quarta-feira, 17 de março de 2010

considerações sobre o tchauzinho



- Olha lá a Adriana lá dando tchau pra gente - falou o Zé, antes de começar a palestra - Oi Adriana! – e ele cumprimentou a nossa amiga de longe, dando um tchauzinho.
- Zé, você deu um fora. Acabou de dar.
- Eu? Porque?
- Porque a Adriana não te cumprimentou. Aquilo que ela fez de longe não é um cumprimento que uma mulher faz prum homem, ainda mais um homem acompanhado da mulher. Aquilo é um cumprimento de uma mulher pra outra mulher.
- Como assim? Ela me viu, ficou toda animada, deu tchauzinho super animado, abanando as duas mãos, você não viu?
- Vi. E era pra essa mulher na sua frente.
- Como, Lú?
- Verdade. E olha, ela tá indo falar com ela. Nem te viu, Zé.
- Ixi, Verdade, que furo. Como você sabia, Lú?
- Zé, um cumprimento de longe de mulher pra outra mulher é diferente de um cumprimento de longe de uma mulher pra um homem ou pra um casal. Os cumprimentos entre mulheres são exageradinhos, cheio de abanos. Uma mulher que vê outra mulher de longe é histeriquinha, “iú, iú, iú, ai que saudade, perai que já vou aí, iú, iú, iú”. É uma coisa assim enquanto abana as mãos. Eu sou mulher, eu sei. Entende?
- Mais ou menos como a Adriana fez comigo?
- A Adriana não fez aquilo pra você, Zé, já disse, você deu um fora!
- Ai, Lú, lá vem ela. Acho que agora é comigo e com você.
- Shiu, presta atenção como ela não vai abanar e não vai falar "iú, iú, iú" pra você. Ouve.
- Oi Zé, oi Lúcia! Que bom ver vocês! – a Adriana disse, super comportada, dando um beijinho discreto em cada um de nós.
- É... oi Adriana - respondeu o Zé, firme feito estátua.

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