terça-feira, 13 de setembro de 2005

shiiiiiiiiiiiiiiii...



Vou abordar um assunto delicado.
A chatura.
É que tem gente que é muito chata. É difícil falar isso publicamente, mas é verdade. A chatice existe e temos que aprender a conviver com ela, no dia a dia, nas festas, no trabalho. Eu morro de medo de ser chata. Tem dias que sei que estou chatinha, e nem falo muito para não ser considerada uma delas.
Deus me livre.
O que será que leva uma pessoa a ser chata? A recorrência de assuntos? Falar demais? A mania de reclamar? Falta de originalidade? A seriedade extrema? A braveza? O tédio? Para mim, é principalmente uma coisa.
A falta de humor. Gente sem humor é muito chata.
Mas nem sempre as pessoas que chamamos de chatas são chatas. Anos atrás, quando não conseguia ficar amiga de uma pessoa eu a chamava de chata. Na verdade eu era a maior sem graça, não me agüentava, e usava de métodos para me livrar da questão.
- Fulano? Um chato. Arrogante.
No fundo eu morria de vontade de conhecer aquelas pessoas tão chatas e tão... atraentes, fascinantes e charmosas. Depois de amadurecer um pouco, percebi. Não eram os outros que eram chatos, eu é que era desinteressante. Não sei muito bem o que houve, mas bastou um certo esforço e uma certa humildade para aqueles chatos de galocha todos se tornarem meus... amigos. Grandes amigos. E eu fiquei com a maior cara de boba.
Mas, queríamos ou não, existem os chatos. Fazer o quê? E eles não imaginam que sejam chatos, nem passa pela cabeça deles. Vão em festas, em jantares, em reuniões, casam-se com nossos amigos, vivem ao nosso lado. Como se não fossem chatos.
- E todos os chatos caem comigo nas festas – reclamou o Zé.
- Mas Zé... – falou o Fernandinho, nosso amigo – Você é ótimo para conversar com eles, os chatos. Você dá bola, atenção, conversa, tem assunto. Parece que não liga.
- Como não ligo?
- Você neutraliza os chatos, Zé. As pessoas deveriam te pagar por isso, sabe? Uma pessoa como você salva uma festa.
É a mais pura verdade. O Zé, com sua mania de prestar a maior atenção em todas das pessoas e em tudo que elas falam, neutraliza os chatos nas festas, almoços ou jantares. Quando ele vai nos lugares, eu e o Fernando nos olhamos e pensamos a mesma coisa. “Que alívio!”.
Outro dia, depois de um jantar de família, no carro, eu olhei para ele.
- Tava gostoso, né Zé?
- Pra você. Pra mim, foi quase como um trabalho. Eu tive que neutralizar três.
- Três?
- Três, lú.
- Você vai pro céu, Zé.
- Um céu sem odores, né?
- É.
Maravilha o Zé. Um dia vou ser igual a ele e ter essa capacidade de tolerância que só faz bem.
E tomara que os chatos não me entendam.

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