(olha o dedo do artista dudi sobre a ilustração! - dudê, brigada! agora sim!)
Ô coisa. Está um tal de falar de verdades e mentiras, não é?
Acho que todo mundo mente, difícil é admitir. Eu sempre digo que na vida real eu minto um pouco, já aqui no blog eu minto muito.
Explico. É que quando a gente escreve a coisa deixa de ser mentira e vira literatura, me disse um escritor que eu conheci um dia.
Explico. É que quando a gente escreve a coisa deixa de ser mentira e vira literatura, me disse um escritor que eu conheci um dia.
Hahaha. Tou salva.
Lembrei de uma coisa que me disse uma psicóloga que cuidava da minha filha, anos atrás. Na verdade, ela não era psicóloga, era fonoaudióloga e psicóloga. E era uma super psicóloga apesar de ser fonoaudióloga. Ah, ficou confuso, mas deixa.
A Lú tinha um problema de dislexia. Ela trocava as letras na hora de escrever, os sons que ouvia não eram os mesmos que escrevia. Quando tinha que escrever p, escrevia b, quando tinha que escrever v, escrevia f. Passei anos levando a menina no consultório da dra. Taís para ela desaprender o que o cérebro dela aprendeu errado.
Bom, como ela trocava tudo, ela ia mal na escola. Mas inventava que não estava indo mal, para me enganar e para enganar a ela mesma.
Eu ficava aflitíssima. Descobrir que um filho da gente fala mentiras é terrível. E a Lú inventava sem parar. Me enganava, imaginava coisas, tramava. Numa das reuniões com a Taís, desabafei.
- Ela mente, Taís. Inventa que foi bem nas provas, que tirou dez. Eu fico arrasada.
Ela tirou os óculos e disse, irônica.
- Ah, é-é? E você não?
- Como?
- Lúcia, vai me dizer que você não mente?
Eu fiquei sem fala. Claro que eu não mentia, ora bolas.
A mulher começou a rir.
- Essa é boa. Todos mentimos, nem vem que não tem. Vai me dizer que você nunca pediu para alguém dizer ao telefone que você não está quando não quer falar com a pessoa que ligou? Nunca disse que não ia a algum lugar porque estava resfriada quando não estava?
- Ah, Taís, claro. Mas isso...
Ela me olhou seriíssima.
- Isso é mentir.
Ela tinha razão.
Naquela hora, entendi. Eu mentia. Aquilo caiu feito uma pedra sobre minha cabeça. Que mãe horrorosa que eu era.
- Como você quer que sua filha ache que mentir é errado se você mente descaradamente na frente dela? Não tem tamanho pra mentira, ainda mais na cabeça de uma criança. Mentira é mentira.
Bom, a Tais, sábia como sempre foi, jamais deu uma fórmula para resolver o problema inevitável das minhas mentiras. Tento ensinar o que pode e o que não pode do meu jeito. Procuro, na frente dela e dos meninos, mentir o mínimo possível para dar exemplo. Quando eu minto, explico o tamanho e o porquê da mentira.
Não acho que nenhum tipo de radicalismo seja saudável. Inventar um pouco, burlar as regras é necessário, faz parte da vida, faz parte da encenação social para não magoar os outros. Cabe a nós sabermos a medida certa. É igual a comer. Nem muito, nem pouco.
Lembrei de uma coisa que me disse uma psicóloga que cuidava da minha filha, anos atrás. Na verdade, ela não era psicóloga, era fonoaudióloga e psicóloga. E era uma super psicóloga apesar de ser fonoaudióloga. Ah, ficou confuso, mas deixa.
A Lú tinha um problema de dislexia. Ela trocava as letras na hora de escrever, os sons que ouvia não eram os mesmos que escrevia. Quando tinha que escrever p, escrevia b, quando tinha que escrever v, escrevia f. Passei anos levando a menina no consultório da dra. Taís para ela desaprender o que o cérebro dela aprendeu errado.
Bom, como ela trocava tudo, ela ia mal na escola. Mas inventava que não estava indo mal, para me enganar e para enganar a ela mesma.
Eu ficava aflitíssima. Descobrir que um filho da gente fala mentiras é terrível. E a Lú inventava sem parar. Me enganava, imaginava coisas, tramava. Numa das reuniões com a Taís, desabafei.
- Ela mente, Taís. Inventa que foi bem nas provas, que tirou dez. Eu fico arrasada.
Ela tirou os óculos e disse, irônica.
- Ah, é-é? E você não?
- Como?
- Lúcia, vai me dizer que você não mente?
Eu fiquei sem fala. Claro que eu não mentia, ora bolas.
A mulher começou a rir.
- Essa é boa. Todos mentimos, nem vem que não tem. Vai me dizer que você nunca pediu para alguém dizer ao telefone que você não está quando não quer falar com a pessoa que ligou? Nunca disse que não ia a algum lugar porque estava resfriada quando não estava?
- Ah, Taís, claro. Mas isso...
Ela me olhou seriíssima.
- Isso é mentir.
Ela tinha razão.
Naquela hora, entendi. Eu mentia. Aquilo caiu feito uma pedra sobre minha cabeça. Que mãe horrorosa que eu era.
- Como você quer que sua filha ache que mentir é errado se você mente descaradamente na frente dela? Não tem tamanho pra mentira, ainda mais na cabeça de uma criança. Mentira é mentira.
Bom, a Tais, sábia como sempre foi, jamais deu uma fórmula para resolver o problema inevitável das minhas mentiras. Tento ensinar o que pode e o que não pode do meu jeito. Procuro, na frente dela e dos meninos, mentir o mínimo possível para dar exemplo. Quando eu minto, explico o tamanho e o porquê da mentira.
Não acho que nenhum tipo de radicalismo seja saudável. Inventar um pouco, burlar as regras é necessário, faz parte da vida, faz parte da encenação social para não magoar os outros. Cabe a nós sabermos a medida certa. É igual a comer. Nem muito, nem pouco.
Muito engorda, pouco mata.
Mas toda hora que toca o telefone e minha empregada me chama, sempre penso se vale a pena.
-Lúcia, telefone pra você. É a fulana.
- Ichi. Fala que eu não est...
E ouço a voz da Tais, feito uma assombração, e geralmente mudo de idéia.
- Peraí. Já vou atender.
O problema desse nosso país é que ainda não chamaram a Taís para a CPI.
Mas toda hora que toca o telefone e minha empregada me chama, sempre penso se vale a pena.
-Lúcia, telefone pra você. É a fulana.
- Ichi. Fala que eu não est...
E ouço a voz da Tais, feito uma assombração, e geralmente mudo de idéia.
- Peraí. Já vou atender.
O problema desse nosso país é que ainda não chamaram a Taís para a CPI.
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