segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

dona branca com candelabro no hall



Eu vivo em obras. Vivo vendo projetos. Entrando e saindo de ambientes. E outro dia eu tava conversando a minha amiga Luciana H, que também é arquiteta e vive em obras como eu, e a gente lembrou do jogo de Detetive, que a gente jogava quando era criança (ou com as crianças). Muito legal Detetive. Adoro jogos. Foi quando a gente teve a idéia de fazer um novo jogo de Detetive, um jogo de Detetive de uma Obra. Na verdade seria o mesmo jogo, apenas com uma atualização e uma nova cara. Super copiação, como dizem os filhos. Concluimos que o jogo de Detetive é legal, mas é atualmente um jogo do arco da velha. Começamos a pensar nos ambientes atualizados. No jogo velho, tinha hall, sala de estar, salão de festas, escritório, sei lá mais o que. Esses ambientes não existem mais hoje, então pensamos em atualizar para cozinha planejada Kitchens, home theater, sala de almoço, cozinha gourmet, closet, banho sr, banho sra, prataria, galeria. Muito mais moderno e adequado pro nosso mundo. Todos ambientes em construção, claro. Não soubemos bem pra que os ambientes estariam em construção, e não prontos, mas isso não vem ao caso, porque vivemos dentro de construções e a gente que estava inventando o jogo. Dai começamos a pensar nas armas: como se mataria alguém numa obra? Tivemos uma grande discussão e chegamos nas seguintes: trena, estilete, lasca de mármore, compressor, furadeira, marreta e tiro de pino de gesso. Ficamos meio na dúvida em como se matar alguém com um compressor, mas depois pensamos que as possibilidades são inúmeras, como jogar na cabeça, enfiar o aplicador de tinta na boca do infeliz ou até matar a pessoa de cócegas só com o ventinho. Depois os personagens, que não seria mais apenas cores, como a dona Branca, sr. Green, a dona Violeta, etc, se sim o pintor Fulano, o marceneiro Sicrano, o cara do ar condicionado, o empreiteiro, o gesseiro e claro, a arquiteta (nós duas quase brigamos porque nós duas queríamos ser a arquiteta, argumentei que "dona Franka" é parecido do "dona Branka" e ia ficar engraçado, ela discordou).
- Lembra daquela arquiteta que morreu de verdade com a lasca de mármore? - a Lu lembrou - isso acontece mais do que a gente imagina.
- Já tive vontade de matar um gesseiro uma vez que me deu um cano na obra - lembrei.
- Empreiteiro com tiro de pino de gesso no closet - ela falou.
- Pintor com furadeira na cozinha gourmet - sugeri.
- Cara do ar condicionado com compressor no banho sr.
- Mas qual seria o motivo da morte do gesseiro com uma... trena, assim, por exemplo, Lu? - falei pra ela, confusa.
- O jogo nunca explicou isso, dona Franka. Lembra, era só embaralhar e colocar no envelopinho o lugar, a arma, a pessoa.
- É. Deixa pra lá. Mas que numa obra a gente tem motivo pra esganar as pessoas, ah, a gente tem, Lú. A gente sabe muito bem.
- Ô se tem, Franka. Ô se tem.
Hahaha.

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