- Eu falo muito mal inglês, francês, espanhol, mas isso não é problema pra mim – disse minha irmã – Aliás, eu consigo me virar em qualquer país porque tenho um... truque.
- Truque? Como assim, Ângela?
- Não é bem um truque, é um tipo de kit de sobrevivência. Um vocabulário de sobrevivência.
Ela explicou, muito séria.
- Você não precisa, a princípio, falar a língua. Mas tem que saber ao menos dez palavras, pra, digamos, não “morrer” no país. Sabendo essas dez, pode ir para a Inglaterra, pra Alemanha, para França, até mesmo para a China. Aprendendo as “dez palavras”.
- E quais são?
- Vê se eu não tenho razão – ela disse, contando com os dedos - As três primeiras e mais importantes são “quero”, “comer” e “beber”. Isso a gente precisa saber sempre, senão morre de fome e sede. Depois vem o famoso “quanto custa” e o “onde é”, senão babau você comer, beber ou achar de novo seu hotel, pensa, pode morrer congelado na rua. A sexta palavra é “me ajuda”, caso as anteriores não funcionem, afinal você pode falar tudo errado e ter algum problema. Em seguida, claro, “sim” e “não”, essas são essenciais, “sim” para o caso de você ser convidada para uma puta festa com tudo de graça, e “nããão” para o caso de um cara péssimo te convidar para dormir com ele. E as duas últimas são, claro, “por favor” e “obrigada”, porque se a gente não é educado não consegue nada em país nenhum. Sério. Já fiz o teste em muitos lugares e sempre deu certo.
Nossa, concordei na hora com ela e repasso aqui o kit de palavras da sobrevivência em viagens pelo mundo da minha irmã: "quero comer beber quanto custa onde é me ajuda sim não por favor obrigada". Ou, Wǒ xiǎng Chī Hē Yào huā duōshǎo qián Zài nǎlǐ Jiù jiù wǒ Shi de Bù Qǐng Xièxiè, pra quando eu for pra China. Hahaha, brigada Hermana.
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