Aquele aniversário infantil era a chance. Toda a família, ou ao menos um representante de cada núcleo familiar, estava presente. Como alguém ameaçou ir embora, duas primas minhas se adiantaram.
- Gente! Atenção! Antes de todo mundo ir embora vamos tirar o amigo secreto para o natal.
- Já? – questionou uma tia.
- Gente! Atenção! Antes de todo mundo ir embora vamos tirar o amigo secreto para o natal.
- Já? – questionou uma tia.
- Já estamos no final de novembro - lembrou a prima, essa que organizava, a líder.
- Mas não está todo mundo aqui – argumentou meu tio.
- Olha gente, vamos tirar assim mesmo – disse a prima líder - Tirar com todo mundo junto é impossível, vocês sabem. Hoje tem gente de todas as famílias. Tiramos, e para as pessoas faltantes, algum familiar tira e leva.
Uma das tias protestou.
- Mas vamos fazer amigo secreto de novo? Combinamos ano retrasado que não íamos fazer nunca mais, depois daquela confusão...!
- Tem que fazer, é presente demais! – retrucou uma prima.
- Acho natal com amigo secreto tão sem graça... – argumentou alguém.
- Ninguém tem dinheiro para tanta lembrancinha – disse mais uma outra.
- E dessa vez deixaremos as crianças de fora – falou a prima líder, absoluta no seu reinado.
- Crianças? Qual é a idade de corte? – perguntou a prima ao meu lado.
- Dez anos – respondeu a líder.
- Iii. Dançamos... – a prima ao lado me olhou – Eu vou ter que comprar mais dois presentes e você três.
- Tem razão – respondi - E depois falam que amigo secreto é econômico.
- Mas a gente pode dar para quem quiser? – perguntou minha mãe.
- Como assim?
- Eu entro – ela disse - mas eu quero dar para quem eu quiser fora do amigo secreto.
A prima líder pensou antes de responder.
- Hummm. Poder pode, contanto que não seja para todo mundo, tia.
- Porque não pode para todo mundo? Eu que vou dar, eu que vou comprar!
- Ah, porque atrapalha, tia.
- Ah, vá, nunca vi presente atrapalhar – desabafou minha mãe, meio brava.
Minha prima líder me chamou.
- Ajuda a recortar os nomes, dobrar e vê se eu esqueci alguém.
Olhei para a lista.
- Quem é esse?
- O primo italiano.
- Ichi. Ele vem?
- Vem.
- Mas ele vai trazer presente de lá?
- Acho que sim. Vão avisar para ele.
- Ai. Tomara que eu não caia com ele – eu disse – O que dar de presente?
- Dá umas coisas do Brasil. Estrangeiro adora coisa do Brasil.
A prima líder falou alto.
- Não pode tirar pai, mãe, filho e irmão, hein?
- Como assim? – exclamou minha mãe de novo – Se eu tirar a Lúcia ou a Ângela eu não devolvo. São minhas filhas!
- Mas não está todo mundo aqui – argumentou meu tio.
- Olha gente, vamos tirar assim mesmo – disse a prima líder - Tirar com todo mundo junto é impossível, vocês sabem. Hoje tem gente de todas as famílias. Tiramos, e para as pessoas faltantes, algum familiar tira e leva.
Uma das tias protestou.
- Mas vamos fazer amigo secreto de novo? Combinamos ano retrasado que não íamos fazer nunca mais, depois daquela confusão...!
- Tem que fazer, é presente demais! – retrucou uma prima.
- Acho natal com amigo secreto tão sem graça... – argumentou alguém.
- Ninguém tem dinheiro para tanta lembrancinha – disse mais uma outra.
- E dessa vez deixaremos as crianças de fora – falou a prima líder, absoluta no seu reinado.
- Crianças? Qual é a idade de corte? – perguntou a prima ao meu lado.
- Dez anos – respondeu a líder.
- Iii. Dançamos... – a prima ao lado me olhou – Eu vou ter que comprar mais dois presentes e você três.
- Tem razão – respondi - E depois falam que amigo secreto é econômico.
- Mas a gente pode dar para quem quiser? – perguntou minha mãe.
- Como assim?
- Eu entro – ela disse - mas eu quero dar para quem eu quiser fora do amigo secreto.
A prima líder pensou antes de responder.
- Hummm. Poder pode, contanto que não seja para todo mundo, tia.
- Porque não pode para todo mundo? Eu que vou dar, eu que vou comprar!
- Ah, porque atrapalha, tia.
- Ah, vá, nunca vi presente atrapalhar – desabafou minha mãe, meio brava.
Minha prima líder me chamou.
- Ajuda a recortar os nomes, dobrar e vê se eu esqueci alguém.
Olhei para a lista.
- Quem é esse?
- O primo italiano.
- Ichi. Ele vem?
- Vem.
- Mas ele vai trazer presente de lá?
- Acho que sim. Vão avisar para ele.
- Ai. Tomara que eu não caia com ele – eu disse – O que dar de presente?
- Dá umas coisas do Brasil. Estrangeiro adora coisa do Brasil.
A prima líder falou alto.
- Não pode tirar pai, mãe, filho e irmão, hein?
- Como assim? – exclamou minha mãe de novo – Se eu tirar a Lúcia ou a Ângela eu não devolvo. São minhas filhas!
- Filha só pode se for de outra familia, de outra casa.
- Não estou entendendo nada – ela cochichou para a cunhada ao lado – Mas minhas filhas não são da minha família?
A prima líder explicou.
- É assim. A Lúcia não pode tirar a filha dela, por exemplo, porque elas moram na mesma casa. Mas você tirar a Lúcia pode, pois são duas casas.
- Regra estranha, não acha? – disse aquela prima do lado, rindo.
- Pronto. Vamos lá – e ela mostrou o vaso com os papéis.
A prima líder explicou.
- É assim. A Lúcia não pode tirar a filha dela, por exemplo, porque elas moram na mesma casa. Mas você tirar a Lúcia pode, pois são duas casas.
- Regra estranha, não acha? – disse aquela prima do lado, rindo.
- Pronto. Vamos lá – e ela mostrou o vaso com os papéis.
Começamos a pegar. Troca, destroca, devolve, dá uma olhadinha, guarda. Sai de lá com cinco papelzinhos dobrados que tive que olhar antes, segundo orientação da prima líder, para saber se não eram da minha família.
Missão cumprida.
Cheguei em casa e redistribui ao Zé e aos filhos. Todos os pares foram feitos, e, quando eu abri o meu...
Bom, óbvio.
Cai com o primo italiano.
Cheguei em casa e redistribui ao Zé e aos filhos. Todos os pares foram feitos, e, quando eu abri o meu...
Bom, óbvio.
Cai com o primo italiano.
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