- Gente, não esquece. Sábado tem a festa da família do meu avô. Os italianos - anunciei na hora do jantar.
- Como assim? Onde? – perguntou um dos meninos.
- Na casa de uma prima da sua avó – respondi - Esqueci o nome dela.
- Mãe, a gente vai numa festa na casa de uma pessoa que a gente nem sabe o nome? – espantou-se a Luciana.
- Sim, filha.
- Mas fomos convidados?
- Não precisa disso. É uma festa enorme, e só por ser da família somos convidados. Sabe? As pessoas adoram quando aparecem pessoas com parentesco distante. É um medidor de sucesso. Numa boa festa familiar sempre aparecem parentes longínquos, daqueles que é preciso 4 a 5 explicações para saber quem é quem. “Olha, esse é o Chico, filho da Lúcia, filha da tia Hebe, filha do tio Benjamin que era irmão da meu avô, o tio Nenê.” Quando a festa acaba, o anfitrião pode até se gabar. “Que sucesso de festa, vieram até os netos da Dirce, de Jaú!”
Os meninos me olharam com uma cara desanimada. Aquele não parecia um bom programa.
Bom, essa parte da minha família é italiana, e meus parentes italianos volta e meia se encontram em festas enormes. É muita gente, meu avô teve 10 irmãos, cada um teve um monte de filhos, cada um desses filhos teve outros filhos, que também casaram e tiveram filhos. E alguns desses filhos também já se casaram e já tiveram filhos também.
- A gente tem que ir mesmo...? – perguntou o Chico, coçando a cabeça.
- Claro que nós vamos! – falou o Zé, subitamente.
Todo mundo olhou para ele.
- Se é assim como a mamãe falou, ou seja, se é como um campeonato, temos que ir para a parte da sua mãe da família ganhar!
- Como é, pai?
- Ora, imagina se os parentes da Tia Augusta, se os parentes do Tio Paulo vão todos e os do seu bisavô Benjamin não vai ninguém? Eles vão ganhar por WO, e isso é um vexame! O avô da mamãe não merece isso!
- Zé, não inventa, isso não é um campeonato... – eu tentei argumentar.
- Ora, mas claro que é, lú! Você tem razão, as festas de família servem exatamente para isso. Para saber quem está bem, quem está mal, quem tem família numerosa, quem tem família mixuruca, quem tem mais netos e mais capacidade de reprodução, quem está rico e saudável e quem esta pobre e doente.
Ele se inflamou e olhou para os meninos.
- Por isso, vamos todos! Vamos colocar as nossas melhores roupas, vamos com o melhor carro, cada um de vocês pega o celular para a gente mostrar que tem, hahaha! Vamos mostrar que aqui ninguém tá falido, vamos lá mostrar para todos que a família da sua avó é a melhor!
Parecia que ele era um treinador de basquete. Eu estava boquiaberta.
- Zé, você não está exagerando?
Ele deu risada, decidido.
- Que nada. Não vamos deixar sua mãe ficar pra trás, ora. Vamos ganhar essa parada – resolveu o Zé, colocando até uns óculos escuros de playboy – E ai? Que acha de eu ir assim?
- Como assim? Onde? – perguntou um dos meninos.
- Na casa de uma prima da sua avó – respondi - Esqueci o nome dela.
- Mãe, a gente vai numa festa na casa de uma pessoa que a gente nem sabe o nome? – espantou-se a Luciana.
- Sim, filha.
- Mas fomos convidados?
- Não precisa disso. É uma festa enorme, e só por ser da família somos convidados. Sabe? As pessoas adoram quando aparecem pessoas com parentesco distante. É um medidor de sucesso. Numa boa festa familiar sempre aparecem parentes longínquos, daqueles que é preciso 4 a 5 explicações para saber quem é quem. “Olha, esse é o Chico, filho da Lúcia, filha da tia Hebe, filha do tio Benjamin que era irmão da meu avô, o tio Nenê.” Quando a festa acaba, o anfitrião pode até se gabar. “Que sucesso de festa, vieram até os netos da Dirce, de Jaú!”
Os meninos me olharam com uma cara desanimada. Aquele não parecia um bom programa.
Bom, essa parte da minha família é italiana, e meus parentes italianos volta e meia se encontram em festas enormes. É muita gente, meu avô teve 10 irmãos, cada um teve um monte de filhos, cada um desses filhos teve outros filhos, que também casaram e tiveram filhos. E alguns desses filhos também já se casaram e já tiveram filhos também.
- A gente tem que ir mesmo...? – perguntou o Chico, coçando a cabeça.
- Claro que nós vamos! – falou o Zé, subitamente.
Todo mundo olhou para ele.
- Se é assim como a mamãe falou, ou seja, se é como um campeonato, temos que ir para a parte da sua mãe da família ganhar!
- Como é, pai?
- Ora, imagina se os parentes da Tia Augusta, se os parentes do Tio Paulo vão todos e os do seu bisavô Benjamin não vai ninguém? Eles vão ganhar por WO, e isso é um vexame! O avô da mamãe não merece isso!
- Zé, não inventa, isso não é um campeonato... – eu tentei argumentar.
- Ora, mas claro que é, lú! Você tem razão, as festas de família servem exatamente para isso. Para saber quem está bem, quem está mal, quem tem família numerosa, quem tem família mixuruca, quem tem mais netos e mais capacidade de reprodução, quem está rico e saudável e quem esta pobre e doente.
Ele se inflamou e olhou para os meninos.
- Por isso, vamos todos! Vamos colocar as nossas melhores roupas, vamos com o melhor carro, cada um de vocês pega o celular para a gente mostrar que tem, hahaha! Vamos mostrar que aqui ninguém tá falido, vamos lá mostrar para todos que a família da sua avó é a melhor!
Parecia que ele era um treinador de basquete. Eu estava boquiaberta.
- Zé, você não está exagerando?
Ele deu risada, decidido.
- Que nada. Não vamos deixar sua mãe ficar pra trás, ora. Vamos ganhar essa parada – resolveu o Zé, colocando até uns óculos escuros de playboy – E ai? Que acha de eu ir assim?
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