No começo de janeiro, eu, um pouco sem graça de dar trabalho e sem a Maria em casa, perguntei para minha mãe se a gente podia comer um mês na casa dela. Ao contrário do que eu imaginei, ela se animou toda.
- Pode deixar comigo. O que os meninos comem?
Acho que minha mãe não percebeu que é todo mundo grande, não um bando de netinho com frescura. Desde então me telefona a toda hora no meio do trabalho com as perguntas mais esdrúxulas do mundo.
- Lucia, filha.
- Fala, mãe.
- Os meninos comem carne de panela?
- Hã? Claro né, mãe.
- Comem mesmo?
- Comem, mãe...
- E suflê?
- Comem, mãe....
- E se for de alho poró?
- Sei lá, mãe.
- Ai meu Deus. E agora?
- Mãe, eles comem, pronto. É que, sei lá, mãe, a Maria nunca fez em casa, então não sei, mas qual o problema do suflê de alho poró?
- Vai ver que não comem. E eu fiz hoje. Ai meu Deus. Pra que fui inventar esse alho poró.
- Eu como, mãe. Adoro.
- Vou fazer outra coisa também.
- Mãe, que exagero, não precisa.
- E se eles não comem, filha? Menino tem que alimentar bem. Tem que engordar. Tá todo muito muito magrinho na sua casa.
- Tá mãe, tá. Faz o que você quiser.
Mas o problema da minha mãe é que não importa a idade do neto ou filho, ela passou achar que tem que engordar a gente nesse período. E passou a fazer coisas pra mim, todo dia. Como se eu também tivesse 10 anos de idade. "Olha Lúcia, fiz um quiche pra você. Olha Lúcia, fiz a maionese que você gosta. Vai, come mais um pouco. Perai que vou cortar mais um pedacinho de frango. Pega, vamos, pega mais um pastel. Mais um pouco de abobrinha? Como vai sair da mesa? Não comeu salada ainda, perai que vou buscar um prato limpo. Mas fiquei horas fazendo o nhoque, não vai repetir? Ai meu Deus, perdi a mão pra nhoque. Assei maça para a sobremesa, tem sorvete de creme pra comer junto. Tem pudim na geladeira, pega".
Meu Deus digo eu. Acho que já engordei uns três quilos nesses 14 dias, gente. Tou uma bola. Mãe engorda. Socorro, Maria.
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