No meio da bagunça da vernissage da exposição do Nelson Leirner ontem – a lot [e] , achei o Dudi. Começamos a conversar no meio dos milhares bonecos do Nelson, e, inspirados por aquela simbologia e pela alegria que tem sempre existe nas exposições do Nelson Leirner (não sei explicar porquê, mas as exposições dele são sempre muito felizes), claro, caímos novamente nesse assunto aqui, os blogs.
Bom, o Dudi tem blog há muitíssimo mais tempo que eu. Me lembro do tempo que não era blogueira, vivia fuxicando no blog dos outros, sempre caia no dele e ficava intrigadíssima com ele e com essa mídia. Como funcionava? Servia pra quê? Até hoje não sei, graças a Deus. Mas como blogueiro é blogueiro, independente do tempo que a pessoa posta da vida, as dificuldades, complicações e preocupações são sempre as mesmas, sejam as fofocas ou as crises: os brancos, as síndromes de Bartleby, o enchi-o-saco, o vou-fechar-essa-coisa, o não-aguento-essa-rotina.
Tudo igual.
Bom, era mais ou menos sobre essas crises que começamos a conversar. Ele dizia que ficou um tempo afastado, eu contei sobre o recesso do frankamente.... Foi quando passei a falar sobre uma coisa que me veio à cabeça no começo dessa semana e que desde então tem me perturbado demais. É o seguinte. Eu sempre gostei e precisei escrever. Todos os dias eu escrevo, desde que aprendi as letras. Mas desde sempre as coisas que eu escrevo são projetos que acabam. É isso mesmo. Eu escrevo sempre coisas com começo, meio e fim, não necessariamente nessa ordem, mas sempre meus escritos tiveram fim, sejam novelas, romances, peças de teatro, coletâneas de crônicas, livros de contos, histórias infantis. Mesmo também eu não tendo sido publicada (ainda), os meus projetos sempre finalizam, assim como tudo que eu já fiz de desenhos e também de projetos de arquitetura.
Mas desde que cai na blogosfera que me deparo com uma questão super estranha. É que blog não tem fim. É um treco eterno! Pensa gente, se não é assim. Você não pode concluir um blog. Ele é fadado a existir, existir e existir, numa existência sem fim. Por isso que a gente enche, por isso que temos síndromes de Bartleby, por isso que cansamos: é por causa dessa perenidade da virtualidade. Blogs são, na verdade, totalmente inacabáveis. Largá-los é considerado praticamente um assassinato, você é totalmente julgado por isso. A existência deles está estritamente vinculada à durabilidade. Existe um lado até, digamos, de purgatório nesse universo virtual – até mandei um e-mail para o Mario Prata falando sobre isso (ele está escrevendo um folhetim no jornal Estadão, que se chama “o Purga”, sobre uma mulher morta que se comunica virtualmente com um amado de lá do purgatório – é super legal, vale a pena acompanhar). Olha. Somos todos seres do purgatório nessa rede, sem rostos, sem voz, sem realidade. Coisa mais esquisita.
Obvio que não cheguei tão longe ontem na minha conversa com Dudi. Na vida real, principalmente nas exposições do Nelson Leirner a gente é muito interrompido (o Dudi umas setecentas mil vezes mais do que eu, obviamente) e não dá pra desenvolver tanto as idéias. Mas de um certo modo, melhor se conformar: ou damos uma de serial killers, matando blogs e personagens, ou estaremos eternamente nesse purgatório, trancados e fadados a imortalidade.
Já estou me vendo daqui a sessenta anos. Franka, uma das mais velhas blogueiras mais antigas do mundo, sentadinha numa cadeirinha de balanço, ouvindo um velho iPod e... postando. Postando.
Bom, era mais ou menos sobre essas crises que começamos a conversar. Ele dizia que ficou um tempo afastado, eu contei sobre o recesso do frankamente.... Foi quando passei a falar sobre uma coisa que me veio à cabeça no começo dessa semana e que desde então tem me perturbado demais. É o seguinte. Eu sempre gostei e precisei escrever. Todos os dias eu escrevo, desde que aprendi as letras. Mas desde sempre as coisas que eu escrevo são projetos que acabam. É isso mesmo. Eu escrevo sempre coisas com começo, meio e fim, não necessariamente nessa ordem, mas sempre meus escritos tiveram fim, sejam novelas, romances, peças de teatro, coletâneas de crônicas, livros de contos, histórias infantis. Mesmo também eu não tendo sido publicada (ainda), os meus projetos sempre finalizam, assim como tudo que eu já fiz de desenhos e também de projetos de arquitetura.
Mas desde que cai na blogosfera que me deparo com uma questão super estranha. É que blog não tem fim. É um treco eterno! Pensa gente, se não é assim. Você não pode concluir um blog. Ele é fadado a existir, existir e existir, numa existência sem fim. Por isso que a gente enche, por isso que temos síndromes de Bartleby, por isso que cansamos: é por causa dessa perenidade da virtualidade. Blogs são, na verdade, totalmente inacabáveis. Largá-los é considerado praticamente um assassinato, você é totalmente julgado por isso. A existência deles está estritamente vinculada à durabilidade. Existe um lado até, digamos, de purgatório nesse universo virtual – até mandei um e-mail para o Mario Prata falando sobre isso (ele está escrevendo um folhetim no jornal Estadão, que se chama “o Purga”, sobre uma mulher morta que se comunica virtualmente com um amado de lá do purgatório – é super legal, vale a pena acompanhar). Olha. Somos todos seres do purgatório nessa rede, sem rostos, sem voz, sem realidade. Coisa mais esquisita.
Obvio que não cheguei tão longe ontem na minha conversa com Dudi. Na vida real, principalmente nas exposições do Nelson Leirner a gente é muito interrompido (o Dudi umas setecentas mil vezes mais do que eu, obviamente) e não dá pra desenvolver tanto as idéias. Mas de um certo modo, melhor se conformar: ou damos uma de serial killers, matando blogs e personagens, ou estaremos eternamente nesse purgatório, trancados e fadados a imortalidade.
Já estou me vendo daqui a sessenta anos. Franka, uma das mais velhas blogueiras mais antigas do mundo, sentadinha numa cadeirinha de balanço, ouvindo um velho iPod e... postando. Postando.
Postando.
Postando...
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