quarta-feira, 6 de julho de 2005

a fila do Banco Itaú




Descobri uma coisa esquisitérrima.
Um das coisas mais importantes para o controle do meu estado mental é a fila do Banco Itaú. Não que eu tenha alguma coisa errada na minha cachola, mas de quando em quando é bom medir o quão malucos estamos ficando por causa das modernices do mundo contemporâneo.
É o seguinte. Desde que sou gente que tenho conta em banco. E desde então controlo a tal conta: deposito dinheiro, saco dinheiro, checo o saldo, essas coisas. Quando crescemos, além de tomar conta da comida da nossa casa, temos que tomar conta do nosso dinheiro no banco.
Ou do saldo negativo do banco, tanto faz.
Quando eu era mocinha, quase todos os bancos tinham filas imensas. Não existia essa coisa maravilhosa que é a “fila única”, gente. Acreditem. Em todos os bancos existiam um montes de filas, uma para cada caixa, e obviamente você sempre caia naquele que não andava. Na tua frente, sempre surgia um boy com todos pagamentos da empresa. Era de morrer. Com toda a certeza a invenção da “fila única” foi uma das grandes invenções do mundo moderno, quiçá a maior delas, tão importante como o computador ou a luz elétrica, mas não sei porque ela foi totalmente esquecida.
Acho até que ela definiu uma era: vivemos na era pós-fila única.
Um dia inventaram o caixa eletrônico. Era a coisa mais lerda do mundo, mas eu achava rapidíssimo. Pra você sacar uns trocados você levava uns 10 minutos, em média, parecia que a coisa era movida a manivela. E era bárbaro, acreditem. Aquela casinha moderna, fechada, envidraçada.
Daí os bancos começaram a se modernizar, tudo se informatizou e hoje, se você não quiser, nem precisa mais ir ao banco. Pode resolver tudo da sua casa, do seu micro.
Virtualmente.
Sabe, eu quase entrei nessa. Quase, quase. Eu adoro uma novidade de informática, sou apaixonada por novas tecnologias e tal. Mas pensei muito, muito mesmo, e resolvi não aderir.
Eu quero continuar indo ao banco, quero entrar na fila e quero esperar.
Isso mesmo.
É que descobri que a fila do caixa do Banco Itaú é, para mim, um teste de paciência. E é muito bom a gente ter paciência. A fila do Itaú é o meu medidor de neuroses causadas pela rapidez virtual.
Imagina se alguma coisa demora vinte minutos para acontecer no teu micro. Você aguenta esperar vinte minutos diante da tela? Eu não, pra mim é o caos. Nesse mundo virtual, a gente não pode esperar nem trinta segundos pra nada. Se eu ligo o computador e ele não acende logo, eu começo, furiosamente, a apertar todas os botões, a bater nas teclas com ódio, a checar os cabos, sacudir o monitor, chamar o Zé, desligar e ligar a tela sem parar, falar drogaporcaria drogaporcaria, e imediatamente telefono pro Edu, meu técnico e guru. E imagina se cada site, blog ou página demorasse vinte minutos para abrir? Sério, eu teria um treco. Nunca ia ser blogueira.
Resumindo, a cada dia tenho menos paciência.
Gente, isso é ridículo e eu sou uma ridícula. Por isso toda semana eu vou ao Banco Itaú pra pagar minhas contas e entro na fila.
Para eu deixar de ser besta.
É esquisito de falar, mas é a verdade: a fila do banco é a minha terapia. Eu paro na fila e espero, como todo mundo. Sem tela. Sem blog. Sem site. E ali eu reaprendo, toda semana, a esperar a minha vez. A fila única do banco é um lugar calmo e democrático. Todos são pacientes, ninguém dá ataque, nada. Demora mesmo, então é melhor relaxar.
Ontem demorou 25 minutos.
E, mais uma vez, descobri que ainda sei esperar.



gente, eu falo tanto de regime que olha como o Zé me desenhou gorducha!

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