segunda-feira, 30 de novembro de 2009

dinopão ou pãoduá?

Olha que pão mais esquisito que apareceu na mesa nesse fim de semana. O olhar foi por minha conta, não aguentei. Simpaticão e sorridente, não?



Pior foi depois do lanche. Olha a cara de tristeza do coitado. Olhar de desespero, acabou-se o sorriso.

domingo, 29 de novembro de 2009

a tapeação da pipoca



Meu sobrinho veio aqui ontem e contou animadíssimo que recebeu aquele tal email que anda circulando por ai com um filme absurdo: umas pessoas colocam quatro celulares entre uns grãos de pipoca, as quatro pessoas ligam para os quatro celulares ao mesmo tempo e as pipocas estouram. Como meu sobrinho é criança e eu e a Ângela, minha irmã, somos super bobas, resolvemos propôr aos convidados do almoço que fizéssemos o teste. Parecia sensacional, tipo uma mágica. Vi o email, me animei. Primeiro foi preciso fazer a conta: para fazer aquilo, era preciso que tivéssemos oito telefones, quatro para estourar as pipocas e quatro para ligar para os outro quatro. Foi um tal de contar e achar celular pela casa. Era preciso coordenação para todos ligarem juntos, o que ficou por conta do Luiz, meu sobrinho. E era preciso que alguém filmasse, no caso eu, a boba da dona da casa. Fizemos o teste, mas fomos nós, os adultos, que ficamos pipocando sem parar em volta daqueles telefones ridiculamente colocados frente a frente, tocando a troco de nada. As pipocas ficaram intactas e paradas. Tá na cara que fomos tapeados. Fiquei sem graça com os convidados, que coitados, tiveram que participar dessa bobeira.

sábado, 28 de novembro de 2009

música longe em lugar perto


Sempre que a gente vai nalgum lugar, bar, restaurante, loja, shopping, festinha, tem uma música tocando. Nada contra, adoro música. Só acho engraçadas as escolhas. Tem lugares que colocam músicas que são nada a ver com o lugar. Eu sei como é, também erro aqui em casa às vezes. Um dia dei um jantar e logo que servi a comida resolvi colocar uma música no meu aparelhinho de som. O meu aparelhinho é velho e desatualizado, mas achei que recuperaria o status dele com o cabo do meu iPod. Durou pouco, uma vez que meu iPod não é mais meu depois que um dos iPods dos meninos quebrou e acabei doando. Além disso, o cabinho que liga no som sumiu. Dai o aparelhinho de som da minha sala, um daqueles minisintens, agora só depende dos meus cds. Nesse dia escolhi um disco do Barry Manilow. Coloquei o Barry para cantar. Even now, this one's for you, ships, tralalá.
- Franka, que qué isso? - disse um convidado.
- Barry Manillow, ué.
- Pelo amor de Deus, a gente tá jantando.
Não é todo mundo que consegue mastigar ouvindo ships, percebi. Aliás, a mesa toda meio que ficou aliviada quando tirei o Barry e coloquei um instrumental clássico qualquer. Não identifiquei se o problema era com a voz do Barry ou com a letra da música. Apenas nunca mais coloquei Barry nas refeições, evitando indigestões nos convidados.
Outra opção que anda muito na moda com meus amigos e que até minha mãe adota é a radionet. Tem um canal na net cheio de músicas, você escolhe o tipo e desliga a imagem da tv. Muito boa solução uma vez que o som da minha tv é melhor do que o do minisistem. Outro dia fui numa festa onde até teve dança com a rádio net. Quase tive um acesso de riso. Não é engraçado?
Mas tem uma música que não entendo, e que hoje em dia toca em tudo quanto é lugar. É essa coisa de lounge. Tudo bem música lounge em lugar lounge, no meio da madrugada, imagino, com jovens se mexendo de olhos fechados. Nunca fui numa festa lounge, imagino que seja assim. Mas música lounge em restaurante ou bar acho esquisitíssimo. Você animado, conversando, e aquilo fazendo nhow nhow nhow a troco de nada. Música lounge é meio uma música longe, que fica tocando do nada lá num outro mundo, e que parece que não incomoda. Mas pra que colocar aquele nada que você nunca reconhece qual é a música que tá tocando? Música longe em lugar perto me irrita muito mais que o Barry. Aliás, um dos meus sonhos é ver o show do Barry ao vivo em Las Vegas. Like those ships that pass in the night, bem longe.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

celular au champagne



Tempos atrás meu celular sofreu um acidente horrível: caiu na privada. Sei que é nojento confessar, mas fiz até um post. Todo mundo ficou com asco e aflição dele e de mim, por continuar usando aquela "porcaria", mas comprar outro? Era novinho na época. Bem, passados quase quatro meses, aconteceu outro acidente com o pobre coitado. Mas esse foi chique: banho de champanhe. Meu amigo Edu veio aqui nos visitar essa semana numa noite super quente com uma champanhe geladinha. Conversa vai conversa vem, virou a taça sobre o celular, que ficou encharcado. Mas acho que ele já está acostumado com banhos. E eu também já tenho nouráu de primeiros socorros. Desmontei todo, deixei secar, liguei de novo. O coitado ficou a noite toda meio bêbado, enrolando a língua, falando inglês do nada (hilário, o viva voz entrava sozinho), depois me perguntava coisas estranhas, como se eu queria usar o fone de ouvido ou gravar diversas interrogações na caixa de contatos. Estava alcoolizado, claro. Mas finda a bebedeira e a ressaca, o celular acordou ótimo e totalmente normal. Sem precisar de arroz nem nada. Quis contar isso aqui para as pessoas pararem de ter nojo do meu NokiaE71, pois obviamente ele foi esterilizado. Do jeito mais chique possível, fala a verdade.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

torradas e tomadas



Fiquei sem internet o feriado inteiro. O apagão deu problemas nos aparelhos, acho que foi naquela hora que a luz vinha e voltava que o negócio estragou feio. Tudo pifou na internet e eu fiquei completamente desconectada. Dá umas coisas em gente desconectada. Pelo menos em mim. Fico meio sem sentido. Meio sem graça. Tipo uma torradeira fora da tomada. Uma torradeira sem da tomada não faz torradas, franka sem internet não faz posts. Lembrei disso porque comprei uma torradeira nova e ela veio com aquele plug de tomada novo. Aquele com 3 pinos que parecem dedinhos. Ficamos olhando aquilo sem saber o que fazer. Não existe benjamim da tomada antiga pra essa nova, só da nova para a antiga. Tivemos que trocar a tomada. Provavelmente teremos que trocar todas da casa. Vai ser um trabalhão. Pelo menos agora a torradeira funciona, mas a internet de casa ainda não, só aqui no escritório.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

vale lavadeira?



Adoro jogar baralho. Sozinha é legal, seja no micro ou com cartas, mas com alguém é sempre melhor ainda. Ganhar da sorte ou do micro não é melhor do que ganhar dos outros, ao vivo. Além disso, jogar no micro vicia e eu sou completamente viciada. Nem tenho jogo no micro do escritório senão não faço mais nada. Uma desgraceira. Já aprendi. Paciência, só em casa.
Mas não sou boa jogadora. Sou distraída, dispersa, falo muito e cometo erros horríveis. E não tenho lá muita sorte no jogo, se é que isso existe. Por exemplo, acho que nunca ganhei do Zé no crapô. Acho também que nunca escrevi essa palavra, "crapô", será que escreve assim? Ou será que é "crapow"? Sei lá, só sei que o Zé é o rei do crapô. Ele joga assoviando, tranquilo e ganha de mim sem parar. Fico horas e horas parada olhando ele trocar as cartas daqui para lá enquanto eu não faço... nada. Na minha vez, vem sempre um maldito e inútil rei. Não sei se ele tem sorte ou se joga bem. Mas ele sempre ganha de mim. E mesmo assim, adoro jogar com ele.
Começei esse ano a convidar amigos para jogar com a gente. Buraco. Ainda não me arrisco em outros jogos, embora num feriado ai eu tenha jogado tranca, que aprendi outro dia. Achei legal, mas ainda me complico. Uma questão de treino. Combinei com minhas amigas que se treinarmos muito hoje, na idade que temos, quando ficarmos velhinhas podemos fazer fortuna. Ganhar de todas as outras velhinhas e velhinhos que não treinaram aos quarenta anos. Por isso resolvi investir nessa modalidade e passei a chamar amigos aqui em casa pra jogar. Minha meta não é o pôquer, e sim o bridge, que acho muito chique. Ainda chego lá. Por enquanto estamos no buraco com amigos. Não tem muita regra e não precisa jogar bem para jogar comigo e com o Zé. A única coisa que eu imponho é que eu e o Zé não jogamos juntos. Jogo de casal com casal não é legal. Eu gosto de disputar com o Zé. E eu também sei que se eu jogar com ele, e jogar mal, depois que os parceiros forem embora ele vai me condenar pelos meus erros: "pô, Lú, precisava dar a canastra pra eles?". Dai a noite vai ser uma chatice, eu me lembrando da carta que descartei sem querer, ele emburrado. Então resolvi que sou sempre adversária dele. Às vezes ganho dele e ele fica sem graça. Ele não fala, mas é bem competitivo. Eu falo que sou competitiva para deixar os adversários irritados, mas não sou.
Também não gosto de muita regra, mas descobri que as pessoas adoram regras. Por exemplo, não entendo porque ninguém gosta de lavadeira. Super bom lavadeira. Cinco, cinco, cinco. Dama, dama, dama. Dizem que isso estraga o jogo. Estraga nada. Mas não discuto. Não me interessa nesse momento perder parceiros. Jogo como quiserem. Tem outros parceiros que tem "toc" de baralho. Um dia uma amiga teve um xilique quando dei as cartas. Não!, ela berrou. Que foi, disse, assustada. Você deu do lado contrário!, ela gritou. Hã? Que lado contrário? Tão todas de cabeça pra baixo, eu argumentei. Não, ela explicou, tem que dar as cartas no sentido horário, você deu no anti-horário. Isso faz diferença?, eu perguntei. Claro que faz!, ela se indignou. Recolhi, embaralhei, dei tudo de novo. Tem gente que passa mais tempo discutindo o que pode e o que não pode do que jogando. Tem de tudo. Aceito tudo.
Lembrei que outro dia joguei com meu primo Francisco. Ele é um expert em jogos. Vale lavadeira?, ele perguntou. Vale, arrisquei. Oba, ele disse. Bem. Ele só fez lavadeiras. Um monte. E ganhou de mim de lavada.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

fim de semana resfriado

Fiquei tentando esconder, mas desisti. É que odeio gente gripada, que fica falando dudo bem e dããão, e estou gripada pra burro falando dudo bem e dããão. Passei um fim de semana do cão. Ou da cadela. Sei lá. Não é gripe suína, mas talvez seja canina, afinal foi com ela, minha cadela, que tive mais contato semana passada. Incrível como o corpo consegue doer inteiro, inclusive nos lugares que nunca dóem na vida, como no meio da perna ou no topo da cabeça. Gastei montanhas de lenço de papel e analgésicos, não parava de espirrar, um nojo total completamente anti ecológico. Perdi festas e encontros e só reclamei, ó Deus ó Vida ó Azar. Agora já sei que vem a fase da tosse, depois a da recuperação, que a gente fala no gerúndio: estou me recuperando de uma gripe, estou sarando de um resfriado. Detesto ouvir gente reclamando de gripe e odeio reclamar de gripe. Mas quando você pega uma gripe, não adianta que você só consegue falar dela. Dudo bem vou tentar dão reglamar.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

banheiro de festa


- Lúcia, vai ter a festa da nossa amiga esse fim de semana. Você vai? - perguntou a Ângela, minha irmã.
- Acho que sim - respondi.
- Ela quer que eu ajude a produzir a festa dela. Vou fazer isso. Ah, e ela disse que a sua festa não teve uma produção correta. Disse que você errou no banheiro.
- Hã? Eu errei no... banheiro, Ângela? Como? Porque? Tinha papel, toalhinha e...
- Não é isso. Segundo ela, teu banheiro, o lavabo lá da sua casa, era muito caprichado, tinha velinhas, luz fraquinha e tal. Ela acha que foi por isso que tinha muita fila.
- Hã? Fila? Que tem a ver a fila com o capricho?
- A teoria dela é que banheiro de festa tem que ser vapt-vupt. Banheiro de festa não pode propiciar nada.
- Propiciar?
- Foi exatamente a palavra que ela usou, Lúcia: propiciar. A pessoa tem que entrar e sair dali rapidinho. Não pode ter clima em lavabo de festa, senão a pessoa se demora por lá. O clima fica propiciando.
- E tem que ser como, Ângela?
- Ela acha que lavabo de festa tem que ter um clima tenso. Essa é a teoria dela. Uma luz fria piscando sem parar, um barulho de vazamento que parece que vai explodir a privada para os ares, um ventiladorzinho super alto, essas coisas. Pra pessoa querer fugir dali, e logo. Ou até uma porta que não fecha, pra pessoa ter que ficar segurando enquanto usa o banheiro. Sabe como é horrível porta que não fecha. É isso. Um clima tenso, entende? Um clima tenso em banheiro não propicia. E vaga logo.
- E fica sem fila?
- Fica sem fila.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

o côco e o cocô



O Zé resolveu comprar um livro de adestramento de cães. Escolheu um que dizia na capa "adestramento inteligente", alegando que esse livro se destacava dos demais, que não ensinavam adestramentos "inteligentes". Leu uns pedaços, animado, contou pra todo mundo em casa.
- Então, pai, como a gente faz para ela parar de comer tudo que tem aqui? - algum dos meninos perguntou.
- Não sei bem, mas o cara do livro fala que tem que distrair com outra coisa de roer. Ele fala que uma coisa ótima pra cachorro roer é côco. Sabe côco, de água de côco? Diz que tem fibras e que é bom pra eles ficarem horas e horas se distraindo - e ele me propôs - ei, Lú, vamos na pracinha pegar um côco?
- Hã? Num coqueiro? - eu me espantei - tá certo que a gente gosta de cães, mas não precisa exagerar e escalar coqueiro, Zé.
- Não, dãr, Lú. Vamos pegar um côco usado do vendedor de água de côco da kombi, Lú.
Bom, topei, e lá fomos nós dois pra pracinha no fim da tarde, porém cara da kombi já tinha se mandado.
- Ixi. Pior é que todo mundo aqui é super civilizado, o cara da kombi não deixou nenhum côco jogado pelo chão, que pena... - reparou o Zé.
- Mas deve ter côco usado na lixeira da pracinha, Zé. Vamos procurar.
Olhamos dentro da lata de lixo, levamos um susto. Acho que nunca olhei dentro de uma lata de lixo de pracinha de bairro de gente civilizada cheia de pets. A lata era entupida de milhares de saquinhos super bem amarrados cheios de... cocô de cachorro. Éca. Uma coisa impressionante. Aquele monte de cocozinhos guardados para a eternidade em saquinhos, afe, isso é certo?
- Só tem cocô, não tem côco, Zé.
- Olha ali. Tem um lááá em baixo, vamos tentar pegar, depois a gente lava bem.
- Não é nojento?
- Deixa de ser boba.
O Zé não desiste de uma idéia. Alavancamos o côco, que voou longe, e viemos carregando num papel, para lavar bem quando chegar em casa. No meio do caminho, o Zé me mostra uma plaquinha que tem na pracinha: "recolha o cocô do seu cachorro". Ele me olha e comenta, todo feliz e rindo:
- Aió. Recolhemos o côco do nosso cachorro.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

kit emergência?



Apagou a luz da casa bem devagarzinho. Achei que era um problema de elétrica da minha casa.
- Será que foi só aqui na nossa casa, Zé? Parece que tem luz lá fora.
- Vou na rua olhar se são todas.
Quando ele voltou, o João anunciou.
- Pai, não é só aqui. Meu amigo que mora no Paraíso tá sem luz. E o que mora perto da Heitor Penteado também. Acho que é em muitos bairros.
Nossa, como os adolescentes se comunicam rápido. Em seguida recebo um telefonema da Bê. Ela mora num prédio bem alto, vê São Paulo toda.
- Ouvi no rádio que é geral - ela me conta - Muitos estados, o maior apagão, daqui de cima eu só vejo as luzes de carros. Uma coisa super estranha. Vou tirar fotos. É lindo.
Corri e contei pra o Zé e para os meninos.
- Gente, apagou o Brasil todo, parece. Vamos ligar o rádio pra saber mais - eu disse - é um tipo de caos, precisamos saber mais!
- Nossa - falou o Zé - Claro! Vamos ouvir no rádio, alguém liga o rádio.
- Que rádio?
- Onde tem um rádio? - perguntou o João.
- Sei lá - disse a Nana.
- Sério que não tem rádio de pilha aqui em casa? - perguntou o Zé.
- Como não tem? - eu estranhei - tem os rádios relógios todos, péra, vou buscar.
Trouxe três para baixo. Abri as portinhas de trás, cada um tinha espaço para baterias super estranhas. Olhamos aquilo à luz das velas. Quem abre um compartimento de pilha hoje em dia?
- Que diabo de pilha é essa, vocês conseguem ver? - perguntou o Zé.
- Essa é daquelas quadradas, gordas - falou o João - daquelas antigas de brinquedos. E esse aqui usa umas meio gigantas, sei lá, mãe. E esse outro não sei, olha que estranho, tem uns fios pra fora.
- Não tem nenhum lugar onde tem uma dessas pilhas aqui em casa? - perguntou a Nana.
Saímos a busca de todos controles remotos, telefones e brinquedos velhos. Abrimos todos, perdendo tampinhas e quebrando unhas. Nada.
- E agora? - o Zé perguntou.
- Não tem rádio nessa casa mesmo! - um deles comentou.
- Como pode uma casa não ter rádio? - o Zé não se conformava.
- Já sei - lembrei - vamos ouvir no rádio do carro!
Saímos os 4 para fora, na escuridão, pois o Chico estava no show de um tal de Gogol Bordello, onde a luz não acabou, e entramos no carro do Zé. Ligamos o rádio e começamos a entender a encrenca, até que o João percebe.
- Que coisa mais ridícula nós 4 aqui dentro. Ainda por cima com o carro ligado, ar condicionado ligado e gastando gasolina, só para ouvir um mísero rádio? Como pode uma casa não ter um rádio, mãe? Vamos passar a noite aqui?
- Talvez meu celular tenha rádio - lembrou a Nana.
- O meu tem, mas está sem bateria - falou o Zé.
- O meu não pode gastar a bateria porque tenho que falar com o Chico - eu disse.
- O meu não tem rádio - lembrou o João, que tem um celular muito velho.
Abandonamos o carro e todos sentamos no chão da sala, ouvindo o "rádio" no celular mínimo da Luciana. A cena era mais ridícula ainda. Quatro marmanjos debruçados sobre um aparelhinho mínimo e franzindo o rosto para ouvir um som péssimo, e perguntando de dez em dez minutos para a menina quanto ela ainda tinha de bateria. Incrível como a gente depende de energia para tudo. Incrível como com tantos computadores, tvs de LSD, celulares e tecnologias, nessas horas a gente não tem como agir.
- É. Amanhã vou comprar um rádio de pilha... - decidiu o Zé - será que ainda existe para vender?
Pergunta: vocês tem rádio de pilha?

terça-feira, 10 de novembro de 2009

perdida nos cantinhos



Eu tenho uma mania de anotar coisas em cantinhos. Estou ao telefone, alguém me passa um número ou email, eu acho um cantinho e anoto. Cantinho de papel, cantinho de caderno, cantinho de propaganda. Anoto emails, telefones, recados. Tudo em cantinho. Dai perco pra sempre. É o mesmo que jogar no lixo.
- Lú, liga pra Sandra e combina o jantar com ela e o marido dela - falou o Zé ontem - eu te passei o telefone dela na semana passada.
- Passou mesmo, Zé. E eu anotei em algum lugar.
- Liga pra ela então.
- Não tou achando o lugar onde anotei. Era num cantinho de um papel, eu lembro. Mas sei lá de onde.
- Onde você estava?
- Aqui, na cozinha - eu respondo, remexendo os papéis de propaganda de pizzaria e disk-comida chinesa - Mas não tou encontrando.
Essa coisa do cantinho é bem insuportável. Geralmente as coisas escritas em cantinhos também são escritas com canetas sem tinta ou lápis de cores estranhas sem ponta, esses que ficam esquecidos nos potes velhos de lápis. No trabalho, então, como minha mesa vira o tradicional pântano ao longo do dia, às vezes passo horas caçando um número ou informação. Tento organizar a vida em cadernos e cadernetas, mas mesmo com as linhas muito claras na minha frente, acabo escrevendo nos cantinhos.
Tem uma coisa nos cantinhos que me lembra uma outra dimensão. As coisas escritas nos cantinhos somem para sempre, assim como os isqueiros, tuppewares, canetas bic, cortadores de unha e lapiseiras pentel, esses objetos que você só compra, que nunca acha novamente. O telefone da Sandrinha eu perdi mesmo. Tive que pedir de novo. Anotei desta vez na agenda do telefone. Que não tem cantinho.

domingo, 8 de novembro de 2009

natgeo, aqui vou eu

Resolvi fazer hoje um filme da nova cachorrinha que mora aqui em casa, a Sopa. De máquina na mão, lá fui pro quintal pronta a fazer um sensacional filme estilo "National Geografic", documentando o comportamento canino em ação. Céus que complicado que são essas duas coisas: ter um cachorro e fazer um filme de um filhote. Bem. Demorei um tempão para convencê-la, no início, a não comer a máquina. Depois gastei mais um tempo enorme pedindo por favor para ela parar de me morder. Mais um tempo pra ela parar de mastigar minha havaiana. Até que ela se distraiu e consegui ligar a máquina e iniciar meu filme. Natgeo, aqui vou eu, pensei. Imaginei o filme: aquele petizinho lindo correndo feliz de lá pra cá, aos saltitos, sorrindo. Um sucesso de filme, essas coisas que dono pensa de cachorro. Mas gente, não deu. Como sempre, ela passou a destruir o meu jardim em segundos, e como eu estava com a máquina na mão, não podia impedir. Eu ia ficar filmando aquilo? Não, né. Resumindo, fiz uns três filmes mínimos, desisti do documentário do comportamento canino e olha ai, nesse mini filme desastroso, a prova que eu tentei. Tentei, mas desisti. A cachorrinha já comeu, em 10 dias, 1/5 do meu jardim, todos estamos com setecentos arranhões e múltiplas de mordidas nas pernas, pés, canelas e mãos, temos uma quantidade considerável de estragos em toalhas, roupas e móveis e todo mundo acha... lindo. Acho que precisamos de uma Super Nanny Dog. Sei lá de onde vem a tolerância dos humanos com um ser tão destruidor como um pequeno cão. Um dos mistérios da natureza.

sábado, 7 de novembro de 2009

as cabeçudas



A Drake, eu a Bê achamos de novo os posteres das três meninas desconhecidas na casa do meu primo e não aguentamos: tiramos uma foto com elas. Somos 3, elas também 3, achamos que isso queria dizer alguma coisa. Nossos corpos, as cabeças delas. O que não sei, acho que vou perguntar para o oráculo. Pera. Voltei. Deu "1", ou seja "vai sozinho". "Vai sozinho?". Nossa que complicado que é interpretar oráculos. "Vai sozinho" pra mim é melhor que "sim". E dai? Sei lá. Voltando, tivemos uma enorme conversa para decidir quem seria quem. Eu acabei ficando com a única menina que não ri e não fiquei lá muito satisfeita. A do meu poster parece até que chora, é que eu tive que colocar tarja e não dá pra ver. Aceitei o fato, fui sozinha e triste. Ficamos hiper cabeçudas, mas olha que foto engraçada.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

o dado eletrônico do primo francisco



Fui outro dia na casa do meu primo e ele me mostrou um estranho objeto.
- Caramba. Que é isso, Francisco?
- É um dado eletrônico. Comprei para testar para usar no jogo que inventei.
O Francisco está desenvolvendo um "jogo", um jogo desses normais, de jogar na mesa, como o War, Leilão de Arte, Banco Imobiliário. Um jogo legal, educativo, bacana, ele já tem todo o projeto montado, mas ainda está em fase de testes.
- Precisa de dado eletrônico, seu jogo? Não pode ser um dado comum? - perguntei - Não é a mesma coisa?
- Não sei - ele disse - comprei esse dado pra testar.
Não aguentei e apertei o botão do meio. Tutututututututututú, fez o dado, que parou num número. Era legal fazer aquilo. Fiquei naquele tututututu um tempão. Foi quando tive a idéia de usar o dado eletrônico para... tirar a sorte. O Francisco se animou com a idéia.
- Que legal! Outro jogo! As pessoas adoram tirar a sorte. Poderemos ter respostas para muitas dúvidas cruciais da vida. Com esse dado-oráculo-eletrônico - ele falou, animado - poderemos definir o destino de muita gente.
- Mas Francisco, pensando bem... para o dado eletrônico tirar a sorte, cada número tem que significar alguma coisa. Olha, eu tirei 3. O que quer dizer? Nada. Dãr prá nós dois, primo.
- Hummm. Vamos fazer uma lista de resultados, então - ele sugeriu - um dos números será o "sim" e outro será o "não". Vamos escolher.
- E os outros quatro números? - perguntei.
- A gente escolhe respostas aleatórias só pra encher linguiça. Importa só na verdade o "sim" e o "não" - ele resolveu.
Hahaha. Gente, como eu gosto de uma bobeira. Colocamos a mão na massa, e a lista ficou assim:
1) vá sozinho
2) será a coisa mais frustrada da vida
3) faça uma salmonela
4) não
5) sim
6) vai dar farofa
Jogamos diversas vezes, fazendo perguntas essenciais e não essenciais para nosso destino. Resolvemos que não existiriam perguntas que não pudessem ser feitas para o dado eletrônico, que, ao contrário de outras sortes, seria totalmente liberado para qualquer pergunta, idiota ou não idiota. "Um dia vou ter um iate?", "tem chocolate no armário?", "vou publicar um livro?", "o fulano vai encontrar a sicrana amanhã?". Tudo poderia. Fiquei com a lista, ele com o dado. Desde então eu e o Francisco temos nos torpedeado muito, a toda hora. Quando tenho qualquer dúvida, mando uma mensagem pedindo para ele rodar o dado e me mandar o número. Já ele roda para as perguntas dele e me torpedeia, perguntando o resultado. Sensacional. Contamos para um monte de gente, estamos ficando famosos como adivinhos: "franka e o primo, os profetas do dado-oráculo-eletrônico". O seguinte: quem precisar de alguma resposta, pode chamar. Em dois torpedos eu e ele resolvemos.
Tutututututututú.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

