Fim de tarde, liga a minha irmã. Vocês tem irmã? Eu tenho uma, única, e não sei o que eu seria sem ela, sem as longas conversas dela por telefone quase todo dia. Eu não riria tanto, eu não teria tanto assunto, eu não seria tão resolvida.
- Ângela, tou mals. Escrevi ontem um inocente post no face sobre a lei que mudou a velocidade dos carros na cidade. Uma coisa que a gente conversou outro dia, que as pessoas tão mais calmas.
- Sim, tem até aquela amiga minha que disse que tá adorando voltar do sítio pra São Paulo, pois a marginal tá lenta quando ela chega, que o trânsito feroz não estraga o clima do campo que vem com ela.
- Pois é, mas teve um monte de gente que me criticou, pois acham que eu defender a mudança da velocidade é defender o PT. Meu post não era nada de política, era sobre desestressar, poxa.
- Eu vi, Lú. Nossa, você apoiou a atitude do prefeito e imediatamente virou maconheira, louca e cheiradora de lixo. A gente não pode abrir a boca no facebook e falar um “a” do PT que você vira o PT inteiro, você passa a ser a maior corrupta e todos passam a te odiar.
Tenho um amigo, que não preciso falar o nome dele aqui, que sempre comenta que eu, Lúcia, também conhecida como Franka, vivo na “Frankolândia”. Que eu só falo de assuntos que não causam polêmica al-gu-ma. Eu sei, eu escrevo umas coisas bobas de shampoos, de gente que sai lavando louça, de roupa, de celular bebezinho. Mas querido amigo, olha o que acontece quando eu apenas cito algo que um político fez. O simples fato de eu apoiar uma atitude do Haddad me transformou em maconheira, louca que preciso mudar de psiquiatra e cheiradora de lixo. Logo eu, uma senhora, uma mãe de família, sem muita grana, dona de um carro popular, honesta, limpinha. Hahaha. Gente. O que o fato de eu apoiar a velocidade lenta dos carros tem a ver com maconha? Com psiquiatra? Com o PT, afinal? Quer saber? Hoje em dia, em tempos de facebook, em tempos de comunicação rápida e acesso fácil às informações de todo mundo, é melhor não se meter em certos assuntos.
Vou é voltar pra Passárgada, digo, Frankolândia, hermana. Lá sou mais feliz. E gente, de boa, todo mundo perdoado, sem stress, calma, vamos todos a quarenta por hora, fazer o que.
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