sábado, 13 de dezembro de 2014

amiga, amiga, amiga!


A minha companheira de madrugadas insones, a minha querida e amada TV do quarto, snif, quebrou. Falava, mas não tinha imagem. Deu o maior trabalhão pra levar no conserto (tava grudada na parede, nunca mais faço isso), deu a maior canseira pra carregar (descer uma escada com um tv grandona, sem enxergar os degraus dá o maior medo). Depois de uns dias, recebi um telefonema da fulana da assistência técnica.
- Oi dona Lucia, meu nome é Priscila, e o preço do conserto da sua televisão é dois mil e sessenta e nove reais, senhora.
- Como, Priscila?
- Dois mil e sessenta e nove reais – e ela repetiu, pausadamente, porque obviamente era inacreditável - dois, zero, seis, nove reais.
- Hã? Tá maluca, Pri?
- Não sei o que a senhora acha, mas eu acho que não vale a pena arrumar – ela explicou, como se “precisasse” explicar.
- Caraca...
- Nós podemos sucatear para a senhora. Não cobramos nada.
- Ah,que bom, obrigada, Pri...
Isso foi há uns meses, eu estava super sem grana. Parece que foram séculos que fiquei tentando dormir sem minha amiga. Descobri que preciso mais de TV pra adormecer do que de calmante, chazinho, colo ou banho quente. Descobri que me inspiro tentando decifrar os finais dos filmes. Descobri que amo assistir helicópteros de manhã, noticiários de madrugada e colocar no canal OFF para ler. Que os programas dublados de assassinatos do ID são ótimos pra adormecer sem ter que olhar a tela. Percebi que sem a TV, ouço mil pernilongos. Que gosto de dormir com gente falando sozinha. Assumo. Sou dependente de TV.
Não aguentei. Achei essa semana uma promoção ainda com o preço do Black Friday, em 15 meses sem juros, comprei. Instalei, recostei na cama, peguei os controles e clic.
Ô satisfação.
Foi ai que a TV nova me deu o maior susto.
- Bem vindo – ela disse, com voz de TV (!!!) - Você quer se conectar a internet?
Hã? A TV falou comigo?
- Sim!!! – eu respondi bem alto, animada (que idiota), como se ela fosse responder. É moderna, mas nem tanto, né, dona Lúcia? Claro que era pra falar “sim” ou “não” no controle.
Gente do céu, e não é que ela conectou mesmo? Em dois segundos? Juro, não acredito que essa minha nova companheira-substituta, mocinha de tudo, me oferece tudo aquilo, sem cabo nenhum. Tá, sou mega caipira e tou numa alegria total, assistindo Netflix, Iutubes, Telecineplay e entrando na internet. O lance do controle remoto ainda é bem precário, nada smart, você indo de cá pra lá nas letrinhas, mas era querer demais.
Desde então, me enfurnei naquele quarto e não saio mais. Cada um com sua dependência. Eu preciso dessa amiga, ela até conversa comigo, gente! E a voz é tão simpática... Pensei inclusive em dar um apelido pra ela, mas cai na real, não posso ser tão louca de pedra. Hahaha.

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