domingo, 16 de janeiro de 2011

franka guarda segredo



Foi no ano passado. Estava fazendo uma visita pro meu primo Francisco quando surgiu uma amiga dele, a Míriam. Me dei bem com ela, uma moça engraçada e simpática, cheia de opiniões. Conversa vai conversa vem, começamos a falar de segredos. Não estávamos contando segredos, e sim falando de gente que conta segredos. Expliquei para ela que tinham me chamado de fofoqueira recentemente, que disseram que eu não era confiável para guardar segredos, e que talvez eu não fosse mesmo, porque adoro contar histórias, nunca desperdiço nenhuma. E, claro, os segredos são as melhores histórias. "É uma coisa maior que eu, Míriam", declarei, "e chega uma hora que eu, na empolgação de uma conversa, acabo esquecendo que o assunto era segredo e conto". A Miriam me entendeu na hora. Disse que sabia como era e concluiu que uma pessoa contar segredos pra você é o maior mico, pois às vezes a história é genial e você não pode contar pra ninguém, uma tristeza. "Por isso", ela explicou, "que quando uma pessoa me fala que vai me contar um segredo, que é pra eu guardar o segredo, eu respondo que guardo, mas guardo só por uma semana. Depois disso não garanto", ela concluiu.
Não podia ser mais perfeito o comentário da Míriam. A Míriam é minha ídala, gente. No mesmo instante disse pra ela que ia usar o ensinamento dela e ela concordou. Desde então passei a imitar a Míriam. Para todo mundo que me pedia para guardar segredo, eu arrematava: "claro, eu guardo, mas por uma semana, oquei?". Bom, as pessoas estranhavam e acabavam não me contando nada. Ou até contavam, mas tentavam me coagir para guardar por mais tempo, afinal, eu era ou não amiga delas? Dai começei a ficar dividida. Você "não guardar" um segredo é ou não é uma coisa legal? E já que tenho um programa de rádio, passei a perguntar para os entrevistados "você quarda segredo?", e descobri que quase todo mundo guarda. Se é sério o segredo então, claro que sim. Ora, e lá existe segredo "não sério"? Passei a ter um pouco de crise de consciência. Subitamente achei meio horrível demais uma pessoa não guardar segredo. Não ser confiável. Não, eu não podia ser assim e sair me gabando de ser assim. E nesse começo de ano, pensando nisso, resolvi fazer uma promessa. A promessa foi bem simples: "vou guardar segredo". Desde então tou um pouco aliviada, e, nossa, como as pessoas tem me contado segredo. Por enquanto tou aguentando firme. Ainda não encontrei a Míriam, não contei ainda pra ela. Quando encontrá-la, vou contar. E, claro, pedir pra ela guardar segredo.

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