terça-feira, 13 de janeiro de 2015

garrafinhas

Olha só.
Muito antigamente, existia um mundo sem garrafinhas de água. As pessoas saiam para ir ao parque, para caminhar na rua, para ir ao cinema sem carregar sua própria água. Juro por Deus. Nesse mundo ancestral, as pessoas dirigiam os carros, pegavam ônibus, trem ou metrô sem transportar água em nenhuma garrafinha. Parece inacreditável, mas é verdade.
As pessoas trabalhavam sem garrafinha do lado, faziam ginástica sem garrafinha, andavam de bicicleta sem garrafinha. As mulheres não levavam garrafinha na bolsa. Ninguém ia em show com garrafinha. A única exceção, que me lembro, era o uso do cantil pelos homens quando iam para guerras ou fazer explorações. Quando as pessoas tinham sede, pegavam copos e bebiam água dos filtros. Direto no copo, sem garrafinha. E usavam os bebedouros. Hoje em dia, bebedouro é o lugar para encher garrafinha. Na época existiam, claro, garrafas de água mineral, que vinham das cidades que tinham fontes. Mas essas eram artigos de luxo, que a gente tomava só vez ou outra.
O que será que aconteceu com os humanos? Por acaso a nossa sede aumentou? Será que chegamos sem perceber num nível de evolução da espécie onde precisamos nos hidratar sem parar? Às vezes eu acho que é um tipo de novo vício do homem, essa coisa de se grudar a uma garrafinha o tempo todo. Tipo as mamadeiras dos adultos. Até apareceram, anos atrás, aquelas que tem o bico especial para beber. Acho que chama squezze. Hoje em dia, seja destas ou das de tampinha de enroscar, as pessoas compram de monte e estocam em casa. Gastam o maior dinheiro em garrafinha. Tem personalizadas, coloridas, é um presente sempre bem vindo. Garrafinha de água, hoje em dia, virou é um puta negócio.
Falando em água, será que isso tem a ver com a seca das nossas represas?

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