente. Vale a pena ir até lá para dar muitas risadas. Ele conta que o pessoal do Pasquim deu até um nome para o “problema” – virundum – e explica: "virunduns são os equívocos que cometemos ao cantarolar músicas (exemplos clássicos: "Virundum Ipiranga às margens plácidas", "trocando de biquíni sem parar", "Alagados, cristal, favela do Avaré")".
Vale a pena conferir, pois o post é muito engraçado.
E, para finalizar, e ainda falando de "pedras rolando", uma historinha. Na semana passada eu estava aguardando meu carro num estacionamento quando um dos manobristas comenta com outro.
- Tá caindo a maior tempestade lá no centro da cidade.
- Vichi – falou o outro – É hoje que eu não chego em casa...
- Ééé – e ele completou – Diz que está caindo até chuva de granito...
E gente, antes que chova granito, não se esqueçam:
- Escórpiooou!

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