franka coloca bobes



Meu cabelo é muito escorrido. Nunca tive muita opção de penteados - ou solto, ou preso. Outro dia a cabelereira me deu a idéia de colocar uns bobes. Nunca coloquei bobes na vida, não sabia como e nem onde fazer, mas na hora, de vergonha, concordei com ela e fiquei caladinha.
Fui viajar no feriado com as minhas amigas Bê, Fran e Lú. Só nós 4 numa casa de campo. Antes da viagem, tive a idéia de comprar uns bobes e pedir para elas me ensinarem a colocar.
- Que é isso, Franka?
- Uns bobes.
- Bobes? Pra que isso, Franka?
- Trouxe para vocês colocarem pra mim. Eu não sei instalar bobes no cabelo.
As três me olharam pasmas.
- Mas a gente também não sabe colocar bobs!
Ufa, ainda bem que não era só eu que não sabia. Mas, pôxa. Insisti, insisti, elas concordaram, e, no café da manhã, as três se reuniram ao redor da minha cabeça, pilotadas pela Bê, e começaram o... procedimento. Acabaram, me olharam.
- Nossa, você tá a cara da princesa Léa. Vamos tirar uma foto.
A Fran me emprestou um casaquinho esportivo dela que tinha a cor dos bobs, para combinar. Acho que tavam era tirando sarro de mim, mas tudo bem, topei tirar a foto à la Star Wars.
Clic.
O que eu não imaginava é que aquilo meio que dói na cabeça. E que meio que despenca com o tempo. E isso foi tudo no dia de voltar, quando eu ia pegar um carro na estrada com vento. Resolvi colocar um lenço pra segurar os bobes.


Entrei na fase 2 do bobes. Aquela hora que você não quer que ninguém veja que você está de bobes. Aliás, bobes é um negócio pra mulher que não precisa sair de casa, porque não tem nada mais estranho , disforme e demorado do que colocar bobes. Em tempos de internet, como ninguém inventou até hoje um bobe-eletrônico?
- Nossa, tá super estranho o formato da sua cabeça, um sacão atrás... - elas comentaram, rindo.
Continuamos a viagem, até que uma hora eu tive um piti. Não aguentava mais aqueles bobes me pinicando, incomodando, não me deixando dormir. Fazia horas que estava com aquilo. Resolvi tirar, pedi ajuda para a Bê, morrendo de medo do cabelo estar totalmente embaralhado e de eu ter que cortar semi careca. Mas ela foi hábil, tirou rapidamente, ajeitou. A Bê é uma grande cabelereira.


Olha como ficou. Hummm, digamos que semi-encaracolado. Elas acharam que eu rejuvenesci, sei lá. Falaram que eu parecia estar num anúncio de shampoo. Não tinha espelho, tiramos fotos, cada uma mais ridícula que a outra.
- Franka, o Zé não vai a-cre-di-tar quando você chegar em casa - elas comentaram, animadas - está o máximo, não é porque foi a gente que fez, está legal mesmo.
Cheguei, entrei em casa correndo, mostrei pro Zé. Perguntei "que-tal?".
- Que tal o que?
- O meu cabelo, Zé.
- Tá todo descabelado. Tem que pentear.
Olhei no espelho. Tinha caído tudo, nenhum cacho. Verdade. Foram 5 horas de bobes que duraram meia hora de cachos. Ô coisa. Tristeza. Mas não vou desistir. Da próxima vez, vou usar lakê. E postar aqui, claro.

Aliás, um blogueiro amigo me mandou o seguinte link do Estadão: "Em vez de chapinha, verão pede laquê e cabelo armado". Uau, tou mega na moda... E na reportagem, olhem o que está escrito: "A dica é fazer uma escova em casa e enrolar o cabelo com rolos grandes." Ou seja, bobes!