Eu não conhecia aquele engenheiro. Estávamos finalizando uma reunião quando ele avisou que viajaria na semana seguinte.
- Vai tirar férias com a família? – perguntei, curiosa.
- Não, vou viajar de lua de mel com minha namorada nova. Eu me separei faz três meses, depois de um casamento de trinta anos.
Eu dei um pulo para trás.
- Nossa. Trinta anos de casado e você se separou? Que pena...
- Pena? – ele se espantou – Porque pena, lúcia?
Eu fiquei com cara de tacho. Não sabia o que falar.
- Sei lá, é que trinta anos é tempo, e um casamento de trinta anos...
Ele me interrompeu, seríssimo.
- Olha. O meu casamento de trinta anos foi um “puta*” casamento, lúcia. Afinal de contas durou trinta anos. Se não fosse um “puta” casamento, não duraria trinta anos, duraria, sei lá, só um ano. Pensa sobre isso – ele me falou, sorrindo e guardando os seus papéis para ir embora rumo à lua de mel II.
Trinta anos.
Olhaqui, gente, assumo.
Ele tem toda razão e eu estou totalmente errada.
Essa é a diferença entre homens e mulheres. O meu comentário, aquele “que pena”, dito instantaneamente, é o comentário típico de uma mulher. Um ridículo e caricato comentário feminino padrão. Saiu sem querer, sem eu pensar, e é nele que mora uma verdade difícil de admitir. Eu e todas as mulheres do mundo, queiramos ou não, gostamos muito de um casamento. Queremos um casamento. Almejamos um amor eterno, comprido, cheio de brigas e reconciliações. Sonhamos em ser conchas, fechadas e trancadas com nossas famílias dentro das nossas casas.
Essa é a diferença entre homens e mulheres. O meu comentário, aquele “que pena”, dito instantaneamente, é o comentário típico de uma mulher. Um ridículo e caricato comentário feminino padrão. Saiu sem querer, sem eu pensar, e é nele que mora uma verdade difícil de admitir. Eu e todas as mulheres do mundo, queiramos ou não, gostamos muito de um casamento. Queremos um casamento. Almejamos um amor eterno, comprido, cheio de brigas e reconciliações. Sonhamos em ser conchas, fechadas e trancadas com nossas famílias dentro das nossas casas.
Essa é a nossa natureza, e, nas horas que falamos sem pensar, sem reprimir, é isso que sai das nossas bocas. Eu sou assim, a namorada do engenheiro que está com ele há três meses é assim e que atire a primeira pedra qualquer mulher que não seja assim.
Já o meu colega engenheiro, do alto do seu status de homem-maduro-do-sexo-masculino, me deu um belíssimo esculacho com sua réplica. Sim, gente. Um casamento de trinta anos é um "puta" casamento, um grande casamento, um belíssimo casamento, um casamento de tirar o chapéu. E um casamento de trinta anos acabar é o de menos, gente. Realmente, depois de trinta anos de união, o término de um casamento não importa.
Acho que não é porque uma coisa tem fim que ela deixa de ser boa. Não é porque o casamento não foi eterno que devemos sentir “pena”. Existem bons casamentos de trinta anos, de dez anos, de um ano e de dez dias. Todos podem ser bons. Temos que parar de ser reféns da eternidade, precisamos abolir da cabeça a maldita frase que diz “e eles viveram felizes para sempre”. A noção da eternidade divide homens e mulheres. Por causa dela nós, mulheres, nos apegamos`a vida de tal modo que não permitimos que ela ande para frente.
Não precisamos viver felizes para sempre. Aliás, quem disse que quem vive junto para sempre é mais feliz?
Já o meu colega engenheiro, do alto do seu status de homem-maduro-do-sexo-masculino, me deu um belíssimo esculacho com sua réplica. Sim, gente. Um casamento de trinta anos é um "puta" casamento, um grande casamento, um belíssimo casamento, um casamento de tirar o chapéu. E um casamento de trinta anos acabar é o de menos, gente. Realmente, depois de trinta anos de união, o término de um casamento não importa.
Acho que não é porque uma coisa tem fim que ela deixa de ser boa. Não é porque o casamento não foi eterno que devemos sentir “pena”. Existem bons casamentos de trinta anos, de dez anos, de um ano e de dez dias. Todos podem ser bons. Temos que parar de ser reféns da eternidade, precisamos abolir da cabeça a maldita frase que diz “e eles viveram felizes para sempre”. A noção da eternidade divide homens e mulheres. Por causa dela nós, mulheres, nos apegamos`a vida de tal modo que não permitimos que ela ande para frente.
Não precisamos viver felizes para sempre. Aliás, quem disse que quem vive junto para sempre é mais feliz?
* perdões pelo termo feio, mas fui fiel à fala do personagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário